EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

MÃE DENUNCIA NA POLÍCIA PROFESSORA QUE EXIGIU TAREFA ESCOLAR DO FILHO




ZH 24 de setembro de 2014 | N° 17932


EDUCAÇÃO



Mãe vai à polícia contra professora por exigir trabalho


A mãe de uma adolescente de 13 anos registrou na polícia sua insatisfação em relação a uma advertência que a professora fez à filha dela. A educadora da rede municipal de ensino de Caxias do Sul, na Serra, solicitou que a estudante fizesse um trabalho escolar com base em um livro.

A professora constatou que a aluna não havia entregue o trabalho, o que resultou na notificação escolar. A mãe procurou a escola para esclarecer o caso e, após a conversa, decidiu registrar o incidente na delegacia.

De acordo com o boletim de ocorrência, a aluna teria que levar um livro para realização de um trabalho. A menina tentou explicar que não teria como comprar a publicação e teria sido humilhada. A professora teria ameaçado com a possibilidade de reduzir a nota e levar o caso ao Conselho Tutelar.

De acordo com a secretária de Educação de Caxias, Marléa Ramos Alves, não é necessário levar casos escolares à polícia.

– Fazer um registro simplesmente pelo fato de o professor cobrar o material do aluno é inaceitável – ressalta Marléa.

A ocorrência foi registrada no dia 26 de agosto na Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente da cidade. De acordo com o delegado responsável, Joigler Paduano, o caso não configura crime e, por isso, não teve andamento na Justiça. O nome da escola e da aluna foram preservados por solicitação da secretaria.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

A ESCASSEZ DO PROFISSIONAL TÉCNICA NO

 
JORNAL DO COMÉRCIO 23/09/2014


Felipe Homem



Comemoramos, na data de hoje, o Dia do Técnico Industrial, profissão reconhecida através da Lei nº 5.524/1968, de 5 de novembro de 1968. Esse profissional pode atuar em diferentes áreas, como edificações, eletrônica, mecânica, informática e qualidade, porém a indústria brasileira passa por dificuldades em contratar técnicos capacitados. Uma pesquisa feita pela gerente-geral na América Latina da consultoria Right Management, Elaine Saad, apontou os 10 cargos com maior escassez de trabalhadores no Brasil e no mundo, e os técnicos profissionais qualificados são os que mais faltam no País, o que causa um gargalo na economia brasileira. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), só 6% dos jovens fazem curso técnico no Brasil, enquanto a média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) é de 35%, por isso o mercado de trabalho para os técnicos é um poço de oportunidades.

É importante destacar que muitos pensam que somente o diploma de graduação abre portas no mercado, porém, vale muito mais um bom curso técnico, com as devidas qualificações que as empresas precisam, do que um curso superior de pouca qualidade que não atende às necessidades da área em questão. Quando falamos em retorno financeiro, segundo dados da CNI, a média salarial em ocupações técnicas varia entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, conforme o cargo. Na área da qualidade, particularmente, um auditor pode ganhar até R$ 6 mil. O profissional técnico industrial deve ser devidamente reconhecido e valorizado pela economia do País, visto a necessidade de empregados qualificados no Brasil.

Docente da Escola Profissional Fundatec

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

MERITOCRACIA ESTÁ FORA DOS PLANOS DE CANDIDATOS AO PIRATINI




ZERO HORA 22/09/2014 | 06h01

Concorrentes a governador evitam se comprometer com o sistema que prevê pagamento de salários extras a professor em troca da melhora de resultados na sala de aula


por Kamila Almeida e Taís Seibt



Professores cujos alunos demonstram ter aprendido a lição devem ser premiados pelo bom resultado em sala de aula? Nos últimos anos, essa pergunta tem pautado discussões de acadêmicos, gestores públicos, políticos e sindicalistas sem que um consenso seja estabelecido.

Alguns Estados que adotaram a meritocracia já exibem melhores resultados no ensino. No Rio Grande do Sul, o sistema de pagamento de salários extras em reconhecimento ao desempenho do professor em atingir metas preestabelecidas é tema de debates desde o governo Yeda Crusius (PSDB) e sofre forte resistência do Cpers. Diante da polêmica, nenhum dos principais candidatos ao Palácio Piratini se compromete abertamente com a proposta.

Para melhorar a qualidade do ensino, o senhor vai implantar sistema de premiação dos professores a partir do desempenho de alunos e escolas? Se sim, como?

Ana Amélia Lemos (PP)
O que está em estudo pelos nossos técnicos é a implantação de programa de avaliação e reconhecimento das escolas, respeitando as peculiaridades locais e regionais e com parâmetros a serem definidos. Nossa proposta prevê valorização dos professores, com formação continuada e acesso a tecnologias, atualização da grade curricular e investimento nas escolas.

Edison Estivalete (PRTB)
Não é necessário implantar premiação para que professores e alunos façam o que precisam fazer. O professor bem remunerado ministrará aulas de qualidade, e o aluno buscará o ensino que lhe servirá para sua vida adulta e profissional. Melhorar a qualidade do ensino significa pagar um salário digno ao professor e reformar as escolas.

Humberto Carvalho (PCB)
Os sistemas de avaliação usados são ditados pelos países desenvolvidos e pelo Banco Mundial como critério para a concessão de créditos para o país e o Estado. Essas avaliações são referenciadas nos interesses das classes dominantes e privilegiam a formação de mão de obra dócil e adestrada, sem apontar para a emancipação de estudantes e trabalhadores.

José Ivo Sartori (PMDB)
Ainda não está em cogitação. Se for consenso e desejo da comunidade escolar, é possível. A educação pública no RS enfrenta graves problemas. O recorrente conflito entre governo e líderes sindicais precisa ser superado pela criação de novo ambiente na educação: os debates e posições, naturais e legítimos, precisam se expressar em um clima de cooperação, construção e respeito aos direitos e competências de todos.

Roberto Robaina (PSOL)
De forma alguma. O critério de premiação não é outra coisa senão uma forma de justificar os crescentes desinvestimentos em educação pública, gratuita e de qualidade, criando uma justificativa para o fato de que esses recursos são menores do que o necessário. Assim, cria-se a premiação para justificar que a maior parte das instituições não receberá investimento algum.

Tarso Genro (PT)
Não. Nossa política de valorização dos professores, funcionários e escolas, mostrou-se a mais correta. Premiar, especificamente, escolas ou professores é desconsiderar as realidades distintas em cada região do Estado e as diferenças existentes inclusive dentro de alguns municípios.

Vieira da Cunha (PDT)
Implementaremos o sistema de premiação de acordo com os critérios apontados pelo Fórum Estadual de Educação, que, neste momento, discute como adequar o plano estadual ao Plano Nacional de Educação (PNE). O PNE aponta para o reconhecimento do profissional da educação e da escola onde os indicadores de aprendizagem apresentarem crescimento.

Governo pernambucano comemora, sindicalista rejeita

Em Pernambuco, o bônus por desempenho instituído em 2008 é considerado pelo governo como uma das iniciativas que ajudaram o Estado a dar um salto de 12 posições no ranking nacional do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador que foca nos resultados de português e matemática.

Apesar de o governo pernambucano comemorar a realização, o sindicalista Heleno Araújo Filho, membro da Confederação Nacional do Trabalhadores em Educação (CNTE), aponta deformidades: como nenhum professor quer ficar sem o dinheiro a mais, é comum docentes de outras disciplinas cederem espaço de aula para reforço de português e matemática, enfraquecendo o restante do conteúdo.

– São políticas que escondem a realidade da instituição e não indicam melhoria da qualidade. Estimulam a aprovação sem que se cumpra com a pluralidade do ensino. É um crime contra a juventude, contra a educação e contra os trabalhadores – afirma Araújo.

