ENTREVISTA: Professor José Cordeiro
ÂNGELA RAVAZZOLO | EDITORA DE EDUCAÇÃO
Nos próximos 20 anos, o mundo vai mudar mais do que nos últimos dois séculos – e a educação estará no centro dessa revolução. O venezuelano José Cordeiro propõe um novo papel para professores e alunos, especialmente para aqueles estudantes que estão começando o aprendizado, os “nativos digitais”, que já nasceram no ambiente das novas tecnologias e das redes sociais.
Diretor do Projeto do Milênio (Venezuela) e professor na Singularity University, fundada pela Nasa e pelo Google nos Estados Unidos, Cordeiro está em Porto Alegre para participar do 12º Congresso do Ensino Privado, promovido pelo Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS). O tema do evento, que ocorre até amanhã na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), é A Maestria do Professor na Arquitetura da Aprendizagem. Confira trechos da entrevista concedida a Zero Hora.
Zero Hora – A educação enfrenta dificuldades com a formação dos docentes, o que inclui pouca prática em sala de aula e acesso limitado a novas tecnologias, com salários baixos e poucos estudantes interessados na carreira. Como as novas tecnologias podem colaborar para uma transformação?
José Cordeiro – As novas tecnologias estão ficando melhores, mais rápidas e mais baratas. Isso permitirá um aumento na oferta de educação de forma mais eficiente. O Life-Long Learning (projeto de educação contínua desenvolvido na Finlândia) será uma tendência na medida em que as pessoas vivem mais e de forma mais saudável. A educação será mais importante e mais reconhecida, fazendo com que os educadores sejam mais respeitados e melhor pagos. Contudo, como os professores são “imigrantes digitais”, enquanto os alunos são “nativos digitais”, o papel dos professores precisa mudar. Os professores do futuro serão mais facilitadores do que professores tradicionais.
ZH – Há previsões de que, a partir de 2029, os computadores ficarão tão ou mais inteligentes do que o cérebro humano. Como isso impacta a educação?
Cordeiro – Estimamos que em 2029, pela tendência de desenvolvimento dos computadores, eles terão quase o mesmo conhecimento humano. Isso vai permitir aumentar nosso conhecimento.
ZH – Qual é o papel do professor nesse novo modelo educacional, especialmente em relação à inteligência artificial?
Cordeiro – Os professores do futuro serão facilitadores e orientadores, guiando as possibilidades dos alunos individualmente, mas também em grupos. A inteligência artificial não vai substituir a inteligência humana, mas vai ajudar a qualificá-la. Com a inteligência artificial e outras novas tecnologias, a educação e o aprendizado vão experimentar a mais radical transformação da história.
ZH – Persistem problemas antigos, como falta de diálogo e de respeito em sala de aula. E ainda dificuldades básicas, como redes wireless deficientes. Qual o peso desses velhos problemas na educação do século 21?
Cordeiro – A tecnologia vai ajudar a melhorar a educação, mas não vai substituí-la. Outros pontos terão de ser melhorados, desde os salários até a atualização dos professores, a infraestrutura das escolas e das cidades. Como o cérebro humano é o “órgão da educação”, entendê-lo e melhorá-lo vai levar nossa civilização para uma nova fase. O mundo vai mudar mais nos próximos 20 anos do que nos últimos 200 anos.
PARTICIPE - Hoje, às 20h, no Centro de Evento da PUCRS, ocorre uma conferência aberta ao público com Patrícia Peck Pinheiro, advogada especialista em direito digital e uma das idealizadoras do Movimento Família Mais Segura na Internet. No encontro, ela vai orientar os pais sobre a segurança dos filhos no ambiente virtual. A participação é por ordem de chegada.
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