ZERO HORA 15 de dezembro de 2014 | N° 18014
EDITORIAL
É inadmissível que, por deficiências nas políticas de ensino no país, crianças e jovens estejam condenados à exclusão no mundo do conhecimento.
Ao detalhar em que patamar se encontram os alunos do Ensino Fundamental público, e não apenas as notas obtidas na Prova Brasil 2013, o Ministério da Educação expôs o preocupante grau de dificuldades que crianças e jovens tenderão a enfrentar na vida adulta, no plano pessoal e profissional. A avaliação revela que um em cada quatro estudantes do quinto e do nono anos se encontra no nível mais baixo na avaliação nacional de português. Um mau desempenho nessa área influi em todas as demais incluindo matemática, também avaliada pelo exame, que depende da compreensão dos enunciados. Em consequência, limita as chances de que esses jovens, ao deixarem a escola, possam almejar cargos para os quais as exigências não se limitam a capacitação física, mas privilegiam aptidões intelectuais.
No Brasil e em qualquer país com pretensões de competir no mercado global, jovens profissionais são estimulados hoje a dominar o máximo possível de linguagens para se integrarem a um mundo cada vez mais exigente. Mas o que se vê hoje, no país, é que um quarto das crianças por volta de 10 anos de idade, no quinto ano, se mostra incapaz de realizar competências simples, como apontar o personagem central de uma fábula. No nono ano, 25% dos estudantes, mesmo já por volta dos 14 anos, não conseguem localizar informações que aparecem claramente em textos literários. A mesma Prova Brasil, aplicada a cada dois anos, mostra que 40% dos estudantes brasileiros saem da escola sem saber interpretar um texto. E 37% são incapazes de entender uma questão simples de porcentagem em matemática.
Como imaginar que, mesmo quem consegue concluir o Ensino Médio, se mostre sem condições de entender um simples manual, associado a qualquer atividade profissional mais elaborada? É inadmissível que, por deficiências nas políticas de ensino no país, crianças e jovens estejam condenados à exclusão no mundo do conhecimento.
A tabulação das notas nas escolas estaduais e municipais – responsáveis por 85% das matrículas no país – demonstra que a educação brasileira continua precisando de respostas mais eficientes. O país precisa fornecê-las logo, começando por definir, com a clareza e o detalhamento necessários, questões essenciais como o que o aluno deve aprender efetivamente em cada série.
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