ZERO HORA - 12 de maio de 2013 | N° 17430
EDITORIAL INTERATIVO
Foi tão grande e tão negativa a repercussão das redações com gracinhas que obtiveram nota de aprovação no último Exame Nacional do Ensino Médio, que o Ministério da Educação obrigou-se a adotar critérios mais rígidos para a correção das provas. Esta semana, o ministro Aloizio Mercadante anunciou que a partir do próximo exame serão anuladas as redações que apresentarem parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto, fechando assim a brecha para o enxerto de receita de macarrão instantâneo ou hino de clube de futebol, como aconteceu no último teste. Só receberão a nota máxima de redação (1.000 pontos, pela contagem do MEC) os alunos que demonstrarem total domínio da norma culta da língua portuguesa. Serão aceitos apenas desvios gramaticais excepcionais e que não caracterizem reincidência.
A mudança de rumo é mais do que oportuna, principalmente porque o MEC também está tocando no principal problema de edições anteriores, que era a leniência nas correções. Até se entende que jovens de poucos recursos intelectuais, ou mesmo debochados, tenham recorrido a absurdos criativos para preencher espaço. O que não dá para aceitar é a frouxidão dos examinadores, que consideraram tais redações adequadas e merecedoras de pontos suficientes para aprovação. Agora não será mais assim: os avaliadores serão monitorados em 33 requisitos e poderão ser eliminados da equipe de correção dos exames se não alcançarem desempenho igual ou superior a 7, numa escala de 0 a 10. Anteriormente, só ficavam fora os que não alcançassem nota 5. Também haverá maior rigidez em relação à discrepância na nota final apresentada por dois corretores, que poderá ser de, no máximo, 100 pontos.
E não se pode dizer que a culpa era apenas dos avaliadores. Eles tinham orientação dos organizadores da prova para “não pegar pesado”, como informou um dos encarregados da correção. Só podiam dar nota zero para situações bem específicas: se o candidato fugisse completamente do tema, se entregasse a prova em branco, se escrevesse impropérios ou agressões aos direitos humanos. Também seriam desconsiderados textos com menos de sete linhas – o que deve ter levado os estudantes a usar os subterfúgios referidos, acrescentando receita de macarrão e letra de hino de futebol numa dissertação sobre movimentos imigratórios para o Brasil no século 21, que era o tema solicitado.
Desde que se transformou numa grande porta de entrada para o Ensino Superior, o Enem vem enfrentando obstáculos, boicotes e até mesmo fraudes, que vão de erros de impressão até o desvio de questionários. Todas essas dificuldades, porém, vêm sendo gradativamente superadas, até mesmo porque o país já entende que avaliações sistemáticas são instrumentos essenciais para a qualificação do ensino. Neste contexto, a tolerância zero com os engraçadinhos é indispensável, principalmente porque faz justiça aos estudantes que se capacitam para obter bons resultados.
- O editorial acima foi publicado antecipadamente no site de Zero Hora, na sexta-feira, com links para Facebook e Twitter. Os comentários selecionados para a edição impressa mantêm a proporcionalidade de aprovações e discordâncias entre as 410 manifestações recebidas até as 18h de sexta. A questão proposta aos leitores foi a seguinte: Editorial aplaude tolerância zero com deboches na redação do Enem. Você concorda?
O LEITOR CONCORDA
Eu, que participo do Enem e que procuro levar a sério, lamento que pessoas não o façam. Já no Enem 2012, ocorreram essas brincadeiras. Esses alunos deveriam receber nota zero. Espero que neste ano cumpram as regras... Com certeza, tolerância zero. Luiz Fernando Medeiros Pinto, Pelotas (RS)
Justiça seja feita. Mesmo que milhares de jovens se preparem para o desafio de entrar numa universidade através do Enem, alunos que ostentam deboches como esses acabam por criar uma imagem de completa impunidade para o país. A atitude de tolerância zero é o primeiro passo para reconhecer o mérito dos verdadeiros alunos, aqueles que acreditam no estudo como a melhor forma de crescimento.Jaqueline Tramontim, Canela (RS)
Acredito que existam tempo e oportunidade para todas as coisas. Alguém que não sabe se portar no Enem não está apto a ingressar em uma universidade. Ismael Diogo, Esteio (RS)
Temos que valorizar a nossa cultura, jamais aceitar que um aluno decore um texto e aplique em uma prova de redação. Temos que levar o aluno a pensar.José Olavo Filho Abreu,Fortaleza (CE)
Não se trata de tolerância zero ou não, simplesmente de mais uma vez acatar o que já é de lei. Ou seja, fugiu do tema, é zero. Não entendo o porquê da dúvida quanto à aplicação do que já está escrito e sacramentado.Giovani Fernandes Bernardi, Porto Alegre (RS)
O LEITOR DISCORDA
Não concordo com o editorial do jornal Zero Hora que aplaude a tolerância zero para os alunos que expressam a sua criatividade nas redações do Enem. O que é maluquice para alguns é pura criatividade reprimida. Quanto maior a maluquice, maior a criatividade. Estão querendo culpar os estudantes por falhas de avaliação comprovadamente existentes. A tolerância zero deve ser aplicada para os baixos salários dos professores. E aqui vai a minha receita de miojo. Walter Soares, Porto Alegre (RS)
Foi tão grande e tão negativa a repercussão das redações com gracinhas que obtiveram nota de aprovação no último Exame Nacional do Ensino Médio, que o Ministério da Educação obrigou-se a adotar critérios mais rígidos para a correção das provas. Esta semana, o ministro Aloizio Mercadante anunciou que a partir do próximo exame serão anuladas as redações que apresentarem parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto, fechando assim a brecha para o enxerto de receita de macarrão instantâneo ou hino de clube de futebol, como aconteceu no último teste. Só receberão a nota máxima de redação (1.000 pontos, pela contagem do MEC) os alunos que demonstrarem total domínio da norma culta da língua portuguesa. Serão aceitos apenas desvios gramaticais excepcionais e que não caracterizem reincidência.