Professor da Universidade de São Paulo (USP), Luiz Guilherme Scorzafave coordena uma pesquisa para avaliar o programa de bonificação do magistério de São Paulo e diz que o modelo pode ser produtivo para a educação:

– Ao premiar os que mais se esforçam e alcançam os objetivos, passa o recado aos professores de que vale a pena preparar uma boa aula, pois serão recompensados.

É uma forma de garantir que as aulas tenham qualidade.

14º salário foi rejeitado no RS

Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Goiás também apostam na meritocracia. No Rio Grande do Sul, o governo Tarso Genro (PT) adotou em 2012 uma forma de promoção que leva em conta o mérito do professor, mas não avalia metas. No final de 2013, o Estado anunciou a promoção de 8,3 mil professores e especialistas em educação, metade por antiguidade e metade por merecimento.

Em 2009, Yeda tentou, sem sucesso, introduzir o 14º salário a professores que atingissem metas. Enfrentou a reação do Cpers e da oposição petista na Assembleia Legislativa. A atual presidente do Cpers, Helenir Oliveira, destaca que a entidade participa do debate sobre a meritocracia e mantém a posição:

– Divide a categoria e é uma forma de driblar o plano de carreira. Além disso, nosso entendimento é de que os investimentos devem ser direcionados às escolas que têm pior desempenho, porque é ali que há necessidade.

Para a presidente do Conselho Estadual de Educação, Cecília Farias, a meritocracia não deve ser atrelada ao desempenho do aluno:

– O professor precisa ser valorizado pelos cursos que faz, pelo tempo de dedicação à escola, esse é o mérito dele.

Em debate


O mérito é um princípio norteador das relações sociais em sociedades modernas. É um sistema de hierarquização que considera o desempenho individual como critério para estabelecer a posição de cada um na comunidade. Competência e realizações da pessoa determinam o espaço que ela vai conquistar.

Esse parâmetro aparece em diversas situações cotidianas. No vestibular, quem tem a melhor nota, fruto de estudo, conquista a vaga. A ideia é estabelecer um princípio universal, que sirva para avaliar qualquer indivíduo. Como as sociedades são desiguais, o critério é alvo de críticas, uma vez que nem todas as pessoas têm as mesmas condições para competir de igual para igual.

É por isso que são criadas formas de beneficiar grupos que enfrentam desvantagens sociais. Um dos modelos mais difundidos é o das cotas, que garantem espaço para negros.

No setor público, o mérito começou a ser instituído em alguns países europeus e nos Estados Unidos no século 19 e fez parte de uma revolução na gestão do Estado: a administração burocrática substituía o modelo patrimonialista das monarquias, no qual o patrimônio público e o privado eram tratados como propriedade do rei.

O concurso foi o método instituído para selecionar os servidores a partir da capacidade profissional. Antes, os funcionários eram escolhidos pela majestade, com base em laços familiares, afetivos ou políticos. Ninguém questiona o concurso como modelo justo de distinguir os melhores candidatos a uma vaga, mas o desenvolvimento de instrumentos meritocráticos mais atuais ainda é controverso.

Diferentes esferas do poder público brasileiro têm experimentado novas formas de melhorar a qualidade dos serviços. Um dos modelos consiste na premiação de servidores de acordo com sua capacidade de atingir metas acordadas previamente. Professores e policiais recebem salários extras quando alcançam os objetivos.

A ideia da bonificação é recompensar quem se esforça para educar as crianças ou reduzir a criminalidade, como nos exemplos acima. No conjunto, as ações individuais resultariam em melhoria coletiva.

Esse tipo de ferramenta tem sido alvo de crítica. Os que se opõem dizem que nem todos professores têm as mesmas condições para ensinar: muitos trabalham em escolas precárias da periferia, enquanto outros têm mais recursos em colégios bem estruturados e modernos. Há quem diga que o excesso do mérito como princípio pode gerar distorções e competição desenfreada.

Modelos espalhados pelo Brasil

Minas Gerais
O acordo de resultados foi estendido para a educação em 2007. Em paralelo, o governo implantou sistemas anuais de avaliação de desempenho dos alunos. As metas de cada escola são estabelecidas no começo de cada ano, conforme a realidade de cada instituição. Os diretores validam o plano de metas. No final do ano, toda a comunidade escolar é premiada proporcionalmente ao alcance da meta. Por exemplo, se a escola atingiu 85% da meta estabelecida, cada funcionário receberá um bônus equivalente a 85% do seu salário.

São Paulo
Desde 2008, tem política de valorização por mérito a todos os funcionários das escolas que alcançaram metas. Os objetivos são estabelecidos de acordo o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). Se atingida a meta, o bônus é de 2,4 salários. Caso seja superada, o limite é de 2,9 salários. Se não atingida, é calculado o avanço da escola. Por exemplo: se avançou 50% da meta, o bônus é de 1,2 salário. A partir de 2014, o cálculo do extra também leva em conta o nível socioeconômico dos alunos e indicadores de aprovação, reprovação e abandono.

Pernambuco
O Bônus de Desempenho Educacional (BDE) é proporcional ao cumprimento total ou parcial das metas para o Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (Idepe), que é um instrumento de avaliação da qualidade das escolas estaduais semelhante ao Ideb. São contempladas as escolas que cumpriram 50% dos objetivos. As metas são diferentes para cada escola conforme o desempenho anterior. O valor é proporcional ao cumprimento das metas, podendo chegar a 100% da remuneração.

Rio Grande do Sul
Por ano, são disponibilizadas até 3 mil vagas para promoções de professores, divididas entre aumento por tempo de serviço e merecimento. Ao ser contemplado, o servidor recebe aumento de 10% incorporado ao salário. Os servidores podem concorrer a cada três anos, sempre somando 10%, por, no máximo, cinco vezes ao longo da carreira. A pontuação por mérito é baseada em 30% de frequência e assiduidade e 70% em diversos pontos, como participação em cursos de formação e atualização, projetos pedagógicos documentados dentro da escola e a publicações de artigos.

Minas teve melhora no Ideb

Um dos pioneiros na implantação da meritocracia na educação, Minas Gerais assumiu o primeiro lugar entre as escolas estaduais nas séries iniciais e nas finais do Ensino Fundamental na última avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Se comparado a 2005, ano em que se iniciou a série histórica do Ideb, a nota de Minas nas séries iniciais cresceu 26%, passando de 4,9 para 6,2, e 30% nas séries finais, passando de 3,6 para 4,7.

– Não tenho dúvida de que o acordo de resultados, que culmina no prêmio por produtividade, é a explicação para o Estado ter alcançado o primeiro lugar no Ideb – diz a secretária de Educação de Minas Gerais, Ana Lucia Gazzola.

Pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Bernardete Gatti considera limitador pautar as políticas educacionais apenas pelo desempenho cognitivo, deixando de lado processos de socialização e formação cidadã:

– Efeitos de mudança nas estruturas de carreira e desempenho escolar são duas variáveis que você não pode ligar diretamente. Há fatores intervenientes nessa relação que precisariam ser considerados – diz Bernardete.

O Rio Grande do Sul teve aumento semelhante a Minas nas séries iniciais: cerca de 30%, subindo da sexta para a quinta posição. Nas séries finais, a educação gaúcha está em sétimo no Ideb 2013, perdeu três posições em relação a 2005, embora a nota tenha subido de 3,5 para 3,9. No Ensino Médio, o RS se manteve em segundo lugar no período. 
 
