EDITORIAIS
Burocracia, jeitinho e má gestão são causas conhecidas para a falta de professores nas escolas estaduais, comprovada por levantamento feito por ZH em 54 estabelecimentos do Estado. É uma combinação de fatores que conspira há muito tempo contra o ensino público e aos quais se agregam o desalento com a falta de perspectivas para a categoria e os baixos salários. A consulta feita pelo jornal constatou que 26 colégios têm falta de professores. Não é uma pesquisa científica, mas a amostragem de uma realidade que em nada surpreende. Mesmo que o governo do Estado insista em reafirmar que não há carência de profissionais, é certo que os colégios enfrentam deficiências. Percebe-se claramente que essa não é uma situação pontual.
O que se revela difícil, no enfrentamento entre Cpers e governo, é a apuração da real dimensão do problema, já que o sindicato pede pelo menos mais 7 mil professores e o secretário de Educação refere-se a ausências eventuais. Afirma o senhor Jose Clovis de Azevedo que, de qualquer forma, o Estado enfrenta, entre outros desafios, a debandada diária de até 200 professores em contrato temporário. Enquanto essa fuga acontece, o Cpers cobra que pelo menos parte de 12 mil concursados assuma as vagas existentes. É no mínimo paradoxal que o governo admita a saída voluntária de professores não efetivos e não consiga administrar a chamada de aprovados que resolveriam em definitivo as carências crônicas.
É evidente que concursos públicos, em quaisquer áreas, são realizados para que se faça a gestão dos quadros de servidores. Surpreende que o próprio secretário admita enfrentar dificuldades para administrar o que ele, singelamente, define como “movimento de professores entrando e saindo”. Alunos, pais e comunidades já foram exauridos por esse embate, reeditado todo ano, que compromete a qualidade do ensino público do Estado e a aprendizagem de centenas de crianças.
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