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terça-feira, 31 de março de 2015

APERTO DO FIES CAUSA DESISTÊNCIA UNIVERSITÁRIA

ZERO HORA 31/03/2015 | 05h03

Alunos desistem da faculdade após aperto nas regras do Fies. Até 20 mil estudantes gaúchos estão com dificuldades para pedir financiamento público

por Erik Farina



Sistema anuncia esgotamento de vagas para maior parte dos cursos Foto: Reprodução Internet / Reprodução Internet


Alunos que recém entraram na universidade na expectativa de acessar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) começam a desistir dos cursos. Com critérios de seleção mais rígidos, o Ministério da Educação (MEC) passou a limitar o número de vagas. No Rio Grande do Sul, de 15 mil a 20 mil alunos ainda tentam, sem sucesso, obter o financiamento público pela primeira vez, conforme as universidades particulares.

Apenas cerca de 4 mil estudantes gaúchos conseguiram ingressar no Fies neste ano, para um universo de 95 mil que já dispõem do benefício no Estado. Em média, 12 mil novos alunos no Rio Grande do Sul obtém o benefício a cada semestre.

— O problema é que as universidades desconhecem o número de vagas que podem oferecer, e não conseguem definir a situação junto ao aluno. Só o MEC tem essa informação — afirma Bruno Eizerik, presidente do Sindicato do Ensino Privado do Estado (Sinepe).

Conforme o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que gerencia o sistema do Fies, as requisições de novas inscrições são liberadas por instituição de ensino e por curso, conforme critérios de qualidade, distribuição regional e disponibilidade de recursos.

Desde ontem, só conseguem acessar o Fies apenas a alunos com notas superiores a 450 pontos no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e que não tivessem zerado a redação. O MEC também limitou o financiamento a estudantes matriculados em cursos que não tenham atingido nota máxima em avaliações nacionais.

— Na prática, não é o que está acontecendo. Mesmo alunos com boas notas no Enem e que entram em cursos com nota máxima no MEC têm sido barrados no sistema do Fies — assegura Oto Moerschbaecher, membro do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung).

O quadro é bem diferente de anos anteriores, quando os pedidos ao Fies eram aceitos desde que os alunos comprovassem que não poderiam pagar o curso.

Como as aulas já iniciaram, os alunos passaram a ser chamados aos departamentos financeiros para discutir alternativas. Algumas universidades pedem que o estudante assista a aula até 30 de abril, quando terminam as inscrições para o Fies. Outras, condicionam a manutenção dos estudos ao pagamento da mensalidade.

Para muitos, é uma pausa forçada na tentativa de obter diploma. Arlete dos Santos Brochado, 34 anos, ingressou no curso de Fisioterapia na Faculdade Anhanguera de Pelotas no último verão, mas cancelou ontem a matrícula por não conseguir definir a situação com o Fies. A faculdade propôs que ela pagasse uma parte das mensalidades agora e o restante no final do semestre, o que alegou não ter condições de aceitar.

— Só comecei o curso porque sabia que poderia pegar o Fies. Agora, vou aguardar mais um semestre para tentar entrar na faculdade de novo e buscar mais uma vez financiamento — lamenta.

Especialistas veem méritos na tentativa do governo de restringir o acesso ao programa, já que os gastos com Fies subiram exponencialmente nos últimos anos. No entanto, cobram mais clareza quanto aos critérios.

— O modelo que vinha sendo adotado de financiamento não era o mais eficiente. Mas é importante que os novos critérios sejam claros, e que se mantenha o foco na qualidade educacional — afirma Juarez Freitas, especialista em administração pública e professor de Direito na PUC-RS e na UFRGS, para quem a chegada de Renato Janine Ribeiro ao MEC pode marcar um reinício nas discussões sobre financiamento estudantil.

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