EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

domingo, 26 de dezembro de 2010

A DIFÍCIL ADOLESCÊNCIA


A DIFÍCIL ADOLESCÊNCIA, por Sueli Gehlen Frosi, associada à ESCOLA DE PAIS DO BRASIL, Zero Hora 26/12/2010

Confesso que não gostaria de ser adolescente, mesmo sabendo que estaria em meu pleno vigor, com muitos anos pela frente para realizar sonhos. Ter 63 anos me parece ser mais fácil do que ter 17 ou 18.

Ouço muitos comentários por parte de pais e professores, assisto às notícias, leio jornais e chego à conclusão de que nossos jovens estão sendo extremamente prejudicados, pois lhes negamos seu passado, seu presente e seu futuro.

Fazemos isso quando lhes falamos que nossa infância foi muito melhor, pois andamos de carrinho de lomba, brincamos livremente pela rua, exploramos mato, rios e mares. Não nos furtamos em emitir nossas opiniões acerca da infância deles, reprovando o videogame, os sites de relacionamento, as conversas no Messenger. Quando o assunto é música, então, a coisa fica pior. Nossas músicas tinham mais graça, dançava-se junto, o ritmo e a letra eram coisa que presta. Abominamos o fato de terem trocado o dançar junto pelo ficar junto; por terem trocado caderno questionário com uma pergunta por página – horror das mães – pelo Orkut. Tudo o que fazíamos era muito melhor do que eles fazem, veja só!

Quanto ao presente, não aceitamos que eles consigam aprender em meio ao barulho, que façam muitas coisas ao mesmo tempo e com uma rapidez incrível. Queremos que eles aprendam de bom grado, sentadinhos por horas, em silêncio, bebendo da sabedoria dos professores. Eles teimam em aprender do seu jeito, teimam em questionar os comandos e não conseguem obedecer sem que tenhamos que dar mil explicações antes.

Com relação ao futuro, mostramos um mundo que desmontamos, no qual promovemos guerras mundiais, territoriais, religiosas. Cometemos genocídios, mostramos pedófilos, terroristas, queimadas, num festival de tolices feitas por poderosos adultos. Nós somos adultos genocidas, suicidas e cheios de razão, questionamos meninos e meninas que, vendo todo esse descalabro, tratam de viver intensamente o momento presente, por ser impossível vislumbrar um futuro viável.

Não seria mais sábio se olhássemos para nossos adolescentes e tirássemos lições do que estamos causando? Sabe-se que o comportamento irreverente da juventude é uma característica e uma marca da própria condição adolescente e infantil; sabe-se que há um modo novo de aprender que ainda não entendemos, mas existe para quem tem olhos de ver. Sabe-se que nossa autoridade está sendo questionada, também por causa das bobagens que fazemos, envolvendo-nos em escândalos de corrupção, em falcatruas amplamente noticiadas pela mídia.

Agora, como diriam nossos filhos: Fala sério! É possível ter uma adolescência saudável, se tudo o que se faz está errado? É possível projetar uma vida longa se tudo o que é mostrado está desmoronando? É possível confiar em adultos que exigem que se viva hoje como se viveu ontem?

Nós, os adultos, temos que pedir desculpas por apresentarmos um mundo onde o passado foi melhor, o presente é feio e o futuro é catastrófico. Melhor seria se mostrássemos a caminhada da maioria que é honesta, trabalhadora, empenhada em melhorar a vida das crianças, dos jovens, dos velhos. Melhor seria se compreendêssemos que vivemos uma nova era, na qual a família tem um novo papel, que é o de cuidar melhor, que é também o de promover a autonomia dos filhos, sem desqualificá-los, ajudando-os a ver o mundo em permanente evolução, sem saudade de tempos em que éramos comandados de todas as formas, tanto em casa quanto nas ditaduras que sofremos.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Vivemos uma transição de comportamentos numa realidade diferente da passada por nossa geração. O jovem de hoje convive com a informação online, com desconfiança na autoridade e com as amarguras de um futuro incerto, mas com um sentimento de liberdade bem mais amplo e com um planeta inteiro alcançável. Neste mundo novo, cabe a nós como pais interagir mais efetivamente para mostrar as oportunidades e os malefícios, educar o caráter, descobrir o potencial e as habilidades e exigir do Estado os direitos sociais devidos que complementam esta formação e o direcionamento do jovem para a sobrevivência com autonomia.

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