EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

ARMA FATAL



ALEXANDRE FRASSON, GERENTE DE OPERAÇÕES E PAI DE VESTIBULANDA - ZERO HORA 12/01/2012

Sou pai de uma jovem vestibulanda da UFRGS e fiquei estarrecido com a complexidade do tema de redação proposto por esta tão concei-tuada universidade e aplicado na última segunda-feira. É quase inacreditável que uma instituição de ensino desse naipe, através dos seus “elaboradores”, possa estar tão distanciada da realidade cultural e educacional de nosso pobre/enorme país.

Li atentamente o texto-base para a redação e estou chegando à lamentável conclusão de que a banca que elabora as provas da UFRGS vive em outra “rea- lidade” ou então a explicação é, digamos, patológica de quem mira aquele exército, na sua maioria de adolescentes, como um alvo para o bombardeio do mais puro sadismo “intelectualoide”. Será que sentem prazer em ver os rostos tristes, frustrados e desorientados desses jovens em busca de seus sonhos?

Esses adolescentes, pelo menos aqueles que se prepararam, passaram o ano ligados nas notícias sobre o perigo de um acidente nuclear no Japão, fontes de energia alternativas para preservar o meio ambiente, quebradeira econômica na Europa, a “primavera” árabe, as manifestações de “ocupem Wall Street”, o paradoxo entre corrupção desenfreada e crescimento econômico brasileiro, as inovações tecnológicas etc., etc. Todos, temas bastante complexos para quem está à flor da pele, imaturo, transbordando de hormônios, pensando na namorada ou no namorado. Mesmo assim, ligados e conectados ao mundo através da internet, do celular etc.

Mas, para os “encastelados” e iluminados da banca da UFRGS, isto não bastava e preferiram aplicar um texto sobre o qual muitos professores, jornalistas e tantos outros profissionais das letras teriam muitas dificuldades de dissertar, pois se trata de um texto para especialistas no assunto, ou estou errado?

Com isso, se aprofunda de forma mais cruel a “exclusão”. Será que esse é o grande objetivo das provas da UFRGS, a exclusão?

Para dividir as tarefas de eliminação, nos anos anteriores podem ter sido as questões de física, matemática, química ou todas elas juntas... Este ano, tudo indica que o destaque será a redação, mas tem que parecer politicamente correto, de preferência exaltando nossa nacionalidade, nossas origens lusófonas, quem sabe, a nossa língua!

A arma fatal que promove a exclusão normalmente é apresentada de forma camuflada, desta vez utilizou-se o gigante mitológico Adamastor e uma flor, a flor do Lácio.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Acredito que a banca quer escolher pelo qualificador de inteligência e não pelo conhecimento da gramática da língua portuguesa. É mais fácil eliminar pelo desvio do tema do que pelos erros de elaboração, ortografia, coordenação e pontuação.

Um comentário:

  1. Se a Filosofia fizesse parte do currículo escolar em qualquer nível, o que incluiria a "Filosofia da Educação" evidentemente, qualquer estudante faria esta redação sem nenhuma dificuldade, dado que a orientação quanto à "Educação Libertadora", defendida pelo professor Paulo Freire, está a sugerir o seu título.
    Como a Filosofia não faz parte do currículo, cabe ao estudante buscar o complemento do seu conhecimento em leituras outras que verdadeiramente o preparem para o mundo e sua realidade, visto que quem não tem este preparo, de responsabilidade dos pais também, que tampouco o estão, tem que voltar ao "vovô viu o ovo", porque a própria "Seleta em Prosa e Verso" será muito para o seu limitado conhecimento.
    Por outro lado, é por demais natural que a orientação das redações dê-se, além das questões gramaticais, também ao desenvolvimento de um pensamento coerente e lógico, que vai levar, por óbvio, um desenvolvimento também coerente e lógico do que escreve.
    O artigo do Alexandre é "choro" de pai de quem não está preparado para fazer um vestibular conforme os novos tempos, que pressupõem cultura e conhecimento. Queria o que o Alexandre? Que o título da redação fosse, quem sabe, "minhas férias", ou "meu brinquedinho preferido"?
    Esta é a novidade que apresenta o Alexandre, porque até então, eu só conhecia choro de vestibulando que não está preparado...
    É de se esperar que o poder da RBS, da qual é funcionário o Alexandre, não seja capaz de modificar os títulos das redações e elas acabem com textos, como, por exemplo, "Minhas férias foram um chou, eu brinquei, curti com meus broders, foram naice, de mais..."

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