EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

UNIFORMES: POR QUE NÃO?


Já houve tempo em que crianças e adolescentes usavam uniformes escolares no Brasil. Notadamente na rede pública, o uso de uniformes foi mesmo uma regra bastante observada. Passaram-se os anos e a norma foi sendo relativizada e, mesmo, abandonada. Mais recentemente, algumas prefeituras têm implantado programas para o uso de uniformes escolares, a partir de doações e/ou incentivos. Afinal, uniformes escolares são mesmo importantes? Dois argumentos parecem indicar que sim.

Primeiramente, a não exigência de uniformes permite a reprodução dos padrões de consumo oferecidos aos alunos por suas famílias. Esta diferenciação pela roupa, pela marca, pelo iPod, pela joia, pelo boné, pelo tênis, evidencia uma característica das juventudes urbanas nas sociedades pós-modernas: elas se movimentam em grupos que existem, antes de tudo, por seus signos visuais. Os jovens se movem a partir de emblemas. Tudo se passa como se, antes da fala, houvesse outra linguagem que precisasse estar escrita sobre seus corpos. O processo de “tribalização” dos jovens, então, é inevitavelmente a dinâmica de estetização de seus valores e preferências culturais. Sem compartilhar esta estetização – vale dizer, sem transformar seu corpo em signo –, o jovem sente-se como que apartado do mundo, isolado e sem “parentesco” entre os seus. Sua máxima, por isso mesmo, poderia ser: “Aparento, logo existo”. Estas dinâmicas são relevantes para o percurso de autonomia entre os jovens e devem ser compreendidas, mas carregam para a escola um problema novo: elas dificultam a construção de uma identidade estudantil. Não se trata, então, de reificar o debate sobre os uniformes como se sua equação pudesse oferecer alguma resposta para a crise da educação. Trata-se, singelamente, de reconhecer que o uso de uniformes aproxima simbolicamente os estudantes. Para além disso, é provável que reforce a noção civilizatória de que todos são “iguais”, pouco importando sua origem social, seu sobrenome, a casa onde mora, as viagens que já fez, sua mesada ou a banda de sua preferência.

O segundo argumento surge das pesquisas que têm encontrado, em vários países, fortes correlações entre o uso de uniformes e: a) maiores taxas de presença e aprovação; b) menores taxas de suspensão de alunos e c) expressiva redução nos indicadores de violência nas escolas (ver, por exemplo, trabalho de Virgínia Draa – “School uniforms in urban public high schools”, disponível em: www.eric.ed.gov/PDFS/ED497409.pdf ). Além de uma maior proteção nas escolas pela facilidade de identificar intrusos, o uso de uniformes pode oferecer alguma proteção a milhares de estudantes brasileiros que moram nas periferias e que, muitas vezes, são tratados como “suspeitos” pelo simples fato de serem jovens, pobres e/ou negros. Para um garoto negro que more em uma área de exclusão, seu deslocamento pelas ruas pode ser algo especialmente perigoso – notadamente em circunstâncias em que a polícia surge como uma força de intervenção armada e onde há grupos de outros jovens atuando no tráfico de drogas.

Marcos Rolim - Jornalista - ZERO HORA, 27/02/2011

Um comentário:

  1. Eu acho que seria bom poder voltar a moda de uniformes! cm foi apresentado, alem de nos proteger, nós teriamos um encentivo a mais para irmos a escola,e iria diminuir esta coisa de, ''minha roupa e melhor que a sua'' pois todos iriam vestir a mesma coisa!

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