Certo dia, uma professora do colégio Dr. Heróphilo Carvalho de Azambuja, na Capital, simplesmente afundou no meio da sala de aula. O assoalho de madeira estava tão deteriorado que ela caiu quase um metro através do piso e rumo ao chão abaixo dele. Recebeu prioridade, então, um projeto de reforma que se encerrou sem conseguir resolver os problemas de educadores e dos cerca de cem alunos.
O piso antigo foi substituído por parquê em agosto do ano passado, mas instalado de maneira inadequada. Como resultado, em outubro os retângulos de madeira começaram a ranger e se soltar. Hoje, nas seis salas onde foram colocados, pedaços inteiros do piso podem ser retirados com a mão. Como apresentam pregos do lado de baixo, oferecem risco de acidente aos estudantes do 1º ao 5º ano.
– Temos aluninhos que já brincam de tirar os blocos de parquê do lugar. É um risco que acabem se machucando – preocupa-se a diretora Patrícia Costa Emerim.
À primeira vista, os blocos de madeira foram aplicados diretamente sobre o concreto, sem uma camada intermediária de material colante, como piche. Como resultado, os pregos esfacelam o concreto com a pressão exercida pelos passos e se soltam. Após reclamações, a empresa voltou e aplicou cola sob parte do parquê. Ficou até pior: as áreas coladas voltaram a se soltar, e a aplicação do adesivo entre o concreto e o piso deixou alguns tacos mais elevados do que outros, o que resulta em mais risco de acidente.
Além disso, ainda que o contrato de reforma estabeleça aplicação de cera, não há camada visível sobre o piso – que, para piorar, foi instalado com os blocos de madeira desalinhados e com espaços vazios entre uns e outros, onde se acumula sujeira e pode penetrar água. A diretora reclama ainda que, embora o memorial descritivo da obra estabeleça que a cozinha seja reformada, nada foi mexido ali.
– Eles simplesmente alegaram que não fazia parte da reforma e não fizeram nada nessa parte – afirma Patrícia.
No banheiro reformado, a torneira está frouxa e há um vazamento no sanitário feminino. O serviço completo no colégio custou mais de R$ 352 mil aos contribuintes.
FICHA TÉCNICA
Escola Dr. Heróphilo Carvalho de Azambuja
- Alunos: cem
- A obra: substituição do assoalho de tábuas de madeira por parquê em todas as salas, reforma do pátio, do banheiro e da cozinha. Recuperação do muro
- Custo: R$ 352,5 mil
- Tempo de serviço: abril a agosto de 2013
- Empresa: Cisal Construções
CONTRAPONTO
O que diz a Cisal Construções - ZH entrou em contato com a empresa e fez uma solicitação de entrevista na quinta-feira. Como não obteve retorno, na sexta-feira foi feito novo contato, quando foi informado que o responsável estava viajando e era o único autorizado a se pronunciar sobre o assunto.
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