 
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA -  A MERITOCRACIA NO SERVIÇO PÚBLICO É PRODUTIVA QUANDO O INDICADOR FOR QUALITATIVO PREMIANDO A EQUIPE, O DEPARTAMENTO, O ÓRGÃO, A INSTITUIÇÃO. No caso da Educação, premiar a Escola e o corpo docente pode garantir bons resultados desde que se priorize a pessoa dos professor, o moral, a harmonia e a segurança financeira. Premiar alguém em especial é privilegiar o individualismo, a competição e a animosidade.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A FALTA DE GESTÃO NO ENSINO


O Estado de S.Paulo 18 Setembro 2014 | 02h 05


OPINIÃO



A comprovação de que o que falta ao ensino fundamental e médio não são mais recursos, mas sim uma gestão mais transparente e eficiente, acaba de ser reiterada pelos números do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Desde que foi regulamentado, há oito anos, o Fundeb aumentou significativamente os recursos repassados para as Secretarias municipais e estaduais de Educação. No caso dos Estados, as transferências pularam de R$ 2,9 bilhões, em 2007, para R$ 9,3 bilhões, em 2013 - aumento de 221%. No total, as verbas do Fundeb passaram de R$ 67 bilhões para R$ 116 bilhões, no período, descontada a inflação. O dinheiro foi destinado ao pagamento de professores, à compra de equipamentos e à manutenção de atividades básicas, como merenda e transporte escolar.

Mas, apesar desse aumento, a maior parte dos Estados beneficiados - principalmente os do Norte e do Nordeste - não conseguiu atingir a média nacional da rede pública no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2013 nem cumprir as metas estabelecidas para esse ano pelo Ministério da Educação.

A situação mais grave ocorreu nos Estados do Pará e do Piauí, cujas redes estaduais registraram uma queda na qualidade do ensino médio nos últimos seis anos. Em vez de avançar, como as autoridades educacionais previam, dado o aumento dos repasses federais, a qualidade regrediu. Já os Estados de Alagoas, Maranhão e Rio Grande do Norte se encontram numa situação crítica, uma vez que suas escolas públicas de ensino médio não registraram qualquer aumento de qualidade de ensino nos últimos seis anos. Estão estagnadas, apesar do aumento dos repasses financeiros.

Estados que também receberam vultosos repasses federais, como Amazonas, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba e Pernambuco, continuaram ocupando as últimas posições no Ideb de 2013. "Houve um forte crescimento dos gastos sem indicadores claros de melhoria do serviço", afirma o professor Gustavo Moraes, do Departamento de Economia da PUC/RS. "Não há uma associação clara entre gasto e proficiência. O governo está gastando mais, o que não quer dizer, necessariamente, que as notas dos alunos vão aumentar", diz Naércio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper.

Além dos problemas de gestão, os recursos do Fundeb também têm sido objeto de corrupção. Um levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU), realizado em julho do ano passado nas prefeituras de 120 municípios, mostrou que em 73% delas houve desvio de verbas, principalmente por meio de fraudes em licitações.

A lei que regulamenta o Fundeb não estabelece nenhum ente supervisor e prevê apenas a criação de conselhos locais para controlar os recursos recebidos da União. Mas, de cada dez conselhos, três não cumprem esse papel - dizem os técnicos da CGU, que há mais de um ano pedem mudanças na legislação, para a criação de um órgão federal que fiscalize a aplicação dos recursos do Fundeb pelos municípios e Estados.

Há cinco meses, a Polícia Federal prendeu 6 ex-prefeitos, 4 vereadores e 5 secretários municipais de 20 municípios do Estado da Bahia, por terem desviado R$ 30 milhões das verbas do Fundeb. Não por acaso, essas cidades não atingiram as metas previstas e várias delas recuaram nas pontuações do Ideb. Para o ministro da Educação, José Henrique Paim, um órgão federal não conseguiria coibir os problemas de má gestão e de corrupção na aplicação dos recursos do Fundeb pelos governos municipais e estaduais. A tarefa poderia ficar a cargo dos Tribunais de Contas dos Estados, diz ele.

As deficiências do ensino básico, como se vê, decorrem mais de inépcia administrativa e de controles eficazes do que de escassez de recursos. Se esses problemas não forem equacionados, o repasse dos recursos do pré-sal e dos royalties do petróleo pouco significará para a educação.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

MUDANÇA À VISTA NA LEI DO PISO



ZH 17 de setembro de 2014 | N° 17925

 
POLÍTICA + | ROSANE DE OLIVEIRA



De quanto será o reajuste do piso do magistério em 2015, se a correção for pelo critério de hoje, que usa o Fundeb como parâmetro? A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) projeta um aumento de 22,7%, considerado impagável por prefeitos e governadores que defendem a correção pelo INPC.

Diante desse quadro, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, está convencido de que, passada a eleição, o governo mobilizará sua base para aprovar o projeto de lei número 3.776, que tramita no Congresso desde 2008, quando a lei do piso foi sancionada. Como a elevada correção é um pesadelo para prefeitos e governadores de diferentes partidos, não será difícil que a mudança seja efetivada, acredita Ziulkoski.

A correção pelo INPC estava prevista no projeto original encaminhado ao Congresso em 2007 pelo então presidente Lula. Foi alterado no Senado graças a um movimento encabeçado pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Lula não quis vetar o artigo e sancionou na íntegra a lei que leva a assinatura dos ministros da Justiça e da Educação à época, Tarso Genro e Fernando Haddad. No mesmo dia, encaminhou o projeto alterando a lei do piso, mas nem ele nem a presidente Dilma Rousseff fizeram qualquer esforço para aprovar a mudança.

Por esta época, no ano passado, a previsão era de que o reajuste do piso, pelo Fundeb, seria de 18%. Em dezembro, o Ministério da Educação refez as contas e, num canetaço, o ministro Aloizio Mercadante fixou o índice de correção em 8,32%. Como a redução sofreu contestação na Justiça, Ziulkoski acredita que a única forma de o governo adotar um reajuste aceitável para prefeitos e governadores é aprovar o projeto que consagra o INPC como indexador.

O governador Tarso Genro é um dos principais defensores da mudança do índice de correção e usa a alteração feita no Congresso como justificativa sempre que é acusado de não cumprir uma lei que ele próprio assinou.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

É HORA DE SER EXIGENTE



ZH 12 de setembro de 2014 | N° 17920



REJANE DE OLIVEIRA*



O cenário político nacional e estadual nos impõe fazer uma retrospectiva das ações dos governos, a relação estabelecida com o conjunto da classe trabalhadora e, principalmente, o programa político aplicado na gestão. A grande dificuldade estabelecida neste cenário político é a tal polarização entre as experiências de governo vividas num passado recente e as atuais.

O que classificávamos de governos de esquerda e direita, hoje, definitivamente, se assemelham pelo programa e prática. Privatizações, isenções fiscais, arrocho salarial, descumprimento de leis como o Piso Nacional dos Educadores, falta de investimento no serviço público etc. Na prática, é inegável a semelhança, alianças fisiológicas, criminalização dos movimentos sociais, perseguição política, corte de salário, ausência de diálogo e autoritarismo.

Não é difícil verificar que esta conjuntura tem como consequência um desânimo político, uma falta de credibilidade na política e nos políticos. As bandeiras vermelhas ficaram pesadas pela falta de referência programática, pela ausência de perspectiva de implementação do programa histórico cons- truído nos tempos da boa política, em que a esperança pela transformação movia os sonhos e as pessoas.

Não podemos desistir, não podemos nos submeter à lógica do menos pior. É preciso enxergar as alternativas que podem e devem ocupar esse espaço vazio, um espaço da antiga esquerda, que se deixou cooptar e se adaptou ao modelo neoliberal, ou corremos o risco de sermos os avalistas de uma política que não servirá para o processo transformador, mas sim para mantermos a política tradicional, que já se mostrou perversa e incapaz de responder às necessidades da população.

A tarefa da verdadeira esquerda é não se adaptar, é não vender a sua consciência. É enxergar a direita e a direita revestida de esquerda.

