EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

DEBATE: PAIXÃO E COMPROMISSO


ZERO HORA 15 de outubro de 2013 | N° 17584

DEBATE DIA DO PROFESSOR

Sala de aula, uma paixão, por Nayr Tesser*


Dia 15 de outubro é um dia para falar de encanto e paixão. Afinal é primavera e os espermatozoides estão no ar. Com esta frase, era anunciada a nova estação nas aulas de português do velho e saudoso Julio de Castilhos. O estribilho de quem fez da sala de aula sua paixão é sempre o mesmo: surpresas, dores, alegrias e amores como a vida num movimento de vai e vem. Ser professor é um doce vício e teimosa virtude; se assim não fosse, como persistir e resistir quando os indicadores são de desvalorização monetária, social e profissional.

Sem falsa modéstia, acho poder dar testemunho sobre o encanto e beleza de ser professor e a importância da profissão, pois, ao lado de uma consciência absolutamente meridiana do que não fiz ou deixei de fazer, há uma certeza de que os poucos projetos que fiz, apesar de não constarem na promoção funcional, estão por aí, caminhando autônomos e independentes com pernas que não são minhas, abraçando outros mundos com braços que não são meus. São meus alunos que acompanhei ao longo de mais de 40 anos de profissão exercida na escola pública estadual, escola esta que sofre, hoje, as indefinições e perplexidades vividas pela sociedade atual. Sim, são esses alunos cujos ecos percebo de quando em quando, aqui e ali, e com os quais briguei, aprendi e até ensinei e, se o fiz, foi muitas vezes sem saber que o fazia, pois ao final de cada ano, e foram tantos, que ficava sempre a sensação incômoda de que não havia feito tudo, mas redimia-me pensando com renovada esperança que no próximo ano seria melhor.

Ah! Profissão de esperança, esta, a de professor!

O sentimento incômodo de fazer tudo menos dar aulas de português perseguia-me. Mesmo assim, esse lado cheio de metáforas e refrões resistia teimosamente e, para explicar uns, criava outros, justificando-me: “O bom professor é aquele que, ao deixar a sala de aula, entra pro circo e faz qualquer função – mágico, trapezista, palhaço e domador”.

Essa desvalorização salarial não deve confundir nossos ideais e nossa crença, nem definir o valor de nossa tarefa, que é a maravilhosa, insubstituível tarefa de ensinar. O professor é um professor e jamais será substituído por imagens virtuais ou efeitos especiais. O professor é, ponto final.

Mas para tanto é necessário ter clareza de nosso papel, crença no que fazemos, alegria por fazê-lo e consciência da singularidade da relação professor-aluno. É a única profissão cujos bens produzidos não carecem de intermediação: o produtor e o consumidor estão no mesmo espaço. E isso tem seus reflexos e sua significação.

Para ser um bom professor é necessário ter conhecimento, saber socializá-lo sem adonar-se dele, aprender com seus alunos, ter uma escala de valores bem definida, posicionar-se diante dos acontecimentos, sentir um imenso prazer ao perceber o crescimento alheio, alegrando-se com ele. Para ser um bom professor é preciso comover-se com pequenas coisas ridiculamente humanas, ter certeza de que seus alunos saberão reconhecê-lo e o guardarão indelevelmente na memória por um pequeno flagrante que o identificará de imediato, uma rápida associação, um gesto, um olhar, um tom de voz que os marcaram para sempre.*PROFESSORA


Compromisso de todos, por José Clovis de Azevedo*


Neste outubro, o Dia do Professor coincide com a celebração dos 25 anos da promulgação da Constituição de 1988. O documento avançou em aspectos importantes, entre eles, a educação como direito de todos, dever do Estado e da família portanto, dever da sociedade.

No Rio Grande do Sul, apesar da diminuição das taxas de natalidade, e consequente processo contínuo de redução do número de matrículas, 100 mil crianças entre quatro e cinco anos precisam ser incluídas nas turmas de Educação Infantil. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, são 70 mil que estão fora da escola, apesar da oferta de vagas.

Neste momento, em que o Brasil e os Estados discutem a consolidação dos Planos Nacional e Estaduais de Educação, é preciso que a discussão seja proposta à sociedade à luz da realidade, isso inclui a gestão da educação pública em efetivo regime de colaboração entre as esferas do poder público. Ainda que tenhamos a perspectiva de fontes de financiamento, como os recursos do pré-sal destinados à educação, é necessário que a sociedade contribua concretamente para superação do problema central da educação: o financiamento. Não basta apenas cobrar do poder público a educação de qualidade. Se a sociedade quer educação de qualidade, tem que participar, principalmente com a sustentabilidade financeira do poder público.

Nos últimos tempos, muitas vozes proclamam que a educação brasileira tem pouca qualidade se comparada com a de países desenvolvidos. É preciso que façamos as mesmas escolhas que esses países fizeram: investimentos vultosos, de longo prazo, na educação. Somente assim será possível em médio e longo prazos garantir a qualidade social da educação. O financiamento necessário à educação pressupõe a garantia de tornar acessíveis aos educadores concepções pedagógicas que estejam em consonância com a contemporaneidade, novas ferramentas tecnológicas, para além do livro didático, além de investimentos na formação dos educadores da universidade à formação em serviço e continuada e, também, a valorização dos professores, com salários condizentes à função social que cumprem.

Garantir o financiamento da educação não é uma tarefa exclusiva do Estado. É preciso que a sociedade brasileira faça a sua escolha, contribua e dê o suporte necessário para que o professor, figura também celebrada em outubro, possa ser o agente das transformações propostas e garantidas pela Constituição Federal de 1988.

*SECRETÁRIO ESTADUAL DA EDUCAÇÃO DO RS

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