EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

SALAS IMPROVISADAS



ZERO HORA 27 de fevereiro de 2014 | N° 17717


VANESSA KANNENBERG


Um ano de aulas em dois banheiros

Em meio a reforma, escola de Lajeado inicia o ano com soluções provisórias



A demolição de um dos prédios da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom Pedro I, em Lajeado, no Vale do Taquari, provocou uma série de improvisos, como a utilização de banheiros para uma sala de aula. A medida foi aprovada pelos representantes dos pais dos 600 alunos em 2013, mas o que eles não esperavam é que a construção de um novo prédio fosse demorar mais de um ano.

Ao levar a filha do 5º ano para a volta do ano letivo, Jane Teresinha Franco da Silva, 42 anos, deparou-se novamente com classes instaladas sobre vasos sanitários em dois banheiros do prédio que permaneceu em uso, além de uma sala ainda utilizada como cozinha. O saguão foi feito de refeitório. Sem contar um muro que desabou após uma chuva.

– O que me indigna é que a escola deveria ser um espaço de estímulo, mas como as crianças vão se estimular estudando sobre vasos? – questiona Jane.

Segundo a diretora da escola, Vania Lima, as improvisações foram aprovadas pela comunidade escolar para não atrasar o ano letivo. O prédio foi demolido em março de 2013.

Ainda conforme a diretora, os dois banheiros não eram utilizados quando foram transformados em salas. Ela ressalta que eles eram usados apenas como sala de recursos (para atender alunos com dificuldade de aprendizado) e de orientação, e por tempo limitado, “nunca um turno inteiro”. No entanto, ela admite a demora.

– Nossa intenção não era de que demorasse tanto, mas o projeto passou por mudanças e agora aguarda aprovação da prefeitura – alega Vania.


CONTRAPONTO

O que diz a Secretaria de Educação de Lajeado - 
Após a repercussão do caso, a secretaria emitiu uma nota, ontem, informando que os banheiros não serão mais usados como sala de recursos e de orientação na Escola Dom Pedro I. A partir de agora, esses atendimentos serão feitos na sede da secretaria. No texto, a prefeitura admite “a falta de espaço adequado para o atendimento aos alunos e pais no local” e que a mudança se deve ao “descontentamento de alguns pais”. A Secretaria ainda informa que a obra não foi executada no ano passado por falta de recursos financeiros e que o projeto se encontra em processo orçamentário, na Secretaria Municipal de Planejamento, para então ser licitado.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

DESESTÍMULO À EDUCAÇÃO



ZERO HORA 25 de fevereiro de 2014 | N° 17715


EDITORIAIS



O Brasil, que ocupa os últimos postos no Pisa, a mais importante pesquisa internacional sobre educação, é um dos que menos incentivam contribuintes interessados numa educação de qualidade no ensino privado. A partir de amanhã, quando já estará disponível o programa para o acerto de contas com a Receita Federal, quem paga Imposto de Renda irá confirmar na prática que tem direito a deduzir apenas R$ 3.230,46 por conta de despesas de quem estuda em escola particular. O limite é suficiente para bancar apenas o equivalente a dois meses de estudo e se mostra muito inferior ao de países que, por verem a educação realmente como prioridade, permitem dedução superior ou mesmo integral.

Essa deformação no limite de educação, definido há meio século, precisa ser corrigida logo. Ainda que apenas 12% dos alunos estudem em escolas particulares no Brasil, uma mudança de critérios não pode simplesmente ser acusada de elitista. Os cidadãos têm o direito de apostar num ensino de qualidade superior, no qual não faltem professores e haja uma preocupação maior com qualidade do que no setor público. Mas, a exemplo do que ocorre na saúde, área na qual os gastos são integralmente dedutíveis, os brasileiros deveriam ter uma compensação maior na hora de acertar as constas com a Receita Federal.

Pelo menos duas iniciativas em andamento preveem uma elevação nos limites de abatimento. Uma delas está em exame na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A outra é uma Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Como o Planalto alega perdas insuportáveis com uma eventual elevação, o mínimo que o contribuinte precisa exigir é o máximo de transparência sobre essas projeções. O governo federal, que se diz comprometido com avanços no ensino e já incentiva tantas áreas de atividade, precisa ser convincente sobre as razões para tanta resistência nesse caso.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

REDESCOBRIR

ZERO HORA 24 de fevereiro de 2014 | N° 17714


ARTIGOS


por Joaquim Clotet*




O início da vida universitária ou do exercício de uma profissão comporta, entre outros fatores, o redescobrimento de si próprio. Habilidades e talentos estão presentes em todas as pessoas, porém de modo diverso em qualidade, quantidade e, às vezes, até ocultos. A companhia Gallup realizou a pesquisa Clifton Strengths Finder com uma amostra de 1,7 milhão de pessoas para examinar a relevância do redescobrimento das habilidades e competências que caracterizam e de certo modo definem cada sujeito. Ficou comprovado que o conhecimento de si próprio ou a recuperação dos talentos constitui um passo firme para o sucesso acadêmico, econômico e profissional.

O redescobrimento em questão resulta impossível aos robôs autônomos criados recentemente na Universidade de Harvard. Trata-se de máquinas eficientes para a construção de prédios complexos. Esses gigantes da técnica operam de acordo com uma programação alheia previamente estabelecida.