O período eleitoral é um momento de reflexão e escolhas, com consequências imediatas e para o futuro. Portanto... É hora de ser exigente.

CANDIDATOS E O PISO



ZH 12 de setembro de 2014 | N° 17920



POLÍTICA + | Rosane de Oliveira



SARTORI SURPREENDE PELA SINCERIDADE



Bem que o Cpers tentou colocar os candidatos a governador contra a parede e arrancar de todos um compromisso assinado com11 reivindicações dos professores, entre as quais o pagamento do piso do magistério como básico do plano de carreira. Líder nas pesquisas de intenção de voto, a senadora Ana Amélia Lemos (PP) foi a primeira a participar da sabatina e assinou o documento, mas fez uma ressalva verbal: fará o esforço máximo para pagar o piso.

Ontem, José Ivo Sartori (PMDB) teve uma atitude incomum para um candidato em véspera de eleição: recusou-se a assinar o documento e admitiu propor alterações no plano de carreira para cumprir a lei do piso.

– Quando fui prefeito, cumpri meu papel sem assinar qualquer papel. Nunca fiz isso, não seria agora que eu iria fazer, porque não é da minha conduta. Quem assinou a lei do piso não cumpriu. O que frustra a população é a promessa e as assinaturas indevidas de protocolos que depois não se executam.

Questionado pela presidente do Cpers, Helenir Oliveira, se planeja mexer no plano de carreira, Sartori surpreendeu novamente por falar a verdade, mesmo correndo o risco de perder votos. Admitiu propor a mudança do plano, apesar de saber que os professores não querem ouvir falar de alterações.

– Os professores têm de oferecer uma contrapartida. Não podem ter só exigências. Isso vai fazer parte da conversa. Onde vamos arrumar o dinheiro? Ou temos todos boa vontade ou vamos ficar nessa postura antiga de continuar com o conflito.

Ontem à tarde, Vieira da Cunha (PDT) passou pela mesma sabatina. Disse que vai fazer o possível e o impossível para pagar o piso e assinou a carta apresentada pelo Cpers. Por questões de agenda, Tarso Genro marcou a conversa com o sindicato para o dia 25. A dúvida é: assinará o documento, como Ana Amélia e Vieira, ou seguirá o exemplo de Sartori?

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

POR UMA APLICAÇÃO RACIONAL DE RECURSOS PARA A EDUCAÇÃO


ZH 11 de setembro de 2014 | N° 17919


EDUARDO JOBIM*



Com o novo Plano Nacional de Educação (PNE), 10% do PIB será destinado para a educação. Não podemos errar na prioridade, sendo ela o Ensino Fundamental básico, valorizado e com professores qualificados. Sem investimento alocatício, sofreremos pela parca qualidade dos egressos da escola pública, com baixa qualificação para o mercado e quiçá etapas de graduação e pós. Sem as bases, não há soluções mágicas. Essa etapa é pressuposto lógico e fundamental da prosperidade. O desenvolvimento passa, em síntese, pelo êxito de nossas crianças em adquirirem uma formação adequada em níveis mundiais. Contudo, nessa fase crucial, quem é encarregado são as prefeituras, com raras exceções, incompetentes e que recebem parcos recursos. Gasta- se errado perdendo-se de vista as prioridades nacionais.

Na política implementada na educação, temos um excessivo percentual dos recursos aplicados no Ensino Superior e pós- graduação, o futuro imediato, enquanto o futuro mediato é prejudicado. O primeiro tem um “pai rico”, o governo federal, e o ensino básico um “padrasto pobre” e inoperante. Abraham Maslow, psicólogo famoso no meio empresarial, comprovou que todos nós contamos com uma capacidade diária de aprendizado, uma espécie de “cota diária” que varia subjetivamente. É difícil quantificá-la, mas o fato é que dispomos dessa capacidade de absorção de informações que precisa ser utilizada diariamente, pois é da condição humana e nascemos para construir conhecimento. Ocorre que a “cota diária” não utilizada significa uma oportunidade desperdiçada, pois no dia seguinte haverá outra “cota a ser preenchida”, daí, por conclusão, que o aprendizado é cumulativo.

O tempo da criança na escola é mal aproveitado e merece foco; as crianças desperdiçam sua oportunidade diária de aprendizado ou, segundo Maslow, não preenchem a devida cota. Errando na prioridade, o país perde a chance de tornar- se competitivo no cenário da economia mundial.

*Professor e advogado

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

MAIS A DISTÂNCIA E MAIS TÉCNICO



ZH 10 de setembro de 2014 | N° 17918


ERIK FARINA E FERNANDA DA COSTA



CENSO DO ENSINO SUPERIOR

DADOS DO MINISTÉRIO da Educação consolidam expansão de modalidades na última década. Matrículas cresceram em menor intensidade e houve menos formandos em 2013 em relação a 2012



Menos teoria, mais disciplinas práticas; menos listas de chamadas, mais aulas por videoconferência. O Censo do Ensino Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação, confirmou uma tendência: o brasileiro está buscando cada vez mais cursos tecnológicos – com até dois anos e meio de duração – e a distância.

Das 7,3 milhões de matrículas em 2013, quase 1 milhão foi em cursos mais curtos. Há 11 anos, essa participação era quase nula. O especialista em educação profissional e pesquisador da Feevale Gabriel Grabowski relata que, até pouco tempo, quem ofertava a educação tecnológica eram fundamentalmente as instituições privadas. Nos últimos anos, houve aumento na oferta desse tipo de ensino pelo setor público. Já há mais de 5,7 mil cursos tecnológicos no Brasil.

– Os alunos que procuram os tecnólogos são, em maioria, adultos de 25 a 35 anos, que já estão no mercado de trabalho e buscam Ensino Superior, ou que estão cursando a segunda graduação – explica Grabowski.

O Censo também dimensionou a expansão da Educação a Distância (EAD). Em 10 anos, o número de estudantes passou de 49 mil para 1,1 milhão, colocando a modalidade como responsável por mais de 15% de todas as matrículas em Ensino Superior. Em 2003, esse percentual era de apenas 1,2%.

– A procura (pelo EAD) tem crescido tanto em cidades do Interior, onde nem sempre há variedade de cursos presenciais, quanto nas capitais, em razão da falta de tempo da população e à dificuldade de deslocamento – avalia Waldomiro Loyolla, presidente do Conselho Científico da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed).

Loyolla também atribui a alta procura ao perfil da geração que esta chegando às universidades, mais familiarizada com novas tecnologias e compartilhamento de conhecimento pela internet. Embora sem a mesma volúpia, o crescimento do EAD deve continuar, projeta Waldomiro: em alguns países desenvolvidos, como Holanda e Finlândia, 30% dos formados são por cursos remotos.

OPÇÃO POR UMA FORMAÇÃO RÁPIDA

Modalidades mais rápidas de cursos têm impulsionado o Ensino Superior nos últimos anos – de 2012 para 2013, o número de matrículas cresceu 4% (leia mais ao lado) –, mas não são os únicos motivos para a expansão, avalia Nei Lazzari, reitor da Univates e presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung):

– A propagação de universidades particulares e a maturação de programas federais como Fies e Prouni têm aberto mais espaço para estudantes das classes C e D ingressarem na faculdade.

Conforme Lidio Antonio Barbosa, 59 anos, que cursa o último semestre de Gestão Comercial na Faccentro, em Porto Alegre, a opção pelo tecnólogo foi em razão de ser uma opção mais rápida de formação, que daria o certificado necessário para aumentar as chances de encontrar emprego. Quando se aposentou, Barbosa foi desligado da empresa onde trabalhava.

– Eu já tenho o conhecimento, falta o certificado. Já recebi algumas propostas, e até o final do ano eu espero estar trabalhando – diz.


