EDITORIAIS
Uma lição que pode ser copiada em qualquer lugar, sem restrições, tem contribuído para que a educação básica supere ou reduza deficiências históricas no Brasil. O ensinamento a ser compartilhado é o do envolvimento comunitário no ensino formal. Como mostrou reportagem publicada ontem por Zero Hora, na sequên-cia da campanha A Educação Precisa de Respostas, promovida pela RBS e pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, exemplos nacionais e mundiais são referência a todos os que pretendem contribuir para a superação das dificuldades do ensino. Escassez de recursos, deficiências na formação e no aperfeiçoamento dos professores, baixos salários do magistério e degradação de prédios e equipamentos não podem ser obstáculos à participação das comunidades na vida das escolas. Pelo contrário, são muitos os casos em que atitudes participativas ajudaram a atender demandas que a estrutura institucional não consegue contemplar.
O foco é essencialmente a escola pública, como observou, em entrevista a este jornal, a ministra da Educação da Finlândia. Disse a senhora Jaana Palojärvi que uma educação plena e eficiente deve ser assegurada pelos governos, como possibilidade concreta de redução das desigualdades sociais. Mas os resultados dessa escola pública somente serão efetivos, como ocorre na Finlândia, se os pais e os organismos comunitários forem cúmplices de gestores, professores e demais servidores da educação.
Ressalte-se que a participação não deve ter a pretensão de concorrer com os profissionais da área ou substituir suas atribuições. A adesão das comunidades aos projetos da escola, nas mais singelas tarefas e responsabilidades, é complementar. Tal participação se revela na presença dos pais na escola, no acompanhamento do aprendizado dos filhos em casa e no compartilhamento de angústias e projetos comuns a todas as famílias. O Brasil já tem bons exemplos de cumplicidade comunitária, que merecem ser imitados, para que a educação vá além do que se ensina e se aprende numa sala de aula.
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