Mark Zuckerberg, fundador do Facebook com outros três colegas universitários e hoje presidente da empresa, que recentemente anunciou a compra de WhatsApp, desenvolve de modo certo as próprias competências. Do mesmo modo, os engenheiros e arquitetos da Companhia Network Rail idearam e levaram a cabo a construção da maior ponte solar do mundo, que facilitou a entrada à estação Blackfriars. É, sem dúvida, um verdadeiro ícone da ecologia londrina, fruto do preparo dos seus inspirados construtores.

Os futuros e bem-sucedidos cientistas e profissionais já estão em nossa sociedade. Precisam, porém, estar cientes das suas capacidades e limitações. Assim, como afirma Mary McAleese, presidente da Comissão sobre a Modernização do Ensino Superior da União Europeia, a educação nutre os talentos e o potencial das pessoas com conhecimentos de vanguarda e capacidades flexíveis, alicerçadas em valores compartilhados, para a própria realização e para o crescimento econômico, social e solidário. Em se tratando da solidariedade e do voluntariado, que frequentemente a acompanha, cabe dizer que são valores imprescindíveis, nesse caso, de forma paradoxal, tanto em nossa sociedade de ecossistemas de informação, quanto na sociedade marginalizada. Conquistar o reconhecimento individual e coletivo dessa sensibilidade social, que existe exuberante em alguns e latente em outros, é uma meta a ser perseguida por acadêmicos, profissionais e demais integrantes da nossa sociedade globalizada. O rumo é exigente, mas não menos desafiador, instigante e esperançoso.


*REITOR DA PUCRS

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

QUALIDADE DE ENSINO

ZERO HORA 20 de fevereiro de 2014 | N° 17710


ARTIGOS


Danilo Gandin*




As aulas do ensino básico recomeçam. Muitas esperanças são renovadas. Professoras e professores, quais fênix do século 21, renascem e, cheios de novo entusiasmo, esquecem as agruras do ano anterior e encaram esta nova aventura com dedicação.

Mas não é o sentimento que determina o resultado; nem o querer sem fundamento. É preciso refletir, planejar e ser coerente para ajudar os alunos e a sociedade na busca de novas conquistas civilizatórias.

Todos falam, todos os dias, que deve haver qualidade de ensino. Mas poucos tentam conceituar esta qualidade. Certamente ela não consiste em que os alunos ganhem boas notas porque decoraram alguns fatos, algumas fórmulas e alguns (mais raros) conceitos. Embora a sociedade aceite que isto é qualidade de ensino, todos sabemos que as crianças e adolescentes vão esquecer isto muito rapidamente, como, aliás, todos nós, adultos, fizemos, sem prejuízo algum para nossas vidas.

Os melhores autores (Paulo Freire, Capra, Morin, Saviani, Fernando Hernández, a recente Diane Ravitch, que nos mostra o fracasso da proposta estadunidense, e muitos outros, entre os quais se inclui a Unesco) convergem para a grande proposta dos dias de hoje: que o foco da qualidade não é o “educar”, mas o “educar-se”. Isto significa que a escola não deve ser um lugar para dar limites – a disciplina em busca de algo significativo é sempre necessária – mas para abrir horizontes; não deve ser um espaço para “domesticar”, mas uma ajuda para que crianças e adolescentes se eduquem.

O que é uma pessoa educada? Em que consiste o educar-se? Qual é, enfim, a tarefa da escola para a qualidade?

Em resumo e supondo a resposta às duas perguntas anteriores a escola de qualidade é aquela que cria condições para que o aluno: defina e busque sua própria identidade, onde o principal é a construção de sua hierarquia de valores; se aproprie de ferramentas para participar na sociedade, sobretudo com condições de usufruir dos bens materiais e espirituais que a sociedade produz; assuma um compromisso social, fazendo parte de grupos e tendo consciência dessa participação; viva algum tipo de transcendência, pelo menos sendo capaz de ações além de interesses imediatos próprios ou dos grupos a que pertence; seja capaz de ter abertura para o contínuo crescimento, ou seja, o contínuo educar-se.

Professoras e professores dizem que não podem buscar este tipo de qualidade porque não lhes é permitido. Parece chegado o tempo em que autoridades educacionais e educadores construam novos processos pedagógicos que escolas esparsas e municípios já estão experimentando.

*PROFESSOR, ESCRITOR, ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO

A EDUCAÇÃO ESTÁ MELHOR



ZERO HORA 20 de fevereiro de 2014 | N° 17710


ARTIGOS

 por José Clovis de Azevedo*



Não contribuem com a educação do Rio Grande do Sul as manifestações que tentam passar uma ideia negativa sobre o quadro vivido pela rede pública estadual. É preciso reconhecer avanços que estão sendo concretizados na educação pública gaúcha.

Em 2011, no início desta gestão, havia 1.180 processos de pedidos de reforma de escolas que estavam sem andamento, muitos deles com manifestação de urgência e protocolados desde 2003. Além dos projetos parados, constatou-se que a rede estava em péssimo estado de conservação, com 2.574 escolas precisando de obras e intervenções diversas, o que atesta o desinvestimento do poder público na conservação e manutenção da rede.