Número de formados cai pela primeira vez em 10 anos


Pela primeira vez desde 2003, o número de formados caiu em relação ao ano anterior. Foram 991 mil concluintes no ano passado, ante 1,05 milhão em 2012. Conforme especialistas, o motivo pode ser a crise financeira de 2008: quem ingressou naquele ano pode ter tido dificuldade em concluir o curso e abandonado nos primeiros semestres. Seria o grupo que se formaria no ano passado.

O ministro da Educação, Henrique Paim, atribuiu a queda à redução do número de formados na rede privada e ao menor ritmo de matrículas em cursos a distância.


Matrículas no Estado e no país crescem menos


O Rio Grande do Sul é o quarto Estado do país com maior número de pessoas matriculadas em cursos de graduação presencial. Dos 6,1 milhões de acadêmicos do país, 378 mil estudam em instituições gaúchas, o que representa 6% do total. Mas o crescimento sobre o ano passado foi de apenas 2,4%.

– O Estado já estava em um patamar mais avançado de matrículas em Ensino Superior em relação ao país – avalia Nei Lazzari, reitor da Univates e presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung).

O movimento no Rio Grande do Sul acompanha a desaceleração no número de matrículas no Brasil, em particular em instituições públicas. De 2012 para 2013, o crescimento foi de 1,85%, enquanto nos dois anos anteriores, o crescimento foi de quase 7%.

O Estado líder no país é São Paulo, que teve 1,6 milhão de estudantes matriculados no Ensino Superior em 2013. Dos universitários matriculados no Rio Grande do Sul, 289 mil estudam em instituições privadas (77%) e 88 mil em públicas (23%).


Engenharia cresce na preferência de alunos


As matrículas para os cursos de Engenharia tiveram um crescimento de 52% nos últimos quatro anos, em razão de migração de estudantes para uma das áreas no mercado de trabalho que mais crescem.

– Desde 2008, houve uma retomada nos investimentos do país em infraestrutura, e o mercado precisava de mais engenheiros do que podíamos oferecer. Isso resultou em uma valorização dos salários – afirma o diretor da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luiz Carlos Pinto da Silva Filho.

Nos últimos cinco anos, o número de acadêmicos dobrou em algumas engenharias, como a Civil, explica Silva Filho. Dos oito segmentos de cursos de graduação analisados pelo Inep, apenas o de Educação apresentou queda no número de acadêmicos matriculados.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

FALTA DE FUNCIONÁRIOS PREJUDICA ENSINO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

DIÁRIO GAÚCHO 08/09/2014 | 07h01

Jeniffer Gularte

Falta de funcionários prejudica ensino de alunos com deficiência em Canoas. Na Escola de Ensino Fundamental João Palma da Silva, no Bairro Mathias Velho, alunos com deficiência enfrentam dificuldade para aprender devido à falta de monitores


Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS


O ambiente que deveria ser de inclusão para pessoas com deficiência (PCDs) acaba excluindo alunos que precisam de atenção especial para aprender. Por falta de estagiários auxiliares, a Escola de Ensino Fundamental João Palma da Silva, no Bairro Mathias Velho, em Canoas, não consegue atender de forma adequada aos 47 estudantes PCDs e a outros 80 que têm parecer pedagógico que aponta limitações para aprender.

Os números indicam que 12% dos 1.020 matriculados na escola são PCDs. A briga da escola para conseguir estagiários para auxiliar os professores é antiga, mas o problema se agravou com a saída de duas das quatro monitoras que se revezavam nas turmas.

Enquanto isso, na sala de aula, os professores enfrentam um malabarismo diário para dar atenção aos PCDs e ao restante da turma - entre 25 e 30 alunos -, o que acaba comprometendo o aprendizado de todos.

- Temos crianças com dificuldades diferentes na mesma sala. A gente não sabe a quem atender primeiro - conta a professora das séries iniciais Luciane Damasceno Machado, que dá aulas pela manhã e à tarde para turmas com alunos PCDs.

- Têm alunos que gritam, saem porta afora. Em alguns casos, o professor precisa trancar a porta da sala - relata a diretora Isabela Schmitz.

Alunos ajudam-se entre si

Em média, há de um a três PCDs por turma, entre os quais há casos de autismo, síndrome de Down e dificuldade de fala, hiperatividade, paralisia cerebral, déficit intelectual e baixa visão. Segundo a professora Patrícia Ribeiro Rossato, estes alunos precisam de atenção individual, trabalho diferenciado e currículo adaptado. Sem falar na necessidade de ajuda para deslocamento para o banheiro e o recreio.

Na semana passada, a reportagem flagrou alunos auxiliando uma cadeirante do sexto ano a se deslocar até o banheiro. No corredor, eles tentavam achar alguém que pudesse ajudar a estudante no sanitário. Enquanto isso, a professora de Ciências, Caroline Weber, não podia deixar os outros 32 alunos sozinhos na sala:

- Não é fácil, eles precisam de 100% de atenção. Mas aqui na turma ela se dá bem com todo mundo, sempre tem alguém disposto a ajudar.

Menos tempo na sala de aula

Sem alternativas, muitos alunos PCDs acabam reduzindo o tempo de permanência na escola. É o caso de Arthur Ferreira Bello, oito anos, que devido a um aneurisma tem o lado esquerdo do corpo paralisado. A mãe, Nara Ferreira Bello, conta que ele fica apenas uma hora e meia na aula do terceiro ano, período em que a monitora está na sala.

- Meu filho não tem problema de integração, mas sei que ele não vai passar de ano porque não sabe pintar, não reconhece formas - lamenta Nara.

- Como a criança vai se desenvolver se não investem nela agora? Quando meu filho for adulto, espero que ele tenha condições de se manter. Falta olhar com outros olhos para eles - opina a pizzaiola Vera Lúcia Zeferino, 49 anos, mãe de Felipe, 12 anos, aluno do terceiro ano que tem síndrome de Down.

Vera endossa a luta da escola por mais monitoras, pois percebe os avanços do menino:
- Meu filho já escreve (a palavra) maçã e isso é uma vitória para mim.

Todas as 36 turmas da escola tem alunos PCDs. O ideal, segundo a diretora Isabel, seria que cada uma delas tivesse um monitor. 

- Alguns alunos demonstram progresso mas isso (falta de estagiários) compromete o aprendizado. O que estamos solicitando é direito deles e obrigação da mantenedora oferecer - alega a diretora Isabela Schmitz.

Secretário promete concurso e mais estagiários

O concurso público da Secretaria da Educação de Canoas - que terá edital aberto ainda neste mês - é a promessa de solução para o problema. O secretário de Educação, Eliezer Pacheco, explica que será criado o cargo de agente de apoio, profissional com formação de ensino médio que irá auxiliar o professor a lidar com alunos deficientes. Isso, segundo ele, não irá dispensar a contratação de estagiários.

A expectativa é de que a prova ocorra entre os meses de outubro e novembro, e os servidores sejam nomeados antes do início do próximo ano letivo. O número de vagas ainda não está fechado, mas Eliezer explica que serão, em média, dez alunos PCDs por profissional. Atualmente, as 43 escolas de ensino fundamental e as 25 de educação infantil possuem cerca de 2 mil alunos com necessidades especiais. O secretário adianta que o total de vagas não chegará a 200.

A respeito da falta de estagiários na Escola João Palma da Silva, Eliezer afirma que a secretaria já abriu processo seletivo para contratar dois novos monitores que devem chegar à escola nos próximos dias.

- Estagiário tem muita rotatividade porque o salário é simbólico e o trabalho é duro, penoso. Mas ele não fica permanentemente com a criança, o estagiário fica a disposição para auxiliar por isso consegue atender dez alunos. O professor é preparado para atender estes estudantes.

