EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

EDUCAÇÃO GAÚCHA LONGE DO TOPO DO ENEM



ZERO HORA 23 de dezembro de 2014 | N° 18022

FERNANDA DA COSTA 

MARCELO GONZATTO
VANESSA KANNENBERG


EDUCAÇÃO RESULTADO PREOCUPANTE.


ESTADO NÃO TEM nenhuma escola entre as 100 melhor colocadas no exame no país. Entre as 10 mais bem posicionadas do RS, duas são federais e oito são particulares



As mais bem colocadas escolas do Rio Grande do Sul no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2013 recuaram no ranking da avaliação. Se o Estado tinha apenas dois colégios entre os cem melhores do país em 2012, no ano passado a situação foi ainda mais preocupante: nenhuma instituição. O ranking foi calculado a partir dos dados divulgados ontem pelo Ministério da Educação (MEC). Para chegar à média das escolas, ZH considerou os quatro testes objetivos: ciências humanas; ciências da natureza; linguagens, códigos e suas tecnologias; e matemática. A redação ficou fora do cálculo.

Mais uma vez, o primeiro colocado no Estado é o Colégio Politécnico da UFSM, de Santa Maria. No entanto, se no Enem 2012 a escola federal ficou na 23ª colocação nacional, no ano passado, caiu 107 posições, ficando em 130º no país.

Na sequência entre as gaúchas vem o Colégio Sinodal de São Leopoldo. Embora a escola privada localizada no Vale do Sinos tenha superado o Colégio Militar de Porto Alegre (federal), que era o segundo melhor gaúcho no ano passado e estava na 97ª posição nacional (agora é o 181º), ela também perdeu posições. De 148º foi para o 162º lugar.

Para a professora da Faculdade de Educação da UFRGS e especialista em provas do Enem Roselane Costella, a explicação para o desempenho pode estar em alunos e professores que ainda dão menos importância ao exame do que deveriam:

– O Enem não é o único indicador de qualidade do ensino, mas é um termômetro importante do desempenho.

Roselane acredita que o ensino gaúcho ainda adota, majoritariamente, uma metodologia de ensino dividida por disciplinas, enquanto o Enem aborda questões por área do conhecimento. Entre as 10 melhores escolas do RS, duas são federais e as outras oito são privadas. As sete escolas estaduais mais bem colocadas no ranking são mantidas pela Brigada Militar, os colégios Tiradentes. O secretário da Educação do Estado, Jose Clovis de Azevedo, optou por não comentar o desempenho das escolas estaduais na prova, segundo a assessoria de imprensa da pasta.

Das cem melhores escolas do país, 93 são da rede particular, seis são federais e uma é estadual. A região Sudeste concentra 77 das instituições brasileiras com melhores médias. A nota mais alta foi o colégio Objetivo Integrado, de São Paulo, com uma média de 741,94 na parte objetiva. A escola é privada.







Redação “reprova” 29% das gaúchas


Quase um terço das escolas gaúchas que participaram do Enem não alcançou a nota mínima na prova de redação. Dos 1.071 estabelecimentos do RS com registro no Enem, 314 – o equivalente a 29,3% – não alcançaram a média 500 em uma escala que varia de zero a mil. Esse é o desempenho mínimo exigido pelo MEC para conceder o certificado de conclusão do Ensino Médio a um aluno participante.

O problema é verificado principalmente na rede pública: entre os 50 estabelecimentos com pior colocação na produção textual, 47 são públicos. Na ponta de cima do ranking elaborado por ZH (o MEC não classifica as escolas por nota), 44 entre os 50 melhores em redação são colégios particulares.

A melhor performance em redação, em todo o Estado, ficou com a Escola de Ensino Médio Mario Quintana, de Pelotas, com média 708.



Particulares ainda mais distantes


Em 2012, a melhor instituição particular do Estado, o Colégio Leonardo Da Vinci-Alfa, de Porto Alegre, aparecia na 111ª colocação no ranking nacional. Na avaliação do ano passado, a mais bem colocada escola do setor privado, o Colégio Sinodal de São Leopoldo, ocupa o 162º lugar no país. O presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS), Bruno Eizerik, afirmou que o resultado do Enem não é um indicador usado para produzir rankings, mas sim de desempenho:

– Se a escola “x” entende que a nota que o aluno obtém no Enem não é um fator significativo para a sua formação, será que esse indicador é importante?

Nos casos em que há queda no desempenho das particulares na avaliação, quando a nota dos alunos também foi inferior à de 2012, Eizerik afirma que, “se for generalizado, é motivo de preocupação”. Mas ressalva que o problema pode estar no nível da prova, que pode ter sido mais difícil em 2013.



RS não atinge metas de aprendizado

Assim como os números que revelaram o mau desempenho das escolas gaúchas no Enem, o pacote de resultados divulgados hoje pelo Movimento Todos pela Educação não é o que se pode chamar de presente de Natal para o RS. O Estado só conseguiu atingir o objetivo para 2013 no 5º ano do Ensino Fundamental (EF) – em matemática, chega a superá- lo, mas nos outros anos escolares não conseguiu atingir o mínimo estipulado.

A avaliação considerou o desempenho de estudantes de todo o país do 5º e do 9º anos do EF e do 3º ano do Ensino Médio (EM) em língua portuguesa e matemática na terceira meta estipulada pelo movimento (de um total de cinco a serem atingidas até 2022), que almeja alunos com aprendizado adequado ao seu ano escolar, e é divulgada de dois em dois anos. Entre os alunos gaúchos do 3º ano do EM, por exemplo, apenas 13,8% tem um conhecimento em matemática de acordo com o que se espera para quem está deixando a Educação Básica. A meta para o RS nesta disciplina era de 38,4%. Em língua portuguesa, menos de 38% dos alunos do 3º ano do EM tem o desempenho esperado. A meta 3 é considerada a mais importante entre as cinco traçadas pelo movimento Todos pela Educação e Inep em 2006.

– A boa notícia é que, no 5º ano do EF, a melhoria dos resultados cresce como previsto. A ruim é que ela se perde nos anos finais do EF e entra em crise no EM – lamenta a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.

Sobre o desempenho do Rio Grande do Sul, que apesar de ruim supera em todos os anos escolares os índices nacionais, a diretora do movimento destaca duas particularidades que comprometeriam o sucesso total na meta: a falta de continuidade nos projetos de educação – a alternância de governos se sobreporia a um plano de longo prazo – e o comprometimento do orçamento da educação com a enorme folha de pagamento.

A avaliação leva em consideração os desempenhos dos alunos na Prova Brasil do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). As metas de cada Estado foram estabalecidas a partir do desempenho na primeira edição da Prova Brasil, em 2005. A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Educação informou que os dados serão analisados pelo secretário para que ele possa comentá-los.

BRUNA PORCIÚNCULA












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