por Valdo Barcelos*
Não precisa ser um especialista em educação para concluir que algo muito errado está acontecendo com a educação no Brasil. Duas pesquisas recentes mostram resultados desalentadores quanto à qualidade da educação brasileira. A primeira pesquisa, feita por duas empresas britânicas, a Pearson e a consultoria Economist Inteligence Unit, mostra que estamos na humilhante antepenúltima posição de um grupo de 40 países. Ocupamos a 38ª posição, atrás apenas do México e da Indonésia.
A pesquisa leva em consideração quesitos básicos, como nível de leitura, taxa de alfabetização, de aprovação escolar, proficiência em ciências e matemática. A segunda pesquisa foi feita pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) e foi desenvolvida junto a um grupo de postulantes a estágios em diferentes setores de atividade profissional. A pesquisa se baseou, entre outras questões, em um ditado simples de não mais de 30 palavras de uso corrente no cotidiano de qualquer pessoa, tais como: “sucesso”, “censura”, “licença”, “artificial” e outras.
Pasmem, leitores(as) e colegas professores(as): levando em conta que quem cometia mais de sete erros seria reprovado, cerca de 41% dos participantes da pesquisa foram reprovados. Os piores índices estão entre os estudantes de instituições privadas de ensino. Tanto em nível médio quanto universitário.
Essa pesquisa também distribuiu os resultados por cursos. Os cursos que se saíram melhor foram Engenharia de Controle e Automação (87,5%), Engenharia Química (82%), Medicina Veterinária (79%), Química (77%) e Nutrição (76%). Por outro lado, os piores índices ficaram com: Curso de Moda (75%), Secretariado Executivo (69%), Engenharia Civil (68%) e Arquitetura e Urbanismo (64%). Agora vem o mais triste, em especial para mim, que sou um professor em cursos de licenciatura: o curso de Pedagogia foi o pior colocado no ranking: obteve uma reprovação de 86%. Pedagogia, justo o curso que forma os professores que irão trabalhar com as crianças aparece tão mal colocado.
O que se pode esperar de um profissional que tem, entre suas atribuições, a tarefa da alfabetização das crianças e não é plenamente alfabetizado? Como mudar os vergonhosos índices de leitura em nosso país quando temos professores que escrevem e que leem tão mal, como os responsáveis pela educação nos Anos Iniciais e na Educação Infantil? Como sair deste atoleiro em que nos encontramos na educação básica com profissionais tão mal preparados tecnicamente e tão mal remunerados financeiramente? Sim, porque bastou ser estabelecido um piso salarial para os professores do ensino básico para que os governantes, dos mais diferentes matizes políticos, alegassem falência de suas contas públicas.
*PROFESSOR (UFSM) E ESCRITOR
Não precisa ser um especialista em educação para concluir que algo muito errado está acontecendo com a educação no Brasil. Duas pesquisas recentes mostram resultados desalentadores quanto à qualidade da educação brasileira. A primeira pesquisa, feita por duas empresas britânicas, a Pearson e a consultoria Economist Inteligence Unit, mostra que estamos na humilhante antepenúltima posição de um grupo de 40 países. Ocupamos a 38ª posição, atrás apenas do México e da Indonésia.
A pesquisa leva em consideração quesitos básicos, como nível de leitura, taxa de alfabetização, de aprovação escolar, proficiência em ciências e matemática. A segunda pesquisa foi feita pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) e foi desenvolvida junto a um grupo de postulantes a estágios em diferentes setores de atividade profissional. A pesquisa se baseou, entre outras questões, em um ditado simples de não mais de 30 palavras de uso corrente no cotidiano de qualquer pessoa, tais como: “sucesso”, “censura”, “licença”, “artificial” e outras.
Pasmem, leitores(as) e colegas professores(as): levando em conta que quem cometia mais de sete erros seria reprovado, cerca de 41% dos participantes da pesquisa foram reprovados. Os piores índices estão entre os estudantes de instituições privadas de ensino. Tanto em nível médio quanto universitário.
Essa pesquisa também distribuiu os resultados por cursos. Os cursos que se saíram melhor foram Engenharia de Controle e Automação (87,5%), Engenharia Química (82%), Medicina Veterinária (79%), Química (77%) e Nutrição (76%). Por outro lado, os piores índices ficaram com: Curso de Moda (75%), Secretariado Executivo (69%), Engenharia Civil (68%) e Arquitetura e Urbanismo (64%). Agora vem o mais triste, em especial para mim, que sou um professor em cursos de licenciatura: o curso de Pedagogia foi o pior colocado no ranking: obteve uma reprovação de 86%. Pedagogia, justo o curso que forma os professores que irão trabalhar com as crianças aparece tão mal colocado.
O que se pode esperar de um profissional que tem, entre suas atribuições, a tarefa da alfabetização das crianças e não é plenamente alfabetizado? Como mudar os vergonhosos índices de leitura em nosso país quando temos professores que escrevem e que leem tão mal, como os responsáveis pela educação nos Anos Iniciais e na Educação Infantil? Como sair deste atoleiro em que nos encontramos na educação básica com profissionais tão mal preparados tecnicamente e tão mal remunerados financeiramente? Sim, porque bastou ser estabelecido um piso salarial para os professores do ensino básico para que os governantes, dos mais diferentes matizes políticos, alegassem falência de suas contas públicas.
*PROFESSOR (UFSM) E ESCRITOR
Nenhum comentário:
Postar um comentário