NILSON MARIANO
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO
RETRATO ESCOLAR
PESQUISA INTERNACIONAL traça perfil dos educadores ao redor do mundo e mostra que os profissionais do ensino no Brasil apresentam menor percentual em contratos de trabalho de tempo integral e precisam lidar com classes mais numerosas
O professor brasileiro larga em desvantagem na comparação com educadores de outros países se o assunto for relação de trabalho. Apenas 40,3% do magistério tem contrato de tempo integral com as escolas, enquanto a média mundial chega a 82,4% – mais do que o dobro.
A situação é mostrada na Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), divulgada ontem pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que examinou 34 países no ano passado. O levantamento traça o perfil do magistério brasileiro, dominado por mulheres (71,1%), com idade média de 39,2 anos e 13,6 anos de experiência (veja quadro abaixo).
O baixo número de contratos de tempo integral preocupa especialistas, por forçar o professor a buscar outras fontes de renda e interferir no regime de dedicação exclusiva. A gerente de projetos do movimento Todos Pela Educação (TPE), Andrea Bergamaschi, diz que a pesquisa confirma as dificuldades da carreira. Se o educador procurar o segundo emprego, precisará se desdobrar nos horários de trabalho.
– Compromete o tempo que deveria dispor para planejar as aulas, corrigir temas, analisar as especificidades de cada aluno, cuidar de atividades fundamentais – observa Andrea.
A gerente do TPE lembra que o professor ganha 50% menos que outros profissionais brasileiros com a mesma formação. Destaca que o piso salarial é reduzido para um ofício indispensável ao desenvolvimento do país. Sugere que se adote o modelo da Finlândia, onde o magistério é tão atraente e valorizado como a Medicina.
– Essas situações têm impacto direto no aprendizado do aluno – avisa Andrea.
Para a pesquisadora Tania Beatriz Iwaszko Marques, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), contratos insatisfatórios sobrecarregam o professor. Reforça que educadores precisam de tempo, fora da classe, para a preparação de aulas.
– Se não conseguir organizar uma aula de forma adequada, isso se refletirá no desempenho dos alunos – diz Tania.
A professora da UFRGS atribui a condição nacional dos contratos a questões políticas e de falta de investimento. Afirma a especialista que os discursos de prioridade à educação, ao longo dos anos, não se concretizam.
A sobrecarga no número de alunos no país
O professor brasileiro também é sobrecarregado pela quantidade de alunos em sala de aula. Tem 30,8 estudantes em classe – acima da média mundial de 24,1 aferida pela pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Pesquisadora da Escola de Administração da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, Regina Sílvia Pacheco alerta que o número inadequado de alunos pode atrapalhar o ensino principalmente nas séries iniciais. Já seria preocupante nos anos intermediários, mas torna-se grave no começo do aprendizado.
– Uma saída seria ter dois professores em aula, do primeiro ao quinto ano – diz Regina.
A professora da FGV/SP destaca que uma das soluções, para o país, seria a implantação massiva de escolas de tempo integral. Se os estudantes ficarem mais tempo nos colégios, os professores também seriam beneficiados com melhores contratos. Quem ganharia seria a qualidade do ensino.
A gerente de projetos do movimento Todos Pela Educação (TPE), Andrea Bergamaschi, diz que o acúmulo de alunos em sala decorre da falta de professores com formação específica. Menos de 20% lecionam Física sem ter formação superior na matéria. Com pequenas variações, a distorção também ocorre em Matemática, Química, História e Geografia.
Se as turmas fossem menores, Andrea diz que os educadores poderiam dispensar maior atenção aos alunos. A média brasileira é de 30,8, segundo a OCDE, mas há escolas com até 50 alunos por classe.
– Se trabalhar com menos alunos, poderá dar uma atenção mais específica – diz a gerente do TPE.
PESQUISA INTERNACIONAL traça perfil dos educadores ao redor do mundo e mostra que os profissionais do ensino no Brasil apresentam menor percentual em contratos de trabalho de tempo integral e precisam lidar com classes mais numerosas
O professor brasileiro larga em desvantagem na comparação com educadores de outros países se o assunto for relação de trabalho. Apenas 40,3% do magistério tem contrato de tempo integral com as escolas, enquanto a média mundial chega a 82,4% – mais do que o dobro.
A situação é mostrada na Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), divulgada ontem pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que examinou 34 países no ano passado. O levantamento traça o perfil do magistério brasileiro, dominado por mulheres (71,1%), com idade média de 39,2 anos e 13,6 anos de experiência (veja quadro abaixo).
O baixo número de contratos de tempo integral preocupa especialistas, por forçar o professor a buscar outras fontes de renda e interferir no regime de dedicação exclusiva. A gerente de projetos do movimento Todos Pela Educação (TPE), Andrea Bergamaschi, diz que a pesquisa confirma as dificuldades da carreira. Se o educador procurar o segundo emprego, precisará se desdobrar nos horários de trabalho.
– Compromete o tempo que deveria dispor para planejar as aulas, corrigir temas, analisar as especificidades de cada aluno, cuidar de atividades fundamentais – observa Andrea.
A gerente do TPE lembra que o professor ganha 50% menos que outros profissionais brasileiros com a mesma formação. Destaca que o piso salarial é reduzido para um ofício indispensável ao desenvolvimento do país. Sugere que se adote o modelo da Finlândia, onde o magistério é tão atraente e valorizado como a Medicina.
– Essas situações têm impacto direto no aprendizado do aluno – avisa Andrea.
Para a pesquisadora Tania Beatriz Iwaszko Marques, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), contratos insatisfatórios sobrecarregam o professor. Reforça que educadores precisam de tempo, fora da classe, para a preparação de aulas.
– Se não conseguir organizar uma aula de forma adequada, isso se refletirá no desempenho dos alunos – diz Tania.
A professora da UFRGS atribui a condição nacional dos contratos a questões políticas e de falta de investimento. Afirma a especialista que os discursos de prioridade à educação, ao longo dos anos, não se concretizam.
A sobrecarga no número de alunos no país
O professor brasileiro também é sobrecarregado pela quantidade de alunos em sala de aula. Tem 30,8 estudantes em classe – acima da média mundial de 24,1 aferida pela pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Pesquisadora da Escola de Administração da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, Regina Sílvia Pacheco alerta que o número inadequado de alunos pode atrapalhar o ensino principalmente nas séries iniciais. Já seria preocupante nos anos intermediários, mas torna-se grave no começo do aprendizado.
– Uma saída seria ter dois professores em aula, do primeiro ao quinto ano – diz Regina.
A professora da FGV/SP destaca que uma das soluções, para o país, seria a implantação massiva de escolas de tempo integral. Se os estudantes ficarem mais tempo nos colégios, os professores também seriam beneficiados com melhores contratos. Quem ganharia seria a qualidade do ensino.
A gerente de projetos do movimento Todos Pela Educação (TPE), Andrea Bergamaschi, diz que o acúmulo de alunos em sala decorre da falta de professores com formação específica. Menos de 20% lecionam Física sem ter formação superior na matéria. Com pequenas variações, a distorção também ocorre em Matemática, Química, História e Geografia.
Se as turmas fossem menores, Andrea diz que os educadores poderiam dispensar maior atenção aos alunos. A média brasileira é de 30,8, segundo a OCDE, mas há escolas com até 50 alunos por classe.
– Se trabalhar com menos alunos, poderá dar uma atenção mais específica – diz a gerente do TPE.
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