ZH 09 de dezembro de 2014 | N° 18008
EDUARDO ROSA
EDUCAÇÃO JOVENS NO ESTADO
DIVULGADO PELO MOVIMENTO Todos Pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, o percentual de alunos de até 19 anos que não acabam a Educação Básica no Rio Grande do Sul está acima da média nacional
Menos da metade dos jovens na idade considerada adequada (até 19 anos) concluiu a Educação Básica no Rio Grande do Sul no ano passado. O percentual de 48,8% – divulgado ontem pelo Todos Pela Educação (TPE) – está abaixo da média brasileira, de 54,3% dos estudantes concluindo a etapa na idade certa.
O desempenho gaúcho também está bem abaixo da meta estabelecida pelo movimento para 2013, de 66,4% (veja o gráfico). Os indicadores foram calculados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo afirma que desconhece a metodologia utilizada no estudo. O governo gaúcho faz análises com base nos dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
– Tivemos, em 2006, 38,6% na taxa de distorções idade/série (alunos que estão em uma série que não corresponde a sua idade). E ela vem baixando: em 2013, tivemos 31,3% – relata.
O titular da Educação também salienta que, entre os alunos dos terceiros anos do Ensino Médio com até 19 anos, o índice de conclusão é de 93%. A diferença entre as análises feitas pelo Todos Pela Educação e pelo secretário está na origem: o movimento faz uma projeção de todos os jovens gaúchos até 19 anos, enquanto o governo trabalha com os matriculados na rede estadual. Azevedo ainda destaca a queda na taxa de evasão escolar: de 11,7% para 10,1% entre 2012 e 2013:
– A melhora na taxa de evasão e no rendimento é produto da reforma no Ensino Médio e de formação dos professores. Aumentamos a carga- horária, introduzimos diretrizes do Conselho Nacional de Educação, e a pesquisa mobilizou os alunos.
PARA ONG, RESULTADO É REFLEXO DE SOMA DE FATORES
Gerente de Conteúdo do TPE, Ricardo Falzetta analisa que os dados brasileiros relativos à Meta 4 – todo jovem de 19 anos com Ensino Médio concluído – são uma consequência do não cumprimento das outras metas, como universalização do ensino e aprendizagem adequada:
– Se pensarmos em termos de qualidade da educação desde o início, como a alfabetização, são questões que vão se somando e acabam gerando o resultado no fluxo.
Falzetta diz que não há uma solução única para o problema, mas um conjunto de medidas que passa pela coordenação entre União, Estados e municípios. A formação continuada dos professores, a valorização da carreira e a gestão dos docentes também são apontadas como necessárias.
– Há agendas do século passado que não resolvemos. Muito se falou que o Ensino Fundamental estava universalizado, mas faltam cerca de 600 mil alunos (em todo o território brasileiro). Há infraestrutura precária desde questões superbásicas, como o acesso a água tratada, até mais avançadas, como laboratórios de ciências. E sempre se trabalhou com o atingimento de padrões mínimos, mas precisamos de padrões máximos – explica o gerente de conteúdo do TPE.
Para o Todos Pela Educação, a sociedade civil organizada pode auxiliar cobrando o cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE), lei que estabelece 20 metas para planejar o ensino brasileiro durante uma década.
Falta um sistema público nacional
A presidente do CPERS/Sindicato, Helenir Oliveira, concorda que manter o aluno na escola passa pela valorização e pela formação continuada dos professores, principalmente quando é voltada às demandas reais das escolas, pensada com base em oficinas. Mas também aponta outro fator:
– A família está muito ausente, a responsabilidade com a educação está jogada quase que única e exclusivamente sobre a escola. O horário de estudo em casa é fundamental para a aprendizagem.
A professora cita ainda a necessidade de melhorar a estrutura física dos colégios e a uniformidade do sistema.
– Pelo que conheci andando no Estado, nos últimos tempos melhoraram as condições (físicas) das escolas, mas ainda não universalizou. Ao mesmo tempo que vemos escolas trabalhando com tecnologia de ponta, temos escolas com problemas sérios. O sistema público tem de ser nacional. Aqui, no Rio Grande do Sul, temos diferenças básicas. Por exemplo: escolas com hora de 50 minutos, outras de 45 minutos, não há uniformidade – acrescenta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário