REVISTA ISTO É N° Edição: 2325 | 14.Jun.14 - 00:30
Oferta de bolsas para instituições privadas e de financiamento estudantil bate recorde, mas especialistas questionam a qualidade dos cursos
O vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) selecionam quem chega ao ensino superior. Uma vez superadas essas barreiras, permanecer na faculdade está deixando de ser problema para quem tem de arcar com as mensalidades em instituições particulares. A ampla oferta de bolsas de estudo e de financiamento estudantil bancados pelo governo federal, aliada aos subsídios de instituições privadas, tem permitido que o País tenha um contingente crescente de universitários. Dos cerca de cinco milhões de alunos matriculados em universidades particulares, no início do ano, um terço usufruía desses benefícios. Na semana passada, ocorreu a inscrição para a nova edição do Programa Universidade para Todos (Prouni) do governo federal. O número de bolsas cresceu 28% e o objetivo é colocar mais 115 mil brasileiros em instituições privadas no segundo semestre. Subiu também a procura: desta vez foram cerca de 600 mil inscrições contra 437 mil na metade de 2013. Somando as bolsas ofertadas para os dois semestres de 2014, mais de 300 mil pessoas serão beneficiadas com ajuda integral ou de 50% do valor da mensalidade. Na mesma linha, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), também do governo federal, possibilitou que mais de 1,7 milhão de brasileiros fizessem faculdade desde 1999, quando foi concebido. Em um ano, os contratos cresceram 47%.
BENEFICIADO
Cristiano Dantas faz medicina: ele conseguiu bolsa
integral para a mensalidade de R$ 5 mil
A bolsa não só torna mais fácil o acesso como pode ser a única chance de se chegar a uma graduação, pois é destinada a alunos de baixa renda. No caso do estudante de medicina Cristiano Dantas, 35 anos, uma boa nota no Enem e na redação garantiu a vaga no curso sonhado e na sua primeira opção, a Universidade Católica de Brasília. A mensalidade é de quase R$ 5 mil e sua bolsa pelo Prouni é integral. “Venho de escola pública e de família carente”, diz Dantas. “Não tinha a mesma formação do aluno de escola particular para conseguir entrar em uma universidade federal, extremamente concorrida, nem dinheiro para bancar uma instituição privada.”
O programa de fato amplia o acesso ao ensino superior – a quantidade de alunos beneficiados pelo Prouni ou pelo Fies se aproxima do número de matriculados em universidades públicas. Nem por isso deixa de suscitar dúvidas entre os especialistas. “A discussão entre os educadores é sobre a qualidade da formação, e em relação a isso ainda parece ser cedo para ter certezas”, afirma Renato Hyuda de Luna Pedrosa, pesquisador em educação superior pela Universidade Estadual de Campinas. Para Célio da Cunha, professor da Universidade Católica de Brasília e ex-assessor da Unesco, o desafio está mesmo ligado à qualidade. “O melhor caminho é fazer avaliações, tanto pelo poder público quanto pelos próprios centros de ensino”, diz.
Foto: Adriano Machado
Oferta de bolsas para instituições privadas e de financiamento estudantil bate recorde, mas especialistas questionam a qualidade dos cursos
Camila Brandalise
O vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) selecionam quem chega ao ensino superior. Uma vez superadas essas barreiras, permanecer na faculdade está deixando de ser problema para quem tem de arcar com as mensalidades em instituições particulares. A ampla oferta de bolsas de estudo e de financiamento estudantil bancados pelo governo federal, aliada aos subsídios de instituições privadas, tem permitido que o País tenha um contingente crescente de universitários. Dos cerca de cinco milhões de alunos matriculados em universidades particulares, no início do ano, um terço usufruía desses benefícios. Na semana passada, ocorreu a inscrição para a nova edição do Programa Universidade para Todos (Prouni) do governo federal. O número de bolsas cresceu 28% e o objetivo é colocar mais 115 mil brasileiros em instituições privadas no segundo semestre. Subiu também a procura: desta vez foram cerca de 600 mil inscrições contra 437 mil na metade de 2013. Somando as bolsas ofertadas para os dois semestres de 2014, mais de 300 mil pessoas serão beneficiadas com ajuda integral ou de 50% do valor da mensalidade. Na mesma linha, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), também do governo federal, possibilitou que mais de 1,7 milhão de brasileiros fizessem faculdade desde 1999, quando foi concebido. Em um ano, os contratos cresceram 47%.
BENEFICIADO
Cristiano Dantas faz medicina: ele conseguiu bolsa
integral para a mensalidade de R$ 5 mil
A bolsa não só torna mais fácil o acesso como pode ser a única chance de se chegar a uma graduação, pois é destinada a alunos de baixa renda. No caso do estudante de medicina Cristiano Dantas, 35 anos, uma boa nota no Enem e na redação garantiu a vaga no curso sonhado e na sua primeira opção, a Universidade Católica de Brasília. A mensalidade é de quase R$ 5 mil e sua bolsa pelo Prouni é integral. “Venho de escola pública e de família carente”, diz Dantas. “Não tinha a mesma formação do aluno de escola particular para conseguir entrar em uma universidade federal, extremamente concorrida, nem dinheiro para bancar uma instituição privada.”
O programa de fato amplia o acesso ao ensino superior – a quantidade de alunos beneficiados pelo Prouni ou pelo Fies se aproxima do número de matriculados em universidades públicas. Nem por isso deixa de suscitar dúvidas entre os especialistas. “A discussão entre os educadores é sobre a qualidade da formação, e em relação a isso ainda parece ser cedo para ter certezas”, afirma Renato Hyuda de Luna Pedrosa, pesquisador em educação superior pela Universidade Estadual de Campinas. Para Célio da Cunha, professor da Universidade Católica de Brasília e ex-assessor da Unesco, o desafio está mesmo ligado à qualidade. “O melhor caminho é fazer avaliações, tanto pelo poder público quanto pelos próprios centros de ensino”, diz.
Foto: Adriano Machado
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