EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

MAIS A DISTÂNCIA E MAIS TÉCNICO



ZH 10 de setembro de 2014 | N° 17918


ERIK FARINA E FERNANDA DA COSTA



CENSO DO ENSINO SUPERIOR

DADOS DO MINISTÉRIO da Educação consolidam expansão de modalidades na última década. Matrículas cresceram em menor intensidade e houve menos formandos em 2013 em relação a 2012



Menos teoria, mais disciplinas práticas; menos listas de chamadas, mais aulas por videoconferência. O Censo do Ensino Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação, confirmou uma tendência: o brasileiro está buscando cada vez mais cursos tecnológicos – com até dois anos e meio de duração – e a distância.

Das 7,3 milhões de matrículas em 2013, quase 1 milhão foi em cursos mais curtos. Há 11 anos, essa participação era quase nula. O especialista em educação profissional e pesquisador da Feevale Gabriel Grabowski relata que, até pouco tempo, quem ofertava a educação tecnológica eram fundamentalmente as instituições privadas. Nos últimos anos, houve aumento na oferta desse tipo de ensino pelo setor público. Já há mais de 5,7 mil cursos tecnológicos no Brasil.

– Os alunos que procuram os tecnólogos são, em maioria, adultos de 25 a 35 anos, que já estão no mercado de trabalho e buscam Ensino Superior, ou que estão cursando a segunda graduação – explica Grabowski.

O Censo também dimensionou a expansão da Educação a Distância (EAD). Em 10 anos, o número de estudantes passou de 49 mil para 1,1 milhão, colocando a modalidade como responsável por mais de 15% de todas as matrículas em Ensino Superior. Em 2003, esse percentual era de apenas 1,2%.

– A procura (pelo EAD) tem crescido tanto em cidades do Interior, onde nem sempre há variedade de cursos presenciais, quanto nas capitais, em razão da falta de tempo da população e à dificuldade de deslocamento – avalia Waldomiro Loyolla, presidente do Conselho Científico da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed).

Loyolla também atribui a alta procura ao perfil da geração que esta chegando às universidades, mais familiarizada com novas tecnologias e compartilhamento de conhecimento pela internet. Embora sem a mesma volúpia, o crescimento do EAD deve continuar, projeta Waldomiro: em alguns países desenvolvidos, como Holanda e Finlândia, 30% dos formados são por cursos remotos.

OPÇÃO POR UMA FORMAÇÃO RÁPIDA

Modalidades mais rápidas de cursos têm impulsionado o Ensino Superior nos últimos anos – de 2012 para 2013, o número de matrículas cresceu 4% (leia mais ao lado) –, mas não são os únicos motivos para a expansão, avalia Nei Lazzari, reitor da Univates e presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung):

– A propagação de universidades particulares e a maturação de programas federais como Fies e Prouni têm aberto mais espaço para estudantes das classes C e D ingressarem na faculdade.

Conforme Lidio Antonio Barbosa, 59 anos, que cursa o último semestre de Gestão Comercial na Faccentro, em Porto Alegre, a opção pelo tecnólogo foi em razão de ser uma opção mais rápida de formação, que daria o certificado necessário para aumentar as chances de encontrar emprego. Quando se aposentou, Barbosa foi desligado da empresa onde trabalhava.

– Eu já tenho o conhecimento, falta o certificado. Já recebi algumas propostas, e até o final do ano eu espero estar trabalhando – diz.


Número de formados cai pela primeira vez em 10 anos


Pela primeira vez desde 2003, o número de formados caiu em relação ao ano anterior. Foram 991 mil concluintes no ano passado, ante 1,05 milhão em 2012. Conforme especialistas, o motivo pode ser a crise financeira de 2008: quem ingressou naquele ano pode ter tido dificuldade em concluir o curso e abandonado nos primeiros semestres. Seria o grupo que se formaria no ano passado.

O ministro da Educação, Henrique Paim, atribuiu a queda à redução do número de formados na rede privada e ao menor ritmo de matrículas em cursos a distância.


Matrículas no Estado e no país crescem menos


O Rio Grande do Sul é o quarto Estado do país com maior número de pessoas matriculadas em cursos de graduação presencial. Dos 6,1 milhões de acadêmicos do país, 378 mil estudam em instituições gaúchas, o que representa 6% do total. Mas o crescimento sobre o ano passado foi de apenas 2,4%.

– O Estado já estava em um patamar mais avançado de matrículas em Ensino Superior em relação ao país – avalia Nei Lazzari, reitor da Univates e presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung).

O movimento no Rio Grande do Sul acompanha a desaceleração no número de matrículas no Brasil, em particular em instituições públicas. De 2012 para 2013, o crescimento foi de 1,85%, enquanto nos dois anos anteriores, o crescimento foi de quase 7%.

O Estado líder no país é São Paulo, que teve 1,6 milhão de estudantes matriculados no Ensino Superior em 2013. Dos universitários matriculados no Rio Grande do Sul, 289 mil estudam em instituições privadas (77%) e 88 mil em públicas (23%).


Engenharia cresce na preferência de alunos


As matrículas para os cursos de Engenharia tiveram um crescimento de 52% nos últimos quatro anos, em razão de migração de estudantes para uma das áreas no mercado de trabalho que mais crescem.

– Desde 2008, houve uma retomada nos investimentos do país em infraestrutura, e o mercado precisava de mais engenheiros do que podíamos oferecer. Isso resultou em uma valorização dos salários – afirma o diretor da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luiz Carlos Pinto da Silva Filho.

Nos últimos cinco anos, o número de acadêmicos dobrou em algumas engenharias, como a Civil, explica Silva Filho. Dos oito segmentos de cursos de graduação analisados pelo Inep, apenas o de Educação apresentou queda no número de acadêmicos matriculados.

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