A mudança de rumo é mais do que oportuna, principalmente porque o MEC também está tocando no principal problema de edições anteriores, que era a leniência nas correções. Até se entende que jovens de poucos recursos intelectuais, ou mesmo debochados, tenham recorrido a absurdos criativos para preencher espaço. O que não dá para aceitar é a frouxidão dos examinadores, que consideraram tais redações adequadas e merecedoras de pontos suficientes para aprovação. Agora não será mais assim: os avaliadores serão monitorados em 33 requisitos e poderão ser eliminados da equipe de correção dos exames se não alcançarem desempenho igual ou superior a 7, numa escala de 0 a 10. Anteriormente, só ficavam fora os que não alcançassem nota 5. Também haverá maior rigidez em relação à discrepância na nota final apresentada por dois corretores, que poderá ser de, no máximo, 100 pontos.
E não se pode dizer que a culpa era apenas dos avaliadores. Eles tinham orientação dos organizadores da prova para “não pegar pesado”, como informou um dos encarregados da correção. Só podiam dar nota zero para situações bem específicas: se o candidato fugisse completamente do tema, se entregasse a prova em branco, se escrevesse impropérios ou agressões aos direitos humanos. Também seriam desconsiderados textos com menos de sete linhas – o que deve ter levado os estudantes a usar os subterfúgios referidos, acrescentando receita de macarrão e letra de hino de futebol numa dissertação sobre movimentos imigratórios para o Brasil no século 21, que era o tema solicitado.
Desde que se transformou numa grande porta de entrada para o Ensino Superior, o Enem vem enfrentando obstáculos, boicotes e até mesmo fraudes, que vão de erros de impressão até o desvio de questionários. Todas essas dificuldades, porém, vêm sendo gradativamente superadas, até mesmo porque o país já entende que avaliações sistemáticas são instrumentos essenciais para a qualificação do ensino. Neste contexto, a tolerância zero com os engraçadinhos é indispensável, principalmente porque faz justiça aos estudantes que se capacitam para obter bons resultados.
- O editorial acima foi publicado antecipadamente no site de Zero Hora, na sexta-feira, com links para Facebook e Twitter. Os comentários selecionados para a edição impressa mantêm a proporcionalidade de aprovações e discordâncias entre as 410 manifestações recebidas até as 18h de sexta. A questão proposta aos leitores foi a seguinte: Editorial aplaude tolerância zero com deboches na redação do Enem. Você concorda?
O LEITOR CONCORDA
Eu, que participo do Enem e que procuro levar a sério, lamento que pessoas não o façam. Já no Enem 2012, ocorreram essas brincadeiras. Esses alunos deveriam receber nota zero. Espero que neste ano cumpram as regras... Com certeza, tolerância zero. Luiz Fernando Medeiros Pinto, Pelotas (RS)
Justiça seja feita. Mesmo que milhares de jovens se preparem para o desafio de entrar numa universidade através do Enem, alunos que ostentam deboches como esses acabam por criar uma imagem de completa impunidade para o país. A atitude de tolerância zero é o primeiro passo para reconhecer o mérito dos verdadeiros alunos, aqueles que acreditam no estudo como a melhor forma de crescimento.Jaqueline Tramontim, Canela (RS)
Acredito que existam tempo e oportunidade para todas as coisas. Alguém que não sabe se portar no Enem não está apto a ingressar em uma universidade. Ismael Diogo, Esteio (RS)
Temos que valorizar a nossa cultura, jamais aceitar que um aluno decore um texto e aplique em uma prova de redação. Temos que levar o aluno a pensar.José Olavo Filho Abreu,Fortaleza (CE)
Não se trata de tolerância zero ou não, simplesmente de mais uma vez acatar o que já é de lei. Ou seja, fugiu do tema, é zero. Não entendo o porquê da dúvida quanto à aplicação do que já está escrito e sacramentado.Giovani Fernandes Bernardi, Porto Alegre (RS)
O LEITOR DISCORDA
Não concordo com o editorial do jornal Zero Hora que aplaude a tolerância zero para os alunos que expressam a sua criatividade nas redações do Enem. O que é maluquice para alguns é pura criatividade reprimida. Quanto maior a maluquice, maior a criatividade. Estão querendo culpar os estudantes por falhas de avaliação comprovadamente existentes. A tolerância zero deve ser aplicada para os baixos salários dos professores. E aqui vai a minha receita de miojo. Walter Soares, Porto Alegre (RS)
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