ZERO HORA 20 de maio de 2013 | N° 17438
ARTIGOS
Patrícia Trunfo*
Ontem, ao visitar o face, deparei com uma amiga comentando que não conseguia trabalhar, importunada pelo alto som da trilha sonora de um aniversário de criança, cuja letra dizia ...Oi, oi, oi, vem pra quebrar tudo; vamos dançar com tudo... e, no mesmo momento, parei a refletir sobre cenas do nosso cotidiano que vêm repetindo-se nas escolas, reproduzindo-se no ambiente profissional e que estão contribuindo, em boa parte, para o desmonte das instituições e da real democracia.
De fato, há um bom tempo travam-se discussões sobre as consequências da terceirização exagerada da educação das crianças, da falta de imposição de limites, da chamada “geração construtivista”, que tudo pode, que não tem freios, visto que os pais, ou não têm tempo para educar os filhos ante o excesso de trabalho imposto pelas necessidades da vida moderna, ou não têm base educacional para tanto. A partir disso, formam-se pessoas que não sabem ouvir, não têm conteúdo para o debate e, por falta de formação básica, apresentam uma insegurança que as leva a acreditar que para “dançar com tudo”, precisam “quebrar tudo”.
A minha geração, tenho orgulho disso, foi responsável por muitas mudanças políticas neste país. Fomos – e somos – rebeldes, reivindicamos, mas sempre exigindo democracia. Hoje, tenho certeza de que isso foi possível pela educação sólida que recebemos e que era comum à época. Tínhamos limites, precisávamos ouvir quando o outro falava, respeitávamos os mais velhos, pois não é inteligente desprezar a experiência, e éramos ouvidos e respeitados quando fundamentávamos nossas ideias. Ou seja, dessas crianças, ressalvados os venais por caráter, em sua grande maioria formaram-se adultos com consistência para o debate e que não precisam se impor por atitudes ditatoriais na falta de fundamentos – a falta de razão alimenta o autoritarismo.
Assim sendo, mais uma vez, grande parte dos problemas de um país está na base, na educação. Se as nossas crianças não tiverem limites, não souberem ouvir, não forem chamadas a manifestar suas ideias com afinco, mas também com respeito à opinião alheia, nossa democracia estará ameaçada. As escolas, o ambiente profissional e as nossas instituições demonstram isso diariamente, contaminadas pela falta de ética entre colegas, pela falta de respeito e pela imposição arbitrária de regras desprovidas de fundamentação, a beneficiar sabe-se lá quem. Eduquemos nossos filhos para a democracia, pois, do contrário, todos seremos prejudicados.
ARTIGOS
Patrícia Trunfo*
Ontem, ao visitar o face, deparei com uma amiga comentando que não conseguia trabalhar, importunada pelo alto som da trilha sonora de um aniversário de criança, cuja letra dizia ...Oi, oi, oi, vem pra quebrar tudo; vamos dançar com tudo... e, no mesmo momento, parei a refletir sobre cenas do nosso cotidiano que vêm repetindo-se nas escolas, reproduzindo-se no ambiente profissional e que estão contribuindo, em boa parte, para o desmonte das instituições e da real democracia.
De fato, há um bom tempo travam-se discussões sobre as consequências da terceirização exagerada da educação das crianças, da falta de imposição de limites, da chamada “geração construtivista”, que tudo pode, que não tem freios, visto que os pais, ou não têm tempo para educar os filhos ante o excesso de trabalho imposto pelas necessidades da vida moderna, ou não têm base educacional para tanto. A partir disso, formam-se pessoas que não sabem ouvir, não têm conteúdo para o debate e, por falta de formação básica, apresentam uma insegurança que as leva a acreditar que para “dançar com tudo”, precisam “quebrar tudo”.
A minha geração, tenho orgulho disso, foi responsável por muitas mudanças políticas neste país. Fomos – e somos – rebeldes, reivindicamos, mas sempre exigindo democracia. Hoje, tenho certeza de que isso foi possível pela educação sólida que recebemos e que era comum à época. Tínhamos limites, precisávamos ouvir quando o outro falava, respeitávamos os mais velhos, pois não é inteligente desprezar a experiência, e éramos ouvidos e respeitados quando fundamentávamos nossas ideias. Ou seja, dessas crianças, ressalvados os venais por caráter, em sua grande maioria formaram-se adultos com consistência para o debate e que não precisam se impor por atitudes ditatoriais na falta de fundamentos – a falta de razão alimenta o autoritarismo.
Assim sendo, mais uma vez, grande parte dos problemas de um país está na base, na educação. Se as nossas crianças não tiverem limites, não souberem ouvir, não forem chamadas a manifestar suas ideias com afinco, mas também com respeito à opinião alheia, nossa democracia estará ameaçada. As escolas, o ambiente profissional e as nossas instituições demonstram isso diariamente, contaminadas pela falta de ética entre colegas, pela falta de respeito e pela imposição arbitrária de regras desprovidas de fundamentação, a beneficiar sabe-se lá quem. Eduquemos nossos filhos para a democracia, pois, do contrário, todos seremos prejudicados.
*ADVOGADA DA UNIÃO, PROFESSORA UNIVERSITÁRIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário