ZERO HORA 09 de maio de 2013 | N° 17427 ARTIGOS
Renata Kieling*
O bebê nasceu lindo, cresceu forte, encantou a todos com os primeiros passos e arrancou sorrisos nas primeiras palavras. Entrou para a escola, entre ansioso e feliz, cheio de expectativas e pronto para aprender. Mas o que era para ser uma fonte virtualmente inesgotável de descobertas e conquistas revelou-se um pesadelo sem fim. Meu filho não aprende.
Milhares de pais e mães vivenciam esta realidade. No Brasil, estima-se que cerca de 15% das crianças tenham mais de dois anos de atraso escolar, com rendimento acadêmico marcadamente abaixo do esperado para a série.
As causas para um fracasso escolar podem ser muitas, e uma avaliação adequada requer uma abordagem multidisciplinar. Existem síndromes genéticas associadas a dificuldades de aprendizagem; doenças metabólicas que podem conduzir ao quadro; distúrbios psiquiátricos ou neurológicos subjacentes. Algumas crianças, contudo, apresentam transtornos específicos da aprendizagem – dislexia, disgrafia e discalculia.
Entender por que algumas crianças não aprendem – apesar de frequentarem boas escolas e terem um incentivo adequado aos estudos em casa – é um desafio que vem mobilizando um número cada vez maior de pesquisadores. Porto Alegre lidera hoje uma pesquisa nacional de grande porte voltada ao reconhecimento precoce de transtornos de aprendizagem, utilizando modernas ferramentas de neuroimagem. Crianças de diversas escolas públicas da Capital serão acompanhadas pelos pesquisadores do Projeto Acerta, financiado pela Capes, de forma a mapear as trajetórias de aprendizagem, buscando identificar os fatores associados a um desenvolvimento normal e anormal das habilidades de leitura, escrita e matemática.
Hoje, técnicas avançadas de neuroimagem nos permitem identificar diferenças no funcionamento cerebral de crianças com transtornos de aprendizagem, ajudando a esclarecer suas bases biológicas. Contudo, de nada servirão esses avanços se antes não reconhecermos que o insucesso na aprendizagem nem sempre está relacionado a um sistema educacional falho, a professores desmotivados, à preguiça, má vontade ou, pior, à “burrice” da criança.
O bebê nasceu lindo, cresceu forte, encantou a todos com os primeiros passos e arrancou sorrisos nas primeiras palavras. Entrou para a escola, entre ansioso e feliz, cheio de expectativas e pronto para aprender. Mas o que era para ser uma fonte virtualmente inesgotável de descobertas e conquistas revelou-se um pesadelo sem fim. Meu filho não aprende.
Milhares de pais e mães vivenciam esta realidade. No Brasil, estima-se que cerca de 15% das crianças tenham mais de dois anos de atraso escolar, com rendimento acadêmico marcadamente abaixo do esperado para a série.
As causas para um fracasso escolar podem ser muitas, e uma avaliação adequada requer uma abordagem multidisciplinar. Existem síndromes genéticas associadas a dificuldades de aprendizagem; doenças metabólicas que podem conduzir ao quadro; distúrbios psiquiátricos ou neurológicos subjacentes. Algumas crianças, contudo, apresentam transtornos específicos da aprendizagem – dislexia, disgrafia e discalculia.
Entender por que algumas crianças não aprendem – apesar de frequentarem boas escolas e terem um incentivo adequado aos estudos em casa – é um desafio que vem mobilizando um número cada vez maior de pesquisadores. Porto Alegre lidera hoje uma pesquisa nacional de grande porte voltada ao reconhecimento precoce de transtornos de aprendizagem, utilizando modernas ferramentas de neuroimagem. Crianças de diversas escolas públicas da Capital serão acompanhadas pelos pesquisadores do Projeto Acerta, financiado pela Capes, de forma a mapear as trajetórias de aprendizagem, buscando identificar os fatores associados a um desenvolvimento normal e anormal das habilidades de leitura, escrita e matemática.
Hoje, técnicas avançadas de neuroimagem nos permitem identificar diferenças no funcionamento cerebral de crianças com transtornos de aprendizagem, ajudando a esclarecer suas bases biológicas. Contudo, de nada servirão esses avanços se antes não reconhecermos que o insucesso na aprendizagem nem sempre está relacionado a um sistema educacional falho, a professores desmotivados, à preguiça, má vontade ou, pior, à “burrice” da criança.
*MÉDICA PEDIATRA, DOUTORANDA EM NEUROCIÊNCIAS PELA PUCRS
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Eu tenho este mesmo exemplo dentro de casa. Como foi difícil entender o que estava acontecendo diante do despreparo da família que vivia brigando com ele e do despreparo dos professores que não o entendiam. Não raro, diziam que meu filho era vagabundo, não queria nada com nada, vivia no ar, não prestava atenção, não entendia e ainda fazia as coisas erradas e fora do padrão. Para os professores era fácil rodá-lo, criticá-lo ou lançar adjetivos próprios à conduta desleixada do aluno, mas para a família, aquilo era um desafio: entender o porquê.
A busca por especialistas e estudos sobre o assunto proporcionaram a descoberta pela família da pessoa brilhante e capaz que tinham. Uma pessoa com vontade de reconhecer e enfrentar suas próprias dificuldades, de entender as coisas e de ganhar uma autonomia. Restou apenas a consciência de que falta muita na educação brasileira que valorize o aluno e potencialize os professores, dando condições e conhecimento para enfrentar esta diferenciada visão de vida e assim passarem a adotar nas escolas as medidas capazes de identificar alunos com seus talentos e suas dificuldades, e ensiná-los a se conduzir no mundo com o seu modo diferente, prevenindo os bullyings as discriminações e os adjetivos que atacam a motivação, a dignidade e a autoestima.
A busca por especialistas e estudos sobre o assunto proporcionaram a descoberta pela família da pessoa brilhante e capaz que tinham. Uma pessoa com vontade de reconhecer e enfrentar suas próprias dificuldades, de entender as coisas e de ganhar uma autonomia. Restou apenas a consciência de que falta muita na educação brasileira que valorize o aluno e potencialize os professores, dando condições e conhecimento para enfrentar esta diferenciada visão de vida e assim passarem a adotar nas escolas as medidas capazes de identificar alunos com seus talentos e suas dificuldades, e ensiná-los a se conduzir no mundo com o seu modo diferente, prevenindo os bullyings as discriminações e os adjetivos que atacam a motivação, a dignidade e a autoestima.
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