O salário de um estagiário é de cerca de R$ 800,00. Normalmente são contratados estudantes dos cursos de Psicologia e Pedagogia através do CIEE.

ENSINO FUNDAMENTAL FOI DESIGUAL


ZH 08 de setembro de 2014 | N° 17916


EDUCAÇÃO. RESULTADOS DO IDEB

Escolas gaúchas superam a meta do Ministério da Educação nos anos iniciais, seguindo a tendência nacional, mas os finais ficaram abaixo da expectativa no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, calculado a cada dois anos



O Ensino Fundamental gaúcho obteve desempenhos diferenciados na avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do governo federal.

Nos anos iniciais, do primeiro ao quinto, foi superada a meta de 5,3 pontos, conquistando- se 5,6. E, nos anos finais, do sexto ao nono, foram alcançados 4,2 pontos – 0,5 abaixo do objetivo.

Divulgado na sexta-feira, o Ideb mostrou que o Rio Grande do Sul avançou como um todo na educação, passando da nona para a segunda posição no país – empatado com São Paulo e atrás apenas de Goiás. Sobre os rendimentos desiguais no Ensino Fundamental, há explicações. O secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, diz que foi possível investir de forma intensa nos anos iniciais.

Basicamente, foram duas intervenções entre o primeiro e o quinto ano do Fundamental. Azevedo afirma que foi ampliada a formação dos professores e reformulado o currículo, com ênfase na construção do conhecimento. O Ministério da Educação ajudou com a parceria Alfabetização na Idade Certa, via universidades federais.

O segmento dos anos finais do Ensino Fundamental não atingiu a meta, mas cresceu de 4,1 para 4,2 pontos. Azevedo anuncia que o plano, agora, é mudar o currículo da última etapa e reforçar o treinamento dos professores. A proposta está sendo preparada para vigorar a partir do próximo ano, independente das eleições.

– Não fizemos uma intervenção mais intensa nos anos finais, digamos que por falta de pernas – observa o secretário.

A expectativa é de que o investimento nos anos finais do Ensino Fundamental irá beneficiar os alunos do Ensino Médio, onde o Rio Grande do Sul cresceu de 3,7 para 3,9 pontos. Ficou abaixo da meta, que era de 4,3.

– Mudanças na educação têm os melhores frutos a médio e longo prazo. Se não houver descontinuidade, o ritmo será melhor – prevê Azevedo.


O desempenho dos municípios

Picada Café, situada na região da Encosta da Serra, destacou-se no ranking do Ideb, na categoria anos finais do Ensino Fundamental, com 6,1 pontos. Um dos educandários de Picada Café, a Escola Municipal Vinte e Cinco de Julho, conquistou 6,9 pontos. Ficou acima da meta estabelecida para 2021, que era de 6,4 pontos. Com 5,1 mil habitantes, a cidade investe em educação básica como condição para acelerar o desenvolvimento. Nova Petrópolis, que fica ao lado, ficou em segundo lugar entre as melhores nos anos finais.

Outro destaque na educação municipal, mas no segmento dos anos iniciais do Ensino Fundamental, foi Aratiba, localizada no extremo Norte, quase na divisa com Santa Catarina. Alcançou nota 7,4, superando o 6,7 da edição anterior no Ideb.


sábado, 6 de setembro de 2014

ENSINO MÉDIO PIORA EM 16 ESTADOS




Divulgado pelo Ministério da Educação, índice que mede a qualidade do ensino ficou abaixo da meta do governo federal

CAMILA GUIMARÃES
REVISTA ÉPOCA 05/09/2014 16h22 




O estado que obteve a melhor nota foi Goiás, com 3,8, uma melhora de 0,2 em relação a 2009 (Foto: Divulgação)

O ensino médio, a etapa mais problemática do ensino básico brasileiro, teve desempenho medíocre no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Entre 2011 e 2013, o índice recuou em 16 estados e ficou abaixo da meta do governo federal. O índice nacional do ensino médio ficou em 3,7 e a meta era de 3,9. Em 2011, o Ideb já apontava estagnação no avanço da qualidade em relação a 2009. Os governos estaduais são responsáveis por 97% das matrículas nesta etapa de ensino.

Divulgado a cada dois anos pelo Ministério da Educação, o Ideb avalia o desempenho dos alunos da educação básica em português e matemática, além da progressão escolar. É a prova aplicada pelo governo para medir a qualidade da educação em cerca de 190 mil escolas. A nota do Ideb varia de 0 a 6.

Em 2013, o Ideb do ensino médio recuou em São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Ceará, Roraima, Tocantins, Amazonas, Pará, Rio Grande do Norte e Mato Grosso.

O Estado que obteve a melhor nota foi Goiás, com 3,8, uma melhora de 0,2 em relação a 2009. Os outros Estados que melhoraram foram Rio de Janeiro (foi o maior avanço, passou de 15º no ranking estadual para 4º lugar), Pernambuco, Rondônia, Espírito Santo, Distrito Federal, Piauí e Paraíba. Acre e Alagoas ficaram estagnados.

O AVANÇO DO ESTADO NO IDEB



ZH 06 de setembro de 2014 | N° 17914


EDITORIAL





As notas médias do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica caíram em 16 Estados, mas o Rio Grande do Sul saltou da 10ª para a segunda posição.

Visto por educadores como a etapa mais desafiadora do ensino, pelos reflexos que tem na formação profissional, o Ensino Médio registrou uma piora no país de maneira geral, ficando abaixo da meta definida pelo Ministério da Educação (MEC) e com um desempenho muito aquém do registrado em nações desenvolvidas. Nesse quadro, ganha particular importância o salto registrado pelo Ensino Médio estadual no Rio Grande do Sul, que, ao passar de 3,4 pontos em 2011 para 3,7 pontos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2013, subiu do 10º para o segundo lugar no ranking, figurando ao lado de São Paulo. O resultado, promissor, precisa motivar os responsáveis pela formulação de políticas de ensino, para que o Estado continue perseguindo níveis de excelência nessa área.

Com poucas exceções, o Ideb de 2013 vai exigir ações imediatas da parte de governadores. Em nada menos de 16 Estados, as notas médias caíram em relação às de 2011. De maneira geral, o levantamento demonstra que o país superou as metas oficiais no ciclo inicial do Ensino Fundamental (do 1º ao 5º ano). Mas, assim como ocorreu no Ensino Médio, ficou abaixo das pretensões também no final do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano). O resultado apressa a necessidade de providências voltadas tanto para a rede pública (estadual e municipal) quanto para a rede privada. Um dos aspectos relevantes desse indicador é justamente o de facilitar o planejamento e a execução de políticas educacionais com base em metas bianuais definidas até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil.

A vantagem do Ideb é a de simplificar a aferição das políticas educacionais por parte de gestores estaduais e municipais. O trabalho é objetivado porque são levados em conta dois fatores com interferência direta na qualidade da educação: rendimento escolar, com base em taxas de aprovação, reprovação e abandono, e médias de desempenho na Prova Brasil. Isso significa que, para uma escola ou rede alcançar resultado melhor, é preciso que o aluno aprenda a lidar satisfatoriamente com a língua portuguesa e a matemática, mantenha a frequência em sala de aula e não precise repetir o ano. Bons resultados, porém, não dependem unicamente dos estudantes, mas sobretudo de políticas públicas adequadas.

Ensino de qualidade, como o que o país precisa assegurar a todos os brasileiros, exige o aprofundamento de ferramentas como o Ideb e a adoção das correções necessárias. Envolve também a formação, a avaliação constante e a valorização dos educadores.

