HELOISA ARUTH STURM
DEPOIS DO PROTESTO
Manifestação pacífica de professores por aumento salarial é seguida por vandalismo e denúncias de abuso policial no Rio e em São Paulo
Depois dos protestos de junho contra o aumento das tarifas do transporte coletivo, as manifestações deste início de outubro no país têm como foco a melhoria do salário e das condições de trabalho dos professores. Nesta semana, Rio e São Paulo tiveram protestos marcados por violência – da polícia e de manifestantes – e atos de vandalismo.
À população em geral, a violência parece ser uma marca das manifestações no Rio. Sociólogo e cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Baía acredita que isso faz parte de uma estratégia do Estado. O professor afirma que, com a exposição de cenas de truculência e destruição na imprensa, ganham os políticos, conseguindo desviar a atenção para as motivações dos atos – como má qualidade dos serviços –, e os grupos violentos, como os black blocs, que ficam com mais visibilidade.
– Isso afugenta a massa de manifestantes, mas não o grupo que quer a violência. A polícia pode abortar esses atos, está preparada – diz Baía.
Os professores estaduais do Rio, que receberam apoio de manifestantes em protestos também na capital paulista, reivindicam reajuste salarial de 20%, eleições diretas para diretor da unidade de ensino, mínimo de dois períodos de aula semanais por disciplina e que cada docente dê aula em uma escola da rede. A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) alega que concedeu 8% de reajuste no ano e que o vencimento-base teve aumento real de 40,42% de 2007 a 2013.
Na rede municipal do Rio, a principal crítica se refere à aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) no dia 1º. Os professores municipais também reivindicam um plano de construção de novas escolas e a diminuição de alunos por turmas. Para corrigir a superlotação, a prefeitura ressalta que já planejava construir 250 novas escolas, e um edital foi lançado para as primeiras 109.
– Esse plano, aprovado a portas fechadas na Câmara, abre espaço para metodologias questionáveis que não seguem o que defendemos – afirma Susana Gutierrez, coordenadora da capital no Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe).
O prefeito Eduardo Paes disse que só voltará a dialogar com os professores depois que eles voltarem às aulas. Uma assembleia hoje decidirá os rumos da greve. Entre as próximas manifestações confirmadas estão um ato no domingo e uma passeata no dia 15.
RIO GRANDE DO SUL X RIO DE JANEIRO
PORTO ALEGRE
- 4 mil professores
- Piso (20 horas): R$ 1.164,80, somados vales alimentação e transporte
RIO GRANDE DO SUL
- 77,5 mil professores
- Piso (20 horas): R$ 488,52*
- Valor da hora-aula: R$ 6,10
* Como o valor está abaixo do piso nacional, a Secretaria acrescenta um completivo para chegar a R$ 783,50 por mês
RIO DE JANEIRO (MUNICÍPIO)
- 42 mil professores
- Piso (22,5 horas): R$ 1.224,53
- Valor da hora-aula: R$ 13,61
RIO DE JANEIRO (ESTADO)
- 75 mil professores
- Piso (30 horas): R$ 2.028,00
- Valor da hora-aula: R$ 16,90
Piso nacional para 40 horas semanais: R$ 1.567,00 (hora-aula: R$ 9,79)
DEPOIS DO PROTESTO
Manifestação pacífica de professores por aumento salarial é seguida por vandalismo e denúncias de abuso policial no Rio e em São Paulo
Depois dos protestos de junho contra o aumento das tarifas do transporte coletivo, as manifestações deste início de outubro no país têm como foco a melhoria do salário e das condições de trabalho dos professores. Nesta semana, Rio e São Paulo tiveram protestos marcados por violência – da polícia e de manifestantes – e atos de vandalismo.
À população em geral, a violência parece ser uma marca das manifestações no Rio. Sociólogo e cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Baía acredita que isso faz parte de uma estratégia do Estado. O professor afirma que, com a exposição de cenas de truculência e destruição na imprensa, ganham os políticos, conseguindo desviar a atenção para as motivações dos atos – como má qualidade dos serviços –, e os grupos violentos, como os black blocs, que ficam com mais visibilidade.
– Isso afugenta a massa de manifestantes, mas não o grupo que quer a violência. A polícia pode abortar esses atos, está preparada – diz Baía.
Os professores estaduais do Rio, que receberam apoio de manifestantes em protestos também na capital paulista, reivindicam reajuste salarial de 20%, eleições diretas para diretor da unidade de ensino, mínimo de dois períodos de aula semanais por disciplina e que cada docente dê aula em uma escola da rede. A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) alega que concedeu 8% de reajuste no ano e que o vencimento-base teve aumento real de 40,42% de 2007 a 2013.
Na rede municipal do Rio, a principal crítica se refere à aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) no dia 1º. Os professores municipais também reivindicam um plano de construção de novas escolas e a diminuição de alunos por turmas. Para corrigir a superlotação, a prefeitura ressalta que já planejava construir 250 novas escolas, e um edital foi lançado para as primeiras 109.
– Esse plano, aprovado a portas fechadas na Câmara, abre espaço para metodologias questionáveis que não seguem o que defendemos – afirma Susana Gutierrez, coordenadora da capital no Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe).
O prefeito Eduardo Paes disse que só voltará a dialogar com os professores depois que eles voltarem às aulas. Uma assembleia hoje decidirá os rumos da greve. Entre as próximas manifestações confirmadas estão um ato no domingo e uma passeata no dia 15.
RIO GRANDE DO SUL X RIO DE JANEIRO
A diferença na remuneração nas redes municipal e estadual nos estados
PORTO ALEGRE
- 4 mil professores
- Piso (20 horas): R$ 1.164,80, somados vales alimentação e transporte
RIO GRANDE DO SUL
- 77,5 mil professores
- Piso (20 horas): R$ 488,52*
- Valor da hora-aula: R$ 6,10
* Como o valor está abaixo do piso nacional, a Secretaria acrescenta um completivo para chegar a R$ 783,50 por mês
RIO DE JANEIRO (MUNICÍPIO)
- 42 mil professores
- Piso (22,5 horas): R$ 1.224,53
- Valor da hora-aula: R$ 13,61
RIO DE JANEIRO (ESTADO)
- 75 mil professores
- Piso (30 horas): R$ 2.028,00
- Valor da hora-aula: R$ 16,90
Piso nacional para 40 horas semanais: R$ 1.567,00 (hora-aula: R$ 9,79)
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Os veículos de comunicação de massa deveriam separar as notícias sobre reivindicações e as de violência durante os protestas. Esta aqui mistura a causa com a violência.
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