EDITORIAIS
Ao liberar os resultados do Enem de 2012, o Ministério da Educação manda um recado claro aos operadores do Ensino Médio, governos, prefeituras, secretarias de Educação, diretores de escolas e comunidades: há solução para o mau desempenho e sempre é possível aperfeiçoar o que já está funcionando bem. Mesmo que, numa avaliação geral, o Enem esteja longe de apresentar resultados satisfatórios, há lições relevantes no mural de performances. Um ensinamento é proporcionado por escolas de regiões menos privilegiadas. São esses os casos de dois educandários privados do Piauí que, num ambiente de carências, num Estado pobre, obtiveram notas excepcionais. O Grupo CEV ficou em 19º nas provas objetivas, e o Colégio Lerote obteve a quinta média na redação.
As duas escolas são algumas das ilhas de excelência do país e devem ser copiadas no que têm de melhor. O argumento de que são colégios privados e por isso dispõem naturalmente de melhores condições é derrubado pelo próprio Enem. O melhor desempenho médio nas provas objetivas, em todo o país, é das escolas públicas federais. É o caso do Rio Grande do Sul, com apenas duas escolas na lista das cem que mais pontuaram – e as duas são mantidas pela União. A escola particular gaúcha melhor posicionada aparece em 111º lugar. A performance do Rio Grande do Sul, considerando-se escolas públicas e privadas, é constrangedora, com a repetição do oitavo lugar no ranking geral das provas objetivas. Em redação, o Colégio Cenecista João Batista de Mello, de Lajeado, é o único entre os cem primeiros, na 99ª posição.
O Enem denuncia, de maneira geral, a precariedade do ensino público estadual e municipal em todas as unidades da federação e as particularidades do Rio Grande do Sul. São dados concretos sobre a degradação da educação na etapa mais importante da formação de cidadãos. O lamentável é que esse alerta se repete há muito tempo. O Enem termina sendo a reprovação de todos os que deveriam mudar uma realidade que, todo ano, o exame denuncia.
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