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Foi rápida e radical a reação do Ministério da Educação ao fato de que muitos cursos superiores do país não oferecem as mínimas condições de funcionamento. Determinou o MEC que sejam suspensos os vestibulares para admissão em 207 cursos, de 185 instituições, reprovados por indicadores que avaliam a qualidade das graduações. Pela primeira vez, o ministério adota uma medida com esse alcance, com base no Conceito Preliminar de Curso, e a determinação é uma punição exemplar, porque as entidades atingidas tiveram seus nomes divulgados.
As autoridades oferecem uma chance para que as instituições possam se recuperar. Pelo que se constatou na listagem recentemente divulgada, com as notas obtidas pelos cursos, essa é uma tarefa que exigirá grande esforço e certamente não será cumprida por boa parte dos reprovados. Serão cancelados, em alguns casos para sempre, os vestibulares de cursos com estrutura, práticas pedagógicas e corpo docente precários. Os próprios alunos já sabiam ou suspeitavam da situação que o MEC agora oficializa. É uma medida dura, de efeito imediato, que rompe com a inércia do Ministério da Educação, pois até então a proibição de recebimento de novos vestibulandos só acontecia depois de demorado processo administrativo.
Cursos mantidos a qualquer custo, alguns com o único objetivo de atender à crescente demanda de estudantes, induzem ao engano de que o acesso à universidade teria sido facilitado. A proliferação de faculdades públicas e privadas é um fenômeno recente, que prosperou pela fragilidade dos controles que só agora o MEC parece estar aperfeiçoando. Espera-se que a vigilância redobrada corrija as distorções e resulte na qualificação de uma formação universitária ainda deficiente em muitas áreas, o que impede o preenchimento de milhares de vagas oferecidas pela indústria. Faculdades precárias não podem continuar enganando a todos – os estudantes, as autoridades e o país.
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