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quinta-feira, 24 de julho de 2014

BRASIL SEM MEDALHAS E SEM VONTADE OLÍMPICA



ZERO HORA 24 de julho de 2014 | N° 17869


ANDRÉ BAIBICH


ENTREVISTA


Diego Hypolito: 

“Não adianta reclamar se o Brasil não ganhar medalhas”


Diego Hypolito amadureceu. As frustrações de Pequim, em 2008, e Londres, em 2012, mudaram sua mentalidade. Na China, aprendeu que não era invencível. Na Inglaterra, percebeu a importância de manter-se livre das lesões.

Recuperar-se das frustrações foi difícil. No ano passado, o ginasta de 28 anos faltava a treinos e não tinha motivação. A guinada começou quando trocou de clube e técnico.

Em Porto Alegre, para uma semana de preparação no Grêmio Náutico União, só fecha a cara quando fala sobre a forma com que o Brasil se prepara para a Olimpíada. Critica a falta de estrutura e de aparelhagem para os treinos. Confira trechos da conversa.

Como foi a avaliação do último ciclo olímpico?

Diego Hypolito – Meu ano olímpico foi muito ruim. Eu tive que fazer muitas cirurgias, parei quatro vezes. Cirurgia, por mais que ajude o atleta a voltar a treinar, é algo muito agressivo. Passando o ciclo olímpico, meu objetivo era cuidar do corpo. Acabei indo para o Mundial, conseguindo a segunda melhor nota do mundo no ano. Foram coisas que me fizeram ver que ainda tenho chance de medalha.

As dificuldades de 2013 foram superadas?

Hypolito – Fui mandado embora do Flamengo, deixei de treinar no Rio porque o ginásio foi demolido, o ginásio do Flamengo pegou fogo. Em 2014, eu percebi que eu precisava mudar para ter chance de ser medalhista. O mais importante é manter os treinos, ter disciplina, manutenção do peso. Eu cheguei a pesar 76kg, hoje estou com 68kg. Isso faz muita diferença.

O que você aprendeu com a decepção de 2008, quando você entrou como favorito?

Hypolito – Em Pequim a pressão foi enorme. Fui campeão mundial em 2005, vice-campeão em 2006, bicampeão mundial em 2007. Tinha certeza de que ia ser campeão olímpico, e não há como ter essa certeza.

Londres foi diferente.

Hypolito – Foi um ciclo em que eu me operei sete vezes em três anos e meio. Eu não tinha tempo de treino. Na semana da Olimpíada, não treinei porque machuquei o meu pé. Saí menos frustrado do que em Pequim, mas não gostei de ter caído de cara. De Pequim, eu aprendi que não sou invencível. Em Londres, cheguei com outro pensamento. No Rio, quero estar inteiro.

Você veio a Porto Alegre para um período de treinamentos. É difícil encontrar locais com estrutura no Brasil?

Hypolito – O Brasil tem campeões mundiais e olímpicos e vai sediar uma Olimpíada. Ainda precisa de um centro de treinamento. Já existia no Rio, e eu não consigo entender como você consegue demolir um antes de fazer outro (o centro de treinamento foi demolido e o novo ficará pronto em dezembro). É um grande erro que não exista um local assim no Rio. Vai se exigir muito resultado dos atletas, e ainda não tem estrutura a menos de dois anos da Olimpíada.

Você vê evolução da ginástica nos últimos anos?

Hypolito – Teve evolução dos atletas, mas estruturalmente, só agora, um ano antes da classificação olímpica, que vai começar. Não acho correto. Que bom que vai ter, mas se eu não falar, ninguém vai falar. Não é uma situação certa. Quem decidiu fazer a Olimpíada no Brasil tinha de ter colocado aparelhagem no primeiro ano do ciclo olímpico. Depois, não adianta reclamar se o Brasil não ganhar as medalhas.



COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O Diego está coberto de razão -  não adianta reclamar se o Brasil não ganhar as medalhas". Estamos próximos de sediar pela primeira vez uma olimpíada e o Brasil ainda não consegue sair da letargia para descobrir talentos, identificar potencialidades, estimular os professores e nem formar atletas competitivos em nível olímpico e profissional. Já estamos com mais de 200 milhões de habitantes e somos um país pobre nos desportos olímpicos, sem educação desportiva, sem centros olímpicos espalhados pelo país, sem subsídios aos clubes que incentivam a formação de atletas olímpicos, e sem competições anuais nas escolas e universidades capazes de motivar os jovens para transformar o desporto em profissão. 

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