A DOIS ANOS - ZERO HORA 11/06/2012
Se existe um tipo de treinamento para a Copa no qual o tempo é um fator essencial, são os ensinos de inglês e espanhol. Com a perspectiva de 600 mil turistas perambulando pelas cidades brasileiras, os projetos oficiais ainda são tímidos.
Cerca de 32 mil vagas serão oferecidas em inglês, espanhol e libras, ao custo de R$ 32,5 milhões. O Ministério do Turismo encerrou as inscrições em abril para as primeiras turmas do Pronatec Copa, com a promessa de que em maio reabriria o processo de seleção – o que ainda não aconteceu.
Na Capital, por exemplo, não há um projeto consistente para dar noções básicas de línguas ao contingente que é um dos principais pontos de contato com turistas: os cerca de 12 mil taxistas. No ano passado, a prefeitura tentou implantar um curso no ponto da Rodoviária, mas não houve alunos suficientes para fechar turma. O sindicato dos profissionais diz não ter sido procurado para divulgar a iniciativa. No momento, a única opção com foco nos motoristas de táxis é o projeto Taxista Nota 10, do Sest/Senat, cuja meta é qualificar, em todo o país, 40 mil taxistas em línguas e outros 40 mil em gestão de negócios.
Nacionalmente, o Sest/Senat contabiliza 11,3 mil inscritos nos dois cursos, que funcionam à distância. O taxista recebe um material impresso e um CD com exercícios e, ao final de 90 dias, pode fazer uma prova para receber o certificado. O programa começou em outubro de 2011, mas, até agora, só 53 profissionais “se formaram” – nenhum deles em Porto Alegre. Segundo a coordenadora do Senat na Capital, Karina Salamoni, cerca de 300 kits com o material foram retirados até o momento. Como a maioria foi em março passado, ainda não há tempo hábil para que os alunos marquem a prova.
– Estamos preocupados com o baixo interesse dos taxistas. O curso é gratuito e foi divulgado na mídia, esperávamos uma procura maior – diz Karina.
A aposta em cursos não presenciais também é questionada. Se, por um lado, o modelo de ensino à distância é conveniente para profissionais com pouco tempo para frequentar aulas, o aprendizado de línguas necessário para a Copa deveria ser focado na conversação, pondera a mestre em Linguística Aplicada e professora da Unisinos Aline Jaeger. Mesmo que o objetivo seja ensinar apenas o básico, a intervenção e a conversa real seriam fundamentais para quem tem por objetivo compreender o que um turista precisa.
– É na discussão que tu aprendes a compreender as variações na fala. Na apostila, a frase vem inteira, mas, no diálogo real, a mensagem é quebrada, as pessoas interrompem umas às outras. Qualquer curso ajuda, mas o ideal é que não haja apenas o ensino à distância – opina Aline.
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