JORGE BARCELOS, DOUTORANDO EM EDUCAÇÃO/UFRGS - ZERO HORA 30/11/2011
Gosto muito do Jose Clovis. Sua história está inscrita na DS: como na história de Asterix, que habita o último reduto não ocupado pelos romanos na Gália, Jose Clovis habita o último reduto petista não entregue ao jogo da política tradicional. Para resistir aos romanos, na história de Goscinny e Uderzo, os aldeões contavam com uma poção mágica preparada pelo druida Panoramix. Só Obelix não precisa da poção, já que caiu no caldeirão dela quando era criança. A poção mágica de Jose Clovis se chama politecnia. A proposta de Ensino Médio politécnico é, na realidade, o sonho de todo militante de esquerda: ela é o outro nome da educação socialista, educação crítica do sistema capitalista inspirada nos estudos de Marx, Engels e Lênin incorporados ao pensamento educacional brasileiro de esquerda através do GT Trabalho e Educação da Anped e o termo dominante do pensamento dos educadores durante a década de 90.
Precisamos de uma educação de esquerda? É claro que sim, urgentemente. A proposta de Jose Clovis é boa, mas ainda tem a avançar neste sentido. Primeiro, a SEC precisa mostrar capacidade de organização dos debates; segundo, precisa manter a posição de abertura, porque é uma construção coletiva, e, terceiro, precisa enfrentar a contradição de base do projeto: como efetivar uma proposta educacional socialista no interior do capitalismo? Socialista, a grosso modo, porque a proposta quer “desenvolver consciências críticas capazes de compreender a nova realidade” ao mesmo tempo em que quer “atender às demandas do mundo do trabalho para a educação”. É aí que mostra sua fragilidade. Ela coloca a educação “no espaço de lutas sociais pela emancipação do ser humano” (p. 18), mas como fazer isso no interior do capitalismo, justamente o regime no qual a educação é vista como um “custo morto” (Kurz) e em que, quanto maior a oferta de mão de obra qualificada, maior a desvalorização da força de trabalho?
A questão é fornecer ao aluno os instrumentos que lhe permitam construir coletivamente um projeto de mudança social – e é isso, justamente, o que não está em questão, já que a proposta prevê no Anexo 3 que a implantação de novos cursos atenderá aos critérios dos Arranjos Produtivos Locais (APL), numa palavra, as empresas das regiões. Quer dizer, a proposta de politecnia é um avanço frente ao taylorismo, mas é um avanço relativo, já que subentende que o monopólio do poder sobre as condições de trabalho permanece com o Capital. Para ser uma proposta radical, desejo que bate oculto no coração da DS, seu foco deve voltar-se não para o imediatismo do mercado de trabalho, mas para o desenvolvimento das potencialidades libertárias pelo trabalho contra a exploração do capital.
Isso não significa negar a possibilidade da educação socialista ou da proposta apresentada, ao contrário. Acontece com a proposta da SEC algo semelhante à publicidade: uma parte da proposta atinge o alvo, mas não se sabe qual é. A politecnia pode ser uma boa poção mágica, mas ela só funcionará se for como a poção de Asterix, radical na sua forma e capaz de transformar os alunos em seres indestrutíveis frente às forças do capital. Aliás, melhor seria se os alunos caíssem de inteiro no caldeirão de suas ideias. Mas isto é outra história.
Este blog mostrará as deficiências, o sucateamento, o descaso, a indisciplina, a ausência de autoridade, os baixos salários, o bullying, a insegurança e a violência que contaminam o ensino, a educação, a cultura, o civismo, a cidadania, a formação, a profissionalização e o futuro do jovem brasileiro.
EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
O DESAFIO DO ENSINO MÉDIO
JOSÉ CLOVIS DE AZEVEDO, SECRETÁRIO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO RS - ZERO HORA 30/11/2011
O Ensino Médio concentra os problemas mais graves da Educação Básica. Desde os anos 1930 que a então denominada educação secundária foi dividida em ensino propedêutico, formação geral voltada ao prosseguimento dos estudos, e educação técnica, com afunilamento profissional. Estabeleceu-se, na prática, o chamado sistema dual. O ensino profissional para os alunos das classes menos favorecidas, e o ensino das letras e das ciências para os socialmente bem situados. Em 1971, a Lei 5.692 tentou quebrar essa dualidade, implantando compulsoriamente o ensino profissionalizante para todos. O caráter impositivo da medida e a ausência de condições materiais e intelectuais para a sua implantação determinaram seu insucesso. Desde então, o Ensino Médio perdeu a sua identidade, com resultados danosos para a juventude.
O diagnóstico desse nível de ensino revela-nos um quadro insustentável, com resultados que agridem a ética e os padrões mínimos de qualidade que se esperam de uma atividade pública financiada pelo esforço do conjunto da sociedade. Temos hoje na rede pública do Estado um índice de reprovação e abandono que reproduz a situação nacional, superior a 30%. Ou seja, de cada mil alunos que ingressam, 300 são reprovados ou abandonam a escola. Significa que, dos aproximadamente R$ 2 bilhões que o Estado investe a cada ano no Ensino Médio, um terço perde-se no “ralo” do abandono e da reprovação. Mas mais grave que a perda material é a perda humana – os milhares de jovens que veem frustrados os sonhos de conquista de uma vida melhor pela educação.
Em tempo, o Conselho Nacional de Educação emitiu as novas diretrizes para o Ensino Médio, que irá orientar-se pelos eixos – Trabalho, Ciência, Cultura e Tecnologia – que deverão estruturar o currículo em quatro áreas: Linguagens e suas tecnologias; Ciências Humanas e suas tecnologias; Ciências da Natureza e suas tecnologias e Matemática e suas tecnologias. Seguindo estas diretrizes, o governo do Estado colocou em discussão, desde setembro, uma ampla reforma curricular propondo um Ensino Médio que dialogue com o mundo do trabalho, embora não profissionalizante, e o Ensino Médio profissionalizante, com a educação profissional integrada à educação geral. Esta proposta será implantada em três anos, oportunizando o amplo debate com comunidades escolares, entidades educacionais e, sobretudo, com o protagonismo dos educadores. O nosso objetivo é superar a desmotivação da nossa juventude e resgatar a identidade deste nível de ensino, possibilitando a formação de cidadãos globais humanizados e tecnicamente competentes.
O Ensino Médio concentra os problemas mais graves da Educação Básica. Desde os anos 1930 que a então denominada educação secundária foi dividida em ensino propedêutico, formação geral voltada ao prosseguimento dos estudos, e educação técnica, com afunilamento profissional. Estabeleceu-se, na prática, o chamado sistema dual. O ensino profissional para os alunos das classes menos favorecidas, e o ensino das letras e das ciências para os socialmente bem situados. Em 1971, a Lei 5.692 tentou quebrar essa dualidade, implantando compulsoriamente o ensino profissionalizante para todos. O caráter impositivo da medida e a ausência de condições materiais e intelectuais para a sua implantação determinaram seu insucesso. Desde então, o Ensino Médio perdeu a sua identidade, com resultados danosos para a juventude.
O diagnóstico desse nível de ensino revela-nos um quadro insustentável, com resultados que agridem a ética e os padrões mínimos de qualidade que se esperam de uma atividade pública financiada pelo esforço do conjunto da sociedade. Temos hoje na rede pública do Estado um índice de reprovação e abandono que reproduz a situação nacional, superior a 30%. Ou seja, de cada mil alunos que ingressam, 300 são reprovados ou abandonam a escola. Significa que, dos aproximadamente R$ 2 bilhões que o Estado investe a cada ano no Ensino Médio, um terço perde-se no “ralo” do abandono e da reprovação. Mas mais grave que a perda material é a perda humana – os milhares de jovens que veem frustrados os sonhos de conquista de uma vida melhor pela educação.
Em tempo, o Conselho Nacional de Educação emitiu as novas diretrizes para o Ensino Médio, que irá orientar-se pelos eixos – Trabalho, Ciência, Cultura e Tecnologia – que deverão estruturar o currículo em quatro áreas: Linguagens e suas tecnologias; Ciências Humanas e suas tecnologias; Ciências da Natureza e suas tecnologias e Matemática e suas tecnologias. Seguindo estas diretrizes, o governo do Estado colocou em discussão, desde setembro, uma ampla reforma curricular propondo um Ensino Médio que dialogue com o mundo do trabalho, embora não profissionalizante, e o Ensino Médio profissionalizante, com a educação profissional integrada à educação geral. Esta proposta será implantada em três anos, oportunizando o amplo debate com comunidades escolares, entidades educacionais e, sobretudo, com o protagonismo dos educadores. O nosso objetivo é superar a desmotivação da nossa juventude e resgatar a identidade deste nível de ensino, possibilitando a formação de cidadãos globais humanizados e tecnicamente competentes.
domingo, 27 de novembro de 2011
A REFORMA DO ENSINO MÉDIO
DANILO GANDIN, PROFESSOR, ESCRITOR E CONFERENCISTA - ZERO HORA 27/11/2011
O 4º Congresso Internacional de Inovação, realizado na Fiergs nos dias 16 e 17 de novembro, começou com um painel chamado “Educação: Novos Fluxos de Conhecimento”. Durante toda a manhã, falaram seis excelentes painelistas: dois pesquisadores da educação, uma da Alemanha e outro dos Estados Unidos, o criador da Escola da Ponte, de Portugal, o presidente do Instituto Alfa e Beto, o diretor regional da Abimaq e a representante da Secretaria de Educação do RS.
Todos convergiram em duas direções fundamentais: a primeira sobre a necessidade de mudanças profundas nas escolas, para acompanhar as exigências feitas pelas realidades atuais; a segunda sobre as principais características dessas mudanças.
Nesta segunda linha de reflexão, há uma concordância entre o que eles disseram e aquilo a que chegam os estudos mundiais e brasileiros desde a década de 70. Tomo como paradigma, porque representam muitas outras propostas, as conclusões da conferência mundial sobre Ensino Superior da Unesco, especialmente dirigidas ao século 21 e publicadas em As Demandas do Mundo do Trabalho, de Ulrich Teichler, Centro para a Pesquisa sobre Ensino Superior da Universidade de Kassel, Alemanha.
Embora essas conclusões refiram-se ao Ensino Superior, elas concordam com tudo que os teóricos pensam para o Ensino Médio. Lembro-me de uma reunião entre empresários gaúchos e o então Departamento de Educação Média da SEC/RS, nos primeiros anos da década de 70, em que os empresários disseram aos educadores: “Ensinem filosofia, o resto da profissionalização nós fazemos”.
São como 10 mandamentos que reproduzo a seguir. Seja flexível, isto é, não se especialize demais. Invista na criatividade, não só no conhecimento. Aprenda a lidar com incertezas (o mundo está assim). Prepare-se para estudar durante toda a vida. Tenha habilidades sociais e capacidade de expressão. Saiba trabalhar em grupo, bons empregos exigem isto. Esteja pronto para assumir responsabilidades. Busque ser empreendedor, talvez você crie seu emprego. Entenda as diferenças culturais (o trabalho se globalizou). Adquira intimidade com novas tecnologias, como a internet.
O Ensino Médio nunca teve uma identidade própria; sempre representou um hiato entre o Ensino Fundamental e o Ensino Superior, suportando os “conhecimentos” formalizados do vestibular. Julgo serem estes 10 mandamentos um referencial suficiente para dar-lhe uma direção. Uma proposta deste tipo será, também, uma vacina contra a ideia de profissionalização universal no Ensino Médio; sabemos que isto aprofundaria a diferença entre escolas para ricos e escolas para pobres. Uma proposta assim também evitará o erro da década de 70; vivemos uma situação parecida, com um crescimento econômico importante, com a consequente falta de mão de obra especializada. Não é hora de fazer do Ensino Médio o lugar da profissionalização, mas de ter escolas técnicas, não muitas, mas de qualidade, de dar a todos um ensino transdisciplinar (não interdisciplinar), de retomar a vocação dos cursos mais rápidos do Senac, Senai, Senar... e de abrir facilidades para que empresas ofereçam cursos de preparação de profissionais, com rapidez e com destino já determinado.
ZEROHORA.COM. Você concorda que o Ensino Médio não deve ser profissionalizado?
O 4º Congresso Internacional de Inovação, realizado na Fiergs nos dias 16 e 17 de novembro, começou com um painel chamado “Educação: Novos Fluxos de Conhecimento”. Durante toda a manhã, falaram seis excelentes painelistas: dois pesquisadores da educação, uma da Alemanha e outro dos Estados Unidos, o criador da Escola da Ponte, de Portugal, o presidente do Instituto Alfa e Beto, o diretor regional da Abimaq e a representante da Secretaria de Educação do RS.
Todos convergiram em duas direções fundamentais: a primeira sobre a necessidade de mudanças profundas nas escolas, para acompanhar as exigências feitas pelas realidades atuais; a segunda sobre as principais características dessas mudanças.
Nesta segunda linha de reflexão, há uma concordância entre o que eles disseram e aquilo a que chegam os estudos mundiais e brasileiros desde a década de 70. Tomo como paradigma, porque representam muitas outras propostas, as conclusões da conferência mundial sobre Ensino Superior da Unesco, especialmente dirigidas ao século 21 e publicadas em As Demandas do Mundo do Trabalho, de Ulrich Teichler, Centro para a Pesquisa sobre Ensino Superior da Universidade de Kassel, Alemanha.
Embora essas conclusões refiram-se ao Ensino Superior, elas concordam com tudo que os teóricos pensam para o Ensino Médio. Lembro-me de uma reunião entre empresários gaúchos e o então Departamento de Educação Média da SEC/RS, nos primeiros anos da década de 70, em que os empresários disseram aos educadores: “Ensinem filosofia, o resto da profissionalização nós fazemos”.
São como 10 mandamentos que reproduzo a seguir. Seja flexível, isto é, não se especialize demais. Invista na criatividade, não só no conhecimento. Aprenda a lidar com incertezas (o mundo está assim). Prepare-se para estudar durante toda a vida. Tenha habilidades sociais e capacidade de expressão. Saiba trabalhar em grupo, bons empregos exigem isto. Esteja pronto para assumir responsabilidades. Busque ser empreendedor, talvez você crie seu emprego. Entenda as diferenças culturais (o trabalho se globalizou). Adquira intimidade com novas tecnologias, como a internet.
O Ensino Médio nunca teve uma identidade própria; sempre representou um hiato entre o Ensino Fundamental e o Ensino Superior, suportando os “conhecimentos” formalizados do vestibular. Julgo serem estes 10 mandamentos um referencial suficiente para dar-lhe uma direção. Uma proposta deste tipo será, também, uma vacina contra a ideia de profissionalização universal no Ensino Médio; sabemos que isto aprofundaria a diferença entre escolas para ricos e escolas para pobres. Uma proposta assim também evitará o erro da década de 70; vivemos uma situação parecida, com um crescimento econômico importante, com a consequente falta de mão de obra especializada. Não é hora de fazer do Ensino Médio o lugar da profissionalização, mas de ter escolas técnicas, não muitas, mas de qualidade, de dar a todos um ensino transdisciplinar (não interdisciplinar), de retomar a vocação dos cursos mais rápidos do Senac, Senai, Senar... e de abrir facilidades para que empresas ofereçam cursos de preparação de profissionais, com rapidez e com destino já determinado.
ZEROHORA.COM. Você concorda que o Ensino Médio não deve ser profissionalizado?
NÃO HÁ GREVE, DIZ GOVERNADOR TARSO
Tarso diz que não há greve de professores no Estado. Segundo governador, houve apenas faltas ao serviço - CORREIO DO POVO, 26/11/2011 19:27
O governador do Estado Tarso Genro falou, na tarde deste sábado, sobre a paralisação dos professores da rede pública de ensino estadual, que teve início após assembleia convocada pelo Cpers na semana passada. “Nossa avaliação é de que não teve greve, teve algumas faltas ao serviço. Isso não nos tira o respeito pelo movimento, mas greve não houve”, disse, durante lançamento da nova corrente do PT, em evento no Cais do Porto, na Capital.
Tarso não quis comentar se os servidores serão chamados para conversar. "Não há nenhuma discussão interna. Recebemos o pedido do Cpers para uma audiência e estamos analisando.”
Acampados em frente ao Palácio Piratini, os grevistas pressionam por uma reunião com a Casa Civil. Na última quinta-feira, eles ratificaram a decisão de paralisar as atividades. No dia seguinte, Tarso sinalizou que poderia receber representantes do Cpers se essa fosse uma exigência para as negociações do fim da paralisação do Magistério. A Secretaria da Educação calcula que cerca de 5% dos servidores aderiram à greve.
Gratificações na Secretaria da Fazenda
Sobre o Projeto de Lei encaminhado em regime de urgência à Assembleia Legislativa e que garante aumento nas gratificações de servidores da Secretaria da Fazenda, Tarso disse que há uma determinação do próprio Ministério Público sobre o tema. “Estamos renovando os salários. Eles (servidores da Fazenda) tiveram um aumento salarial real de 6%, não chega a um terço do que demos para os soldados. O Ministério Público tinha nos comunicado que a gratificação tal qual estava sendo paga não podia continuar”, afirmou.
O projeto incorpora 45% das gratificações aos salários básicos. A partir de 2013, o impacto financeiro para o reajuste, que vai beneficiar mais de três mil servidores da Fazenda, chegará próximo dos R$ 90 milhões.
Nova corrente do PT
A nova tendência política no PT, Socialismo XXI, nasce como a segunda maior do partido no Estado. O grupo é encabeçado pelo prefeito de Canoas, Jairo Jorge, e apoia a pré-candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde, à prefeitura da Capital.
O governador do Estado Tarso Genro falou, na tarde deste sábado, sobre a paralisação dos professores da rede pública de ensino estadual, que teve início após assembleia convocada pelo Cpers na semana passada. “Nossa avaliação é de que não teve greve, teve algumas faltas ao serviço. Isso não nos tira o respeito pelo movimento, mas greve não houve”, disse, durante lançamento da nova corrente do PT, em evento no Cais do Porto, na Capital.
Tarso não quis comentar se os servidores serão chamados para conversar. "Não há nenhuma discussão interna. Recebemos o pedido do Cpers para uma audiência e estamos analisando.”
Acampados em frente ao Palácio Piratini, os grevistas pressionam por uma reunião com a Casa Civil. Na última quinta-feira, eles ratificaram a decisão de paralisar as atividades. No dia seguinte, Tarso sinalizou que poderia receber representantes do Cpers se essa fosse uma exigência para as negociações do fim da paralisação do Magistério. A Secretaria da Educação calcula que cerca de 5% dos servidores aderiram à greve.
Gratificações na Secretaria da Fazenda
Sobre o Projeto de Lei encaminhado em regime de urgência à Assembleia Legislativa e que garante aumento nas gratificações de servidores da Secretaria da Fazenda, Tarso disse que há uma determinação do próprio Ministério Público sobre o tema. “Estamos renovando os salários. Eles (servidores da Fazenda) tiveram um aumento salarial real de 6%, não chega a um terço do que demos para os soldados. O Ministério Público tinha nos comunicado que a gratificação tal qual estava sendo paga não podia continuar”, afirmou.
O projeto incorpora 45% das gratificações aos salários básicos. A partir de 2013, o impacto financeiro para o reajuste, que vai beneficiar mais de três mil servidores da Fazenda, chegará próximo dos R$ 90 milhões.
Nova corrente do PT
A nova tendência política no PT, Socialismo XXI, nasce como a segunda maior do partido no Estado. O grupo é encabeçado pelo prefeito de Canoas, Jairo Jorge, e apoia a pré-candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde, à prefeitura da Capital.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
BM APOIA CAMPANHA CONTRA BULLYING
Coronel Mello (C) recebeu convite do TF Teen de Ana, Angélica e Canal - CORREIO DO POVO, 23/11/2011
Para disseminar a importância da boa convivência entre os jovens e combater o bullying, ocorrerá sábado o 1 Encontro TF Teen: Todos Juntos contra o Bullying, às 14h30min, na Câmara Municipal. O vereador Waldir Canal (PRB), um dos apoiadores do evento, acompanhado da coordenadora do TF Teen, Angélica Guedes, e da coordenadora auxiliar da Escola Bíblica Infantil de Porto Alegre, Ana Oliveira, convidou o chefe do Estado Maior da Brigada Militar, coronel Valmor Araújo de Mello, que destacou a importância da realização de campanhas socioeducativas e deu apoio ao evento. "A Brigada também tem desenvolvido projetos de prevenção ao bullying e às drogas nas escolas, como o Proerd", salientou.
Angélica explicou que o evento buscará discutir o bullying nas escolas, em clubes e no convívio social. Em reconhecimento ao trabalho com adolescentes, Canal entregará uma homenagem do Legislativo ao projeto TF Teen, que conta com mais de 800 jovens em Porto Alegre.
Para disseminar a importância da boa convivência entre os jovens e combater o bullying, ocorrerá sábado o 1 Encontro TF Teen: Todos Juntos contra o Bullying, às 14h30min, na Câmara Municipal. O vereador Waldir Canal (PRB), um dos apoiadores do evento, acompanhado da coordenadora do TF Teen, Angélica Guedes, e da coordenadora auxiliar da Escola Bíblica Infantil de Porto Alegre, Ana Oliveira, convidou o chefe do Estado Maior da Brigada Militar, coronel Valmor Araújo de Mello, que destacou a importância da realização de campanhas socioeducativas e deu apoio ao evento. "A Brigada também tem desenvolvido projetos de prevenção ao bullying e às drogas nas escolas, como o Proerd", salientou.
Angélica explicou que o evento buscará discutir o bullying nas escolas, em clubes e no convívio social. Em reconhecimento ao trabalho com adolescentes, Canal entregará uma homenagem do Legislativo ao projeto TF Teen, que conta com mais de 800 jovens em Porto Alegre.
A RECEITA CATARINENSE
Como SC paga o piso ao magistério. Após greve, mudança no plano de carreira permitiu que governo do Estado vizinho pagasse os R$ 1.187 a professores desde julho - MARCELO GONZATTO, zero hora, 23/11/2011
Os professores catarinenses conquistaram, este ano, o piso salarial pelo qual o magistério gaúcho faz greve. Para garanti-lo, porém, aceitaram o que os colegas gaúchos recusam e o próprio governo descarta fazer: mudanças no plano de carreira. O exemplo do Estado ajuda a ilustrar os desafios para o cumprimento da meta. Agravados, no caso rio-grandense, por uma grande diferença entre os níveis salariais e uma proporção de inativos que supera a de educadores em atividade.
Assim como o Cpers, o sindicato de Santa Catarina deflagrou greve para forçar a concessão do piso nacional. Ainda que o Estado vizinho tenha uma situação estrutural mais favorável, foram feitos ajustes de impacto para alcançar o piso de R$ 1.187, em julho. A principal medida foi reduzir a diferença entre os vencimentos mais altos (de quem tem nível superior) e os mais baixos (nível médio), a fim de evitar que o reajuste aumentasse muito os salários mais elevados. Uma diferença de 64% foi reduzida para 16%, conforme o secretário-adjunto da Educação em Santa Catarina, Eduardo Deschamps:
– Se não fizéssemos isso, todo o orçamento para a educação seria destinado ao pagamento de pessoal.
Foi estabelecida uma trégua entre governo e o sindicato, que aceitou a mudança como solução temporária. Um grupo de trabalho estuda, agora, como aumentar novamente a diferença entre os salários. Porém, o secretário gaúcho da Educação, Jose Clovis de Azevedo, afirma que o Piratini não cogita diminuir a diferença de 85% no plano de carreira.
– A diferença é justa. Um professor com 35 anos de trabalho, nível superior, com todas as promoções, se aposenta com R$ 3,7 mil. Se mexer, rebaixaria o salário – sustenta.
Inativos e cálculo do reajuste dificultam pagamento no RS
Para a ex-secretária da Educação Mariza Abreu, essa diferença torna difícil para o Rio Grande do Sul atingir o piso – mesmo até 2014. Um dos motivos é a fórmula atual de cálculo dos reajustes do vencimento mínimo nacional, que leva em conta a variação anual do valor do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) correspondente a cada aluno das séries iniciais do Ensino Fundamental.
– Como o número de alunos nessa faixa etária é cada vez menor, o valor do Fundeb por aluno aumenta muito todos os anos. Isso resulta em um índice de reajuste do piso nacional superior à inflação – argumenta Mariza.
Outro complicador é a proporção de inativos, que superam em 2 mil o número de educadores na ativa – o que leva a SEC a aplicar 87% de sua verba em pessoal. Em Santa Catarina, mesmo depois da aplicação do piso, esse índice fica em 65%. Por isso, apenas o Rio Grande do Sul e outros cinco Estados ainda não pagam os R$ 1.187 exigidos em lei – Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pará e Rondônia.
– Onde há um número maior de professores, naturalmente há uma dificuldade maior. Mas é preciso fazer um esforço para pagar bem os educadores – afirma o sociólogo do movimento Todos Pela Educação Cesar Callegari.
Os professores catarinenses conquistaram, este ano, o piso salarial pelo qual o magistério gaúcho faz greve. Para garanti-lo, porém, aceitaram o que os colegas gaúchos recusam e o próprio governo descarta fazer: mudanças no plano de carreira. O exemplo do Estado ajuda a ilustrar os desafios para o cumprimento da meta. Agravados, no caso rio-grandense, por uma grande diferença entre os níveis salariais e uma proporção de inativos que supera a de educadores em atividade.
Assim como o Cpers, o sindicato de Santa Catarina deflagrou greve para forçar a concessão do piso nacional. Ainda que o Estado vizinho tenha uma situação estrutural mais favorável, foram feitos ajustes de impacto para alcançar o piso de R$ 1.187, em julho. A principal medida foi reduzir a diferença entre os vencimentos mais altos (de quem tem nível superior) e os mais baixos (nível médio), a fim de evitar que o reajuste aumentasse muito os salários mais elevados. Uma diferença de 64% foi reduzida para 16%, conforme o secretário-adjunto da Educação em Santa Catarina, Eduardo Deschamps:
– Se não fizéssemos isso, todo o orçamento para a educação seria destinado ao pagamento de pessoal.
Foi estabelecida uma trégua entre governo e o sindicato, que aceitou a mudança como solução temporária. Um grupo de trabalho estuda, agora, como aumentar novamente a diferença entre os salários. Porém, o secretário gaúcho da Educação, Jose Clovis de Azevedo, afirma que o Piratini não cogita diminuir a diferença de 85% no plano de carreira.
– A diferença é justa. Um professor com 35 anos de trabalho, nível superior, com todas as promoções, se aposenta com R$ 3,7 mil. Se mexer, rebaixaria o salário – sustenta.
Inativos e cálculo do reajuste dificultam pagamento no RS
Para a ex-secretária da Educação Mariza Abreu, essa diferença torna difícil para o Rio Grande do Sul atingir o piso – mesmo até 2014. Um dos motivos é a fórmula atual de cálculo dos reajustes do vencimento mínimo nacional, que leva em conta a variação anual do valor do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) correspondente a cada aluno das séries iniciais do Ensino Fundamental.
– Como o número de alunos nessa faixa etária é cada vez menor, o valor do Fundeb por aluno aumenta muito todos os anos. Isso resulta em um índice de reajuste do piso nacional superior à inflação – argumenta Mariza.
Outro complicador é a proporção de inativos, que superam em 2 mil o número de educadores na ativa – o que leva a SEC a aplicar 87% de sua verba em pessoal. Em Santa Catarina, mesmo depois da aplicação do piso, esse índice fica em 65%. Por isso, apenas o Rio Grande do Sul e outros cinco Estados ainda não pagam os R$ 1.187 exigidos em lei – Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pará e Rondônia.
– Onde há um número maior de professores, naturalmente há uma dificuldade maior. Mas é preciso fazer um esforço para pagar bem os educadores – afirma o sociólogo do movimento Todos Pela Educação Cesar Callegari.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
IMPUNIDADE - COM HISTÓRICO AGRESSIVO, ALUNO ESFAQUEIA COLEGA
Estudante fere colega a facadas em Passo Fundo. Adolescente de 13 anos justificou a agressão como reação a constantes investidas de bullying do colega de 14 anos - Marielise Ferreira - ZERO HORA 22/11/2011
Um estudante de 13 anos feriu um colega de 14 anos na manhã desta terça-feira em Passo Fundo, no norte do Estado. Depois de ser detido pela Brigada Militar, o jovem justificou a agressão como reação a constantes investidas de bullying sofridas ao longo do ano. Ele levou uma faca para a escola e atingiu o colega nas costas, na orelha e no pescoço.
Pouco antes do início das aulas na manhã desta terça-feira, os dois alunos da Escola Municipal Arno Otto Kiel, no loteamento Primeiro Centenário, se enfrentaram. O aluno mais velho, que estuda no 8º ano do Ensino Fundamental, foi atingido por golpes de faca. Alunos e professores interferiram na briga, para que cessassem as agressões.
O estudante foi socorrido por policiais militares e está internado no Hospital São Vicente de Paulo, mas não corre risco de morte. Levado para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), o aluno de 13 anos que cursa o 6º ano na mesma escola contou, em depoimento, que era perseguido na escola após as aulas pelo colega e que não suportava mais as agressões. Por isso, teria decidido se vingar. Conforme a direção da escola, os dois alunos haviam brigado alguns dias atrás.
O adolescente foi apreendido e vai responder por tentativa de homicídio, pois declarou à polícia que tinha intenção de matar o colega. O caso será investigado pela Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente.
Agressão em Passo Fundo. Aluno que esfaqueou colega já havia sido afastado da escola por comportamento agressivo. Adolescente foi suspenso por dois dias após agressões verbais e ameaças no mês passado - Guilherme Mergen, ZERO HORA ONLINE, 22/11/2011 | 18h34
O estudante de 13 anos que feriu um colega a facadas nesta terça-feira em Passo Fundo, no Norte do Estado, já havia sido afastado da Escola Municipal Arno Otto Kiel por causa do comportamento agressivo. No mês passado, após agressões verbais e ameaças, o colégio aplicou uma suspensão de dois dias ao aluno. A informação é da diretora do estabelecimento de ensino, professora Deonice da Silva Gomes.
A agressão ocorreu no início da manhã, antes do início das aulas. Usando uma máscara, o estudante atingiu o colega de 14 anos com facadas nas costas a cerca de uma quadra da escola, no loteamento Primeiro Centenário. A vítima está internada em um hospital do município em estado regular, sem risco de morrer.
De acordo com a educadora, desde que entrou no colégio, entre maio e junho deste ano, o adolescente era agressivo com colegas e professores em sala de aula. Em várias ocasiões, a direção acionou a família do estudante por problemas.
— Ele tem dificuldade de relacionamento, com comportamento agressivo e atitudes dissimuladas. Seguidamente, chamávamos a mãe dele para colocarmos os fatos, explicar o que vinha ocorrendo — explica.
Mesmo com o histórico de ameaças, a diretora disse estar surpresa com o desfecho. Em 20 anos de trabalho no colégio — quatro deles no comando —, a diretora nunca enfrentou situação semelhante.
— Estamos apavorados com o que aconteceu. Eu nunca tinha presenciado nada assim, nem com fatos parecidos, com agressões físicas — afirma Deonice.
"Serviço incompleto"
Em conversa com a diretora da escola, enquanto aguardava a chegada da Brigada Militar, o estudante revelou que sua intenção era realmente matar o colega. Disse que queria agredir a vítima no pescoço, e não nas costas.
— Ele deu a facada mascarado, fez a volta na quadra e entrou na escola. Não negou e nem tentou fugir. Pelo contrário, falou que ainda não tinha completado o serviço.
Na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), o aluno do 6° ano do Ensino Fundamental disse que a atitude foi uma vingança ao bullying sofrido no colégio. Ele disse ser perseguido após as aulas pelo colega. À direção, colegas contaram que os dois haviam brigado há alguns dias.
O adolescente foi apreendido e vai responder por tentativa de homicídio — porque declarou à polícia que tinha intenção de matar o colega. O caso será investigado pela Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente de Passo Fundo.
Correria e desespero
Com 420 alunos, a escola viveu um dia atípico. A agressão pouco antes do início das aulas fez os pais entrarem em contato com o colégio em busca de informações sobre os filhos. Alguns preferiram buscá-los imediatamente após a notícia ser divulgada por rádios locais.
O clima era "tenso", segundo a diretora. Em meio a correria, o estabelecimento optou por liberar os estudantes.
— Liberamos porque não tínhamos como fazer diferente. Os pais ouviram pelo rádio e ligavam pra escola pra ver como estão os filhos, outros vinham buscar — conta Deonice.
À tarde, as aulas transcorreram normalmente.
Um estudante de 13 anos feriu um colega de 14 anos na manhã desta terça-feira em Passo Fundo, no norte do Estado. Depois de ser detido pela Brigada Militar, o jovem justificou a agressão como reação a constantes investidas de bullying sofridas ao longo do ano. Ele levou uma faca para a escola e atingiu o colega nas costas, na orelha e no pescoço.
Pouco antes do início das aulas na manhã desta terça-feira, os dois alunos da Escola Municipal Arno Otto Kiel, no loteamento Primeiro Centenário, se enfrentaram. O aluno mais velho, que estuda no 8º ano do Ensino Fundamental, foi atingido por golpes de faca. Alunos e professores interferiram na briga, para que cessassem as agressões.
O estudante foi socorrido por policiais militares e está internado no Hospital São Vicente de Paulo, mas não corre risco de morte. Levado para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), o aluno de 13 anos que cursa o 6º ano na mesma escola contou, em depoimento, que era perseguido na escola após as aulas pelo colega e que não suportava mais as agressões. Por isso, teria decidido se vingar. Conforme a direção da escola, os dois alunos haviam brigado alguns dias atrás.
O adolescente foi apreendido e vai responder por tentativa de homicídio, pois declarou à polícia que tinha intenção de matar o colega. O caso será investigado pela Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente.
Agressão em Passo Fundo. Aluno que esfaqueou colega já havia sido afastado da escola por comportamento agressivo. Adolescente foi suspenso por dois dias após agressões verbais e ameaças no mês passado - Guilherme Mergen, ZERO HORA ONLINE, 22/11/2011 | 18h34
O estudante de 13 anos que feriu um colega a facadas nesta terça-feira em Passo Fundo, no Norte do Estado, já havia sido afastado da Escola Municipal Arno Otto Kiel por causa do comportamento agressivo. No mês passado, após agressões verbais e ameaças, o colégio aplicou uma suspensão de dois dias ao aluno. A informação é da diretora do estabelecimento de ensino, professora Deonice da Silva Gomes.
A agressão ocorreu no início da manhã, antes do início das aulas. Usando uma máscara, o estudante atingiu o colega de 14 anos com facadas nas costas a cerca de uma quadra da escola, no loteamento Primeiro Centenário. A vítima está internada em um hospital do município em estado regular, sem risco de morrer.
De acordo com a educadora, desde que entrou no colégio, entre maio e junho deste ano, o adolescente era agressivo com colegas e professores em sala de aula. Em várias ocasiões, a direção acionou a família do estudante por problemas.
— Ele tem dificuldade de relacionamento, com comportamento agressivo e atitudes dissimuladas. Seguidamente, chamávamos a mãe dele para colocarmos os fatos, explicar o que vinha ocorrendo — explica.
Mesmo com o histórico de ameaças, a diretora disse estar surpresa com o desfecho. Em 20 anos de trabalho no colégio — quatro deles no comando —, a diretora nunca enfrentou situação semelhante.