RS AVANÇA NO ENSINO MÉDIO, MAS NÃO ATINGE METAS

RS tem melhora em todos os níveis de ensino, aponta Ideb Tadeu Vilani/Agencia RBS

ZERO HORA 06 de setembro de 2014 | N° 17914



ITAMAR MELO NILSON MARIANO


IDEB EVOLUÇÃO DO RS. UM ALENTO PARA A EDUCAÇÃO

ESCOLAS GAÚCHAS MELHORAM nos três níveis de avaliação de desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, mas meta estabelecida para anos finais do Fundamental e Ensino Médio não foi atingida



As escolas do Rio Grande do Sul melhoraram entre 2011 e 2013, segundo dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgados ontem pelo governo federal. A pontuação total das redes pública e privada subiu nos três níveis avaliados, fazendo o Estado galgar posições do ranking nacional. Apesar desse avanço, as metas estabelecidas para o Ensino Médio e para os anos finais do Ensino Fundamental não foram atingidas.

O Ideb avalia a qualidade do ensino no país, de dois em dois anos, com base em dados sobre aprovação e desempenho escolar obtidos por meio de avaliações do MEC. Um ponto de destaque nos números divulgados ontem foi o desempenho do Ensino Médio gaúcho. Em um cenário geral de deterioração da qualidade – 13 Estados recuaram no Ideb e cinco ficaram estagnados –, o Rio Grande do Sul viu seu conceito subir de 3,7 para 3,9.

Esse crescimento deveu-se à rede estadual. Enquanto os colégios privados gaúchos retrocederam (o Ideb deles caiu de 5,9 para 5,7 – leia mais na página 24), as escolas estaduais melhoraram a pontuação (de 3,4 para 3,7). Mesmo sem terem atingido a meta (4), saíram do nono posto no ranking nacional de 2011 para o segundo no deste ano, atrás apenas de Goiás e empatadas com São Paulo.

O resultado foi festejado pelo secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, que atribuiu a evolução à reformulação implantada no Médio a partir de 2012. Segundo o secretário, houve reforma no currículo, incentivo à pesquisa, motivação dos estudantes, formação dos professores e melhorias nos prédios escolares. Outra medida de impacto, para o secretário, foi o acréscimo de 600 horas no ano escolar, o que aumentou o tempo de estudo.

– Implantamos uma pedagogia ativa, em que os alunos não são pacientes – afirmou.

Azevedo minimizou o fato de a rede estadual não ter alcançado a meta que estava fixada:

– O importante é que estamos crescendo e melhorando, não só em relação a nós mesmos, mas em relação a outros Estados – argumentou.

Especialistas foram mais contidos na avaliação. Fernando Becker, professor de Psicologia da Educação na UFRGS, avalia que o avanço não é “tão significativo assim”, em termos estatísticos. Disse que outros Estados estagnaram ou decaíram, o que facilitou a progressão gaúcha. No Ensino Médio público, 16 Estados pioraram.

– Pode-se considerar que houve uma melhora, mas não uma melhora absoluta. Deve ser comparada ao que está acontecendo com os outros – observou.

Nos anos iniciais do Ensino Fundamental (do 1º ao 5º), o Rio Grande do Sul como um todo também melhorou, passando de oitavo para sétimo lugar no ranking. Houve avanços na rede pública (de 5,1 para 5,4) e na rede privada (6,7 para 7,2), que conseguiram suplantar a meta (respectivamente de 5,2 e 6,7). As escolas estaduais deram um salto nesse nível de ensino (de 5,1 para 5,5), mas se mantiveram na sétima posição em comparação com os demais Estados. O resultado também foi atribuído pela secretaria a uma reformulação dos currículos.

Para a coordenadora-geral do movimento Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, é necessário ponderar que os Estados do Sul e do Sudeste se beneficiam por ter historicamente um nível mais alto.

– É um resultado que dá para nos deixar felizes, mas é preciso ressaltar que dadas as condições econômicas seria possível avançar ainda mais nessas regiões.

RESULTADOS MODESTOS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Os resultados mais modestos vieram nos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º). A meta gaúcha era um Ideb de 4,7, mas o Estado avançou muito pouco (de 4,1 para 4,2) e ficou longe de atingir o objetivo. Obteve apenas a 12ª melhor posição nacional. Nesse nível, a rede estadual, que se destacou nos outros ciclos da Educação Básica, avançou apenas 0,1 ponto, aparecendo como a nona no ranking. Azevedo disse que etapa ainda não foi possível realizar uma reformulação.

– Os anos finais do Ensino Fundamental foram totalmente esquecidos no país, não há política, está mal equacionada, as escolas têm dificuldades. Essa estrutura mal resolvida nos anos finais tem reflexo no Ensino Médio – avalia Alejandra.

No cenário nacional, o Ensino Médio e os anos finais do Fundamental não conseguiram atingir as metas previstas de qualidade. O ensino secundário, aliás, não evoluiu nada em comparação com 2011. Nos anos iniciais, o Ideb superou a meta em 0,3 ponto. O ministro da Educação, Henrique Paim, disse considerar que, futuramente, o avanço dos anos iniciais poderá ter impacto positivo nas etapas posteriores. Quanto ao Médio, disse que medidas estão em estudo:

– Precisamos ampliar a flexibilidade do currículo.

ENSINO PRIVADO DO RS PERDE PONTOS NO IDEB

ZERO HORA 05/09/2014 | 22h38

Ensino privado do Rio Grande do Sul perde pontos no Ideb. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi divulgado na tarde desta sexta-feira pelo Ministério da Educação



Foto: Claudio Vaz / Agencia RBS


Na contramão dos avanços conquistados pela escola pública, o ensino privado gaúcho perdeu pontos no Ideb, recuando de 5,9 para 5,7 na avaliação do Ensino Médio. O presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe) no Estado, Bruno Eizerik, disse que o setor irá analisar detidamente os resultados e tirar suas conclusões.


Eizerik não quis se manifestar mais aprofundadamente sobre o balanço do Ideb, nesta sexta-feira, porque estava digerindo os dados. No entanto, de forma genérica, disse que a posição foi "boa", mas não deixou as direções dos colégios satisfeitas. O dirigente comentou que a aferição do Ministério da Educação via Ideb é feita por amostragem, o que traz dificuldades. Exemplifiou que uma escola participa numa edição, mas não continua sendo testada posteriormente. É substituída por outra.

— O Sinepe não compactua muito com rankings e comparativos, ainda mais o Ideb, que é feito por amostragem — afirmou Eizerik.

Para Fernando Becker, professor de Psicologia da Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), existem sinais que podem explicar a perda de qualidade de escolas particulares. Um deles é "o desvio perigoso" de buscar recursos na literatura de auto-ajuda, em desprestígio à ciência.

— Escola tem de ensinar o que a ciência produziu, não o senso comum, que inclui a auto-ajuda — disse.

Outra evidência é a defasagem tecnológica entre professores e alunos, a maioria de famílias abastadas, que dispõem de tablets e iPhones. Em função do descompasso, alerta Becker, as aulas são mais de auditório do que de laboratório. Deveria ser ao contrário, para que o aprendizado melhorasse.

— Essas situações estão botando o magistério do ensino privado contra a parede, e ele não está sabendo reagir — observou.

A coordenadora geral do movimento Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, disse que a queda na performance da rede privada merece atenção, por interessar a sociedade. Sugeriu que as secretarias estaduais se preocupem, mesmo não sendo responsáveis pela prestação do serviço.



http://infogr.am/rede-privada-no-ideb?src=web

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ENSINO SUPERIOR NA MIRA DA JUSTIÇA


ZH 03 de setembro de 2014 | N° 17911


JÚLIA OTERO 


PELOTAS. Concessão de bolsas de pesquisa está sob suspeita no sul do Estado. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL investiga suposta fraude envolvendo distribuição de verbase funções gratificadas a pessoas próximas ao reitor da Universidade Federal de Pelotas

Um suposto esquema de distribuição de bolsas de pesquisa na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e suas fundações de apoio está sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF), revelou ontem reportagem da Rádio Gaúcha.

