EDITORIAIS
Criada sob inspiração ideológica, a Universidade do Estado do Rio Grande do Sul (Uergs) passa por visível declínio, com dificuldades orçamentárias, recursos humanos escassos, instalações improvisadas e pouca frequência de alunos. Ainda que fundamentada na ideia generosa de oferecer estudo para as camadas mais carentes da população e nas localidades mais remotas, a iniciativa esbarrou na incompetência administrativa, na falta de planejamento e na sua lamentável politização. Diante desse cenário desolador, a sociedade e líderes políticos que a representam precisam definir um destino menos desolador do que o atual para a instituição.
Não foi por falta de planos nem de exemplos anteriores bem-sucedidos que a universidade minguou a ponto de se reduzir praticamente a uma entidade fantasma nos dias atuais. Os 10 mil alunos estimados inicialmente para serem alcançados no ano passado se resumem hoje a 2.880. Os R$ 60 milhões de orçamento anual previstos para o mesmo ano se restringem a R$ 41 milhões. É uma insignificância perto dos valores aprovados para instituições semelhantes em outras unidades da federação. O valor se mostra ainda mais irrisório quando comparado ao destinado por São Paulo às três universidades estaduais que tanto contribuíram para o seu desenvolvimento, com destaque para a USP e a Unicamp.
Chama a atenção o fato de que, apesar dos problemas permanentes, a Uergs conseguiu figurar no ano passado em quinto lugar entre as universidades gaúchas, na avaliação do índice geral de cursos do Ministério da Educação (MEC). E pelo menos um de seus cursos – o de Tecnologia em Automação Industrial – chegou a obter nota máxima no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), há dois anos.
A questão, porém, é que apenas boa vontade e resultados positivos não são suficientes para garantir a continuidade de uma instituição de ensino. Por isso, é importante que alunos, professores e demais envolvidos com a Uergs possam ter clareza sobre as reais intenções em relação a essa entidade que, do jeito que está, parece fadada ao desaparecimento.
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