— Estamos apavorados com o que aconteceu. Eu nunca tinha presenciado nada assim, nem com fatos parecidos, com agressões físicas — afirma Deonice.
"Serviço incompleto"
Em conversa com a diretora da escola, enquanto aguardava a chegada da Brigada Militar, o estudante revelou que sua intenção era realmente matar o colega. Disse que queria agredir a vítima no pescoço, e não nas costas.
— Ele deu a facada mascarado, fez a volta na quadra e entrou na escola. Não negou e nem tentou fugir. Pelo contrário, falou que ainda não tinha completado o serviço.
Na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), o aluno do 6° ano do Ensino Fundamental disse que a atitude foi uma vingança ao bullying sofrido no colégio. Ele disse ser perseguido após as aulas pelo colega. À direção, colegas contaram que os dois haviam brigado há alguns dias.
O adolescente foi apreendido e vai responder por tentativa de homicídio — porque declarou à polícia que tinha intenção de matar o colega. O caso será investigado pela Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente de Passo Fundo.
Correria e desespero
Com 420 alunos, a escola viveu um dia atípico. A agressão pouco antes do início das aulas fez os pais entrarem em contato com o colégio em busca de informações sobre os filhos. Alguns preferiram buscá-los imediatamente após a notícia ser divulgada por rádios locais.
O clima era "tenso", segundo a diretora. Em meio a correria, o estabelecimento optou por liberar os estudantes.
— Liberamos porque não tínhamos como fazer diferente. Os pais ouviram pelo rádio e ligavam pra escola pra ver como estão os filhos, outros vinham buscar — conta Deonice.
À tarde, as aulas transcorreram normalmente.
MAIS EDUCAÇÃO, MENOS BUROCRACIA
RECEITA PARA O BRASIL. Estrangeiros destacam modelo adotado pela Arábia Saudita, que passou da 156ª para a 10ª posição em ambiente de negócios - ERIK FARINA, 22/11/2011
Nem China, nem EUA. O modelo de competitividade desenvolvido pela Arábia Saudita atraiu os holofotes no primeiro dia da 2ª Reunião Anual da Federação Global de Conselhos de Competitividade (GFCC, na sigla em inglês), que prossegue hoje no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre, com a participação de autoridades e executivos de 14 países.
Promovido desde 2006, o chamado Programa 10 x 10 reuniu os empresários sauditas com os organismos governamentais ligados à economia e ao desenvolvimento para estudar formas de melhorar o ambiente interno de negócios. Tomando como parâmetro modelos eficientes ao redor do mundo, a Arábia Saudita criou uma série de mecanismos para facilitar a atividade empresarial, reduzindo a burocracia e estimulando a agregação de valor aos produtos.
– Foi um programa ambicioso. Avaliamos o que as 10 nações de melhor desempenho competitivo faziam em cada área – explicou o príncipe Saud K. Al-Faisal, presidente do Centro de Competitividade da Arábia Saudita.
Em três anos, o país saltou da 156ª posição na lista das nações com melhor ambiente de negócios, na avaliação do Banco Mundial, para o 10º lugar. De acordo com Al-Faisal, o programa ajudou seu país a ampliar a pauta de produção para além do petróleo.
Facilitar a atuação empresarial é elementar para buscar desenvolvimento econômico e social em um mercado de alta competitividade, avaliou Deborah L. Wince-Smith, presidente da GFCC. Para a especialista, o Brasil ainda vive uma situação que os Estados Unidos conseguiram superar há algumas décadas, de excesso de regulamentos públicos.
– O Brasil precisa fazer as contas para ver o que custa a sua burocracia e de suas empresas – afirmou Deborah.
Reconhecido calcanhar de aquiles para o desenvolvimento econômico brasileiro, educação e qualificação de mão de obra precisam seguir modelos bem sucedidos internacionalmente, apontaram especialistas. Na opinião de Tae-Shin Kwon, presidente do Conselho de Competitividade da Coreia do Sul, o Brasil tem um futuro brilhante e pode se beneficiar caso absorva parte do trabalho desenvolvido por sua nação na formação de pessoas.
– Na Coreia do Sul, não temos petróleo e nem diamantes. Então, colocamos nossos esforços em qualificar e motivar as pessoas – explica.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
PROFESSORES PARADOS - GREVE ENFRENTARÁ PAIS E ALUNOS
Estudantes do Ensino Médio e entidade de pais prometem fazer campanha para esvaziar paralisação do Magistério no Estado - MARCELO GONZATTO, zero hora 21/11/2011
Além de enfrentar o governo estadual, tradicional adversário em períodos de greve, a partir de hoje o Cpers dará início a uma paralisação em que medirá forças contra dois outros oponentes. Associações de pais e de alunos do Ensino Médio, que já apoiaram mobilizações anteriores do magistério, desta vez se insurgem contra a ameaça ao término do ano letivo e fazem pressão pública para que as escolas continuem funcionando. Hoje e amanhã, representantes dos grevistas vão visitar colégios em todo o Estado em busca de apoio para o movimento.
Reunidos na tarde de sábado em Canoas, alunos vinculados à União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (Uges) decidiram romper uma tradicional parceria com o sindicato de trabalhadores na educação. Durante o seu 56º Congresso Estadual, realizado na Escola Estadual de Ensino Médio Bento Gonçalves, em Canoas, os participantes votaram pela aprovação de um documento contrário à paralisação dos educadores.
O texto produzido pelos alunos diz que “é preciso combater o sectarismo e a falta de diálogo presentes no processo conduzido por um segmento dos professores e construir uma ampla e massiva jornada de mobilização, agregando estudantes, professores e o conjunto dos movimentos sociais pela valorização da educação e a garantia do piso nacional”.
Essa posição contraria o apoio dado às últimas duas greves do magistério, que também ocorreram em finais de ano, durante o governo Yeda. Segundo o presidente da Uges, Thalisson Silva, a mudança de postura não tem razão partidária.
– Nas últimas greves, nos manifestamos favoráveis porque se buscava solução para um problema grave de falta de diálogo. É bastante diferente do que está acontecendo agora, em que houve um rompimento por parte dos professores – sustenta.
A 1ª vice-presidente do Cpers, Neida de Oliveira, afirma que o sindicato “respeita a posição de todas as entidades”. Mas observa:
– Essas entidades já há algum tempo estão muito afastadas do debate da escola pública, com os alunos e os professores.
Federação quer estudantes nas escolas
Os estudantes secundaristas prometem fazer apelos nos próximos dias pelo encerramento da paralisação e pela volta da negociação com o Piratini. Para isso, também vão procurar apoio político com deputados estaduais na Assembleia.
Os pais de alunos, da mesma forma, adotaram uma posição incisiva contra a decisão da assembleia do Cpers e pretendem fazer campanha para esvaziar o movimento.
O presidente da Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul (ACPM-Federação), Robison Minuzzi, mostrou-se claramente contrariado com a ameaça aos planos de férias das famílias e à participação nos vestibulares de verão.
Na greve anterior, a entidade já havia manifestado preocupação com os possíveis prejuízos para os estudantes. Agora, porém, o desconforto aumentou de tom.
– Não concordamos com a greve neste momento e recomendamos que os pais levem os filhos às escolas para mostrar a força dos pais, que jamais foram consultados – observou Minuzzi, quando os professores deflagraram o movimento.
Nova assembleia do Cpers será realizada na quinta-feira
O Cpers deverá realizar uma nova assembleia na quinta-feira, diante do Palácio Piratini, para definir os rumos da mobilização. A definição da pauta da assembleia, porém, segundo a direção do Cpers dependerá de alguma eventual manifestação do governo em relação às reivindicações da categoria. Enquanto isso não ocorre, a partir de hoje professores deverão permanecer em vigília diante da sede do governo a fim de reforçar a pressão sobre Tarso.
– Ainda é cedo para sabermos que tipo de decisão vamos tomar na próxima assembleia. Precisamos aguardar o governo, que até agora (ontem) não nos enviou qualquer tipo de manifestação – afirma a 1ª vice-presidente do Cpers, Neida de Oliveira.
Além das manifestações diante do Piratini, representantes dos grevistas deverão percorrer escolas de todo o Estado para tentar convencer mais colegas a cruzar os braços e explicar as razões da paralisação a pais e alunos.
– Sabemos que a greve ocorre em um momento difícil, mas tinha de sair agora em razão dos ataques preparados pelo governo do Estado à educação pública no Estado – sustenta a sindicalista.
Ela se refere às propostas de reforma no ensino alinhavadas pela Secretaria Estadual da Educação. A SEC afirma que os projetos não deverão ser retirados de pauta, e têm como objetivo melhorar a educação no Estado.
Depois de decretada a greve do magistério, o secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, reafirmou que o governo não tem a intenção, até o momento, de reverter as mudanças no sistema de ensino planejadas para entrarem em prática já no próximo ano. Uma delas – e um dos alvos preferenciais do Cpers – é aproximar o Ensino Médio do mercado de trabalho.
– O Ensino Médio desperta pouco interesse entre os jovens. Não prepara adequadamente para o vestibular nem para a profissionalização. Temos quase 40% de abandono e reprovação – argumenta o titular da pasta.
Azevedo afirma ainda que a paralisação deflagrada pelo magistério não tem condição de forçar o pagamento imediato do piso nacional de R$ 1.187 pela falta de condições financeiras por parte do Piratini.
Segundo os cálculos das secretarias da Educação e da Fazenda, implantar o novo patamar salarial imediatamente exigiria uma disponibilidade de caixa de R$ 1,6 bilhão para serem aplicados em 2012 – o que representaria um acréscimo de 38% sobre a folha atual de R$ 4,2 bilhões da Educação.
Além de enfrentar o governo estadual, tradicional adversário em períodos de greve, a partir de hoje o Cpers dará início a uma paralisação em que medirá forças contra dois outros oponentes. Associações de pais e de alunos do Ensino Médio, que já apoiaram mobilizações anteriores do magistério, desta vez se insurgem contra a ameaça ao término do ano letivo e fazem pressão pública para que as escolas continuem funcionando. Hoje e amanhã, representantes dos grevistas vão visitar colégios em todo o Estado em busca de apoio para o movimento.
Reunidos na tarde de sábado em Canoas, alunos vinculados à União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (Uges) decidiram romper uma tradicional parceria com o sindicato de trabalhadores na educação. Durante o seu 56º Congresso Estadual, realizado na Escola Estadual de Ensino Médio Bento Gonçalves, em Canoas, os participantes votaram pela aprovação de um documento contrário à paralisação dos educadores.
O texto produzido pelos alunos diz que “é preciso combater o sectarismo e a falta de diálogo presentes no processo conduzido por um segmento dos professores e construir uma ampla e massiva jornada de mobilização, agregando estudantes, professores e o conjunto dos movimentos sociais pela valorização da educação e a garantia do piso nacional”.
Essa posição contraria o apoio dado às últimas duas greves do magistério, que também ocorreram em finais de ano, durante o governo Yeda. Segundo o presidente da Uges, Thalisson Silva, a mudança de postura não tem razão partidária.
– Nas últimas greves, nos manifestamos favoráveis porque se buscava solução para um problema grave de falta de diálogo. É bastante diferente do que está acontecendo agora, em que houve um rompimento por parte dos professores – sustenta.
A 1ª vice-presidente do Cpers, Neida de Oliveira, afirma que o sindicato “respeita a posição de todas as entidades”. Mas observa:
– Essas entidades já há algum tempo estão muito afastadas do debate da escola pública, com os alunos e os professores.
Federação quer estudantes nas escolas
Os estudantes secundaristas prometem fazer apelos nos próximos dias pelo encerramento da paralisação e pela volta da negociação com o Piratini. Para isso, também vão procurar apoio político com deputados estaduais na Assembleia.
Os pais de alunos, da mesma forma, adotaram uma posição incisiva contra a decisão da assembleia do Cpers e pretendem fazer campanha para esvaziar o movimento.
O presidente da Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul (ACPM-Federação), Robison Minuzzi, mostrou-se claramente contrariado com a ameaça aos planos de férias das famílias e à participação nos vestibulares de verão.
Na greve anterior, a entidade já havia manifestado preocupação com os possíveis prejuízos para os estudantes. Agora, porém, o desconforto aumentou de tom.
– Não concordamos com a greve neste momento e recomendamos que os pais levem os filhos às escolas para mostrar a força dos pais, que jamais foram consultados – observou Minuzzi, quando os professores deflagraram o movimento.
Nova assembleia do Cpers será realizada na quinta-feira
O Cpers deverá realizar uma nova assembleia na quinta-feira, diante do Palácio Piratini, para definir os rumos da mobilização. A definição da pauta da assembleia, porém, segundo a direção do Cpers dependerá de alguma eventual manifestação do governo em relação às reivindicações da categoria. Enquanto isso não ocorre, a partir de hoje professores deverão permanecer em vigília diante da sede do governo a fim de reforçar a pressão sobre Tarso.
– Ainda é cedo para sabermos que tipo de decisão vamos tomar na próxima assembleia. Precisamos aguardar o governo, que até agora (ontem) não nos enviou qualquer tipo de manifestação – afirma a 1ª vice-presidente do Cpers, Neida de Oliveira.
Além das manifestações diante do Piratini, representantes dos grevistas deverão percorrer escolas de todo o Estado para tentar convencer mais colegas a cruzar os braços e explicar as razões da paralisação a pais e alunos.
– Sabemos que a greve ocorre em um momento difícil, mas tinha de sair agora em razão dos ataques preparados pelo governo do Estado à educação pública no Estado – sustenta a sindicalista.
Ela se refere às propostas de reforma no ensino alinhavadas pela Secretaria Estadual da Educação. A SEC afirma que os projetos não deverão ser retirados de pauta, e têm como objetivo melhorar a educação no Estado.
Depois de decretada a greve do magistério, o secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, reafirmou que o governo não tem a intenção, até o momento, de reverter as mudanças no sistema de ensino planejadas para entrarem em prática já no próximo ano. Uma delas – e um dos alvos preferenciais do Cpers – é aproximar o Ensino Médio do mercado de trabalho.
– O Ensino Médio desperta pouco interesse entre os jovens. Não prepara adequadamente para o vestibular nem para a profissionalização. Temos quase 40% de abandono e reprovação – argumenta o titular da pasta.
Azevedo afirma ainda que a paralisação deflagrada pelo magistério não tem condição de forçar o pagamento imediato do piso nacional de R$ 1.187 pela falta de condições financeiras por parte do Piratini.
Segundo os cálculos das secretarias da Educação e da Fazenda, implantar o novo patamar salarial imediatamente exigiria uma disponibilidade de caixa de R$ 1,6 bilhão para serem aplicados em 2012 – o que representaria um acréscimo de 38% sobre a folha atual de R$ 4,2 bilhões da Educação.
domingo, 20 de novembro de 2011
POR QUE O PROFESSOR GANHA MENOS QUE EXECUTIVO?
Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial- O ESTADO DE SÃO PAULO, 19 de novembro de 2011 | 3h 08
As críticas ao capitalismo aumentaram muito nos últimos meses. Movimentos de protesto, como o "Occupy Wall Street", expressam indignação com os excessos dos banqueiros, que, segundo os manifestantes, são os principais culpados pela atual crise econômica - mas, aparentemente, não estão sendo responsabilizados.
Crescente número de vozes, de várias esferas da sociedade, está demonstrando a sua solidariedade às atividades contra o capitalismo, um reflexo da frustração generalizada dos cidadãos. E por boas razões: porque até agora foi o contribuinte - o cidadão médio - que teve de pagar pela crise econômica e pelas dívidas nos Estados Unidos e na Europa. Aumento do desemprego, mais impostos e cortes nos sistemas de bem-estar e de saúde nos trouxeram à beira de uma crise social.
Sem dúvida, esses protestos contra o capitalismo conseguiram captar a essência dos nossos tempos. Mas não basta simplesmente condená-lo por seus inegáveis excessos. Precisamos fazer uma análise mais profunda do sistema capitalista e por que, em sua atual forma, ele não se encaixa mais no mundo ao nosso redor.
Quando a crise começou, em janeiro de 2009, durante minha palestra de abertura em Davos, eu disse: "Hoje, as pessoas ao redor do mundo estão me perguntando como foi possível tomar decisões - baseadas em ganância ou incompetência e sem nenhuma fiscalização efetiva - que tiveram consequências terríveis, não somente para a economia global, mas também para pessoas reais, que perderam suas aposentadorias, suas casas e seus empregos. Essas pessoas estão desnorteadas, confusas e com medo e raiva".
Naquela época, o mundo esperava que a crise fosse produzir uma reavaliação básica do comportamento de executivos de alto escalão no mundo dos negócios, em especial no setor de serviços financeiros. Depois de praticamente três anos, ainda não aprendemos com os erros do passado. O sistema que nos levou até essa crise é obsoleto, e não é de hoje. A crise não será superada no longo prazo se continuarmos renegando a necessidade de revisar o sistema. O capitalismo precisa ser reformulado, por três motivos:
O capitalismo é desequilibrado. O uso do capital virtual para especular aumentou muito e de maneira desproporcional comparado com o capital real, e está fora de controle. Precisamos de transações financeiras para equilibrar os riscos, mas não transações especulando sobre a própria especulação.
O sistema original capitalista apresentava uma divisão clara: entre o empreendedor, que suportava o risco do investimento, cuja recompensa é o lucro; e o executivo, cuja tarefa profissional é garantir o futuro da empresa no longo prazo e proteger os interesses de todas as partes interessadas. Com um sistema de bônus excessivo, o executivo alia-se aos interesses dos proprietários do capital, desvirtuando o sistema. Este é o problema fundamental da situação hoje: os salários excessivos corroeram a ética empresarial dos executivos.