Agimos de forma efetiva frente a esta situação. Realizamos cerca de 2 mil obras, com aplicação de mais de R$ 300 milhões, investimento maior do que nos oito anos que nos antecederam. A situação da rede mudou para melhor. O impacto das 2 mil obras é extremamente positivo e não pode ser desconsiderado. O fato de haver meia dúzia de obras malfeitas e com problemas é de conhecimento público, mas não pode se prestar para desconstituir o trabalho feito e construir uma imagem irreal da melhoria realizada nas escolas.

Também reconhecemos que o PNO – Plano de Necessidade de Obras –, que é um programa que constrói novos espaços, conceitos, de acordo com as novas tecnologias e com a nossa época, atrasou nas suas primeiras etapas, mas é um processo em andamento, com recursos previstos e garantidos e que trará grandes melhorias para a nossa educação. Transformar esse atraso numa ideia de falência do projeto é uma forma artificial de espalhar sentimento de frustração nos meios educacionais e negar a existência real de um projeto de Estado em andamento.

Mas a educação não vive só de obras em escolas. Por isso, estamos, também, superando a meta de entrega de mais de 100 mil tablets, netbooks e computadores a professores e alunos, criando uma infraestrutura de rede lógica nas escolas com o objetivo de facilitar o acesso à rede mundial de computadores. Além disso, estamos investindo na recuperação das bibliotecas, na formação continuada e em serviço dos professores e em equipamentos pedagógicos que impactam positivamente a qualidade do ensino.

Vivemos um momento de retomada de todas as frentes que articulam os fatores que produzem o ensino de qualidade e isso não pode submergir por conta de problemas pontuais em um número pouco representativo do que se está fazendo nas obras escolares.


*SECRETÁRIO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

POR UMA ESCOLA ADEQUADA


ZERO HORA 18 de fevereiro de 2014 | N° 17708

ARTIGOS


 por Ari Riboldi*




Em final de período de férias escolares e às vésperas de mais um ano letivo, nada mais oportuno do que uma reflexão sobre educação, seu papel na vida social e o significado de seus atores diretos. Professor vem do latim professor, oris, o que professa, o que se dedica a, o que cultiva. No sentido primitivo, era o que fazia juramentos ou declarações públicas, especialmente de caráter religioso. No início da era cristã, os professores geralmente eram sacerdotes, exercendo, portanto, simultaneamente as funções eclesiásticas e as de educadores. Daí se explica a mistura de significados, o que leva, inclusive, hoje a muitos ainda afirmarem que o magistério é um sacerdócio. Aluno, do latim alumnus, criança de peito, lactente, escravo nascido na casa ou criança recolhida das ruas, tornados cativos de quem os alimentava e educava. Mais tarde, com o surgimento das escolas, passou a designar o que aprende, pupilo, discípulo.

Ensinar e saber também são verbos vindos do latim: “insignere”, colocar um sinal ou marca, assinalar, distinguir, mostrar, indicar. A partir daí, indicar o caminho para aprender; “sapere”, ter sabor, agradar ao paladar. Mais tarde, passou a ter o sentido de saber, aprender, conhecer. O lente significa professor e a lente dos óculos é a que ajuda a ler. O lente e a lente originam-se do mesmo verbo latino “legere”, ler. Ocorre que, em tempos mais antigos, o professor escrevia as suas aulas e depois as lia aos seus alunos, tornando-se, por isso, o lente, o que lê. O conjunto de aulas que o professor lia compunha o ano letivo, particípio de “legere”, ou seja, o que tinha sido lido.

Esse resgate linguístico faz refletir sobre a trajetória da educação. O professor deve ter um carisma pessoal, intransferível. Deve, antes de todos, acreditar em si, crer no que professa. A sociedade deve-lhe respeito pela função que ele exerce, indispensável para o desenvolvimento. Se antes a informação só existia na escola e agora está disponível em muitos meios – jornal, TV, rádio, internet etc. –, cabe ao professor e à escola a crucial tarefa de dar sentido a esses conhecimentos. Dar sentido é fazer a ligação com a vida do estudante, modificar sua vida, abrir-lhe horizontes. Ir além do imediato, do utilitário, agregar-lhe valor. Ajudá-lo a construir um projeto de vida, um futuro.

Há menos de meio século, a escola era privilégio de poucos. Hoje é um direito universal, tardio reconhecimento que atrasou o desenvolvimento do país. O desafio é oferecer uma escola de qualidade para todos, especialmente as públicas, para onde vão os menos aquinhoados. Os legisladores, o Judiciário, diante da falência da família tradicional, empurraram para a escola outras funções para impedir que a criança fique desprotegida. A escola é hoje uma grande provedora, dando comida, afeto, tutela, guarda. Nada mais justo para a criança. Cabe, porém, oferecer à escola e aos professores os meios para tantas funções simultâneas, inadiáveis, equipando-a com instalações e profissionais para essas novas demandas. A sociedade precisa fazer uma opção e priorizar de fato a educação. Estados e municípios, responsáveis pela Educação Básica, não conseguem dar conta, por absoluta falta de recursos. Se às escolas públicas são delegadas tais funções, devem lhes ser alcançados os meios para que as cumpram com eficácia. A escola não pode ficar na rabeira da História. A educação é o único caminho para o protagonismo e para o verdadeiro desenvolvimento com justiça social.

