ZERO HORA 26 de dezembro de 2014 | N° 18024
EDITORIAL
A avaliação do MEC mostra que é possível atenuar as consequências das diferenças de renda familiar dos alunos com investimentos em níveis adequados na formação de professores.
Muitas interpretações podem ser tiradas dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2013, divulgados na última segunda- feira. Tanto no Rio Grande do Sul, que deixou de figurar com suas instituições de ensino no ranking nacional das cem escolas melhor colocadas, quanto no país, chama a atenção a associação direta entre estudantes com maior renda familiar e melhor desempenho escolar. A mesma prova mostra também que, onde há professores com formação adequada, os resultados são mais favoráveis. É nesse aspecto, portanto, que o Estado e o país precisam apostar mais, para fazer com que a educação possa se constituir também num instrumento efetivo de desenvolvimento e de ascensão social para quem nasce em famílias de renda insuficiente.
Mais uma vez, o Enem 2013 demonstrou que as escolas particulares no país, frequentadas de maneira geral por alunos de maior poder aquisitivo, saem-se melhor na avaliação. No Rio Grande do Sul, a situação se repete. Entre os 50 estabelecimentos com pior colocação na prova de redação, 47 são públicos. Às vésperas de mais uma mudança de governo no Estado, o resultado serve de alerta para a necessidade de uma revisão de políticas nessa área. Alternâncias de governo, que se constituem num padrão no Estado, não deveriam implicar prejuízos nas políticas para o ensino. E é evidente que o setor público gaúcho só conseguirá propiciar um salto na educação quando recuperar sua capacidade de investimento.
A avaliação do MEC mostra que é possível atenuar as consequências das diferenças de renda familiar dos alunos com investimentos em níveis adequados na formação de professores. No país, em nada menos de 88% dos colégios com as melhores médias do Enem, mais da metade dos docentes têm formação adequada para dar aulas. Isso significa que um professor de matemática com graduação na mesma área, por exemplo, faz a diferença sob o ponto de vista da capacidade de facilitar o aprendizado.
Ensino de qualidade não pode se constituir num privilégio de quem tem condições financeiras de pagar por isso. Essa é uma área em que o setor público – particularmente em Estados ameaçados de perder uma de suas vantagens competitivas, como o Rio Grande do Sul – precisa atuar com atenção e responsabilidade.
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