Dias atrás, ao participar de um evento sobre educação, encontrei um ex-professor de quem fui aluno no doutorado no ano de 1998. Eu estava em uma mesa onde o referido colega professor era homenageado por sua segunda aposentadoria do trabalho docente. O homenageado começou contando, nas suas palavras de agradecimento, que estava cansado de tanto ouvir seus colegas professores(as) denunciar. Sentir-se-ia, mesmo, homenageado, quando ouvisse seus colegas começarem a anunciar. Ele seguiu seu agradecimento mais ou menos nos seguintes termos: quero ver os colegas professores(as) anunciarem que vão procurar ser mais criativos em suas práticas pedagógicas em sala de aula; que vão se preocupar mais – e sinceramente – com as avaliações que fazem e com os resultados que delas obtêm; que vão deixar de ser professores(as) quando perceberem que não gostam mais de ministrar suas aulas; que vão se abrir sinceramente ao diálogo e não apenas declarar que estão em luta permanente com os governos, sejam eles quais forem e em que época estejam de seu governo; que vão continuar estudando, mesmo depois de concluírem suas respectivas licenciaturas universitárias – me refiro aqui àqueles(as) que se preocuparam realmente com sua formação profissional quando cursavam a universidade; que vão culpar menos os pais, os alunos e a “sociedade” pelo fracasso de aprendizagem de seus alunos; que vão continuar reivindicando melhores e mais justos salários, mas sabendo que apenas isto não garante que serão melhores profissionais e que a educação melhorará; que vão aderir e se empenhar com afinco em sua formação continuada quando esta lhes for oferecida; que serão professores(as) porque querem sê-lo; que amarão seus alunos, seu local de trabalho, e que sentirão prazer com aquilo que fazem.
A lista de anúncios que o professor homenageado fez sobre o que gostaria de ouvir foi bem mais longa e não vou reproduzi-la toda neste espaço. Após o encerramento daquela sessão de homenagem, saímos do evento e fomos jantar com o antigo mestre. Fui assaltado, então, por uma sensação ao mesmo tempo incômoda e gostosa. Uma sensação semelhante àquela que qualquer pessoa sente ao final de uma boa aula recebida. Não de uma aula de conteúdos apenas, mas, fundamentalmente, de uma aula de vida. Uma vida de mestre, de educador, uma vida de professor, no sentido mais humano e generoso que essa palavra – professor – pode carregar. Assim, colegas professores(as), vamos começar a anunciar alguma coisa? Pode ser bem pequena. A razão deste pedido é que sinto que estamos todos bastante cansados de tanta denúncia.
VALDO BARCELOS, PROFESSOR E ESCRITOR (UFSM)- ZERO HORA 14/07/2011
Este blog mostrará as deficiências, o sucateamento, o descaso, a indisciplina, a ausência de autoridade, os baixos salários, o bullying, a insegurança e a violência que contaminam o ensino, a educação, a cultura, o civismo, a cidadania, a formação, a profissionalização e o futuro do jovem brasileiro.
EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário