EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

BULLYING - DIZ-ME COM QUEM ANDAS...

Bullying. Diz-me com quem andas...É de responsabilidade dos pais acompanhar os passos dos filhos para evitar e combater o bullying. Se o acompanhamento for negligenciado, a família poderá estar produzindo, sem saber, um agressor ou uma vítima. Gabriele Fernandes Siqueira - Redação Erechim / DM - DIÁRIO DA MANHÃ, 29/8/2011 15:53:56

O bullying, palavra popularizada há pouco tempo, tem gerado ampla discussão na sociedade. Meios de comunicação divulgam seguidamente casos de violência relacionados ao bullying. Os números vêm crescendo a cada dia e se tornando cada vez mais alarmantes. Por isso, instituições de ensino, órgãos políticos ligados a educação ou até mesmo iniciativas privadas tem tomado posicionamentos. Em Erechim a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social realiza palestras em escolas sobre o tema.

Como evitar, de que forma tratar com os envolvidos, tanto agressores quanto vítimas, são assuntos delicados que requerem atenção e comprometimento. Segundo a assistente social da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social, Cláudia Pires, os trabalhos já são realizados há mais de dois anos pelo órgão, justamente com o objetivo de orientar, pois a questão é puramente educacional. Ela comenta que uma de suas preocupações é que os órgãos estaduais e federais ainda não tenham investido em capacitação aos profissionais sobre esse tema.

Claudia cita exemplos de casos mostrados na mídia, onde profissionais definem certos tipos de violência como bullying, quando na verdade são casos isolados. Ela define como preocupante essa situação, pois os profissionais responsáveis, que deveriam ser bem treinados, acabam confundindo situações de violência isolada com bullying. “Por que uma criança xingou a outra não significa que seja bullying. As pessoas estão misturando muito. As punições são aplicadas em qualquer caso e não existe um trabalho educativo, nem na família e nem na escola” destaca.

Porém, diagnosticar a causa dessa violência e saber o que ela pode gerar é importante para prevenir situações futuras. A escola tem que ter o conhecimento de todos os fenômenos da violência pra poder intervir, mas, segundo a assistente social, isso é papel fundamental da família. “A família tem que acompanhar o seu filho. Aquilo que eu sempre falo escola é para ensinar, e a família para educar. Então o que a gente vem trabalhando é isso, que as famílias têm que ter o conhecimento de todos os tipos de violência. Maus tratos, negligência bullying, o que você não quer pra você, você não pode querer pro outro” acrescenta.

Cabe aos pais observar seus filhos, notar se há mudança de comportamento e ao mesmo tempo propiciar um ambiente harmonioso para que essa criança possa crescer e se desenvolver de maneira saudável. Entretanto, se os casos começarem a acontecer é importante que a família esteja atenta para diagnosticar e lidar com a situação. A enfermeira Danusi Marceli Grando, que também participa das palestras ministradas em escolas, comenta que a criança vítima de bullying apresenta tanto mudanças comportamentais quanto físicas. Se o adolescente emagreceu, chega em casa atrasado, com dor de cabeça, começa a falar que não quer ir para escolas, são sinais de alerta.

Claudia destaca que o acompanhamento deve ser diário. Saber com quem o filho anda, conferir os cadernos, se interar das atividades e manter um diálogo aberto com os filhos. “Aquela família que se abstém do cotidiano do filho, não sabe o que está produzindo, ela pode estar produzindo uma vítima ou um agressor. Tanto a vítima quanto o agressor precisam de acompanhamento. O agressor pela própria situação que essa família deve estar passando, por que ninguém agride ninguém sem alguma razão”.

O abandono ou descaso pode gerar consequências desastrosas. Um exemplo disso é o caso que aconteceu em Realengo, em abril desse ano, quando um ex-aluno da escola, que foi vítima de bullying, invadiu e atirou e matou vários adolescentes. Claudia comenta que esse é o típico caso de abandono. Abandono da escola que não notou a doença (esquizofrenia) que ele possuía. Abandono da família, quando a mãe morreu, ele perdeu o vínculo com os familiares, e abandono até mesmo da área da saúde, onde ele teria começado a se tratar, porém desistiu e os profissionais não buscaram trazê-lo de volta.

Segundo Cláudia, o adolescente que é vítima do bullying pode ser um agressor em potencial. “Ele vai engolindo, engolindo as agressões e acaba se tornando uma bomba, prestes a explodir. É nesse momento a importância do profissional, tanto do psicólogo, do assistente social, do médico, do enfermeiro do pediatra que acompanha essa criança, e principalmente da família”.

Nas palestras ministradas pela equipe da secretaria, Claudia comenta que é normal os adolescentes falarem que já presenciaram casos de bullying, ou até mesmo dizer que já foram vítimas. Para os que testemunham, a orientação é de que não fiquem indiferentes, que procurem professores, coordenadores e denunciem os agressores. Até mesmo em casa, a situação deve ser comentada com os pais, para que esses saibam o que se passa na escola.

Dessa forma, é importante que a escola busque realizar atividades voltadas ao tema, para conscientizar e orientar os alunos. Além disso, Claudia destaca que os professores devem ser capacitados para diagnosticar a situação. “Quando ocorre o bullying na escola, aquilo tem que ser interrompido o mais rápido possível. Senão vão ocorrer outras situações paralelas e a escola não vai conseguir dar conta. Deve-se cortar o mal pela raiz. A escola deve ser rápida, ter autoridade e ao mesmo tempo ela tem que ser amiga e repassar confiança para a criança” finaliza.

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