ZERO HORA, 21 de maio de 201
ESQUELETOS DA EDUCAÇÃO
Processos têm de ser mais ágeis, dizem especialistas
Especialistas em gestão pública e educadores concordam que escolas com poucos alunos devam ser fechadas, mas alertam que os prédios precisam ter novos destinos com mais agilidade.A ex-secretária estadual de Educação Mariza Abreu, hoje consultora da ONG Todos Pela Educação, participou do processo de fechamento de várias escolas. Para Mariza, o número de estabelecimentos de ensino é secundário, o que importa é a taxa de atendimento educacional.
– O Brasil vem se urbanizando loucamente, e o crescimento da população em idade escolar é menor, assim sobram escolas em alguns locais e faltam em outros – salienta.
Para a consultora, manter crianças em escolas com número reduzido de alunos, insuficientes até para “formar um time de futebol”, é ruim para a aprendizagem. Conforme Mariza, os processos para ceder ou doar um prédio público, complexos e demorados, precisam ser acelerados para que o patrimônio não se deteriore.
O professor Fernando Luiz Abrucio, coordenador do curso de graduação em Administração Pública e Governo da Fundação Getulio Vargas, lembra que o bem é público e, por isso, precisa ser revertido à comunidade.
– Espaços culturais e esportivos para os jovens são sempre uma boa opção. É preciso um planejamento para reutilização dessas escolas – salienta Abrucio.
Embora a legislação brasileira não considere crime o abandono dos prédios, o promotor de Justiça José Guilherme Giacomuzzi lembra que, em tese, a perda patrimonial decorrente da má conservação do patrimônio público pode caracterizar improbidade, ou ainda ato inconstitucional por não se dar ao patrimônio destinação social.
– É preciso investigar cada caso e comprovar negligência para se caracterizar como improbidade – destaca o promotor.
REPORTAGEM ESPECIAL
Escolas invadidas e abandonadas
Programa Otimizar, que será lançado pelo Estado em 30 de maio, pretende driblar a burocracia e acelerar a venda e a cedência de imóveis que estão desocupados
Fechadas devido à baixa ocupação, 349 escolas estaduais cessaram atividades desde 2006 no RS. Destas, ao menos 60% não receberam um novo aproveitamento.A burocracia na destinação do patrimônio público impede que os prédios sejam cedidos, doados ou vendidos pelo Estado na velocidade ideal.
Livros, provas e documentos jogados pelo chão são o único resquício de um período em que a Escola Castro Alves, em Marcelino Ramos, contribuía para a formação das crianças. Desocupada em 2009, a escola teve as turmas transferidas para o Centro.
Nota: Reportagem completa na postagem anterior.
OS NÚMEROS:
- 2.557 é o número total de escolas estaduais no RS
- 349 escolas foram fechadas entre 2006 e 2011 (13,6% do total)
- 212 estão abandonadas ou invadidas (60,7% das fechadas)
- 109 estão sendo usadas pelas comunidades (31,2% das fechadas)
- 28 ainda funcionam como escolas (8,02% das fechadas)
- 59 têm pedidos de cedência sem resposta (16,9% das fechadas)
Nenhum comentário:
Postar um comentário