EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 15 de maio de 2012

INCLUSÃO SOCIAL: CIÊNCIA E FORMAÇÃO ÉTICA

Jornal do Comércio de 14/05/2012 

Ciência e formação ética para a inclusão social

Terezinha RiosMestre em Filosofia da Educação/Puc-SP

É hora de voltar a nossa questão originária: qual é o papel da ciência na promoção da inclusão, do ponto de vista ético? A ciência leva os seres humanos a conhecer de modo sistemático e organizado a realidade. Instrumentaliza-os no sentido de ampliar, construir e reconstruir incessantemente o mundo. Se assim consideramos, somos levados a pensar no desafio que se coloca para os educadores de levar o conhecimento científico à escola de maneira que ele possa trazer a contribuição à inclusão. A escola é um espaço no qual se socializam saberes e valores, com o objetivo exatamente de colaborar na construção da cidadania. Para que isso se concretize efetivamente, há que se contar com a presença da ética. A ética é um elemento importante na formação do professor, mas não a vejo convertida em uma disciplina. Nas propostas oficiais de organização curricular para o ensino básico, ela aparece como um tema transversal, isto é, que “atravessa” o trabalho das diversas disciplinas. Na formação de professores, o que deve haver é espaço para o desenvolvimento de uma atitude crítica, espaço que pode – e deve – ser encontrado em qualquer uma das disciplinas, ou mais especificamente na filosofia da educação, na psicologia, na sociologia. O que importa não é necessariamente a denominação, mas o objetivo a que se propõe.

Se não se levar em conta a dimensão ética do trabalho de todos os professores, efetivamente a escola falhará na socialização, na partilha de saberes e valores. Na verdade é através da atitude mesmo do professor, da forma como ele se relaciona com os seus alunos e traz a eles o conhecimento, que se revelam os valores.

Graças ao trabalho da ciência – e o dos educadores/pesquisadores na escola – descobrem-se e aprimoram-se formas mais complexas e aprimoradas de viver. A pergunta que nos desafia, eticamente, é a da utilização do conhecimento científico para a criação de um mundo feliz, de uma vida boa. Na verdade, a preocupação em dominar e transformar o mundo nem sempre correspondeu à de compreendê-lo, de perguntar pelo sentido da ação e da transformação. Trata-se, então, de mobilizar esforços para que a ciência, articulada aos demais saberes, complementares de um conhecimento ampliado e aprofundado dos seres humanos sobre si mesmos e sobre o mundo, seja instrumento ao alcance de todos, não abrigue em seu espaço a discriminação e o privilégio, mas faça valer os direitos que ela mesma, enquanto instrumento de cultura, tem auxiliado a construir no processo histórico da humanidade.

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