EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

URUBUS E SABIÁS

PORTAL RELEITURAS.COM


Rubem Alves



"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."


O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 81.



Rubem Alves: tudo sobre o autor e sua obra em "Biografias".

FONTE
http://www.releituras.com/rubemalves_urubus.asp


COMPARTILHADO DE
Pablo Cassa


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Este artigo me comoveu muito. Por vários motivos, alguns até por negligência e outros por interesses envolvidos nas muitas transferências no meu tempo de ativa e do foco que dei para a minha carreira. Acabei não terminando a Faculdade de Direito (Santo Ângelo) e a Técnica em Segurança Privada (Canoas), e nem iniciei a de Computação (Ijui) e a de Radialismo (Passo Fundo). Mas me dediquei à profissão aprofundando meus conhecimentos em  Segurança Pública, Estratégia e Policiamento Comunitário. Até declinei o Comando Regional de Bombeiros para comandar o Regimento de Santana do Livramento, apenas para implementar minhas ideias de policiamento aproximado e descentralizado.

Passando para a reserva, fiquei pouco tempo coordenando a segurança organizacional da UFRGS onde elaborei o planejamento estratégico situacional daquela Universidade e passei a coordenação para um brilhante servidor já adaptado ao cenários e entraves que impediam a resposta que desejava.

Despedindo-me da reitoria que me abraçou e apoiou durante aquele tempo e dos bravos funcionários daquela instituição, passei a me dedicar aos livros sobre os assuntos pertinentes, às palestras isoladas e às redes sociais. Mesmo com todo o conhecimento adquirido, não tenho acesso ao docência, aos grandes eventos, aos grandes debates e nem às discussões envolvendo outros especialistas, pelo fato de não ter diploma reconhecido pelo MEC como especialista em segurança pública. Não existe esta área na graduação superior, apesar de existir em segurança privada como técnico. Para isto, para ensinar e debater as questões de segurança pública, as instituições e organizadores buscam graduados em Ciências Políticas, Sociologia, Antropologia, Direito, etc..., menos Segurança Pública.  

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