*PROFESSOR E ESCRITOR


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

REVOLUÇÃO AINDA NO PAPEL


ZERO HORA 17 de fevereiro de 2014 | N° 17707


FERNANDA DA COSTA


OBRAS EM ESCOLAS




Ao lançar o Plano de Necessidade de Obras (PNO) em março de 2012, o Estado prometeu reformar 388 escolas. As obras começariam no segundo semestre daquele mesmo ano e seriam concluídas em 2013. De lá para cá, o início dos serviços foi adiado três vezes, e o número de colégios com previsão de reformas saltou para 1.028. Mas, às vésperas de começar o ano letivo de 2014, apenas uma escola está em reformas.

Com previsão inicial de investir R$ 172 milhões em salas de estudos, piso, paisagismo, quadras esportivas, instalações elétricas, cozinhas e refeitórios, entre outros itens, o governo tratou o Plano de Necessidade de Obras (PNO) como uma grande aposta de melhoria no ensino gaúcho, prevendo investimentos em escolas de Ensino Fundamental e Médio.

– Queremos transformar a curva descendente que a educação vinha tendo no Rio Grande do Sul em uma curva ascendente. É uma reforma sem precedentes – afirmou, à época, o secretário de Educação, Jose Clovis de Azevedo.

Agora, o plano inclui 1.028 instituições – 40% das 2,5 mil da rede estadual. A verba prevista para parte das obras – 524 consideradas prioritárias – é de R$ 520 milhões: R$ 100 milhões seriam do Estado, R$ 120 milhões do Banco Mundial e R$ 300 milhões do governo federal. Conforme a Secretaria da Educação (SEC), foram feitas licitações para a elaboração de projetos de 1.027 escolas, e cerca de R$ 20 milhões foram investidos.

Da lista, a previsão é de que apenas as consideradas prioritárias estejam com os projetos concluídos até o fim deste ano. Mas, até o momento, só 98 instituições têm projetos em fase de elaboração – 9% dos colégios do programa. Outros 130 estão em fase de contratação de empresas, e 799 aguardam o contrato. O número de escolas em que os contratos ainda não começaram representa 77% dos estabelecimentos incluídos no PNO.

Apenas a Escola Estadual de Ensino Médio Westfália, na cidade de mesmo nome do Vale do Taquari, tem uma obra em andamento. A instituição funciona em um prédio cedido pela prefeitura, considerado, pela direção, pequeno para os 120 alunos. A diretora, Núbia Diana Welp, explica que a prefeitura havia elaborado o projeto arquitetônico de um novo prédio, que foi adequado às exigências do PNO. A obra começou no primeiro semestre do ano passado e deve ficar pronta este ano.

Aulas em salas emprestadas

Conforme a SEC, o fato de não precisar realizar uma licitação para a elaboração do projeto facilitou o processo em Westfália. Sobre o atraso das obras, o secretário de Educaçãocomenta que o PNO enfrentou barreiras burocráticas imprevistas:

– O projeto tem uma complexidade muito maior do que imaginávamos. A terceirização seria uma forma de agilizar a confecção deles, mas nunca o Estado tinha feito uma licitação desta magnitude. Houve uma série de dificuldades com departamentos jurídicos e órgãos de controle interno. A licitação, que deveria ser feita em seis meses, levou 18 meses.

Outros problemas que atrasaram o processo foram as contestações das licitações na Justiça, feitas por algumas empresas, e a posse dos prédios onde as escolas funcionam. Espaços cedidos pelas prefeituras tiveram de ser passados ao Estado. A expectativa é finalizar os projetos arquitetônicos e complementares das 524 escolas prioritárias até o fim do ano. Obras prontas, só em 2015 – e o secretário não arrisca um número. Também informa não ser possível acelerar o processo.

Na lista de obras prioritárias, está Escola Estadual Margarida Pardelhas, em Cruz Alta, que, no ano passado, ficou conhecida depois que uma interdição gerada por problemas estruturais e na rede elétrica, em abril, fez com que duas turmas tivessem aula em uma única sala. Por lá, o ano letivo começará como terminou o de 2013, com atividades em salas emprestadas. Conforme a diretora Vera Lúcia Weber dos Santos, o Estado chegou a alugar uma sala comercial para o setor administrativo, mas ainda não instalou internet, o que dificulta a mudança.

Realidade semelhante é a da Escola Estadual de Ensino Médio José Mânica, em Santa Cruz do Sul. Com um dos prédios demolidos por risco de desmoronamento, os estudantes passaram a ocupar estruturas emprestadas e, em maio, o Estado construiu 10 salas modulares, com capacidade para 20 alunos cada. Em razão da lotação da estrutura, neste ano a instituição não aceitou novos alunos.

– Passamos o ano com uma cozinha improvisada sem fogão, dando lanches aos alunos em vez de arroz com feijão – diz a diretora, Josi Severo.

Problema que, conforme admite o coordenador do setor de Obras da 6ª Coordenadoria Regional de Educação, Renato José de Araújo, só será resolvido após a obra do PNO.

