Este blog mostrará as deficiências, o sucateamento, o descaso, a indisciplina, a ausência de autoridade, os baixos salários, o bullying, a insegurança e a violência que contaminam o ensino, a educação, a cultura, o civismo, a cidadania, a formação, a profissionalização e o futuro do jovem brasileiro.
EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.
domingo, 14 de outubro de 2012
ORGULHO DE SER PROFESSOR
ZERO HORA 14 de outubro de 2012 | N° 17222
EDITORIAL INTERATIVO
Pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas, em 2009, por encomenda da Fundação Victor Civita, confirmou tecnicamente o que a maioria dos brasileiros já sabia: quase ninguém mais quer ser professor ou professora. Na verdade, este “quase” está quantificado: dos 1,5 mil alunos do terceiro ano do Ensino Médio ouvidos pelos pesquisadores, apenas 2% confirmaram a intenção de cursar Pedagogia ou alguma licenciatura voltada para o magistério. O dado expressa de forma eloquente a desvalorização de uma profissão que já foi o sonho de consumo das famílias brasileiras nas décadas de 60 e 70 do século passado. E o mais desconcertante é que os professores continuam sendo tão necessários para o país quanto o eram naquela época, porque depende deles a formação das próximas gerações.
Três aspectos prioritários são apontados pelos jovens como causas da rejeição: 1) Falta de reconhecimento social; 2) Salários baixos; e 3) Trabalho desgastante. Entre os 32% de alunos que chegaram a pensar em ser professor, conforme a pesquisa, muitos encontraram resistência familiar ou foram desaconselhados por pessoas de suas relações, sempre com o argumento de que estariam condenados a ganhar pouco e a enfrentar rotinas árduas e desinteressantes nas escolas. E ninguém desconhece que esta é mesmo a realidade do magistério no país, especialmente na rede pública de ensino.
Há ainda um subproduto cruel desta desvalorização, que é o direcionamento para a carreira de uma parcela de alunos com mau desempenho nos níveis intermediários. Como eles não conseguem classificação para os cursos mais disputados, a formação docente vira um prêmio de consolação. Ainda assim, o país conta com muitos professores competentes, responsáveis e verdadeiramente comprometidos com as causas da educação. Aí entra aquele conjunto de valores que historicamente compõem a personalidade dos educadores: vocação, dedicação e profissionalismo.
Fiquemos com esta última qualidade, que deveria ser a predominante em qualquer atividade laboral. Docência não é, nem deve ser, sacerdócio. É saudável que os mestres tenham seguido sua vocação e que sejam pessoas dedicadas à atividade que escolheram. Porém, para que a educação tenha a qualidade desejada, os professores precisam ser, acima de tudo, bons profissionais – o que, logicamente, deve incluir recompensa adequada, mas também avaliação e cobrança compatíveis com a importância do cargo.
É inquestionável a relevância da missão de ensinar. A educação tem o poder de transformar as pessoas e de tornar as sociedades mais iguais e mais justas. Sem professores, não haveria médicos, engenheiros, advogados e outros diplomados em ofícios respeitados por todos os cidadãos. O professor é a base da formação de todos os profissionais.
O Brasil deveria orgulhar-se de seus professores e valorizá-los como merecem, para que os mestres também voltem a ter orgulho da profissão que escolheram.
O editorial ao lado foi publicado antecipadamente no site e no Facebook de Zero Hora, na sexta-feira. Os comentários selecionados para a edição impressa mantêm a proporcionalidade de aprovações e discordâncias. A questão proposta aos leitores foi a seguinte: Editorial diz que magistério não deve ser sacerdócio. Mais importante é o profissionalismo. Você concorda?
O leitor concorda
Concordo! Ser professor mais do que nunca é uma profissão, essa inversão de valores acaba diminuindo nosso valor perante a sociedade. Somos, sim, profissionais e devemos nos atualizar, lutar por nossos direitos e valorizar o papel de educador. Em todas as profissões se encontram dificuldades e na de professor não é diferente.Maria Cecília Madruga Monteiro, Pelotas (RS)
Docência não é sacerdócio, professor é profissional e como tal deve ser respeitado e valorizado. Em pleno século 21, há urgência em rever políticas educacionais e readequar metodologias ultrapassadas de ensino que não acompanham mais a precocidade de nossas crianças e adolescentes. A valorização do profissional deve ser natural e adequar-se às exigências de cada época. Para os governos, é muito conveniente que o magistério se mantenha na posição de “sacerdócio”, o que a meu ver já é indicativo de inferioridade, ainda mais considerando as demandas dos dias de hoje. Tandra Milost – Porto Alegre (RS)
Eu fico feliz com essa constatação, o nosso país é capitalista, portanto o trabalhador tem que ser remunerado bem ou mal, conforme a necessidade do mercado e da importância estratégica para o país. Pena que só agora a nossa elite entenda isso. Frederic da Motta Ohnmacht, Porto Alegre (RS)
Sacerdócio (do latim sacer, que significa “sagrado” e dos, dotis “dom”) é a condição de pessoas que executam as cerimônias de determinada religião. Particularmente, eu prefiro desvincular a religião do profissional. Magistério deve ser exercido por profissionais bem qualificados e bem remunerados, com autoestima suficiente para sentirem-se participantes do mundo real. Aceitar as condições atuais de grande parte dos professores e fazer disso um “sacerdócio” é aceitar indefinidamente essa condição não digna que é ser professor nos moldes atuais. O profissional da educação deveria ser mais bem respeitado. A educação deveria ser tratada como um tema estratégico do Estado brasileiro. Felipe Machado, Porto Alegre (RS)
Bom dia, eu concordo plenamente com o texto. Jorge Menezes – Bagé (RS)
Sacerdócio é coisa para padre, monge etc. Com essa história, justifica-se pagarem-se baixos salários aos professores. Essa é uma visão retrógrada que não visa ao desenvolvimento da educação. O ensino só melhora se for encarado do viés do profissionalismo, e não da ascese religiosa. José Augusto Hartmann, Curitiba (PR)
O leitor discorda
Discordo. Sendo filha de pedagoga, entendo que o bom profissionalismo está diretamente relacionado com o sacerdócio – “função que apresenta caráter respeitável em razão do devotamento que exige”, consoante o dicionário. Como aluna, sei enxergar nos melhores professores o comprometimento e o amor pelo que fazem. Logo, apenas o profissionalismo e o sacerdócio combinados oferecem qualidade à educação, o que deve ser bem recompensado financeiramente e, mais importante, moralmente. Larissa Leão Schweigert – Rio Grande (RS)
- Não concordo. Por mais profissional que muitos tentem ser, a profissão de docente deve vir de vocação, ainda mais nos tempos de hoje. Baixos salários, alunos desrespeitosos, desconfiança de parte da sociedade, falta de incentivo e plano de carreira são motivos para qualquer profissional largar o emprego, a não ser que se tenha mais do que a questão emprego, e sim a questão gostar do que se faz. Juliano Pereira dos Anjos – Esteio (RS)
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