EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

FALTA DE PROFESSORES



ZERO HORA 16 de fevereiro de 2015 | N° 18075


JULIANA BUBLITZ

NOVO ANO LETIVO, VELHO PROBLEMA


NA REDE ESTADUAL, defasagem no quadro de docentes volta a preocupar, às vésperas do início das aulas. Enquanto Cpers estima que faltem 10 mil profissionais para lecionar, governo do Estado afirma que carência não ultrapassa mil docentes, o que representaria 1,25% do total existente


A 10 dias do início das aulas, a previsão é de mais um começo de ano letivo com falta de professores na rede pública esta­dual. O que ainda não se sabe com precisão é qual será o tamanho do problema. A presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, estima que a defasagem possa chegar a 10 mil mestres. O número é contestado pelo secretário estadual da Educação, Vieira da Cunha. Segundo ele, a carência não deve passar de mil docentes, o que equivale a cerca de 1,25% do total.

A previsão de Helenir leva em conta a quantidade de educadores afastados em 2014 e de vagas do concurso de 2013 que ainda não foram preenchidas (veja o quadro).

– Fizemos uma projeção com base nos dados de que dispomos. Pode ser que fique abaixo disso, mas sabemos que existe defasagem, então não dá para o governo esperar até a última hora para chamar professores – alerta Helenir.

É o que vai ocorrer. Vieira diz que ainda está recebendo dados das Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) e que só terá certeza do cenário às vésperas do início do período escolar. Até a semana passada, as CREs haviam indicado a necessidade de no­mear 570 concursados e de firmar 370 novos contratos emergenciais (para os casos em que o banco de aprovados não supre a demanda).

O problema é que o prazo para ajustes nas matrículas termina apenas em 25 de fevereiro, um dia antes da chegada dos alunos. Só então Vieira irá se reunir com os técnicos para avaliar a situação e decidir quantos profissionais extras serão chamados, sendo que isso ainda vai depender de autorização da Secretaria da Fazenda. Como os trâmites podem se arrastar, é possível que estudantes fiquem à deriva por semanas.

– Sei que existe esse risco, mas diante da situação financeira do Estado não posso ser irresponsável e chamar pessoas sem ter total segurança da necessidade de cada uma. A tendência é de que as faltas sejam pontuais, inclusive porque o número de matrículas vem caindo – pondera Vieira.

SITUAÇÃO É MAIS CRÍTICA NAS EXATAS


Presidente do Conselho Estadual de Educação, Cecília Farias acredita que as 7,4 mil nomeações feitas na gestão anterior possam contribuir para mitigar as deficiências. Mesmo assim, considera o quadro muito enxuto e, em disciplinas como física, matemática e química, insuficiente.

Para a presidente da Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do RS, Berenice Cabreira da Costa, é fundamental que todos os concursados sejam nomeados para garantir tranquilidade. Os mais de 2 mil aprovados à espera de efetivação, entre eles integrantes de um movimento que conta com o apoio de 3 mil pes­soas no Facebook, também pressionam o governo (leia ao lado).

– Quando algum professor falta, não tem quem o substitua. Isso é grave e vai continuar acontecendo – prevê Berenice.

A origem do descompasso, na avaliação de Juca Gil, professor de Políticas Educacionais da UFRGS, vai além da escassez de recursos. Até hoje, diz, o RS não tem sequer um Plano Estadual de Educação:

– Se as falhas de planejamento não forem corrigidas, os contratempos continuarão se repetindo.

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