O capital deixou de ser um fator decisivo para a produção, na atual economia global. Ideias inovadoras ou serviços intangíveis estão ocupando o espaço das vantagens competitivas, reduzindo a importância do capital. Além disso, com padrões de vida em ascensão, o foco geral está mudando de quantidade para qualidade. O sucesso econômico, no futuro, não será mais decidido pelo capital, mas pelo "talento" como fator de produção. Então, nesse sentido, estamos migrando do capitalismo para o "talentismo".
As demonstrações que estão ocorrendo ao redor do mundo são perigosas quando usadas como meio de iniciar uma guerra entre as classes sociais. Precisamos de novos impulsos que nos levem a reavaliar a situação e implementar as ações corretivas necessárias para remediar o sistema. Devemos converter o capitalismo de volta a uma economia de mercado social. Como o passado demonstrou claramente, outros sistemas econômicos, como o socialismo doutrinário, não oferecem alternativas viáveis. Ponto-chave de uma tal reforma precisa ser a redução dos excessos de produtos financeiros e da participação de executivos nos lucros.
Acima de tudo, o trabalho do executivo deve voltar a ser um posto profissional. Algumas empresas justificam o pagamento de salários e prêmios estratosféricos pelo fato de o talento ser frequentemente o principal fator de sucesso. Porém o talento não é importante apenas na profissão do executivo, mas em qualquer emprego.
Por que um professor excelente deveria ganhar menos que um executivo? Por que um cirurgião reconhecido mundialmente deveria ganhar menos que o CEO de uma empresa global?
Num mundo ideal, todos devem ganhar de acordo com sua responsabilidade e seu desempenho. A maior motivação profissional deve ser a vocação - não somente o desejo de lucrar. Medidas para diferenciar executivos de pessoas que correm riscos também devem reprimir transações financeiras em que os lucros beneficiem apenas os indivíduos envolvidos, enquanto os riscos são coletivos e o contribuinte acaba pagando a conta quando tudo der errado.
Outro princípio orientador importante na reforma do nosso sistema econômico é o conceito de partes interessadas, que defini pela primeira vez há mais de 40 anos. O conceito de partes interessadas assume que a empresa é uma comunidade social de muitas partes diferentes - ou seja, diferentes grupos sociais que estão ligados direta ou indiretamente pela empresa. O objetivo de uma liderança responsável é garantir o sucesso no longo prazo e a viabilidade da companhia e, assim, atender a todos os intervenientes, não somente aos interesses de curto prazo dos acionistas.
Em suma, precisamos avançar do capitalismo excessivo para uma economia de mercado em que a responsabilidade e as obrigações sociais não sejam palavras vazias.
POR UMA EDUCAÇÃO POLÍTICA
JULIANA SALBEGO, PROFESSORA DO CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – CAMPUS SÃO BORJA - ZERO HORA 20/11/2011
– Não sei o que estou fazendo aqui! – disse uma aluna da disciplina de marketing político, no semestre passado, acerca de seu desagrado quanto ao tema da política tratado em aula naquele dia. – Achas que o tema não tem nada a ver com a tua vida? – perguntei, na esperança de que repensasse tal afirmação. – Isso mesmo, professora! Não tem nada a ver comigo! – respondeu.
Inúmeras situações como essa fazem com que surjam questionamentos, não apenas na condição de docente, mas também como cidadã, sobre a crescente desvalorização que assola a política atual- mente. Talvez tal desinteresse tenha origem na incompreensão, ou na compreensão um tanto quanto restrita, do que pode significar a práxis “política”.
A política à qual me refiro não está apenas ligada às atividades dos governantes de nossas cidades, Estados e/ou nação, conforme comumente se pensa. Refiro-me, de outra maneira, à política que surge a partir da atividade social desenvolvida pelos homens da chamada pólis – a cidade-Estado grega, tida como o cimento ou a união da vida social. Ali, a política se referia à atividade cotidiana de discussão exercida pelos cidadãos sobre os problemas daquela sociedade, fossem eles, ou não, parte do governo. A partir desta acepção, o político é todo aquele sujeito que enxerga, discute e busca soluções para as questões sociais.
Quase que em oposição a esta perspectiva, vigora a ideia, no mínimo equivocada, de que a atividade política é exclusivamente da responsabilidade de vereadores, prefeitos, deputados e demais cargos representativos. Outrossim, prevalece a perspectiva de que a atividade política dos demais “cidadãos” se resume ao voto para a eleição destes cargos. Tal discernimento nos leva à renúncia também do direito, mas, especialmente, do dever de participação nas discussões dos problemas sociais e acompanhamento do trabalho desenvolvido pelos nossos representantes eleitos.
Somos todos políticos. Todo e qualquer sujeito atribui às suas atitudes cotidianas um significado político quando suas lutas pessoais e de grupo assumem um sentido coletivo. É importante salientar que, antes de repudiarmos o termo “política”, faz-se necessária uma compreensão mais ampla sobre o seu significado em nossas vidas. Ela se constitui em uma dimensão inseparável do cotidiano e sua negação é um ato, senão de desprezo, de ignorância.
Grande parte do sistema político institucional de nosso país configura-se em uma luta pela ocupação e condução dos cargos do Estado, ou seja, uma infindável disputa pelo poder, em detrimento da preocupação com as necessidades sociais. Assevera Leo Maar que a atividade política passa a se deslocar das “coisas públicas” – da República – para a própria instituição em que se realiza, ou seja, o governo. Desta forma, a política institucionaliza-se em uma esfera autônoma, que passa a ser paralela às atividades sociais. É preciso lutar contra esta tendência.
Se a política é uma necessidade imperiosa para a vida humana, como aponta Hannah Arendt, somos todos responsáveis pela sua efetivação. Nesse sentido, é necessário que todos possam ter certeza e reflitam, sejam nossos alunos ou aqueles que depredam o patrimônio público de outras universidades, acerca do que estamos fazendo aqui.
PARTICIPE ESCREVENDO PARA ZEROHORA.COM E RESPONDENDO A PERGUNTA:
Você concorda com a autora que a política é uma necessidade nas nossas vidas? Opine em www.zerohora.com
– Não sei o que estou fazendo aqui! – disse uma aluna da disciplina de marketing político, no semestre passado, acerca de seu desagrado quanto ao tema da política tratado em aula naquele dia. – Achas que o tema não tem nada a ver com a tua vida? – perguntei, na esperança de que repensasse tal afirmação. – Isso mesmo, professora! Não tem nada a ver comigo! – respondeu.
Inúmeras situações como essa fazem com que surjam questionamentos, não apenas na condição de docente, mas também como cidadã, sobre a crescente desvalorização que assola a política atual- mente. Talvez tal desinteresse tenha origem na incompreensão, ou na compreensão um tanto quanto restrita, do que pode significar a práxis “política”.
A política à qual me refiro não está apenas ligada às atividades dos governantes de nossas cidades, Estados e/ou nação, conforme comumente se pensa. Refiro-me, de outra maneira, à política que surge a partir da atividade social desenvolvida pelos homens da chamada pólis – a cidade-Estado grega, tida como o cimento ou a união da vida social. Ali, a política se referia à atividade cotidiana de discussão exercida pelos cidadãos sobre os problemas daquela sociedade, fossem eles, ou não, parte do governo. A partir desta acepção, o político é todo aquele sujeito que enxerga, discute e busca soluções para as questões sociais.
Quase que em oposição a esta perspectiva, vigora a ideia, no mínimo equivocada, de que a atividade política é exclusivamente da responsabilidade de vereadores, prefeitos, deputados e demais cargos representativos. Outrossim, prevalece a perspectiva de que a atividade política dos demais “cidadãos” se resume ao voto para a eleição destes cargos. Tal discernimento nos leva à renúncia também do direito, mas, especialmente, do dever de participação nas discussões dos problemas sociais e acompanhamento do trabalho desenvolvido pelos nossos representantes eleitos.
Somos todos políticos. Todo e qualquer sujeito atribui às suas atitudes cotidianas um significado político quando suas lutas pessoais e de grupo assumem um sentido coletivo. É importante salientar que, antes de repudiarmos o termo “política”, faz-se necessária uma compreensão mais ampla sobre o seu significado em nossas vidas. Ela se constitui em uma dimensão inseparável do cotidiano e sua negação é um ato, senão de desprezo, de ignorância.
Grande parte do sistema político institucional de nosso país configura-se em uma luta pela ocupação e condução dos cargos do Estado, ou seja, uma infindável disputa pelo poder, em detrimento da preocupação com as necessidades sociais. Assevera Leo Maar que a atividade política passa a se deslocar das “coisas públicas” – da República – para a própria instituição em que se realiza, ou seja, o governo. Desta forma, a política institucionaliza-se em uma esfera autônoma, que passa a ser paralela às atividades sociais. É preciso lutar contra esta tendência.
Se a política é uma necessidade imperiosa para a vida humana, como aponta Hannah Arendt, somos todos responsáveis pela sua efetivação. Nesse sentido, é necessário que todos possam ter certeza e reflitam, sejam nossos alunos ou aqueles que depredam o patrimônio público de outras universidades, acerca do que estamos fazendo aqui.
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sábado, 19 de novembro de 2011
MAGISTÉRIO DO RS DEFLAGRE NOVA GREVE A POUCOS DIAS DAS FÉRIAS
A 35 DIAS DAS FÉRIAS. Magistério deflagra nova greve. Decisão foi acertada ontem em assembleia na Capital e lança preocupações sobre o futuro do ano letivo na rede estadual - MARCELO GONZATTO, ZERO HORA 19/11/2011
A 35 dias do final do ano letivo, o magistério estadual deflagrou pela terceira vez seguida uma greve às vésperas das férias de verão. Em uma assembleia com presença modesta de professores, no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, a decisão de cruzar os braços lança dúvidas e preocupação a famílias de 1,1 milhão de alunos em relação à programação das férias e à participação em concursos vestibulares. A Secretaria Estadual da Educação (SEC), porém, orienta os pais a mandarem os filhos para o colégio na segunda-feira.
No final da tarde, a estudante de Direito Caroline Kherrmann, 22 anos, dirigia-se até uma escola pública do bairro Menino Deus para buscar a filha Maria Eduarda, seis anos, quando topou com a caminhada dos professores em direção ao Palácio Piratini depois da votação pela paralisação por tempo indeterminado.
– Quando vi a movimentação, fiquei preocupada – conta.
Ao chegar no colégio, já não sabia se a viagem marcada para depois do Natal rumo a Balneário Camboriú (SC) vai mesmo sair. Todos os anos, a família ruma para o Estado vizinho a fim de aproveitar o período de descanso junto ao mar na casa de uma irmã. A mobilização do magistério, porém, colocou em suspense a programação.
– Vamos ter de ver o que vai acontecer – lamenta a mãe.
Quem está prestes a deixar o colégio e tentar o vestibular, como a aluna do 3º ano do Ensino Médio Sheila Loureiro da Rosa, 21 anos, também tem dúvidas sobre como terminará o ano. Sheila apoia a decisão dos professores, mas acredita que a adesão ao movimento será parcial.
– Na minha escola, a direção é contrária à greve. Alguns professores vão continuar dando aula – avalia.
A exemplo de Sheila, 75 mil estudantes da rede estadual cursam o último ano do Ensino Médio e deverão comprovar, na segunda-feira, o grau de adesão da categoria à convocação. O secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, diz acreditar que “uma grande parcela” dos professores optará por continuar suas atividades nas escolas.
– Não há nenhuma possibilidade de o Cpers ter êxito com esta paralisação. O governo não vai pagar o piso em 2011, porque não tem dinheiro para pagar – afirmou.
Círculo de pais recomenda levar os alunos à escola
O secretário também determinou que os dias parados devem ser registrados no ponto e descontados do salário dos grevistas. Para a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, os professores têm razões suficientes para cruzar os braços e enfrentar o governo:
– O que estão em jogo é a história de luta do sindicato, o piso nacional e nosso plano de carreira – sustentou.
A categoria exige que o governo pague o piso nacional, estabelecido em R$ 1.187, e retire da pauta propostas de alterações no sistema de promoções da categoria, na avaliação do magistério e de reforma do Ensino Médio. O piso estadual para 40 horas está em torno de R$ 800.
A SEC e o presidente da Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do RS, Robison Minuzzi, afirmam que os pais devem encaminhar os filhos para os colégios.
– Não concordamos com o período da greve. Como não fomos consultados, agora é a hora de mostrar a força dos pais – afirma Minuzzi.
Possíveis prejuízos
PLANOS DE FÉRIAS - Os dias sem aula deverão ser recuperados após o fim da greve, o que deve prolongar o ano letivo para o prazo inicialmente previsto de 23 de dezembro e comprometer férias das famílias.
VESTIBULAR - Para a federação que reúne pais de alunos da escola pública, a greve às vésperas do vestibular compromete o ritmo de estudo, e a qualidade das aulas recuperadas não é a mesma. Outro possível problema, é a falta do certificado de conclusão do Ensino Médio para matrícula na universidade.
COMO LIDAR COM A GREVE - A SEC orienta os pais a mandarem os filhos para as escolas. Veja algumas dicas para reduzir transtornos:
- Antes de cancelar em definitivo planos de viagem, verifique qual será a adesão da greve na escola do seu filho;
- Antes de deixar o filho na escola, veja se ela está em condições de receber o aluno – principalmente no caso de crianças pequenas;
- Pais que trabalham, por precaução, devem procurar uma alternativa para deixar os filhos, caso a escola paralise.
A 35 dias do final do ano letivo, o magistério estadual deflagrou pela terceira vez seguida uma greve às vésperas das férias de verão. Em uma assembleia com presença modesta de professores, no ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, a decisão de cruzar os braços lança dúvidas e preocupação a famílias de 1,1 milhão de alunos em relação à programação das férias e à participação em concursos vestibulares. A Secretaria Estadual da Educação (SEC), porém, orienta os pais a mandarem os filhos para o colégio na segunda-feira.
No final da tarde, a estudante de Direito Caroline Kherrmann, 22 anos, dirigia-se até uma escola pública do bairro Menino Deus para buscar a filha Maria Eduarda, seis anos, quando topou com a caminhada dos professores em direção ao Palácio Piratini depois da votação pela paralisação por tempo indeterminado.
– Quando vi a movimentação, fiquei preocupada – conta.
Ao chegar no colégio, já não sabia se a viagem marcada para depois do Natal rumo a Balneário Camboriú (SC) vai mesmo sair. Todos os anos, a família ruma para o Estado vizinho a fim de aproveitar o período de descanso junto ao mar na casa de uma irmã. A mobilização do magistério, porém, colocou em suspense a programação.
– Vamos ter de ver o que vai acontecer – lamenta a mãe.
Quem está prestes a deixar o colégio e tentar o vestibular, como a aluna do 3º ano do Ensino Médio Sheila Loureiro da Rosa, 21 anos, também tem dúvidas sobre como terminará o ano. Sheila apoia a decisão dos professores, mas acredita que a adesão ao movimento será parcial.
– Na minha escola, a direção é contrária à greve. Alguns professores vão continuar dando aula – avalia.
A exemplo de Sheila, 75 mil estudantes da rede estadual cursam o último ano do Ensino Médio e deverão comprovar, na segunda-feira, o grau de adesão da categoria à convocação. O secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, diz acreditar que “uma grande parcela” dos professores optará por continuar suas atividades nas escolas.
– Não há nenhuma possibilidade de o Cpers ter êxito com esta paralisação. O governo não vai pagar o piso em 2011, porque não tem dinheiro para pagar – afirmou.
Círculo de pais recomenda levar os alunos à escola
O secretário também determinou que os dias parados devem ser registrados no ponto e descontados do salário dos grevistas. Para a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, os professores têm razões suficientes para cruzar os braços e enfrentar o governo:
– O que estão em jogo é a história de luta do sindicato, o piso nacional e nosso plano de carreira – sustentou.
A categoria exige que o governo pague o piso nacional, estabelecido em R$ 1.187, e retire da pauta propostas de alterações no sistema de promoções da categoria, na avaliação do magistério e de reforma do Ensino Médio. O piso estadual para 40 horas está em torno de R$ 800.
A SEC e o presidente da Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do RS, Robison Minuzzi, afirmam que os pais devem encaminhar os filhos para os colégios.
– Não concordamos com o período da greve. Como não fomos consultados, agora é a hora de mostrar a força dos pais – afirma Minuzzi.
Possíveis prejuízos
PLANOS DE FÉRIAS - Os dias sem aula deverão ser recuperados após o fim da greve, o que deve prolongar o ano letivo para o prazo inicialmente previsto de 23 de dezembro e comprometer férias das famílias.
VESTIBULAR - Para a federação que reúne pais de alunos da escola pública, a greve às vésperas do vestibular compromete o ritmo de estudo, e a qualidade das aulas recuperadas não é a mesma. Outro possível problema, é a falta do certificado de conclusão do Ensino Médio para matrícula na universidade.
COMO LIDAR COM A GREVE - A SEC orienta os pais a mandarem os filhos para as escolas. Veja algumas dicas para reduzir transtornos:
- Antes de cancelar em definitivo planos de viagem, verifique qual será a adesão da greve na escola do seu filho;
- Antes de deixar o filho na escola, veja se ela está em condições de receber o aluno – principalmente no caso de crianças pequenas;
- Pais que trabalham, por precaução, devem procurar uma alternativa para deixar os filhos, caso a escola paralise.
GREVE DOCENTE É DESAFIO PARA O GOVERNO DO RS
EDITORIAL CORREIO DO POVO, 19/11/2011
Os professores da rede pública de ensino decretaram greve a partir desta segunda-feira. Entre suas reivindicações estão o pagamento do piso salarial unificado, reavaliação da implantação de políticas com fundamentos na meritocracia, não alteração de pontos considerados fundamentais no plano de carreira e interrupção de mudanças anunciadas no ensino médio. A categoria reuniu-se em assembleia em Porto Alegre nesta sexta-feira.
