ARTIGOS
Leonardo Araujo*
Em pleno século 21, nosso sistema educacional ainda não consegue fazer com que muitos alunos cheguem ao Ensino Médio com uma base razoável em aritmética ou sabendo interpretar corretamente um enunciado que tenha mais de duas linhas.
O que parece é que boa parte de nossas escolas está preparada da mesma forma que esteve desde o início do século 20: apenas para ensinar a faixa média do universo estudantil, sem dispor de ações pedagógicas confiáveis e abrangentes que contemplem os que estão em cada uma de suas extremidades.
Neste cenário – preocupante para o futuro do país – programas de fomento educacional são obviamente válidos e urgentes. É inegável a necessidade de trazer, no mínimo para a média, a imensa parcela de alunos que está na faixa inferior, embora ainda muito se discuta sobre como fazê-lo sem perda de qualidade.
Porém, há que se ter cautela em não empregar todos os recursos somente nesse vetor e relegar ao descaso a parcela que se encontra na faixa superior. Senão, corre-se o risco de essa última perder o estímulo e paulatinamente ir declinando, até horizontalizar-se na mesma média que, no Brasil, é muito baixa.
Atualmente, ações que contemplam alunos talentosos quase não recebem apoio e são até estigmatizadas por alguns segmentos educacionais. Com elas, em curto prazo, seria possível desenvolver, melhor e mais rapidamente, o potencial intelectual e a capacidade de interação social desses jovens, a fim de que, com a mesma linguagem e identidade etária, pudessem auxiliar de forma mais efetiva os colegas que têm dificuldades. A experiência nos mostra que isso estabelece um círculo virtuoso, gerando motivação e satisfação para todos, além de uma resultante educacional diferenciada e positiva.
É fundamental que o país cuide de sua “inteligência”, ou seja, de seus jovens mais promissores – e desde cedo, pois, como evidencia a figura de um busca-pé, de nada adianta ter força sem que esta tenha direção.
Uma média educacional elevada – fundamental para o desenvolvimento do Brasil – requer um trabalho amplo, competente e de longo prazo, que não pode prescindir do aproveitamento do patrimônio intelectual de seu povo. Caso contrário, a consequência poderá ser uma semelhança, muito mais do que etimológica, entre média e mediocridade, com severos prejuízos na formação dos homens e mulheres que, futuramente, conduzirão os destinos do país.
*Educador, professor de matemática e responsável pelo Projeto de Potencialização e Enriquecimento (Propen) do Colégio Militar
Em pleno século 21, nosso sistema educacional ainda não consegue fazer com que muitos alunos cheguem ao Ensino Médio com uma base razoável em aritmética ou sabendo interpretar corretamente um enunciado que tenha mais de duas linhas.
O que parece é que boa parte de nossas escolas está preparada da mesma forma que esteve desde o início do século 20: apenas para ensinar a faixa média do universo estudantil, sem dispor de ações pedagógicas confiáveis e abrangentes que contemplem os que estão em cada uma de suas extremidades.
Neste cenário – preocupante para o futuro do país – programas de fomento educacional são obviamente válidos e urgentes. É inegável a necessidade de trazer, no mínimo para a média, a imensa parcela de alunos que está na faixa inferior, embora ainda muito se discuta sobre como fazê-lo sem perda de qualidade.
Porém, há que se ter cautela em não empregar todos os recursos somente nesse vetor e relegar ao descaso a parcela que se encontra na faixa superior. Senão, corre-se o risco de essa última perder o estímulo e paulatinamente ir declinando, até horizontalizar-se na mesma média que, no Brasil, é muito baixa.
Atualmente, ações que contemplam alunos talentosos quase não recebem apoio e são até estigmatizadas por alguns segmentos educacionais. Com elas, em curto prazo, seria possível desenvolver, melhor e mais rapidamente, o potencial intelectual e a capacidade de interação social desses jovens, a fim de que, com a mesma linguagem e identidade etária, pudessem auxiliar de forma mais efetiva os colegas que têm dificuldades. A experiência nos mostra que isso estabelece um círculo virtuoso, gerando motivação e satisfação para todos, além de uma resultante educacional diferenciada e positiva.
É fundamental que o país cuide de sua “inteligência”, ou seja, de seus jovens mais promissores – e desde cedo, pois, como evidencia a figura de um busca-pé, de nada adianta ter força sem que esta tenha direção.
Uma média educacional elevada – fundamental para o desenvolvimento do Brasil – requer um trabalho amplo, competente e de longo prazo, que não pode prescindir do aproveitamento do patrimônio intelectual de seu povo. Caso contrário, a consequência poderá ser uma semelhança, muito mais do que etimológica, entre média e mediocridade, com severos prejuízos na formação dos homens e mulheres que, futuramente, conduzirão os destinos do país.
*Educador, professor de matemática e responsável pelo Projeto de Potencialização e Enriquecimento (Propen) do Colégio Militar