ITAMAR MELO NILSON MARIANO
IDEB EVOLUÇÃO DO RS. UM ALENTO PARA A EDUCAÇÃO
ESCOLAS GAÚCHAS MELHORAM nos três níveis de avaliação de desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, mas meta estabelecida para anos finais do Fundamental e Ensino Médio não foi atingida
As escolas do Rio Grande do Sul melhoraram entre 2011 e 2013, segundo dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgados ontem pelo governo federal. A pontuação total das redes pública e privada subiu nos três níveis avaliados, fazendo o Estado galgar posições do ranking nacional. Apesar desse avanço, as metas estabelecidas para o Ensino Médio e para os anos finais do Ensino Fundamental não foram atingidas.
O Ideb avalia a qualidade do ensino no país, de dois em dois anos, com base em dados sobre aprovação e desempenho escolar obtidos por meio de avaliações do MEC. Um ponto de destaque nos números divulgados ontem foi o desempenho do Ensino Médio gaúcho. Em um cenário geral de deterioração da qualidade – 13 Estados recuaram no Ideb e cinco ficaram estagnados –, o Rio Grande do Sul viu seu conceito subir de 3,7 para 3,9.
Esse crescimento deveu-se à rede estadual. Enquanto os colégios privados gaúchos retrocederam (o Ideb deles caiu de 5,9 para 5,7 – leia mais na página 24), as escolas estaduais melhoraram a pontuação (de 3,4 para 3,7). Mesmo sem terem atingido a meta (4), saíram do nono posto no ranking nacional de 2011 para o segundo no deste ano, atrás apenas de Goiás e empatadas com São Paulo.
O resultado foi festejado pelo secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, que atribuiu a evolução à reformulação implantada no Médio a partir de 2012. Segundo o secretário, houve reforma no currículo, incentivo à pesquisa, motivação dos estudantes, formação dos professores e melhorias nos prédios escolares. Outra medida de impacto, para o secretário, foi o acréscimo de 600 horas no ano escolar, o que aumentou o tempo de estudo.
– Implantamos uma pedagogia ativa, em que os alunos não são pacientes – afirmou.
Azevedo minimizou o fato de a rede estadual não ter alcançado a meta que estava fixada:
– O importante é que estamos crescendo e melhorando, não só em relação a nós mesmos, mas em relação a outros Estados – argumentou.
Especialistas foram mais contidos na avaliação. Fernando Becker, professor de Psicologia da Educação na UFRGS, avalia que o avanço não é “tão significativo assim”, em termos estatísticos. Disse que outros Estados estagnaram ou decaíram, o que facilitou a progressão gaúcha. No Ensino Médio público, 16 Estados pioraram.
– Pode-se considerar que houve uma melhora, mas não uma melhora absoluta. Deve ser comparada ao que está acontecendo com os outros – observou.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental (do 1º ao 5º), o Rio Grande do Sul como um todo também melhorou, passando de oitavo para sétimo lugar no ranking. Houve avanços na rede pública (de 5,1 para 5,4) e na rede privada (6,7 para 7,2), que conseguiram suplantar a meta (respectivamente de 5,2 e 6,7). As escolas estaduais deram um salto nesse nível de ensino (de 5,1 para 5,5), mas se mantiveram na sétima posição em comparação com os demais Estados. O resultado também foi atribuído pela secretaria a uma reformulação dos currículos.
Para a coordenadora-geral do movimento Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, é necessário ponderar que os Estados do Sul e do Sudeste se beneficiam por ter historicamente um nível mais alto.
– É um resultado que dá para nos deixar felizes, mas é preciso ressaltar que dadas as condições econômicas seria possível avançar ainda mais nessas regiões.
RESULTADOS MODESTOS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Os resultados mais modestos vieram nos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º). A meta gaúcha era um Ideb de 4,7, mas o Estado avançou muito pouco (de 4,1 para 4,2) e ficou longe de atingir o objetivo. Obteve apenas a 12ª melhor posição nacional. Nesse nível, a rede estadual, que se destacou nos outros ciclos da Educação Básica, avançou apenas 0,1 ponto, aparecendo como a nona no ranking. Azevedo disse que etapa ainda não foi possível realizar uma reformulação.
– Os anos finais do Ensino Fundamental foram totalmente esquecidos no país, não há política, está mal equacionada, as escolas têm dificuldades. Essa estrutura mal resolvida nos anos finais tem reflexo no Ensino Médio – avalia Alejandra.
No cenário nacional, o Ensino Médio e os anos finais do Fundamental não conseguiram atingir as metas previstas de qualidade. O ensino secundário, aliás, não evoluiu nada em comparação com 2011. Nos anos iniciais, o Ideb superou a meta em 0,3 ponto. O ministro da Educação, Henrique Paim, disse considerar que, futuramente, o avanço dos anos iniciais poderá ter impacto positivo nas etapas posteriores. Quanto ao Médio, disse que medidas estão em estudo:
– Precisamos ampliar a flexibilidade do currículo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário