PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA
A cada início de ano letivo, o problema se repete no Rio Grande do Sul: faltam professores, as crianças têm de chegar mais tarde ou sair mais cedo, os pais se revoltam e o Cpers cobra do governo a nomeação de concursados. Neste ano, o secretário da Educação, Jose Clovis Azevedo, está empenhado em provar que a falta de professores é um mito e que seria irresponsabilidade fazer as nomeações reivindicadas pelo Cpers sem verificar, caso a caso, as reais necessidades das escolas.
Azevedo diz que a falta de professores é pontual e que, na maioria dos casos, decorre do desligamento repentino de contratados ou da forma como a direção das escolas encaminha os pedidos de reposição de professores.
Quando o diretor de uma escola constata que falta professor para uma determinada disciplina, não basta encaminhar o pedido de reposição. É preciso apresentar na Coordenadoria Regional de Educação o quadro de professores, turmas e alunos para que se verifique se falta mesmo professor ou se o problema é de distribuição de carga horária.
Ontem, depois de debater a situação com a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, no Gaúcha Atualidade, Azevedo foi atrás dos casos relatados durante o programa. Segundo ele, em uma escola de Alvorada faltava, de fato, professor de matemática, que já foi chamado, mas havia professores com carga horária sobrando em física, química, biologia, geografia e história. Em outra escola, descobriu que faltava professor de língua portuguesa porque o titular da área estava dando aula de ensino religioso.
O Cpers pressiona pela nomeação dos mais de 13 mil aprovados no último concurso, cujo edital previa 10 mil vagas. Azevedo diz que só vai nomear o estritamente necessário, porque o número de alunos vem caindo ano a ano e não se pode ter hoje o mesmo número de professores de 10 anos atrás. Entre 2005 e 2013, a rede pública estadual perdeu 400 mil alunos por conta da redução da natalidade.
Dos aprovados no concurso, 40% já têm vínculo com o Estado, ou como efetivos que querem ampliar a carga horária, ou como contratados em caráter temporário. O concurso vale até 2015, mas pode ser prorrogado até 2017, prazo fatal para a nomeação dos 10 mil previstos no edital.
Aliás
Com 13 mil professores aprovados em concurso, o Estado mantém 21 mil contratos temporários. A intenção é substituir os contratados, mas nem sempre os aprovados estão nas áreas em que existem vagas.
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