A definição pela paralisação das atividades docentes transformou o final de ano numa incógnita. Muitos alunos já estavam se preparando para prestar vestibular e só ingressarão nas universidades se estiverem com o certificado de conclusão do terceiro ano em mãos. Também o final de ano das famílias fica em aberto, além de implicar reestruturação para o período de veraneio, o que acaba acarretando apreensão para todos os que dependem do veraneio no Litoral, seja para tirar férias, seja para amealhar uma renda já esperada, como fazem hotéis e restaurantes.
De sua parte, os professores estão reivindicando um direito que já lhes foi integralmente ratificado pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou constitucional a norma votada pelo Congresso. Todos sabemos que os mestres, dentre os profissionais de nível superior, são os mais mal remunerados, implicando, com isso, atrasos no crescimento econômico do país pela repercussão que tem na formação técnica dos brasileiros a baixa qualidade do ensino, que não vive só de salários, mas também de condições dignas de trabalho e de tecnologia e equipamentos modernos.
O desafio do governo estadual agora é o de abrir diálogo com a categoria em greve para que se possa chegar a um denominador comum, pois a população assim espera. Despesa com salários de professores não é despesa, mas investimento, pois sem este profissional em sala de aula não existe aprendizado nem desenvolvimento.
Os professores da rede pública de ensino decretaram greve a partir desta segunda-feira. Entre suas reivindicações estão o pagamento do piso salarial unificado, reavaliação da implantação de políticas com fundamentos na meritocracia, não alteração de pontos considerados fundamentais no plano de carreira e interrupção de mudanças anunciadas no ensino médio. A categoria reuniu-se em assembleia em Porto Alegre nesta sexta-feira.
A definição pela paralisação das atividades docentes transformou o final de ano numa incógnita. Muitos alunos já estavam se preparando para prestar vestibular e só ingressarão nas universidades se estiverem com o certificado de conclusão do terceiro ano em mãos. Também o final de ano das famílias fica em aberto, além de implicar reestruturação para o período de veraneio, o que acaba acarretando apreensão para todos os que dependem do veraneio no Litoral, seja para tirar férias, seja para amealhar uma renda já esperada, como fazem hotéis e restaurantes.
De sua parte, os professores estão reivindicando um direito que já lhes foi integralmente ratificado pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou constitucional a norma votada pelo Congresso. Todos sabemos que os mestres, dentre os profissionais de nível superior, são os mais mal remunerados, implicando, com isso, atrasos no crescimento econômico do país pela repercussão que tem na formação técnica dos brasileiros a baixa qualidade do ensino, que não vive só de salários, mas também de condições dignas de trabalho e de tecnologia e equipamentos modernos.
O desafio do governo estadual agora é o de abrir diálogo com a categoria em greve para que se possa chegar a um denominador comum, pois a população assim espera. Despesa com salários de professores não é despesa, mas investimento, pois sem este profissional em sala de aula não existe aprendizado nem desenvolvimento.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
O PISO E A GREVE
EDITORIAL ZERO HORA 18/11/2011
Um confronto que se repete com frequência no Estado põe em risco mais uma vez, num final de ano, a situação de milhares de estudantes de escolas públicas. Os professores da rede estadual decidem nesta sexta-feira se paralisam atividades, na tentativa de receber o piso nacional do magistério. Não há como ignorar as demandas salariais do magistério, até porque a defasagem nos vencimentos vem se acumulando há décadas. Exatamente por isso é de se perguntar se o recurso da greve terá o poder de contribuir para a solução do impasse com o governo.
O piso nacional de R$ 1.187 foi aprovado há mais de três anos envolto em controvérsias, porque a categoria exige sua imediata aplicação e os Estados argumentam com a incapacidade financeira. Tanto que 17 das 27 unidades da federação não pagam o mínimo estabelecido, entre as quais o Rio Grande do Sul. O governo gaúcho já assumiu o compromisso de pagar o piso até o final do mandato do senhor Tarso Genro. O Cpers insiste que o pagamento já deveria estar sendo feito e articula a paralisação.
É um impasse de difícil solução, pois nenhum governo conseguiu corresponder às justas expectativas do magistério. O Estado enfrenta dificuldades de caixa, que podem fazer com que o ano seja fechado com um déficit de R$ 400 milhões. Previsões indicam que a diferença entre despesas e receitas corre o risco de triplicar em 2012, em boa parte devido a compromissos salariais que o governo está assumindo com os servidores. Ontem, o governador afirmou que R$ 400 milhões foram reservados pelo Estado para reajustes de salários dos professores no ano que vem e criticou uma provável paralisação.
O Cpers, por sua vez, insiste que os salários são parte das questões em debate e repetiu, por seus dirigentes, que a categoria chegou à exaustão. Um dos desfechos desse desencontro é previsível. Uma paralisação no fim de ano desestrutura o ensino, abala planejamentos e, principalmente, adia o projeto e os sonhos dos estudantes que esperam se formar e enfrentar o vestibular. Assim é que não se sabe ao certo quem ganharia com uma greve, mas são identificáveis, por antecipação, os maiores perdedores.
LAÇOS QUE SE ROMPEM
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA, ZERO HORA, 18/11/2011
Pelas relações que o PT cultivou ao longo dos últimos anos com o Cpers, ninguém no governo esperava que o sindicato encaminhasse os professores para uma greve às vésperas do final do ano letivo e que tratasse o governador Tarso Genro da forma como tratou seus antecessores. A imagem do governador Tarso Genro com nariz de Pinóquio é tão forte quanto as alegorias usadas pelo Cpers para fustigar os governadores Germano Rigotto e Yeda Crusius.
Se a greve for aprovada na assembleia geral de hoje à tarde, o desgaste para o governo será inevitável. Isso explica os últimos movimentos do Palácio Piratini, tentando virar o jogo desenhado nos núcleos do Cpers, que, majoritariamente, aprovaram o indicativo de greve. O primeiro ato do governo foi anunciar, em um documento assinado pelos deputados da base aliada, um acréscimo de R$ 100 milhões aos R$ 400 milhões já previstos na proposta de orçamento do ano que vem, para reajustar os salários dos professores e se aproximar do cumprimento da lei do piso, prometida para 2014.
O magistério não quer esperar até 2014, quando o governo promete integralizar o cumprimento da lei. Hoje, para adotar o piso como salário básico dos professores são necessários R$ 1,5 bilhão por ano nos gastos com a folha de pagamento. Até 2014, a conta será maior, porque o piso nacional tem reajuste anual para manter o poder de compra da época em que foi criado.
Na mesma carta em que se comprometeram a aumentar o valor destinado aos salários dos professores, os deputados manifestaram apoio às ações desenvolvidas pelo governo na área da educação e divulgaram uma lista das políticas adotadas pelo governo Tarso. A greve foi criticada por deputados aliados e pelo governador, que contestou os argumentos usados pelo Cpers e apelou para que os professores desistam da greve já engatilhada. No dia anterior, o secretário Jose Clovis Azevedo, que sempre cultivou boas relações com o Cpers, já havia advertido que a greve seria interpretada como um rompimento com o governo.
Pelas relações que o PT cultivou ao longo dos últimos anos com o Cpers, ninguém no governo esperava que o sindicato encaminhasse os professores para uma greve às vésperas do final do ano letivo e que tratasse o governador Tarso Genro da forma como tratou seus antecessores. A imagem do governador Tarso Genro com nariz de Pinóquio é tão forte quanto as alegorias usadas pelo Cpers para fustigar os governadores Germano Rigotto e Yeda Crusius.
Se a greve for aprovada na assembleia geral de hoje à tarde, o desgaste para o governo será inevitável. Isso explica os últimos movimentos do Palácio Piratini, tentando virar o jogo desenhado nos núcleos do Cpers, que, majoritariamente, aprovaram o indicativo de greve. O primeiro ato do governo foi anunciar, em um documento assinado pelos deputados da base aliada, um acréscimo de R$ 100 milhões aos R$ 400 milhões já previstos na proposta de orçamento do ano que vem, para reajustar os salários dos professores e se aproximar do cumprimento da lei do piso, prometida para 2014.
O magistério não quer esperar até 2014, quando o governo promete integralizar o cumprimento da lei. Hoje, para adotar o piso como salário básico dos professores são necessários R$ 1,5 bilhão por ano nos gastos com a folha de pagamento. Até 2014, a conta será maior, porque o piso nacional tem reajuste anual para manter o poder de compra da época em que foi criado.
Na mesma carta em que se comprometeram a aumentar o valor destinado aos salários dos professores, os deputados manifestaram apoio às ações desenvolvidas pelo governo na área da educação e divulgaram uma lista das políticas adotadas pelo governo Tarso. A greve foi criticada por deputados aliados e pelo governador, que contestou os argumentos usados pelo Cpers e apelou para que os professores desistam da greve já engatilhada. No dia anterior, o secretário Jose Clovis Azevedo, que sempre cultivou boas relações com o Cpers, já havia advertido que a greve seria interpretada como um rompimento com o governo.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
TRABALHO NO FUTURO
Governo e especialistas divergem sobre educação. Representante estadual do ensino ressalta, em evento, obstáculos na adesão às exigências do mercado - ZERO HORA 17/11/2011
Enquanto especialistas e empresários pedem mudanças na formação escolar para atender às necessidades da economia do conhecimento, a Secretaria da Educação do Estado indicou que não vai conduzir as alterações na educação por esse caminho. O debate ocorreu ontem durante o painel Educação: Novos Fluxos de Conhecimento, realizado na abertura do Congresso Internacional da Inovação, em Porto Alegre.
No impasse de qual é a educação necessária para sustentar crescimento econômico em cerca de 5% ao ano, Mathias Elter, diretor regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, enfatizou que a indústria é o principal cliente do sistema educacional.
– Precisamos agregar valor ao nosso produto, e isso não se consegue sem pessoas qualificadas no sistema educacional forte – alertou Elter.
O governo do Estado já vem discutindo mudanças no Ensino Médio, que direcionem a formação de estudantes também para o mercado e não só a formação clássica para o Ensino Superior. Mas Nancy Cardoso Pereira, assessora técnica da Secretaria de Educação que representou o secretário José Clóvis de Azevedo no evento, destacou que o governo enxerga obstáculos na adesão às exigências do mercado para formar profissionais pelo ensino público.
– Não vamos formar os jovens para responder à demanda do mercado de trabalho atual, porque as demandas mudam – justificou Nancy.
Pesquisadora alemã defende novo modelo na sala de aula
A fala vai na contramão da opinião de outros painelistas. Hanna Dumont, pesquisadora alemã do Centro de Ciências da Educação e Psicologia da Universidade de Tübingen, destacou que, em uma sociedade que tem o conhecimento como força central, é preciso desenvolver a habilidade de pensamento. E isso passa necessariamente por um novo modelo de ensino, que abandone a fórmula do professor como transmissor da informação, defendeu.
– Precisamos aprender como aprender – explicou Hanna.
Para Ricardo Felizzola, fundador e presidente do conselho de administração da Altus, a indústria está mudando e os desafios econômicos são outros.
– Necessitamos fazer melhor o que estamos fazendo e saber também as tendências mundiais. Precisamos de inovação na própria educação – avaliou Felizzola.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Mais uma prova que este blog está no caminho certo. Ao defendermos uma educação multidisciplinar estamos visando um futuro onde o jovem deve estar preparado e capacitado para evoluir culturalmente e obter a autonomia necessária à sua sobrevivência no mercado de trabalho e às suas relações interpessoais. Por este motivo, o ensino deveria envolver, além do conhecimento científico, conhecimentos técnicos, artísticos e desportivos. Com isto, os professores podem ajudar estes jovens na identificação de habilidades, talentos, vocação e orientação cultural e profissional. Descobrindo a área de seu interesse de acordo com o seu perfil, o jovem tem facilitada a escolha das oportunidades, sem passar pelo estresse, pela desorientação e pelas escolhas erradas.
DESCOMPASSO ESCOLAR
EDITORIAL ZERO HORA 17/11/2011
O alerta da pesquisadora alemã Hanna Dumont no 4º Congresso Internacional de Inovação, na Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), encaixa-se perfeitamente na realidade da economia gaúcha. A pesquisadora argumentou que a educação ministrada nas escolas não está adequada à indústria do conhecimento do século 21, pois tende a reproduzir muito mais a que os pais tiveram e imaginam ser a melhor para seus filhos. Este é justamente um dos aspectos que explicam o fato de muitos segmentos do setor produtivo, como a indústria metalmecânica da serra gaúcha, estarem enfrentando hoje dificuldades para preencher vagas disponíveis por falta de profissionais devidamente capacitados.
Em muitos países, a começar pelos Estados Unidos e incluindo obviamente o Brasil, a deterioração gradativa da qualidade da educação é apontada como uma das razões para dificuldades enfrentadas hoje, em diferentes graus, na área econômica. O problema se deve ao fato de que, cada vez mais, o desenvolvimento é associado à capacidade de inovar. E essa é uma característica que tende a ser facilitada quando a população conquista padrões razoáveis de bem-estar em geral, o que inclui alimentação adequada, atendimento de qualidade na área de saúde e uma educação preocupada não apenas em ensinar a ler, a escrever e a fazer contas, mas sobretudo a pensar.
A questão é que o Brasil e o Estado mudaram de patamar econômico de forma muito acelerada, sem se preocupar em fazer sua educação andar no mesmo ritmo. Outros países basearam sua expansão justamente num ensino de qualidade, preparando crianças e jovens para enfrentarem as exigências que o mercado impõe.
O desafio, agora, é recuperar o atraso nesta área, com investimentos continuados e políticas adequadas, que levem em conta principalmente as facilidades colocadas à disposição pelas novas tecnologias. Sem isso, nem o país, nem o Estado ficarão em condições de avançar numa área essencial para o crescimento, como a inovação.
O alerta da pesquisadora alemã Hanna Dumont no 4º Congresso Internacional de Inovação, na Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), encaixa-se perfeitamente na realidade da economia gaúcha. A pesquisadora argumentou que a educação ministrada nas escolas não está adequada à indústria do conhecimento do século 21, pois tende a reproduzir muito mais a que os pais tiveram e imaginam ser a melhor para seus filhos. Este é justamente um dos aspectos que explicam o fato de muitos segmentos do setor produtivo, como a indústria metalmecânica da serra gaúcha, estarem enfrentando hoje dificuldades para preencher vagas disponíveis por falta de profissionais devidamente capacitados.
Em muitos países, a começar pelos Estados Unidos e incluindo obviamente o Brasil, a deterioração gradativa da qualidade da educação é apontada como uma das razões para dificuldades enfrentadas hoje, em diferentes graus, na área econômica. O problema se deve ao fato de que, cada vez mais, o desenvolvimento é associado à capacidade de inovar. E essa é uma característica que tende a ser facilitada quando a população conquista padrões razoáveis de bem-estar em geral, o que inclui alimentação adequada, atendimento de qualidade na área de saúde e uma educação preocupada não apenas em ensinar a ler, a escrever e a fazer contas, mas sobretudo a pensar.
A questão é que o Brasil e o Estado mudaram de patamar econômico de forma muito acelerada, sem se preocupar em fazer sua educação andar no mesmo ritmo. Outros países basearam sua expansão justamente num ensino de qualidade, preparando crianças e jovens para enfrentarem as exigências que o mercado impõe.
O desafio, agora, é recuperar o atraso nesta área, com investimentos continuados e políticas adequadas, que levem em conta principalmente as facilidades colocadas à disposição pelas novas tecnologias. Sem isso, nem o país, nem o Estado ficarão em condições de avançar numa área essencial para o crescimento, como a inovação.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
PISO NACIONAL - ESTADOS NÃO CUMPREM LEI
Estados não cumprem lei do piso nacional para professor - DE SÃO PAULO - FOLHA.COM, 16/11/2011 - 05h30
Aprovada há mais de três anos, a lei nacional do piso do magistério não é cumprida em pelo menos 17 das 27 unidades da Federação, informa a reportagem de Fábio Takahashi e Luiza Bandeira, publicada na edição desta quarta-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
A legislação prevê mínimo de R$ 1.187 a professores da educação básica pública, por 40 horas semanais, excluindo as gratificações.
A lei também assegura que os docentes passem ao menos 33% desse tempo fora das aulas para poderem atender aos estudantes e preparar aulas.
A regra visa melhorar as condições de trabalho dos docentes e atrair jovens mais bem preparados para o magistério.
O levantamento da Folha mostra que a jornada extra-classe é o ponto mais desrespeitado da lei: 15 Estados a descumprem, incluindo São Paulo, onde 17% da carga é fora da classe. Entre esses 15, quatro (MG, RS, PA e BA) também não pagam o mínimo salarial.
O ministério da Educação afirma que a lei deve ser aplicada imediatamente, mas que não pode obrigar Estados e municípios a isso.
A maior parte dos Estados que descumprem a lei disse que vai se adequar à regra.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação recomendou a seus sindicatos que entrem na Justiça.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Se o Estado não cumpre e nem aplica as leis, como exigir cultura do povo e limites para a bandidagem. Este é um dos maiores males do Brasil, onde o Estado se posta como ditador impondo leis e tributações para o seu povo, mas, em contrapartida, não as cumpre, aplica apenas o que interessa e investe mais em propaganda, privilégios e demagogias. É uma impunidade fomentada pelo próprio Estado.
domingo, 13 de novembro de 2011
PIRATARIA DO SABER PREJUDICA O BRASIL
Pirataria do saber prejudica o país - EDITORIAL CORREIO DO POVO, 13/11/2011
A revista Via Legal, publicada pelo Centro de Produção da Justiça Federal, edição de número 11, traz uma matéria importante sobre os danos que a pirataria do conhecimento traz ao meio acadêmico, e por extensão ao país, bem como as implicações legais para quem incorre em plágio ou contrafação. A primeira ilicitude diz respeito à cópia das ideias e maquiagem do texto sem dar a devida fonte e está na esfera cível, podendo gerar indenização. Já a segunda consiste na transcrição direta sem indicar quem é o verdadeiro autor e constitui um delito penal devidamente tipificado.
