EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

FALA O PROFESSOR!

Nylza Osório Jorgens Bertoldi, professora, educadora, educadora emérita do RS. Zero Hora 17/02/2011


Que bom que a sociedade organizada, através dos seus economistas, engenheiros, advogados, empresários, enfim, mobiliza-se para recuperar o desmonte na educação. Mas é preciso, antes de emitir juízos de valor e lançar o olhar nefasto para um horizonte sombrio, somar esforços para derrubar as barreiras que emperram as estruturas de um sistema que não propicia os avanços esperados.

A educação precisa ser repensada numa visão imediata de comprometimento, uma prioridade sem volta, pois dela provêm a saúde, a segurança e a sustentabilidade do planeta. Basta de diálogos, promessas, burocracias de gabinetes governamentais. A hora é de ação. Sou de uma geração saudosista, sim, e não vai nisso nenhuma visão limitada de pensar, pois vi o Rio Grande do Sul disputar com outros Estados da federação o lugar de destaque na qualidade do ensino e ser referência nacional em educação. E hoje pergunto: o que fizeram com a educação? Não é difícil identificar. Como professora do magistério público estadual por mais de 35 anos, hoje aposentada, posso falar:

A partir da década dos anos 80, como referencial de tempo, a escola foi invadida pelos novos paradigmas que balançaram os valores éticos e morais da sociedade com o advento da pós-modernidade: adultinização precoce, liberdade sexual, drogas e rebeldia contaminando o ambiente escolar e desgastando emocionalmente o professor, cuja autoridade enfraquecida foi alvo do desrespeito, falta de limites, agressividade por alunos infratores, protegidos pelos conselhos tutelares e direitos humanos. E o que foi feito pelas políticas públicas para devolver o direito de ensinar? A educação se alicerça num tripé: governo-universidade-família.

Ao governo, cabe com urgência a valorização do professor. Sabemos que não é o dinheiro que muda a qualidade, mas é o reconhecimento do desempenho profissional numa carreira com “status” que atraia talentos e nela permaneçam com dignidade, dá acesso aos bens culturais e o retorno recai na melhoria da educação. O Estado vem se afastando do compromisso com a oferta de uma educação pública que faça jus às tradições do Rio Grande. Remuneração, escolas equipadas, atrativas pelos programas pedagógicos, evitariam a evasão e a reprovação de alunos, zerando as vergonhosas distorções.

Aos cursos de formação de professores em escolas normais e universidades, uma vez que, no magistério estadual, 85% dos docentes têm curso superior, cabe a responsabilidade de rever suas práticas pedagógicas. Estágios probatórios em escolas públicas oportunizarão conviver com alunos e carências do ambiente de trabalho, isto é, fazendo frente à realidade profissional.

Por fim, o apoio da família, fortalecendo laços de aproximação com professores e colegas, eliminando discriminações e preconceitos, o aluno amando a escola como o seu segundo lar com estima e autoconfiança e os pais como legítimos parceiros da escola. Isto não é tudo, porque são permanentes as exigências da educação, mas é o começo para o resgate de uma escola evoluída em suas funções, mais humana e integrada à comunidade onde atua.

É preciso que o professor valorizado e respeitado volte a ser ouvido, incluído e consultado nas decisões de governo pelo legítimo direito de quem vive a educação e de quem é professor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário