EDITORIAL
Os gestores que autorizaram os gastos com as lousas digitais sem o devido planejamento deveriam ser responsabilizados.
Ocaso das lousas digitais adquiridas pelo Ministério da Educação (MEC) e há mais de um ano sem uso na maioria das escolas contempladas por falta de preparo dos educadores é um exemplo didático de má gestão e desperdício de dinheiro público. Só na rede estadual gaúcha, foram investidos mais de R$ 3 milhões no material, distribuído em sua maioria na Região Metropolitana. A questão é que o treinamento dos professores, de responsabilidade da Secretaria Estadual da Educação, só está previsto para começar na segunda quinzena deste mês. Enquanto isso, equipamentos capazes de propiciar um salto tecnológico em sala de aula e, também, de se tornarem obsoletos em pouco tempo, continuam em grande parte guardados em armários, sem uso, o que evidencia, no mínimo, inépcia dos administradores públicos.
Uma das razões mais citadas para justificar o crescente desinteresse dos alunos em relação aos conteúdos didáticos é a falta de uso de recursos mais próximos de seu cotidiano, como os que estão acostumados a acessar por computadores ou por equipamentos móveis. Entre as vantagens da novidade, semelhante a um grande monitor, inclui-se justamente o fato de transformar o que é projetado na parede da sala de aula em uma tela sensível ao toque, com a alternativa de permitir interação com o conteúdo projetado. Além disso, a inovação assegura acesso à internet, o que abre caminho para uma série de vantagens em relação ao giz e ao quadro-negro, como o uso de vídeos e a realização de viagens virtuais a museus, por exemplo.
Mesmo com a perspectiva de abrir esse mundo de possibilidades, são raríssimos os casos em que, por iniciativa própria da escola ou de professores, as lousas estão sendo utilizadas – ainda assim, sem a plena capacidade. Há relatos de que o equipamento é usado como um simples projetor ou de que estragou e até hoje não foi consertado. Todos eles confirmam a falta de planejamento que costuma estar associada a decisões oficiais em diferentes áreas. E na educação, como se sabe, o Estado não pode mais vacilar, pois vem perdendo sucessivas posições no ranking nacional.
No caso específico das lousas digitais, a intenção é elogiá- vel, pois o equipamento tem potencial tanto para facilitar o trabalho de quem educa quanto para ampliar o interesse dos alunos pelo que é ministrado em sala de aula. Por isso, os gestores que autorizaram os gastos sem o devido planejamento – do ministro aos secretários de Educação – devem explicações à sociedade.
EM RESUMO
Editorial critica o fato de equipamentos adquiridos para escolas há mais de um ano se encontrarem sem uso por falta de treinamento dos professores.
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