O GLOBO
Publicado:5/01/14 - 8h00
RIO - Apenas um em cada cinco estudantes do ensino médio no Rio de Janeiro pensa em ser professor no futuro. E as explicações para o desinteresse são variadas. Uma delas, por exemplo, é que cerca de 96% desses mesmos alunos acreditam que o Brasil não valoriza o docente. Essas foram algumas das conclusões da pesquisa inédita Interesse pelo Magistério, realizada no final de novembro pela UniCarioca.
O estudo ouviu 1.360 estudantes entre 17 e 23 anos, sendo 44% da rede de ensino particular, e 56% da rede pública. Ao todo, 88% dos alunos disseram que pretendem ingressar no ensino superior. Desses, só cerca de 20% manifestaram interesse pelo magistério, enquanto que outros 68% nem querem ouvir falar nessa possibilidade.
E mesmo os 20% que desejam ser professor dão explicações variadas para o ingresso numa carreira cada vez menos procurada. Desse grupo, apenas 36% dizem que dar aulas seria como realizar o sonho de sua vida, ao passo que 28% afirmam estar em busca de um emprego estável e outros 20% alegam que o objetivo principal seria seguir o exemplo de seus familiares.
Entre os que não pensam de jeito nenhum em ser professor, 40% justificam pela falta de vocação, 31% pela a falta de valorização e 18% pelo baixo salário pago aos professores.
— A pesquisa confirma o crescente desinteresse pelo magistério. E mesmo entre os que querem ingressar na carreira, são poucos os que realmente têm o desejo de dar aulas. Grande parte está ali por outros motivos, como ser mais fácil passar para licenciatura no vestibular do que para uma engenharia, por exemplo — explica Jalme Pereira, coordenador do Núcleo de Pesquisas da UniCarioca.
Ao fazer um raio-X do perfil socioeconômico dos entrevistados, o estudo revelou o abismo entre os aspirantes a professor e os outros alunos que pretendem ingressar no ensino superior. Dos 20% que disseram ter interesse pelo magistério, 64% possuem renda familiar até R$ 3 mil mensais, 63% são de escolas públicas e 70% residem na Baixada ou na Zona Norte do Rio.
Mais acima da pirâmide social, segundo a pesquisa, estão os que não querem ser professor. Cerca de 70% possuem renda familiar até R$ 5 mil, 52% são de escolas privadas e 47% residem no Centro, Zona Sul e Zona Oeste do Rio.
As diferenças não param na barreira social, mas também de gênero: 68% dos interessados na docência são do sexo feminino. Para 47% dos entrevistados, o resgate do prestígio da profissão junto à opinião pública seria fundamental.
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