EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ANTÍTESE OU TESE DE VIOLÊNCIA?

Antítese ou tese de violência?, por Antonio Marcelo Pacheco, professor de Direito Constitucional - Zero Hora, 21/12/2010

A sala de aula é um território (in)definido. É reflexo complexo da sociedade, já que a relação professor-aluno se reproduz, também, em contradições. Não é um espaço simplificado ou de fácil compreensão.

No que diz respeito aos professores, a situação é cruel. Além de uma ineficaz política sobre a educação e intermináveis discussões de educadores com nenhum resultado efetivo, as condições de trabalho são tragicômicas.

Em relação aos alunos, é difícil não reconhecer o desinteresse, a falta de compromisso e mesmo as manifestações variadas de violência que reproduzem/espelham uma realidade cultural originária, que está em crise de vários preceitos de sociabilização. É trágico, porém verdadeiro, reconhecer que a crise que carregam para dentro da sala de aula é a crise do interior das famílias, das ruas e dos valores marcados por uma sociedade de velocidade, superficialidade e de estímulo à desagregação.

Não se pode, é claro, deixar de lembrar que a educação, citada como solução mágica para a crise social e moral, não traz em si condições taumaturgas, divinas, pois ela é apenas um dos meios pelos quais construímos a nossa identidade social. A crise que se abate sobre a escola e o magistério é uma crise generalizada que traz em si uma crise de identidade, cidadania, civilização.

Não basta afirmar a necessidade de salários mais dignos, de maior disciplina, de maior rigor e de maior obrigatoriedade quanto aos “valores aceitos como corretos” entre os alunos para se acreditar em um processo transformador, pois os salários não são dignos, a disciplina e o rigor precisam ser conquistados e não impostos e alardear valores morais por decreto não permite a ninguém ficar preparado para a coexistência social. A transformação que se quer se inicia no primeiro quadro-negro, com as primeiras experiências sociais, que se dão, obrigatoriamente, em casa e não na sala de aula.

Há um hiato entre o que é preciso realizar e compreender e o que é possível conseguir, e essa não é uma questão semântica. Assim, que se veja a sala de aula como um espaço social e não como lugar sagrado, e os professores como professores e não como psicólogos, pais ou padres, porém, profissionais que buscam apesar de tudo uma condição mais digna que justifique muito mais a própria razão de ser do que discursos surpresos e solidários com o abandono no qual estão submergidos.

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