ZERO HORA 18 de setembro de 2015 | N° 18298
GUILHERME JUSTINO
RS fica em “recuperação”
PESQUISA APONTA que parte dos alunos gaúchos tem problemas para ler, escrever e fazer cálculos
Para muitas crianças na fase final do ciclo de alfabetização, ainda é difícil entender o sentido de um conto infantil, redigir uma narrativa compreensível e ler as horas em um relógio analógico. Isso porque, entre os alunos do 3º ano do Ensino Fundamental na rede pública, a capacidade de ler, escrever e fazer cálculos matemáticos está longe da ideal em boa parte do Brasil. E, no Estado, o quadro também é desalentador.
Mais da metade desses estudantes tem um nível considerado inadequado em matemática, apresentando dificuldades em operações simples de multiplicação e divisão. Quanto à escrita, uma em cada quatro crianças, apesar de saber escrever, comete erros que comprometem a compreensão da mensagem. É o que aponta a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) 2014, divulgada ontem pelo Ministério da Educação (MEC).
– Os dados são muito preocupantes. A alfabetização é a base de tudo, só com ela a criança adquire autonomia suficiente para seguir nos estudos – entende Ricardo Falzetta, gerente de conteúdo do movimento Todos Pela Educação.
Para a pedagoga Denise Arina Francisco, não atingir os níveis adequados de alfabetização e letramento na idade adequada significa um prejuízo dificilmente reversível, que pode comprometer toda a formação de um estudante.
– A criança que não domina a leitura e a escrita não consegue acompanhar os conteúdos tratados em sala de aula. Isso acaba retraindo ela e até levando a casos de indisciplina. É preciso resolver isso ainda nos primeiros anos – afirma.
SECRETÁRIO FALA EM CONSTRANGIMENTO
O secretário estadual de Educação, Vieira da Cunha, afirma ter recebido com preocupação mais um indicador demonstrando que o Rio Grande do Sul não tem os melhores níveis de ensino. Para ele, o Estado tem involuído, ficando cada vez mais distante do nível de excelência que seria desejável. Em todas as áreas avaliadas, Santa Catarina e Paraná tiveram resultados melhores.
– É constrangedor estar na lanterna da Região Sul. Esses resultados são preocupantes, e mostram o tamanho do desafio que temos pela frente para reverter esse quadro. O lado positivo é que isso acende um alerta, e vai servir de base para novas intervenções pedagógicas – garante o secretário.
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