De um modo geral, o Judiciário está entendendo que as universidades têm autonomia em suas decisões de rejeitar trabalhos escolares nos quais esteja claro que houve adulteração. Essa prática fraudulenta ganhou novo corpo com o advento da Internet, como explica o advogado Cláudio Goulart, especialista em direito autoral. Ele aduz que é fundamental que fique evidente para o estudante que o copiar e colar, procedimentos corriqueiros num teclado de computador, poderá ter consequências graves para seu presente como acadêmico e para seu futuro como profissional.
Para a professora Débora Diniz, docente de Bioética da Universidade de Brasília (UnB), somente com um sistema de avaliação criterioso será possível fazer um filtro e descartar trabalhos pirateados. Para o professor de Física Demétrio Filho, é preciso conscientizar o aluno dos riscos de fraudar uma monografia. A questão atingiu tal gravidade que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, já emitiu parecer sobre o tema para orientar as instituições de ensino.
A apropriação intelectual indevida de um trabalho de outrem é grave desvio ético. Isso mina a credibilidade da nossa produção científica e é uma conduta que deve ser combatida com rigor.
A revista Via Legal, publicada pelo Centro de Produção da Justiça Federal, edição de número 11, traz uma matéria importante sobre os danos que a pirataria do conhecimento traz ao meio acadêmico, e por extensão ao país, bem como as implicações legais para quem incorre em plágio ou contrafação. A primeira ilicitude diz respeito à cópia das ideias e maquiagem do texto sem dar a devida fonte e está na esfera cível, podendo gerar indenização. Já a segunda consiste na transcrição direta sem indicar quem é o verdadeiro autor e constitui um delito penal devidamente tipificado.
De um modo geral, o Judiciário está entendendo que as universidades têm autonomia em suas decisões de rejeitar trabalhos escolares nos quais esteja claro que houve adulteração. Essa prática fraudulenta ganhou novo corpo com o advento da Internet, como explica o advogado Cláudio Goulart, especialista em direito autoral. Ele aduz que é fundamental que fique evidente para o estudante que o copiar e colar, procedimentos corriqueiros num teclado de computador, poderá ter consequências graves para seu presente como acadêmico e para seu futuro como profissional.
Para a professora Débora Diniz, docente de Bioética da Universidade de Brasília (UnB), somente com um sistema de avaliação criterioso será possível fazer um filtro e descartar trabalhos pirateados. Para o professor de Física Demétrio Filho, é preciso conscientizar o aluno dos riscos de fraudar uma monografia. A questão atingiu tal gravidade que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, já emitiu parecer sobre o tema para orientar as instituições de ensino.
A apropriação intelectual indevida de um trabalho de outrem é grave desvio ético. Isso mina a credibilidade da nossa produção científica e é uma conduta que deve ser combatida com rigor.
sábado, 12 de novembro de 2011
ESTUDANTES - DA DITADURA AO BASEADO
Aloísio de Toledo César, Desembargador Aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo - O ESTADO DE SÃO PAULO, 12/11/2011
Para quem viu os estudantes de São Paulo enfrentando o Exército nas ruas, naqueles dias nada saudosos de luta contra a ditadura militar, é profundamente entristecedor observar os estragos feitos pela minoria que invadiu a USP, ao fundamento obsceno de defender colegas presos pela Polícia Militar quando fumavam maconha.
Os estudantes paulistas sempre tiveram bandeiras mais nobres. Em 1932, quando a ditadura de Getúlio Vargas negava a outorga de uma Constituição ao povo brasileiro, milhares deles se alistaram às forças que enfrentariam com armas os defensores do ditador. Vem daquela época o verso gravado em bronze na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco: "Quando se sente bater no peito heroica pancada, deixa-se a folha dobrada enquanto se vai morrer". A folha dos dias presentes não é mais aquela dobrada no livro, mas o de uma conhecida erva que anestesia e enfraquece a vontade de alguns.
A mesma bandeira de luta contra a ditadura foi empunhada décadas depois também por estudantes para exigir eleições diretas e livres. A Faculdade de Direito da USP, na época, foi ocupada por seus alunos em circunstâncias que deixariam envergonhados esses que agora, quem sabe ao efeito de baseados, tomaram a Reitoria e conseguiram obter uma assombrosa desaprovação pública de sua conduta.
Nestes dias de inacreditável insegurança coletiva, quando grupos armados invadem residências e enfrentam sem medo a polícia com armas de grosso calibre, não dá para entender os grupos minoritários de estudantes da Cidade Universitária que não querem a segurança proporcionada pela Polícia Militar. Enfim, num momento em que a presença de policiais militares é desejada por praticamente todos, nas ruas, avenidas, ao lado das escolas, é incrível que essa minoria faça baderna pública para impedir atividade que é de interesse coletivo. Não é possível que os estupros e os assaltos ocorridos na Cidade Universitária não ensinem a essa minoria a necessidade de policiamento.
É forte e assustadora a informação de que na raiz de tudo está o desejo de uso livre de drogas. Tão surpreendente se mostra essa versão que é preferível torcer para não ser verdadeira, mas, pelo que mostram os fatos, infelizmente o pretendido afastamento de policiais teria mesmo esse objetivo.
Num mundo como o nosso, de diferentes escalas de valores, é compreensível que as minorias exprimam os seus inconformismos. Realmente, se estamos num Estado de Direito, exercido em regime republicano, as manifestações, quando exercidas com razoabilidade, servem até mesmo para fortalecer a democracia. Mas quando as minorias inconformadas agem por impulso e se afastam da lei, descumprindo-a deliberadamente, contra a vontade da maioria, o caminho a ser seguido para a manutenção da ordem é exatamente o adotado pelo governo paulista.
Diante de decisão judicial, devidamente fundamentada, que determinava a desocupação da Reitoria, com a retirada dos estudantes, não poderia ser outra a conduta da Polícia Militar. A desocupação efetivou-se com base na força necessária, mas sem violência, retirando-se e detendo-se os estudantes renitentes, que ali permaneciam por lamentável teimosia.
Quem teve a oportunidade de assistir na televisão à invasão da USP pelos policiais militares sentiu claramente o propósito determinado de afastar os estudantes, mas, ao mesmo tempo, não ceder às provocações. Todos sabemos como nessas horas o surgimento de uma vítima poderia alterar completamente a situação - e isso, felizmente, não aconteceu.
O comportamento desses estudantes, levados coercitivamente para a delegacia de polícia do bairro, faz lembrar infração de diferentes tipos penais, significando que deverão judicialmente responder pelos estragos. A falta de razoabilidade seguramente vai custar-lhes bem caro, podendo até resultar na perda da primariedade, o que é danoso para qualquer pessoa, mas, sobretudo, para quem ainda vai iniciar sua atividade profissional.
Chama também a atenção o fato de se tratar de estudantes da mais famosa universidade do País, cujo acesso é sonhado por milhões de brasileiros. Sem nenhuma dúvida, os que ali conseguem penetrar, após sofrido vestibular, são pessoas privilegiadas, porque, em vez de pagar pelos estudos, terão como "sócio" o Estado paulista, que nada cobra desses alunos.
Os estudantes que trabalham durante o dia e fazem faculdade à noite não estão nesse grupo de privilegiados que tomaram a Reitoria. Em verdade, tornou-se público que a maioria dos estudantes reprova a invasão e deseja que a Polícia Militar cuide da segurança local. Curiosamente, a vontade dessa maioria é afrontosamente repudiada pela minoria radical de invasores, os quais, cobrindo a cabeça com panos (assim apareceram na televisão), fazem lembrar outros radicais - exatamente aqueles que usam o argumento das bombas.
Além do movimento de políticos que invadem terras alheias para se firmarem e obterem vantagens pessoais e de organizações mais recentes que ocupam prédios de particulares usando como massa de manobra a sofrida classe dos que não possuem casa própria, é um absurdo ver nascer essa revolta sem causa de estudantes privilegiados, que causaram a impressão de estar sob o efeito da conhecida erva.
O fato de esses estudantes não quererem a polícia perto deles é muito significativo e torna desnecessária qualquer outra explicação. Enfim, querem ter uma liberdade afrontosa aos costumes e até mesmo aos demais colegas, os quais preferem, por grande maioria, a presença da Polícia Militar na Cidade Universitária.
Para quem viu os estudantes de São Paulo enfrentando o Exército nas ruas, naqueles dias nada saudosos de luta contra a ditadura militar, é profundamente entristecedor observar os estragos feitos pela minoria que invadiu a USP, ao fundamento obsceno de defender colegas presos pela Polícia Militar quando fumavam maconha.
Os estudantes paulistas sempre tiveram bandeiras mais nobres. Em 1932, quando a ditadura de Getúlio Vargas negava a outorga de uma Constituição ao povo brasileiro, milhares deles se alistaram às forças que enfrentariam com armas os defensores do ditador. Vem daquela época o verso gravado em bronze na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco: "Quando se sente bater no peito heroica pancada, deixa-se a folha dobrada enquanto se vai morrer". A folha dos dias presentes não é mais aquela dobrada no livro, mas o de uma conhecida erva que anestesia e enfraquece a vontade de alguns.
A mesma bandeira de luta contra a ditadura foi empunhada décadas depois também por estudantes para exigir eleições diretas e livres. A Faculdade de Direito da USP, na época, foi ocupada por seus alunos em circunstâncias que deixariam envergonhados esses que agora, quem sabe ao efeito de baseados, tomaram a Reitoria e conseguiram obter uma assombrosa desaprovação pública de sua conduta.
Nestes dias de inacreditável insegurança coletiva, quando grupos armados invadem residências e enfrentam sem medo a polícia com armas de grosso calibre, não dá para entender os grupos minoritários de estudantes da Cidade Universitária que não querem a segurança proporcionada pela Polícia Militar. Enfim, num momento em que a presença de policiais militares é desejada por praticamente todos, nas ruas, avenidas, ao lado das escolas, é incrível que essa minoria faça baderna pública para impedir atividade que é de interesse coletivo. Não é possível que os estupros e os assaltos ocorridos na Cidade Universitária não ensinem a essa minoria a necessidade de policiamento.
É forte e assustadora a informação de que na raiz de tudo está o desejo de uso livre de drogas. Tão surpreendente se mostra essa versão que é preferível torcer para não ser verdadeira, mas, pelo que mostram os fatos, infelizmente o pretendido afastamento de policiais teria mesmo esse objetivo.
Num mundo como o nosso, de diferentes escalas de valores, é compreensível que as minorias exprimam os seus inconformismos. Realmente, se estamos num Estado de Direito, exercido em regime republicano, as manifestações, quando exercidas com razoabilidade, servem até mesmo para fortalecer a democracia. Mas quando as minorias inconformadas agem por impulso e se afastam da lei, descumprindo-a deliberadamente, contra a vontade da maioria, o caminho a ser seguido para a manutenção da ordem é exatamente o adotado pelo governo paulista.
Diante de decisão judicial, devidamente fundamentada, que determinava a desocupação da Reitoria, com a retirada dos estudantes, não poderia ser outra a conduta da Polícia Militar. A desocupação efetivou-se com base na força necessária, mas sem violência, retirando-se e detendo-se os estudantes renitentes, que ali permaneciam por lamentável teimosia.
Quem teve a oportunidade de assistir na televisão à invasão da USP pelos policiais militares sentiu claramente o propósito determinado de afastar os estudantes, mas, ao mesmo tempo, não ceder às provocações. Todos sabemos como nessas horas o surgimento de uma vítima poderia alterar completamente a situação - e isso, felizmente, não aconteceu.
O comportamento desses estudantes, levados coercitivamente para a delegacia de polícia do bairro, faz lembrar infração de diferentes tipos penais, significando que deverão judicialmente responder pelos estragos. A falta de razoabilidade seguramente vai custar-lhes bem caro, podendo até resultar na perda da primariedade, o que é danoso para qualquer pessoa, mas, sobretudo, para quem ainda vai iniciar sua atividade profissional.
Chama também a atenção o fato de se tratar de estudantes da mais famosa universidade do País, cujo acesso é sonhado por milhões de brasileiros. Sem nenhuma dúvida, os que ali conseguem penetrar, após sofrido vestibular, são pessoas privilegiadas, porque, em vez de pagar pelos estudos, terão como "sócio" o Estado paulista, que nada cobra desses alunos.
Os estudantes que trabalham durante o dia e fazem faculdade à noite não estão nesse grupo de privilegiados que tomaram a Reitoria. Em verdade, tornou-se público que a maioria dos estudantes reprova a invasão e deseja que a Polícia Militar cuide da segurança local. Curiosamente, a vontade dessa maioria é afrontosamente repudiada pela minoria radical de invasores, os quais, cobrindo a cabeça com panos (assim apareceram na televisão), fazem lembrar outros radicais - exatamente aqueles que usam o argumento das bombas.
Além do movimento de políticos que invadem terras alheias para se firmarem e obterem vantagens pessoais e de organizações mais recentes que ocupam prédios de particulares usando como massa de manobra a sofrida classe dos que não possuem casa própria, é um absurdo ver nascer essa revolta sem causa de estudantes privilegiados, que causaram a impressão de estar sob o efeito da conhecida erva.
O fato de esses estudantes não quererem a polícia perto deles é muito significativo e torna desnecessária qualquer outra explicação. Enfim, querem ter uma liberdade afrontosa aos costumes e até mesmo aos demais colegas, os quais preferem, por grande maioria, a presença da Polícia Militar na Cidade Universitária.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
FORMAÇÃO DEFICIENTE
EDITORIAL ZERO HORA, 11/11/2011
Em descompasso com o crescimento da economia, ampliou-se nos últimos anos a carência de mão de obra especializada nas mais diversas áreas. As perdas representadas pelas deficiências foram abordadas por lideranças empresariais e políticas durante o encontro Debates do Rio Grande promovido na última quarta-feira pela Rádio Gaúcha. A região em debate era a Metropolitana, mas as conclusões do painel são válidas para o Estado. Governos, em todos os níveis, e também as empresas subestimaram a capacidade de reação da produção, como decorrência da estabilização econômica, e investiram na formação profissional muito aquém das demandas, em especial da indústria. A abordagem, nesse caso, trata principalmente da formação média, cujas carências são acentuadas pelo crescimento e pela modernização da economia.
Um diagnóstico aceito pelo próprio governo federal, ao qual é atribuída a orientação política para os cursos técnicos, indica que a prioridade ao fortalecimento do Ensino Superior criou uma distorção. Nos últimos 10 anos, as matrículas nas universidades federais aumentaram 86%. As vagas nos cursos profissionalizantes não acompanharam esse ritmo. Desprezando a formação média, o governo impediu que milhares de jovens – e mesmo de profissionais já em atividade –, que não têm acesso à universidade, fossem habilitados às inovações tecnológicas. Também o setor privado deve reconhecer sua participação nesse retrocesso, pois as empresas devem igualmente participar do esforço pela atualização de seus funcionários, mesmo que se reconheça a importância das atividades das instituições do chamado Sistema S, formado por Senai, Sesi e Senac.
No Rio Grande do Sul, já foram identificadas carências crônicas de mão de obra qualificada em áreas como a construção civil, obrigada a importar trabalhadores de outros Estados. Lideranças locais devem trabalhar ao lado do setor público, para identificar deficiências e orientar as prioridades de escolas técnicas em criação no Brasil, dentro do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
A qualificação profissional deve ser medida não só pelos ganhos econômicos, mas também pelos impactos sociais, com melhoria de renda e qualidade de vida.
Em descompasso com o crescimento da economia, ampliou-se nos últimos anos a carência de mão de obra especializada nas mais diversas áreas. As perdas representadas pelas deficiências foram abordadas por lideranças empresariais e políticas durante o encontro Debates do Rio Grande promovido na última quarta-feira pela Rádio Gaúcha. A região em debate era a Metropolitana, mas as conclusões do painel são válidas para o Estado. Governos, em todos os níveis, e também as empresas subestimaram a capacidade de reação da produção, como decorrência da estabilização econômica, e investiram na formação profissional muito aquém das demandas, em especial da indústria. A abordagem, nesse caso, trata principalmente da formação média, cujas carências são acentuadas pelo crescimento e pela modernização da economia.
Um diagnóstico aceito pelo próprio governo federal, ao qual é atribuída a orientação política para os cursos técnicos, indica que a prioridade ao fortalecimento do Ensino Superior criou uma distorção. Nos últimos 10 anos, as matrículas nas universidades federais aumentaram 86%. As vagas nos cursos profissionalizantes não acompanharam esse ritmo. Desprezando a formação média, o governo impediu que milhares de jovens – e mesmo de profissionais já em atividade –, que não têm acesso à universidade, fossem habilitados às inovações tecnológicas. Também o setor privado deve reconhecer sua participação nesse retrocesso, pois as empresas devem igualmente participar do esforço pela atualização de seus funcionários, mesmo que se reconheça a importância das atividades das instituições do chamado Sistema S, formado por Senai, Sesi e Senac.
No Rio Grande do Sul, já foram identificadas carências crônicas de mão de obra qualificada em áreas como a construção civil, obrigada a importar trabalhadores de outros Estados. Lideranças locais devem trabalhar ao lado do setor público, para identificar deficiências e orientar as prioridades de escolas técnicas em criação no Brasil, dentro do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
A qualificação profissional deve ser medida não só pelos ganhos econômicos, mas também pelos impactos sociais, com melhoria de renda e qualidade de vida.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
SOCIEDADE CIVIL E EDUCAÇÃO NA AMÉRICA LATINA
Fernando Carrillo-Flórez, representante do BID no Brasil - O Estado de S.Paulo, 08/11/2011
A incidência de movimentos sociais voltados para a educação na América Latina e no Caribe tem aumentado nos últimos anos. São organizações criadas por líderes civis, sociais e empresariais que compartilham a visão de que a promoção da educação de qualidade para crianças e jovens, sobretudo no que diz respeito ao acesso, é uma das estratégias mais eficazes para tornar a nossa sociedade menos desigual e mais competitiva.