1,8 mil ações emergenciais

Apesar do atraso, a SEC afirma ter realizado 1.815 obras emergenciais ou que já tinham projetos licitados antes do lançamento do programa, com prioridade para escolas em que a falta de serviços poderia colocar alunos em risco. Segundo o secretário Azevedo, foram investidos R$ 300 milhões nessas reformas, realizadas nos últimos três anos:

– São ações emergenciais, para evitar que as escolas fiquem degradadas, mas muitas delas absorvem itens do PNO, como a instalação de aparelhos de ar-condicionado, acessibilidade e PPCI. As obras funcionam como o adiantamento de algum dos 17 itens previstos no PNO.



ENTREVISTA com JOSE CLOVIS DE AZEVEDO


“Estamos iniciando um projeto de longo prazo”




Em entrevista, o secretário de Educação diz que, por ser um “projeto ambicioso”, o PNO demandará comprometimento:

– O próximo governo terá responsabilidade de continuar.

Zero Hora – O governo não previu o atraso nas licitações e o problema da posse dos prédios?

Jose Clovis de Azevedo – Estava previsto, mas os problemas foram muito maiores. A gestão da educação foi sempre imediatista e pouco preocupada com a estrutura das escolas. A maioria funcionava em terrenos doados, com concessão de uso e sem matrícula. Foi preciso regularizar tudo isso junto a cartórios municipais.

ZH – O que será feito para acelerar as reformas?

Azevedo – Acho difícil acelerar, pois recebemos um Estado desaparelhado e dependemos de outros órgãos, como as secretarias de Obras, Administração, Fazenda e das prefeituras. A fase de elaboração de projetos é complexa.

ZH – Qual é o prazo de entrega das obras?

Azevedo – Nenhuma obra, além de Westfália, será entregue este ano. Estamos iniciando um projeto de longo prazo e irreversível, que está planejado em todas as suas etapas. Não estamos parados.



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

NOVO ANO LETIVO, VELHOS PROBLEMAS NA EDUCAÇÃO

JORNAL DO COMÉRCIO 14/02/2014


EDITORIAL



O ano letivo nas escolas estaduais está prestes a começar, mas o cenário parece não ter se alterado muito. Se 2013 foi marcado por uma greve e brigas entre o Cpers/Sindicato e a Secretaria Estadual da Educação (Seduc), nada indica que 2014 será diferente. Apesar de o ano letivo estar se iniciando com vantagem, já que o Estado promove reformas em escolas — previsão de 524 neste início de ano e de mais 500 até dezembro —, no que diz respeito ao pagamento do piso do magistério, o embate deve prosseguir.

Em relação às obras, o cronograma tem sofrido atrasos em pelo menos 200 escolas, devido à licitação dos projetos, feita por meio de registro de preços. Como a modalidade de contratação nunca havia sido feita pelo governo, provocou dificuldades em se chegar a um consenso entre os órgãos de controle e as assessorias jurídicas. Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, a Escola Estadual José Mânica, cujo prédio foi demolido em 2012 por problemas estruturais, ainda não teve as obras da nova área iniciadas. Fora os atrasos, as obras em uma escola na Capital foram alvo da Operação Kilowatt da Polícia Civil, por suspeita de superfaturamento.

Em março do ano passado, uma pesquisa encomendada pelo Cpers ao Núcleo de Pesquisas da Interlig Propaganda constatou que havia déficit de professores em 40,9% das escolas entrevistadas. Em 54,5% dessas, faltavam mais de dois docentes. O estudo recolheu informações com a direção de 355 escolas, de um universo de 2.684 estabelecimentos. Por isso, o Estado também deverá ser questionado em relação à nomeação dos docentes aprovados em concurso em maio passado (foram 13 mil), uma vez que, das 10 mil vagas colocadas em disputa, somente 80 foram preenchidas até agora. No dia 21, devem ser nomeados 540, mas a expectativa do secretário estadual da Educação, Jose Clovis Azevedo, era de nomear 1,5 mil professores até o início do ano letivo, no dia 24, somando pelo menos 5 mil profissionais neste primeiro semestre. O atraso na nomeação deve prejudicar o início do ano letivo, já que os professores precisam passar por treinamento.

Um dos pontos positivos para 2014 é a promessa de colocar em dia as promoções dos docentes, constantes no plano de carreira da categoria. Conforme o secretário, serão mais duas etapas de promoções em 2014. Na primeira, programada para abril, 9.752 professores devem ser promovidos. Já na segunda, em novembro, serão 3.444 docentes. Apesar disso, o pagamento do piso nacional, promessa de campanha do governador Tarso Genro, não deve se concretizar.

A secretaria argumenta que nenhum professor do Estado recebe menos do que o piso, mas isso levando em conta o chamado aditivo salarial. A briga do Cpers é pelo pagamento do piso de R$ 1.697,00, valor que o governo alega ser impraticável devido ao indexador, relacionado ao crescimento do Fundeb – divisão dos recursos pelo número de matrículas. Como o número de matrículas baixa anualmente e o fundo aumenta, o valor por aluno cresce e cria um índice de até 30% ao ano, o que, segundo o governo, torna o valor impagável. Para o Palácio Piratini, o indexador deveria ser o INPC, e o reajuste pelo Fundeb só seria praticável liquidando com os planos de carreira e transformando o piso em teto, como alguns estados fizeram.

A educação no Rio Grande do Sul está passando por melhorias, é verdade. No entanto, ainda é preciso avançar muito para voltarmos a ser aquele Estado de vanguarda de anos atrás, quando despontávamos no cenário nacional com os melhores índices educacionais.

URUBUS E SABIÁS

PORTAL RELEITURAS.COM


Rubem Alves



"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."


O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 81.



Rubem Alves: tudo sobre o autor e sua obra em "Biografias".

FONTE
http://www.releituras.com/rubemalves_urubus.asp


COMPARTILHADO DE
Pablo Cassa


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Este artigo me comoveu muito. Por vários motivos, alguns até por negligência e outros por interesses envolvidos nas muitas transferências no meu tempo de ativa e do foco que dei para a minha carreira. Acabei não terminando a Faculdade de Direito (Santo Ângelo) e a Técnica em Segurança Privada (Canoas), e nem iniciei a de Computação (Ijui) e a de Radialismo (Passo Fundo). Mas me dediquei à profissão aprofundando meus conhecimentos em  Segurança Pública, Estratégia e Policiamento Comunitário. Até declinei o Comando Regional de Bombeiros para comandar o Regimento de Santana do Livramento, apenas para implementar minhas ideias de policiamento aproximado e descentralizado.

Passando para a reserva, fiquei pouco tempo coordenando a segurança organizacional da UFRGS onde elaborei o planejamento estratégico situacional daquela Universidade e passei a coordenação para um brilhante servidor já adaptado ao cenários e entraves que impediam a resposta que desejava.

Despedindo-me da reitoria que me abraçou e apoiou durante aquele tempo e dos bravos funcionários daquela instituição, passei a me dedicar aos livros sobre os assuntos pertinentes, às palestras isoladas e às redes sociais. Mesmo com todo o conhecimento adquirido, não tenho acesso ao docência, aos grandes eventos, aos grandes debates e nem às discussões envolvendo outros especialistas, pelo fato de não ter diploma reconhecido pelo MEC como especialista em segurança pública. Não existe esta área na graduação superior, apesar de existir em segurança privada como técnico. Para isto, para ensinar e debater as questões de segurança pública, as instituições e organizadores buscam graduados em Ciências Políticas, Sociologia, Antropologia, Direito, etc..., menos Segurança Pública.  

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CURSOS DE IDIOMA E INFORMATICA SOBEM MAIS QUE A INFLAÇÃO


ZERO HORA 12 de fevereiro de 2014 | N° 17702

CADU CALDAS

IDIOMAS E INFORMÁTICA

Cursos sobem mais que a inflação

Aprender inglês ou a usar novos programas ficou em média 15% mais caro no último ano, o que pode ser efeito da Copa 2014



Quem decidiu estudar uma nova língua ou aprender a usar um programa de computador vai desembolsar mais neste começo de ano em Porto Alegre. Cursos de informática e de idiomas subiram 15% em média nos últimos 12 meses, mais de duas vezes a inflação, que ficou em 7% no mesmo período.

O aumento também foi bem acima do verificado na educação formal, que subiu 8,07% entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. Para especialistas, a alta reflete a maior procura por esses cursos. Com o aumento da renda, os trabalhadores passaram a se preocupar mais com qualificação profissional e a buscar melhores oportunidades profissionais.

– Nos últimos tempos, houve aumento enorme na procura. Gente mais velha procurando qualificação. Garçons, recepcionistas e vendedores querendo aprender inglês e espanhol. Os mais jovens, muito interessados em aprender programação e manutenção de computadores – diz Paulo Fernando Presser, gerente de desenvolvimento profissional do Senac-RS.

Rosmari da Silva é um exemplo de quem busca novos horizontes profissionais. A jovem de 26 anos, recém matriculada em um curso de informática, tem o objetivo de conseguir um emprego melhor. Atualmente, é funcionária em uma padaria, mas o sonho é conquistar vaga em um escritório. Para isso, diz não se importar de levantar cedo. Morando em Viamão, vai enfrentar mais de uma hora de ônibus para chegar à escola para depois encarar mais outra hora no transporte público até o trabalho.

– Assim que terminar o curso, quero fazer técnico em contabilidade. A gente fica um pouco sem rumo quando sai do Ensino Médio, mas agora estou focada em melhorar meu currículo – planeja Rosmari.

A alta ainda mais acentuada no cursos de idiomas pode indicar também uma influência da Copa do Mundo em Porto Alegre. A perspectiva de que a cidade receba muitos estrangeiros durante os jogos pode ter impactado na decisão dos moradores em aprender uma nova língua.

– De dois anos para cá, os preços subiram bastante, o que deve indicar procura maior, principalmente de profissionais envolvidos no setor de serviços – avalia Marcio Fernando Mendes da Silva, do escritório da Fundação Getulio Vargas em Porto Alegre e responsável pelo levantamento.



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

FORMAR PROFESSORES SERÁ OBSESSÃO

ZERO HORA 07 de fevereiro de 2014 | N° 17697

CAROLINA BAHIA

ENTREVISTA. “Formar professores será obsessão”



HENRIQUE PAIM MINISTRO DA EDUCAÇÃO CAROLINA BAHIA | BRASÍLIA

Novo ministro da Educação, o porto-alegrense José Henrique Paim assume metas que estarão nos santinhos da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Sob sua responsabilidade está a construção de 6 mil creches (até agora 1,4 mil saíram do papel) e a oferta de 101 mil vagas no Ciência Sem Fronteiras (são 61 mil à disposição até agora). Isso sem falar na consolidação dos programas de formação de docentes, uma espécie de PAC dos Professores. Esta, a principal missão dada pela presidente, que o chama de “Painzinho”. No MEC desde 2004, na gestão do ministro Tarso Genro, Paim não nega as dificuldades do setor.

Formação de docentes

“A entrada da Capes na formação da Educação Básica fez com que a gente tivesse mais efetividade. Mas vamos organizar ainda mais esse processo: oferecer mais opções de curso ao professor, facilitar o acesso. O paralelo é com o Pronatec, que conta com o ensino técnico à distância, o programa de apoio aos Estados... A questão da formação vai virar uma obsessão.”


Interesse em ser professor

“Nós temos programas, como o Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), que distribui bolsas de R$ 420 para 90 mil estudantes por seis meses. O objetivo é fazer com que o jovem esteja mais próximo da escola na sua orientação. Se ele está se preparando para a licenciatura de matemática, por exemplo, a certa altura do processo ele vai participar de atividades nas escolas com orientação de um professor da Educação Básica nesta disciplina e de outro da universidade.”


Piso dos professores

“O piso é um esforço para atrair mais o professor para a carreira. Nestes últimos anos, houve 78% de aumento do valor. É a única categoria que tem um piso constitucional. No caso dos Estados que não pagam o piso, a gente percebe o interesse em pagar, mas não conseguem por questões fiscais. Mas há um valor de referência e, em vários Estados, um esforço em atingi-lo.”


Meta de 6 mil creches

“Nós temos essa meta (de 6 mil creches) estabelecida. Nunca se teve um apoio tão forte do governo federal para melhorar a infraestrutura de creches no país. Não só com essa ação de construções, mas com outras, como por exemplo, ampliação de financiamento para aquelas creches que têm o atendimento de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família. Na medida em que a gente melhora o atendimento na creche e na pré-escola, a chance de o estudante de concluir a Educação Básica aumenta muito.”


Enem cada vez mais usado

“A maioria das universidades federais vem adotando essa política de cada vez mais utilizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como acesso. O que torna o processo muito mais democrático, muito mais transparente e garante que um estudante, a partir da sua inscrição, possa acessar 115 instituições e mais de 4 mil cursos em todo Brasil. É um projeto muito peculiar do Brasil e que garante acesso cada vez mais à Educação Superior.”



Currículo do Ensino Médio

“Não é que seja uma discussão para sempre. Mas qualquer mudança que envolva a Educação Básica envolve uma discussão com as redes (municipal e estadual) por adesão. O Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, por exemplo, envolveu um grande acordo com os municípios, por isso ele se chama “pacto”. Então, como ministro, o meu dever é discutir com cada secretário de Estado.”


Ciência Sem Fronteiras

“O principal déficit é no setor privado. Nós vamos chamar o setor privado para cumprir a meta dele até 2014 (das 26 mil bolsas que deveriam ser disponibilizadas pelo setor privado para empregos e estágios no Exterior, foram fornecidas pouco mais de 4 mil). Estamos “discutindo a relação”, por assim dizer.”


Cursos privados


“Existe um filtro de qualidade para as universidades que recebem verbas do governo, seja do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), seja do ProUni. Não há nenhum curso bancado pelo Fies com conceito inferior a três. Mas regulação é uma prioridade no ministério, sim. Já há uma secretaria para isso, e queremos aprovar no Congresso a criação do Insaes (Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior), tudo para garantir o patrimônio no estudante.”

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

DANÇA SENSUAL COM ALUNOS E PROFESSORES DENTRO DE ESCOLA


MP vai investigar dança sensual com alunos e professores dentro de escola. Na quadra da instituição, no interior de SP, meninas rebolam para os garotos e até as docentes participam

04 de fevereiro de 2014 | 16h 23

Rene Moreira - Especial para O Estado



SERRA AZUL - Um vídeo com dança sensual gravado na Escola Estadual Serra Azul, no interior de São Paulo, é objeto de investigação por parte do Conselho Tutelar, que também acionou o Ministério Público. Nas filmagens, divulgadas por uma aluna nas redes sociais, as meninas rebolam para os garotos que retribuem com movimentos eróticos. As professoras observam tudo e algumas até entram na brincadeira.


Reprodução
Vídeo da dança foi divulgado pelos alunos nesta semana

Tudo teria ocorrido em outubro do ano passado, mas as imagens foram divulgadas nesta semana pelos alunos. A brincadeira aconteceu na quadra da escola durante uma gincana que tinha um professor como animador. O vídeo, que após a polêmica foi retirado da internet, tem 6 minutos e começa com um garoto fazendo danças eróticas e retirando a camisa em um streap-tease.

Em seguida o adolescente puxa uma colega para o meio da quadra onde ela dança de saia curta usando uma cadeira como acessório. Sob gritos de colegas, aplausos e olhares animados até mesmo de professores, a brincadeira continua, a ponto de algumas docentes serem puxadas para participar das exibições.

Na Escola Estadual Serra Azul, ninguém quis comentar nada a respeito. Mas a Secretaria Estadual da Educação informou que o caso já está sendo apurado pela Direção Regional de Ensino, a quem caberá ouvir os professores e a direção do colégio. O Conselho Tutelar também investiga o ocorrido. Para a conselheira Fabíola Gabriel Nunes, as imagens são constrangedoras e não condizem com o ambiente escolar. Pedro Flausino, presidente do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente de Serra Azul, classificou as cenas como lamentáveis. Ele defende que sejam ouvidos, principalmente, os professores que aparecem observando a gincana.

Na tarde desta terça-feira, 4, o Conselho Tutelar encerrou as apurações e encaminhou o caso para o Ministério Público. A promotora da Vara da infância e da Juventude de Cravinhos (SP), Raquel Eli Stein Matheus, que responde por Serra Azul, não quis comentar o caso por enquanto. Ela falou ao Estado que vai se inteirar melhor do que aconteceu na escola para depois se manifestar.

Opiniões. Na cidade, o assunto ganhou as ruas e nas redes sociais muita gente se manifestou. Para a moradora Karina Barbieri, o que mais causa indignação são os professores apoiando esse tipo de situação. Ela cobrou providências das autoridades e diz esperar que tudo seja apurado.

Já a aluna Kamila Martins reclamou da repercussão do caso. "Olhem para o mundo de hoje, há várias coisas muito piores que isso", disse. Ela conta que o objetivo dessa gincana seria fazer os alunos se divertirem aprendendo. "E eu digo com orgulho que aprendi várias coisas. Não é uma dança que vai incentivar os alunos a fazerem coisas erradas."

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

EDUCAÇÃO E MAGISTÉRIO SEM PRESTÍGIO NO PAÍS


JORNAL DO COMERCIO 04/02/2014


EDITORIAL



O Brasil ocupa o 8º lugar no ranking de países com pessoas que têm 15 anos ou mais e que não sabem ler nem escrever. São 13,2 milhões de brasileiros nesta situação. A Índia lidera a lista, com um total de 287 milhões, seguida de China e Paquistão. Os dados fazem parte de relatório divulgado pela Unesco sobre seis metas para melhorar a educação até 2015.

O documento, que foi lançado na semana passada, em Brasília, mostra avanços, mas aponta “lentidão nesse progresso” – na última década, o número de adultos analfabetos caiu apenas 1%. A secretária de Educação Continuada e Alfabetização do Ministério da Educação, Macaé dos Santos, diz que há concentração de analfabetos entre idosos, principalmente em municípios pequenos.

O relatório da Unesco elogia iniciativas do governo federal, como o Ideb, indicador de qualidade da educação básica no País. No documento, ele é indicado como “ferramenta-chave” para estratégias na área. O Brasil tem o enorme desafio de melhorar seu ensino público, mas, para isso, precisa resolver uma questão primordial: a valorização de seus mestres. Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, divulgado no final de 2013, mostram que os países com melhor desempenho na educação são aqueles que fazem a carreira docente atrativa aos mais talentosos jovens que saem do Ensino Médio.

No Brasil, apesar de alguns avanços, os salários são baixos em comparação com as demais ocupações universitárias, e poucos jovens cogitam seguir a carreira docente. Nos últimos anos, menos se formaram em cursos de licenciatura. A baixa remuneração, além de desmotivar os professores, é um dos fatores que leva muitos jovens a descartar de seus planos a carreira em salas de aula. Pesquisa feita no Rio de Janeiro mostra que apenas 20% dos alunos do Ensino Médio daquele estado que pretendem ingressar no Ensino Superior manifestam algum interesse pelo magistério. Eles são, em comparação com os que planejam outras carreiras, jovens de menor renda e que estudam, principalmente, em escolas públicas.

Se na entrada do sistema está difícil atrair jovens para os cursos de magistério, dados do Censo do Ensino Superior, do Ministério da Educação, mostram que há também um problema recente na saída das universidades. A quantidade de estudantes concluindo faculdades de licenciatura, que na década passada teve aumento de 63%, registrou queda de 16% de 2010 a 2012. O mesmo movimento é percebido quando se analisa as matrículas: depois de aumentarem 60% na década passada, caíram 4% nos últimos três anos da pesquisa.

Se a queda do número de estudantes de licenciaturas se confirmar, a tendência pode dificultar o cumprimento de uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação na Câmara dos Deputados, que estipula que todos os professores do País tenham formação com licenciatura até 2024.

Mas como explicar a aceleração das licenciaturas até 2010, e depois uma freada brusca? Alguns analistas lembram que, na última década, o Brasil viveu um dos maiores crescimentos de sua história, com inclusão, maior renda e consequentemente, crescimento da população com acesso ao Ensino Superior. Em uma economia mais complexa, surgem outras oportunidades de trabalho.

De qualquer forma, este cenário de baixa na opção pelo magistério precisa ser revertido, já que o País precisaria de 1,5 milhão a 2 milhões de novos professores até 2023 para cumprir as metas de inclusão no Ensino Médio e de educação integral do PNE. Está lançado o desafio.