Conforme apuração do MPF, as bolsas que deveriam ter sido divulgadas para toda a universidade eram, na realidade, direcionadas a pessoas próximas ao reitor, Mauro del Pino. Os favorecidos teriam recebido funções gratificadas logo após a posse do reitor, e não teriam qualquer envolvimento com as áreas que supostamente estudariam.

Um dos casos suspeitos envolveria Gilberto Luis da Silva Carvalho, cujo nome aparece no Portal da Transparência com o cargo de servente de limpeza da universidade. Carvalho teria recebido R$ 12 mil para um estudo sobre vitivinicultura.

Outro caso que chamou a atenção do MPF foi o de Cristiano Guedes Pinheiro, que presidia as fundações de apoio – órgãos que recebiam verbas para estudo –, e se beneficiava de duas bolsas, sendo uma também para vitivinicultura, a mesma concedida ao servente de limpeza. O MPF vai investigar se as pesquisas realmente foram feitas.

– O presidente das fundações era também bolsista dessas instituições. Recebia valores que eram o dobro do que um bolsista de doutorado recebe geralmente. Na UFPel, há um total descontrole das bolsas – afirmou o procurador da República, Max Palombo.

Pinheiro, doutorando em Educação, teria recebido R$ 36 mil para ministrar 180 palestras em inspeção agropecuária, em 120 dias. Palombo também avisou que deverá pedir a restituição dos valores que teriam sido distribuídos indevidamente.

Sindicância da UFPel vai apurar denúncias


A concessão de bolsas de pesquisas não é ilegal, mas depende de critérios. O beneficiado tem de ter um mínimo de afinidade com o assunto a ser estudado e, se for professor, a bolsa prevê carga horária máxima de 20 horas semanais e valor limite de 50% do salário.

A investigação constatou que essa proporcionalidade não foi cumprida em alguns casos, como do pesquisador com pós-doutorado em Harvard, Luiz Augusto Facchini. Apesar de não ter cargo comissionado, a remuneração que recebia, somada ao salário, resultava em um valor superior aos ganhos de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

– É ilegal. Ninguém pode receber mais do que o teto constitucional. Todo servidor público deveria saber disso. Eu não considero que seja uma boa prática a pessoa que não tem nenhuma afinidade com o objeto do convênio se beneficie de bolsa – diz o chefe da unidade de auditoria interna da UFPel, Elias Medeiros Vieira.

Outro item que surpreendeu os investigadores foi a solicitação de diárias feita por Facchini neste ano. Ele teria gasto R$ 8 mil com 40 diárias no hotel Praiamar, em Natal (RN), que, em página na internet, informa estar localizado na melhor área da cidade, perto dos melhores bares e do mar.

A oposição ao reitor Mauro del Pino critica a nomeação de assessores, por alguns terem sido da comissão eleitoral que o elegeu. Um dos nomes apontados é o de Hemerson Luis Pase, professor adjunto que integrou a comissão eleitoral agraciado com uma função gratificada de assessor, tendo recebido mais de R$ 30 mil para projetos e, posteriormente, ter sido promovido a coordenador de convênios de toda a universidade.

A UFPel abriu uma sindicância para apurar os casos denunciados.


CONTRAPONTOS


LUIZ AUGUSTO FACCHINI - Disse que não passou 40 dias em Natal e que emitiu nota falsa para cobrir gastos de uma defesa de conclusão de curso. Afirmou que a fundação de apoio teria se esquecido de reservar o local – a emissão da nota falsa teria sido a maneira encontrada para manter o evento. Em relação à remuneração, defende que não há jurisprudência que defina com rigor o teto ser alcançado com bolsas.

GILBERTO LUIS DA SILVA CARVALHO - Não quis se pronunciar.

HEMERSON LUIS PASE - Disse que não contrariou qualquer legislação.

CRISTIANO GUEDES PINHEIRO - Não retornou as ligações feitas pela reportagem.

REITOR MAURO DEL PINO - Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, disse que já afastou os quatro servidores que receberam as bolsas. Eles também teriam perdido as funções gratificadas e ficarão sem exercer suas funções até que o caso seja apurado. Afirmou que ficou definido que quem havia recebido mais do que o teto constitucional teria de devolver o dinheiro.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

ALUNOS PROTESTAM POR SEGURANÇA NO ENTORNO DE ESCOLAS

DIÁRIO GAÚCHO 01/09/2014 | 17h43

Cristiane Bazilio

Alunos protestam por segurança no entorno de escolas do Rubem Berta. Estudantes da Escola Técnica Estadual José Feijó fecharam parcialmente a Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, na Zona Norte da Capital. Eles se queixam da rotina de assaltos e violência na região



Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS


Amedrontados pela violência e cansados da rotina de assaltos, alunos da Escola Técnica Estadual José Feijó, localizada na Rua Enéas Flores, no Bairro Rubem Berta, na Capital, realizaram um protesto no final da manhã desta segunda-feira, pedindo mais segurança.

Cerca de 50 estudantes, munidos com cartazes, bandeiras e megafone reuniram-se em frente à escola, de onde partiram em caminhada até a Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, a alguns metros dali, onde, segundo eles, ocorre o maior número de abordagens dos criminosos.

- Já contamos pelo menos dezesseis assaltos em duas semanas. Já aconteceu de quatro alunos serem atacados no mesmo dia. Levam, principalmente, tênis e celular. Tem gente com medo de vir pra escola, alunos faltando aula. Queremos que alguém nos escute e nos ajude. Só estamos pedindo segurança para podermos ir a aula tranquilamente - explica a estudante Taís Jardim, organizadora da manifestação.

Comandante do 20ª BPM, o tenente-coronel Marcelo Pitta se disse surpreso com os relatos do alto índice de assaltos no entorno escolar, uma vez que não têm chegado até ele registros de ocorrência destas situações.

- Me causa estranheza esta informação, porque temos uma patrulha escolar diariamente circulando na região, das 7h às 23h, e que fica em contato direto com os representantes das escolas. Os diretores têm, inclusive, o celular do patrulheiro para acioná-lo sempre que necessário - afirma.

Para o vice-diretor da instituição de ensino, Jorge Luis Oliveira Coelho, no entanto, a atenção dispensada pela Brigada Militar às escolas da região é insuficiente, tendo em vista o número reduzido de efetivo nas ruas.

- Existe uma patrulha escolar que faz a segurança das escolas da região, mas é insuficiente, porque é uma viatura para atender muitas escolas. Do portão para dentro, eu faço a minha parte para garantir a segurança dos alunos, mas quando eles saem para a rua não tenho como protegê-los - lamenta.

Segundo Jorge Luis, uma reunião com o comando da Brigada Militar deve ser marcada para os próximos dias para tratar a questão da segurança na região. Ele admite e concorda com uma queixa recorrente da polícia no que diz respeito às queixas de assaltos: a de que as pessoas não registram boletim de ocorrência, o que dificulta a ação policial ostensiva, como explica o comandante do 20º BPM.

- Não temos registros destes assaltos, portanto, não temos como saber desta situação e da necessidade de uma ação específica em determinada escola. É importante que as pessoas que estão sofrendo estes ataques façam os registros de ocorrência para que isso possa gerar uma demanda - orienta.

Nas proximidades da José Feijó, estão localizadas ainda, pelo menos, outras três escolas: Ginásio Estadual Padre Leo, escola Estadual de 1º Grau Professora Luíza Teixeira Lauffer e Instituto de Educação São Francisco. Contatadas pelo Diário Gaúcho, todas admitiram ter conhecimento de casos de alunos que já foram assaltados na chegada ou saída das aulas.