Para tanto é necessário mobilizar a opinião pública em torno desse objetivo, incentivando, apoiando e trabalhando junto aos governos para manter as políticas públicas em dia. Esse trabalho é amplo e complexo. A educação básica na América Latina e no Caribe constitui-se num desafio e numa oportunidade, ao mesmo tempo.
Hoje praticamente todas as crianças da região alcançam a educação básica e o acesso aos níveis fundamental e médio vem aumentando consideravelmente. Isso ocorre porque a maioria dos sistemas educativos da região implementou diversas reformas. De todo modo, os avanços não são suficientes. Ainda há crianças e jovens fora da escola e permanecem padrões intoleráveis de exclusão e iniquidade.
Em nossa região há 23 milhões de crianças e jovens - entre 4 e 17 anos - fora do sistema educativo. Entre os que estão em idade pré-escolar, 30% não vão à escola. E esse índice ultrapassa os 40% em grupos de populações mais vulneráveis - comunidades pobres, rurais, indígenas e afrodescendentes.
Ainda assim, o principal desafio educacional da região, atualmente, é a baixa qualidade de aprendizagem dos estudantes. Estudos nacionais, regionais e internacionais indicam que os graus de aprendizagem são muito baixos em todos os níveis, assim como são desiguais entre grupos socioeconômicos; inferiores aos países desenvolvidos e de renda per capita similar; e inadequados para as novas demandas sociais.
A evidência empírica sugere que os estudantes latino-americanos não estão adquirindo os níveis necessários de habilidades-chave para a construção de sociedades democráticas e igualitárias. Essa situação é explicada pelo baixo investimento por aluno, pelo atraso e concentração da gestão educativa, pela carência de sistemas de monitoramento e avaliação da qualidade, pelos precários e eventuais perversos incentivos ao ensino e pela falta de visão estratégica e continuidade nas políticas públicas.
O conteúdo do ensino não condiz com a realidade dos estudantes, que abandonam prematuramente os estudos; os professores perderam o prestígio e respeito nas comunidades e deixaram de cumprir sua tradicional função de liderança; os pais não sabem o que exigir das escolas; e os grupos sociais atuam sem objetivos comuns.
Diante dessa realidade, os movimentos sociais e organizações da sociedade civil dedicados à educação vêm desempenhando papel fundamental. Essas organizações são o "termômetro" do que acontece na sala de aula e no ambiente escolar. Atuam diretamente nas comunidades e unidades de ensino, com professores, alunos e grupos familiares. Desenvolvem análises, estudos, projetos educacionais complementares e apoiam o desenho e construção de políticas públicas.
No Brasil, o Movimento Todos pela Educação é um exemplo de como a iniciativa privada, a academia e gestores públicos podem reunir esforços numa agenda de desenvolvimento ampla, com ações concentradas e coordenadas. Esse movimento busca o mesmo que as outras organizações da região dedicadas ao tema: garantir o direito de todas as crianças e jovens a uma educação de qualidade.
Nos outros países da América Latina e do Caribe, a universalização do ensino também é perseguida e movimentos bem estruturados começam a apresentar resultados. Nesse contexto, a construção de uma rede com essas organizações, considerando as grandes similaridades entres os países latino-americanos, poderia ser a ponte de compartilhamento de experiências bem-sucedidas e lições aprendidas.
Por considerar todas essas variáveis, a Rede Latino-americana de Movimentos Sociais para a Educação começa a ganhar corpo. Organizações da sociedade civil de Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Guatemala, Honduras, El Salvador, México, Peru, República Dominicana, Panamá e Equador reuniram-se em 16 de setembro, em Brasília, para marcar o compromisso público de contribuir para a universalização da educação de crianças e jovens.
Trata-se de uma rede diversa, tanto no tocante às origens de cada organização quanto ao percurso já transcorrido, o que só enriquece o intercâmbio do conhecimento a ser aplicado. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tem apoiado essa iniciativa, tendo como principal missão aprender com tais organizações e facilitar a sua articulação.
É importante pensar a educação não apenas no contexto nacional, mas buscando níveis educacionais ascendentes para toda a região. E isso requer um compromisso de todos os países, de seus respectivos gestores públicos, da sociedade civil, da academia e do setor privado.
A ideia da rede é criar condições para que as políticas públicas dos países latino-americanos sejam bem-sucedidas, com ações que visam ao acesso ao conhecimento, à transferência, adoção e adaptação de soluções estratégicas e ao aumento do potencial de incidência dos governos, a partir de uma maior visibilidade com novos canais de comunicação.
Ainda no marco da cooperação Sul-Sul, esse tipo de iniciativa evidencia a necessidade de que os países trabalhem cada vez mais integrados diante dos desafios do desenvolvimento de nossa região. Nesse sentido, a educação é fator primordial de uma agenda de reformas sociais em que o Brasil vem demonstrando liderança. Nascem uma nova base de apoio aos gestores públicos da região e uma nova forma de pensar a educação, com o fortalecimento e a participação da sociedade civil.
A incidência de movimentos sociais voltados para a educação na América Latina e no Caribe tem aumentado nos últimos anos. São organizações criadas por líderes civis, sociais e empresariais que compartilham a visão de que a promoção da educação de qualidade para crianças e jovens, sobretudo no que diz respeito ao acesso, é uma das estratégias mais eficazes para tornar a nossa sociedade menos desigual e mais competitiva.
Para tanto é necessário mobilizar a opinião pública em torno desse objetivo, incentivando, apoiando e trabalhando junto aos governos para manter as políticas públicas em dia. Esse trabalho é amplo e complexo. A educação básica na América Latina e no Caribe constitui-se num desafio e numa oportunidade, ao mesmo tempo.
Hoje praticamente todas as crianças da região alcançam a educação básica e o acesso aos níveis fundamental e médio vem aumentando consideravelmente. Isso ocorre porque a maioria dos sistemas educativos da região implementou diversas reformas. De todo modo, os avanços não são suficientes. Ainda há crianças e jovens fora da escola e permanecem padrões intoleráveis de exclusão e iniquidade.
Em nossa região há 23 milhões de crianças e jovens - entre 4 e 17 anos - fora do sistema educativo. Entre os que estão em idade pré-escolar, 30% não vão à escola. E esse índice ultrapassa os 40% em grupos de populações mais vulneráveis - comunidades pobres, rurais, indígenas e afrodescendentes.
Ainda assim, o principal desafio educacional da região, atualmente, é a baixa qualidade de aprendizagem dos estudantes. Estudos nacionais, regionais e internacionais indicam que os graus de aprendizagem são muito baixos em todos os níveis, assim como são desiguais entre grupos socioeconômicos; inferiores aos países desenvolvidos e de renda per capita similar; e inadequados para as novas demandas sociais.
A evidência empírica sugere que os estudantes latino-americanos não estão adquirindo os níveis necessários de habilidades-chave para a construção de sociedades democráticas e igualitárias. Essa situação é explicada pelo baixo investimento por aluno, pelo atraso e concentração da gestão educativa, pela carência de sistemas de monitoramento e avaliação da qualidade, pelos precários e eventuais perversos incentivos ao ensino e pela falta de visão estratégica e continuidade nas políticas públicas.
O conteúdo do ensino não condiz com a realidade dos estudantes, que abandonam prematuramente os estudos; os professores perderam o prestígio e respeito nas comunidades e deixaram de cumprir sua tradicional função de liderança; os pais não sabem o que exigir das escolas; e os grupos sociais atuam sem objetivos comuns.
Diante dessa realidade, os movimentos sociais e organizações da sociedade civil dedicados à educação vêm desempenhando papel fundamental. Essas organizações são o "termômetro" do que acontece na sala de aula e no ambiente escolar. Atuam diretamente nas comunidades e unidades de ensino, com professores, alunos e grupos familiares. Desenvolvem análises, estudos, projetos educacionais complementares e apoiam o desenho e construção de políticas públicas.
No Brasil, o Movimento Todos pela Educação é um exemplo de como a iniciativa privada, a academia e gestores públicos podem reunir esforços numa agenda de desenvolvimento ampla, com ações concentradas e coordenadas. Esse movimento busca o mesmo que as outras organizações da região dedicadas ao tema: garantir o direito de todas as crianças e jovens a uma educação de qualidade.
Nos outros países da América Latina e do Caribe, a universalização do ensino também é perseguida e movimentos bem estruturados começam a apresentar resultados. Nesse contexto, a construção de uma rede com essas organizações, considerando as grandes similaridades entres os países latino-americanos, poderia ser a ponte de compartilhamento de experiências bem-sucedidas e lições aprendidas.
Por considerar todas essas variáveis, a Rede Latino-americana de Movimentos Sociais para a Educação começa a ganhar corpo. Organizações da sociedade civil de Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Guatemala, Honduras, El Salvador, México, Peru, República Dominicana, Panamá e Equador reuniram-se em 16 de setembro, em Brasília, para marcar o compromisso público de contribuir para a universalização da educação de crianças e jovens.
Trata-se de uma rede diversa, tanto no tocante às origens de cada organização quanto ao percurso já transcorrido, o que só enriquece o intercâmbio do conhecimento a ser aplicado. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tem apoiado essa iniciativa, tendo como principal missão aprender com tais organizações e facilitar a sua articulação.
É importante pensar a educação não apenas no contexto nacional, mas buscando níveis educacionais ascendentes para toda a região. E isso requer um compromisso de todos os países, de seus respectivos gestores públicos, da sociedade civil, da academia e do setor privado.
A ideia da rede é criar condições para que as políticas públicas dos países latino-americanos sejam bem-sucedidas, com ações que visam ao acesso ao conhecimento, à transferência, adoção e adaptação de soluções estratégicas e ao aumento do potencial de incidência dos governos, a partir de uma maior visibilidade com novos canais de comunicação.
Ainda no marco da cooperação Sul-Sul, esse tipo de iniciativa evidencia a necessidade de que os países trabalhem cada vez mais integrados diante dos desafios do desenvolvimento de nossa região. Nesse sentido, a educação é fator primordial de uma agenda de reformas sociais em que o Brasil vem demonstrando liderança. Nascem uma nova base de apoio aos gestores públicos da região e uma nova forma de pensar a educação, com o fortalecimento e a participação da sociedade civil.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
ESCOLAS IMPROVISADAS
EDITORIAL ZERO HORA 07/11/2011
Embora ainda esteja apenas no terreno da promessa, é bem-vindo o anúncio do secretário estadual de Educação, Jose Clovis de Azevedo, sobre o fim das chamadas escolas de lata. O governo se compromete a suspender, até o final deste mês, o uso de contêineres como salas de aula improvisadas em três instituições do Estado. Embora seja melhor ter aulas num local inadequado do que não tê-las, o improviso causava incômodo para alunos e professores, além de constrangimento para todos os gaúchos.
A improvisação desse ambiente escolar precário, ao qual se submetem ainda 740 alunos na Capital e em Caxias do Sul, deveu-se à necessidade de reformas nas instalações físicas ou a problemas provocados por incêndios ou intempéries. Como não há uma estrutura de transporte adequada, até mesmo muitas famílias preferiram a improvisação a ter que deslocar as crianças para outras instituições. A manutenção dessas condições adversas, porém, deve-se a razões na maioria das vezes associadas à burocracia, que emperra a busca de alternativas na velocidade necessária para reduzir as consequências.
Por mais que professores e alunos se mostrem predispostos a contornar incômodos como a temperatura elevada dentro dos contêineres, é evidente que não há como manter improvisos desse tipo indefinidamente. Um bom ambiente escolar, que não se restringe à sala de aula, é precondição para um aprendizado adequado.
O importante é que esse tipo de improvisação não volte mais a servir de alternativa para situações emergenciais no futuro. É difícil imaginar que a educação possa ser considerada prioridade quando tantos alunos continuam submetidos, diariamente, a condições de estudo inaceitáveis.
Embora ainda esteja apenas no terreno da promessa, é bem-vindo o anúncio do secretário estadual de Educação, Jose Clovis de Azevedo, sobre o fim das chamadas escolas de lata. O governo se compromete a suspender, até o final deste mês, o uso de contêineres como salas de aula improvisadas em três instituições do Estado. Embora seja melhor ter aulas num local inadequado do que não tê-las, o improviso causava incômodo para alunos e professores, além de constrangimento para todos os gaúchos.
A improvisação desse ambiente escolar precário, ao qual se submetem ainda 740 alunos na Capital e em Caxias do Sul, deveu-se à necessidade de reformas nas instalações físicas ou a problemas provocados por incêndios ou intempéries. Como não há uma estrutura de transporte adequada, até mesmo muitas famílias preferiram a improvisação a ter que deslocar as crianças para outras instituições. A manutenção dessas condições adversas, porém, deve-se a razões na maioria das vezes associadas à burocracia, que emperra a busca de alternativas na velocidade necessária para reduzir as consequências.
Por mais que professores e alunos se mostrem predispostos a contornar incômodos como a temperatura elevada dentro dos contêineres, é evidente que não há como manter improvisos desse tipo indefinidamente. Um bom ambiente escolar, que não se restringe à sala de aula, é precondição para um aprendizado adequado.
O importante é que esse tipo de improvisação não volte mais a servir de alternativa para situações emergenciais no futuro. É difícil imaginar que a educação possa ser considerada prioridade quando tantos alunos continuam submetidos, diariamente, a condições de estudo inaceitáveis.
domingo, 6 de novembro de 2011
CENTRALIZAÇÃO E USO DA REDE DE ENSINO COMO INSTRUMENTO POLÍTICO
Então como é que é?, por Percival Puggina, zero hora 06/11/2011
A fábula da rã que se deixa cozer viva, passivamente, em uma panela de água fria que vai ficando morna, depois quente e, por fim ferve, é perfeitamente aplicável a inúmeras estratégias em curso no país. Se, em vez de avançarem aos poucos, seus condutores saltassem etapas e nos jogassem diretamente onde desejam nos levar, haveria resistência social e os projetos fracassariam. Estão nos cozinhando em fogo baixo.
Muito se tem escrito sobre o Enem, esse mastodonte que iniciou como uma avaliação de desempenho do Ensino Médio no país e que, com raras exceções, virou monstruosidade ainda maior – prova de seleção para ingresso nos estabelecimentos de Ensino Superior. Por quê? Porque alguns pedagogos, afinados com o poder político estabelecido, decidiram que era assim que tinha que ser. Já escrevi que quando o “coletivo” aparece com uma ideia, por extravagante que seja, ela acabará prevalente. Não vou discutir, aqui, os aspectos pedagógicos nem as onerosas trapalhadas em que se tem envolvido o tal provão do MEC. Detenho-me sobre uma pauta que não pode transitar sem ser denunciada em vista de seu significado para a democracia.
A forma federativa de Estado, constitucionalizada no Brasil desde a Proclamação da República, corresponde ao importantíssimo princípio da Subsidiariedade, que ordena competências em níveis superpostos, de tal modo que cada nível só age se o nível que lhe é inferior não puder cumprir bem suas atribuições. Esse princípio, que preserva, na base, a iniciativa dos indivíduos e, logo acima, a iniciativa das comunidades locais, e assim sucessivamente, tem óbvias aplicações no campo da Administração, do Direito, da Política e da Ética. Pois eis que, ao conjunto de ações centralizadoras já adotadas no Brasil, sempre pelo reverso desse respeitável princípio, soma-se agora o Enem, como nova intromissão/cessão de autonomia em favor da União. Num país do tamanho do Brasil, as vagas nos estabelecimentos de Ensino Superior tornam-se disputadas nacionalmente, com estudantes transferindo-se de Garanhuns para Santana do Livramento e vice-versa, como se estivessem tomando lotação para ir ao colégio. Absurdo!
O sistema sempre foi descentralizado, regionalizado e, por fim, como convém, foi se municipalizando. Os investimentos que proporcionaram a maior parte dessas instituições de ensino resultaram de esforço, poupança ou pleitos locais. O provão nacional é uma cessão de autonomia no controle da porta de entrada do Ensino Superior!
Li todo o Caderno Amarelo aplicado este ano. Para quem está afeito às relações entre a linguagem e a política fica fácil perceber, em algumas questões, o emprego gramsciano do vocabulário e o uso da prova como instrumento de doutrinação e construção da hegemonia política. A centralização serve para muitos males, inclusive para esse específico mal. Serve para a submissão de Estados e municípios. Serve para a cooptação de maiorias parlamentares. Serve para afastar a sociedade de decisões ditas participativas pelo envolvimento de grupos sociais devidamente aparelhados. Serve para a corrupção. Serve, esplendidamente, para o uso da rede de ensino como instrumento de doutrinação (vide livros do MEC!). E, porque tem sido assim, em tudo e com tudo, também esse Enem vai a serviço dos mesmos instrumentos de centralização e hegemonia.
Enquanto a panela aquece para as festas do poder, canta-se como em outras comemorações: “Para a União não vai nada? Tudo! Então como é que é? É big, é big, é big, big, big”. Pobre federalismo brasileiro.
A fábula da rã que se deixa cozer viva, passivamente, em uma panela de água fria que vai ficando morna, depois quente e, por fim ferve, é perfeitamente aplicável a inúmeras estratégias em curso no país. Se, em vez de avançarem aos poucos, seus condutores saltassem etapas e nos jogassem diretamente onde desejam nos levar, haveria resistência social e os projetos fracassariam. Estão nos cozinhando em fogo baixo.
Muito se tem escrito sobre o Enem, esse mastodonte que iniciou como uma avaliação de desempenho do Ensino Médio no país e que, com raras exceções, virou monstruosidade ainda maior – prova de seleção para ingresso nos estabelecimentos de Ensino Superior. Por quê? Porque alguns pedagogos, afinados com o poder político estabelecido, decidiram que era assim que tinha que ser. Já escrevi que quando o “coletivo” aparece com uma ideia, por extravagante que seja, ela acabará prevalente. Não vou discutir, aqui, os aspectos pedagógicos nem as onerosas trapalhadas em que se tem envolvido o tal provão do MEC. Detenho-me sobre uma pauta que não pode transitar sem ser denunciada em vista de seu significado para a democracia.
A forma federativa de Estado, constitucionalizada no Brasil desde a Proclamação da República, corresponde ao importantíssimo princípio da Subsidiariedade, que ordena competências em níveis superpostos, de tal modo que cada nível só age se o nível que lhe é inferior não puder cumprir bem suas atribuições. Esse princípio, que preserva, na base, a iniciativa dos indivíduos e, logo acima, a iniciativa das comunidades locais, e assim sucessivamente, tem óbvias aplicações no campo da Administração, do Direito, da Política e da Ética. Pois eis que, ao conjunto de ações centralizadoras já adotadas no Brasil, sempre pelo reverso desse respeitável princípio, soma-se agora o Enem, como nova intromissão/cessão de autonomia em favor da União. Num país do tamanho do Brasil, as vagas nos estabelecimentos de Ensino Superior tornam-se disputadas nacionalmente, com estudantes transferindo-se de Garanhuns para Santana do Livramento e vice-versa, como se estivessem tomando lotação para ir ao colégio. Absurdo!
O sistema sempre foi descentralizado, regionalizado e, por fim, como convém, foi se municipalizando. Os investimentos que proporcionaram a maior parte dessas instituições de ensino resultaram de esforço, poupança ou pleitos locais. O provão nacional é uma cessão de autonomia no controle da porta de entrada do Ensino Superior!
Li todo o Caderno Amarelo aplicado este ano. Para quem está afeito às relações entre a linguagem e a política fica fácil perceber, em algumas questões, o emprego gramsciano do vocabulário e o uso da prova como instrumento de doutrinação e construção da hegemonia política. A centralização serve para muitos males, inclusive para esse específico mal. Serve para a submissão de Estados e municípios. Serve para a cooptação de maiorias parlamentares. Serve para afastar a sociedade de decisões ditas participativas pelo envolvimento de grupos sociais devidamente aparelhados. Serve para a corrupção. Serve, esplendidamente, para o uso da rede de ensino como instrumento de doutrinação (vide livros do MEC!). E, porque tem sido assim, em tudo e com tudo, também esse Enem vai a serviço dos mesmos instrumentos de centralização e hegemonia.
Enquanto a panela aquece para as festas do poder, canta-se como em outras comemorações: “Para a União não vai nada? Tudo! Então como é que é? É big, é big, é big, big, big”. Pobre federalismo brasileiro.
ESTUDANTES NA MIRA DO CRIME
ALVO EM POTENCIAL - MARCELO GONZATTO, ZERO HORA 06/11/2011
Imediações de escolas na Capital viraram área de ação de assaltantes que acreditam que atacar alunos é uma maneira rápida e fácil de conseguir dinheiro, roupas de marca e aparelhos eletrônicos
Estudantes da Capital se transformaram em alvo de roubos praticados nas imediações de escolas, quando termina a aula e tem início o caminho de volta para casa.
A vizinhança de colégios particulares é a área de ação preferida dos assaltantes que veem nos alunos uma maneira rápida e fácil de conseguir dinheiro, roupas de marca e aparelhos eletrônicos como celulares e tocadores de música. Conforme a Polícia Civil, uma das principais razões do cerco aos adolescentes é a busca de recursos para o consumo de drogas como o crack.
A estudante do 3º ano do Ensino Médio Paula Scherer, 17 anos, no final do último ano letivo aprendeu a dura lição que a criminalidade vem impondo ao universo escolar. Em um final da tarde, ela saiu do colégio onde estuda, na Zona Norte, e começou a andar em direção à parada de ônibus onde pegaria condução para casa. A caminhada foi interrompida pelo cano de uma arma.
– Entra nessa rua – ordenou um criminoso, pressionando o revólver na cintura da aluna.
Ele determinou que a adolescente entregasse a mochila escolar, onde imaginava que se encontravam objetos de valor. Tinha razão: Paula carregava, além de cadernos e livros, um celular e um aparelho de MP3. A adolescente ainda implorou:
– Deixa eu ficar com os livros, por favor. Tenho prova amanhã.
O bandido tirou os livros da mochila, mas, antes de sair correndo, arrancou uma corrente de ouro que a vítima trazia no pescoço – presente da família pelo aniversário de 15 anos.
– Já tinha sabido de outros colegas que foram roubados, mas foi a primeira vez em que eu fui assaltada. Passei a me cuidar mais – afirma a adolescente.
Pequena parcela registra queixa
A repetição de casos como esse não é representada nas estatísticas oficiais porque se estima que apenas uma pequena parcela das vítimas registra queixa. Conforme o delegado Cleber Ferreira, diretor da Delegacia de Polícia Regional de Porto Alegre, a carência de dados fidedignos dificulta a elaboração de investigações mais profundas. A Divisão de Planejamento e Coordenação da Polícia Civil registra 42 “roubos a pedestre escolar” este ano em todo o Estado – dos quais 19 na Capital (45%). Acredita-se, porém, que o número real seja muito superior.
– Muitas vezes, fica sem o registro (de ocorrência). Aí não tem estatística para poder desenvolver um trabalho – avalia Ferreira.
Apesar dessa limitação, o acúmulo de relatos semelhantes feitos nos últimos anos por famílias já colocou em alerta a Federação das Associações de Pais e Mestres das Escolas Particulares do Rio Grande do Sul (Federapars).
– Os estudantes viraram uma opção certa para o meliante, pelo fato de carregarem objetos de valor. É uma coisa contagiosa porque, se está rendendo, só tende a aumentar se não houver formas de coação – sustenta o presidente da Federapars, Richer Kniest.
ALVO EM POTENCIAL. Jovem foi assaltada na parada de ônibus
Nem mesmo a luz do sol ou a presença de outras pessoas livra estudantes do cerco dos criminosos. A estudante Bruna, 19 anos (prefere não ser identificada por sobrenome ou foto), é uma testemunha da ousadia dos bandidos que agem nas proximidades de colégios.
Por volta das 17h de um dia de aula, ainda com a roupa da educação física recém-concluída e mochila às costas, ela imaginava estar segura em uma parada de ônibus da Avenida Assis Brasil onde havia pelo menos uma dezena de outras pessoas. Atraído pelo perfil da vítima – mulher, adolescente, recém-saída do colégio –, um homem jovem se aproximou e perguntou se ela tinha algum dinheiro para dar a fim de que ele pudesse voltar para casa.
– Ingenuamente, eu falei que não tinha nem R$ 1, mas que, se tivesse, daria com certeza – conta Bruna.
Quando se deu conta, um segundo homem aparentando 20 e poucos anos se uniu ao primeiro e apontou um revólver para a cintura da aluna do 3º ano de uma escola particular. O primeiro rapaz anunciou o assalto e ordenou que ela entregasse todo o dinheiro que tinha sem manifestar qualquer tipo de reação. Como realmente não tinha dinheiro, ela ofereceu que levassem a mochila – o que não foi aceito.
A dupla então determinou que a jovem embarcasse em um ônibus com eles. Bruna disse que não iria, o que levou os criminosos a se contentarem em levar um telefone celular e um aparelho MP4 que se encontravam dentro da mochila da escola. Os dois mandaram que ela permanecesse imóvel, sem chorar ou gritar, enquanto eles pegaram o primeiro ônibus e foram embora.
– Eles disseram que se eu chorasse ou demonstrasse qualquer reação, iriam atirar em mim de dentro do ônibus mesmo – recorda a vítima.
Quando os bandidos enfim partiram, ela ao menos pôde cair no choro. Aí teve uma segunda surpresa: nenhuma das pessoas que estavam na parada e perceberam o ataque à adolescente se aproximou para prestar qualquer auxílio. Em prantos, esperou outro ônibus e se refugiou na casa da avó:
– Eu chorava bastante e ninguém me ajudou. Não cheguei a ficar traumatizada, mas hoje tomo muito mais cuidado.
Caminho rápido para as drogas
Quando criminosos tiram dinheiro, roupas ou aparelhos eletrônicos de adolescentes, na verdade não estão em busca de dinheiro, roupas ou equipamentos modernos. Buscam apenas um caminho rápido para a boca de fumo mais próxima, onde entregam o fruto dos roubos em troca de doses de droga.
Conforme o delegado Cleber Ferreira, diretor da Delegacia de Polícia Regional de Porto Alegre, quando o assaltante busca dinheiro ou objetos de valor, quase sempre a intenção do crime é garantir recursos para a compra de tóxicos. O crack é a principal alavanca desse tipo de crime, na avaliação da polícia.
– Depois de assaltar, trocam por maconha, cocaína, mas, principalmente, crack – avalia Ferreira.
Assim, quando se intensifica a fissura pela droga, o assaltante vê o adolescente como uma espécie de “caixa-rápido” para financiar a dependência ao entorpecente. Por essa razão, a delegada da 17ª Delegacia da Polícia Civil, Shana Luft Hartz, responsável por uma área onde se localizam alguns estabelecimentos privados da cidade, afirma que é fundamental a vítima manter a calma em caso de assalto.
– Nos casos em que o ladrão está sob efeito da droga, pode atirar por qualquer razão. É muito importante ficar tranquilo – observa.
Além do tóxico, outro fator que motiva os ataques aos escolares é o desejo de ostentação de roupas e acessórios da moda. Nesse caso, é mais comum o roubo de peças de vestuário, tênis e artigos como bonés e relógios para serem usados pelos próprios assaltantes. Na maior parte das vezes, quem comete esse tipo de ação é mais jovem e pode agir em conjunto com outros comparsas, em uma espécie de arrastão.
Para reduzir o risco de se transformar em vítima desses tipos de ataque, os policiais orientam os alunos a não andar com objetos de valor à mostra, evitar comportamentos como falar ao celular enquanto caminham ou andar sozinhos por áreas remotas ou mal iluminadas.
A orientação
- Federação das Associações de Pais e Mestres das Escolas Particulares do Rio Grande do Sul costuma orientar as associações de pais de cada escola para que, em caso de problemas envolvendo assaltos à saída das aulas, procurem a unidade de policiamento ostensivo mais próxima a fim de buscar uma solução específica para cada região da cidade.
- O comandante do 11° Batalhão de Polícia Militar (BPM) da Brigada Militar, tenente-coronel Toni Robilar Pacheco, responsável por uma área onde se encontram algumas das principais escolas particulares da Capital, afirma que os colégios fazem parte das rondas.
– Não recebemos muitas denúncias sobre isso, mas fazemos policiamento em volta das das escolas – afirma.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
O ESPORTE NA EDUCAÇÃO
VICTOR JOSÉ FACCIONI, CONTABILISTA, ECONOMISTA, ADVOGADO, EX-DEPUTADO FEDERAL - ZERO HORA 03/11/2011
Ou a educação nos esportes?... Títulos que se complementariam reforçando a ideia-base. Mas outro ministro “caiu”, e na área dos esportes. Creio que reiterados escândalos de desvio de verbas públicas através de mitológicas ONGs deveriam nos fazer refletir um pouco não só a respeito do fato em si, suas causas, responsabilidades, consequências e providências, como o quanto tem sido descuidada em nosso país a importância do esporte para a infância e a juventude, como instrumento e fator vital da educação. Afinal, o esporte ensina a competir, e a vida é uma contínua competição. O esporte ensina a competir com regras, com disciplina, além de ser vital igualmente para a saúde e para a mente. Mens sana in corpore sano, já nos lembravam os latinistas. Daí a importância da prática esportiva nas escolas dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia e de tantos países da América do Sul, menos, com tal ênfase nas escolas brasileiras, substituídas, nas verbas dos Esportes, por factoides de ONGs, embora algumas autênticas se justifiquem.
Educar não é apenas ensinar a ler e escrever, e um pouco de história, geografia, matemática, religião, o que mais constar no currículo, se não ensinar para a vida, logo como viver? O esporte, além de impor regras de competição ensinando, ademais tira a mocidade das ruas, dos vícios e dos tóxicos.
Em 1991, era eu deputado federal, e apresentei o Projeto de Lei nº 1.377, que, aprovado na Câmara e no Senado, foi sancionado pelo presidente da República e transformado na Lei 8.946/94 de 5 de dezembro de 1994, que criava um Programa de Esportes nas Escolas instituindo “o Sistema Desportivo Amador Brasileiro, e institucionalizava as Olimpíadas Estudantis em Nível Nacional”, num paradigma do que fazem as escolas nos Estados Unidos. Quantas escolas, no Brasil, ensinam a prática do esporte, ou sequer possuem uma quadra desportiva? Poucas. Aqui no Brasil, todos os bairros têm escola, mas poucos bairros têm quadra desportiva. Vamos criar uma política de incentivo de quadra desportiva, em cada escola, logo, em todos os bairros, inclusive estimulando a participação e investimento privado, e dando a administração não a qualquer ONG , mas ao círculo de pais e mestres da escola, entre outras condições que objetivava tal lei?
Porém, lamentavelmente, ao invés de posta em prática a lei, foi revogada, na sanção da Lei Pelé, pensando os então governantes que elas tratavam da mesma questão, quando na verdade se complementavam. Vemos agora, inclusive, nos desvios de recursos do Programa Nacional dos Esportes, o quanto tal revogação pode ter prejudicado, não só no desvio de dinheiro público de funções primordiais, como em especial na não aplicação de uma política nacional, capaz de fazer do esporte um instrumento vital para a educação. Daí me entusiasmou recente aprovação, pelo Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre, de sugestão que apresentamos, recomendando que a Câmara de Vereadores examine a possibilidade de instituir, por lei, uma política de esportes nas escolas de nossa capital, nos moldes do que foi revogado, e daí não aplicado, em âmbito nacional. Sentimos animadoras perspectivas entre os vereadores.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Como este blog defende a educação multidisciplinar, o esporte está dentro do ciclo pretendido, pois estimula o jovem, descobre habilidades e talentos, aumenta a autoestima e proporciona relações saudáveis e promissoras para o crescimento, sobrevivência e autonomia futura.
Ou a educação nos esportes?... Títulos que se complementariam reforçando a ideia-base. Mas outro ministro “caiu”, e na área dos esportes. Creio que reiterados escândalos de desvio de verbas públicas através de mitológicas ONGs deveriam nos fazer refletir um pouco não só a respeito do fato em si, suas causas, responsabilidades, consequências e providências, como o quanto tem sido descuidada em nosso país a importância do esporte para a infância e a juventude, como instrumento e fator vital da educação. Afinal, o esporte ensina a competir, e a vida é uma contínua competição. O esporte ensina a competir com regras, com disciplina, além de ser vital igualmente para a saúde e para a mente. Mens sana in corpore sano, já nos lembravam os latinistas. Daí a importância da prática esportiva nas escolas dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia e de tantos países da América do Sul, menos, com tal ênfase nas escolas brasileiras, substituídas, nas verbas dos Esportes, por factoides de ONGs, embora algumas autênticas se justifiquem.
Educar não é apenas ensinar a ler e escrever, e um pouco de história, geografia, matemática, religião, o que mais constar no currículo, se não ensinar para a vida, logo como viver? O esporte, além de impor regras de competição ensinando, ademais tira a mocidade das ruas, dos vícios e dos tóxicos.
Em 1991, era eu deputado federal, e apresentei o Projeto de Lei nº 1.377, que, aprovado na Câmara e no Senado, foi sancionado pelo presidente da República e transformado na Lei 8.946/94 de 5 de dezembro de 1994, que criava um Programa de Esportes nas Escolas instituindo “o Sistema Desportivo Amador Brasileiro, e institucionalizava as Olimpíadas Estudantis em Nível Nacional”, num paradigma do que fazem as escolas nos Estados Unidos. Quantas escolas, no Brasil, ensinam a prática do esporte, ou sequer possuem uma quadra desportiva? Poucas. Aqui no Brasil, todos os bairros têm escola, mas poucos bairros têm quadra desportiva. Vamos criar uma política de incentivo de quadra desportiva, em cada escola, logo, em todos os bairros, inclusive estimulando a participação e investimento privado, e dando a administração não a qualquer ONG , mas ao círculo de pais e mestres da escola, entre outras condições que objetivava tal lei?
Porém, lamentavelmente, ao invés de posta em prática a lei, foi revogada, na sanção da Lei Pelé, pensando os então governantes que elas tratavam da mesma questão, quando na verdade se complementavam. Vemos agora, inclusive, nos desvios de recursos do Programa Nacional dos Esportes, o quanto tal revogação pode ter prejudicado, não só no desvio de dinheiro público de funções primordiais, como em especial na não aplicação de uma política nacional, capaz de fazer do esporte um instrumento vital para a educação. Daí me entusiasmou recente aprovação, pelo Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre, de sugestão que apresentamos, recomendando que a Câmara de Vereadores examine a possibilidade de instituir, por lei, uma política de esportes nas escolas de nossa capital, nos moldes do que foi revogado, e daí não aplicado, em âmbito nacional. Sentimos animadoras perspectivas entre os vereadores.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Como este blog defende a educação multidisciplinar, o esporte está dentro do ciclo pretendido, pois estimula o jovem, descobre habilidades e talentos, aumenta a autoestima e proporciona relações saudáveis e promissoras para o crescimento, sobrevivência e autonomia futura.
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