EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO TEM TEXTO BASE APROVADO NA CÂMARA

CORREIO DO POVO 28/05/2014 22:29

Câmara aprova texto-base do Plano Nacional da Educação. Texto prevê 20 metas para a próxima década, como a erradicação do analfabetismo




Câmara aprova texto-base do Plano Nacional da Educação
Crédito: Luís Macedo / Câmara / CP


Com a galeria tomada por estudantes, professores e trabalhadores da educação, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade, o texto-base do projeto que institui o Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece 20 metas a serem cumpridas nos próximos dez anos. Entre as diretrizes, estão a erradicação do analfabetismo; o aumento de vagas em creches, no ensino médio, no profissionalizante e nas universidades públicas; a universalização do atendimento escolar para crianças de 4 a 5 anos e a oferta de ensino em tempo integral para, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica. O plano destina também 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação – atualmente são investidos menos de 6% do PIB.

De acordo com o relator, Ângelo Vanhoni (PT-PR), a educação integral é a meta mais revolucionária do PNE. “Em países desenvolvidos, os pais levam os alunos à escola às 7h da manhã e pegam às 17h. Isso porque a grade curricular, os sistemas municipais de ensino, contam com os conteúdos básicos – matemática, português, história, etc – e aulas de reforço no período da tarde, com tempo de sobra ainda para aulas de música, dança”, comparou.

Os deputados votaram conforme o parecer de Vanhoni, que alterou o texto aprovado no Senado. A principal mudança foi a alteração no artigo que trata do financiamento da educação. A comissão especial da Câmara que debatia a proposta aprovou a meta de atingir a aplicação de 10% do PIB em educação pública ao final dos dez anos, conforme versão aprovada pela Casa em 2012. O texto do Senado previa que os recursos também poderiam ser utilizados em isenção fiscal e em subsídios a programas de financiamento estudantil.

Nas galerias da Câmara, estudantes, professores e profissionais de educação seguravam cartazes e pediam a aprovação do PNE. Os manifestantes foram autorizados a acompanhar a votação no plenário e comemoraram o resultado sob os gritos de “10% do PIB para educação”.

A votação do texto-base foi uma maneira de ganhar tempo na negociação dos temas considerados polêmicos como o que trata do financiamento da educação. O tema vai ser debatido novamente na próxima semana quando os deputados devem votar os destaques ao texto.

Outro ponto a ser debatido é a possibilidade de a União ter de complementar recursos de estados, Distrito Federal e municípios se estes não atingirem o montante necessário para cumprir padrões de qualidade na educação, conceituados como Custo Aluno Qualidade inicial (CAQi) e Custo Aluno Qualidade (CAQ).

A votação dos destaques do PNE farão parte do esforço concentrado anunciado nesta quarta-feira, pelo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A intenção de realizar um esforço concentrado para votar matérias de maior apelo da sociedade.


Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 26 de maio de 2014

LEI DA PALMADA CRIA POLÊMICA



FANTÁSTICO 25/05/2014 23h49

Projeto de Lei da Palmada cria polêmica entre pais, Psicóloga explica os três passos principais da "educação positiva" para os pais.




Uma palmada não dói? Ou deixa marcas pro resto da vida? O Fantástico desse domingo (25) falou de uma discussão que agitou Brasília e que vai mexer com a vida das famílias.

A chegada do Felipe na família trouxe felicidade e um dilema.

“Pode bater, pode dar um tapinha no bumbum da criança, normal”, defende o comerciante Fernando Matos Leal.

“A primeira vez que meu marido deu uma palmada nele eu chorei junto. E eu sou contra”, diz a esposa Márcia Silva Santos.

Pra Márcia, palmada não educa: “Tive uma madrasta, apanhei muito dela. Mas não me acrescentou em nada. ”

O Fernando acha que pode ensinar alguma coisa pro filho desse jeito: “Acho que dá um limite. O basta é aquilo ali. ”

A discussão é polêmica dentro e fora de casa. Esta semana, o assunto provocou bate-boca no congresso. Os deputados discutiam um projeto de lei que está parado há três anos. É a chamada "Lei da Palmada", que proíbe castigos físicos em crianças e adolescentes. A presença da apresentadora Xuxa foi o começo de uma confusão.

“Mas a conhecida Rainha dos Baixinhos que no ano de 1982 provocou a maior violência contra as crianças em um filme pornográfico”, acusou o deputado Pastor Eurico.

Ela respondeu fazendo coraçãozinho com as mãos.

“É um desrespeito às crianças, ao nosso Brasil!”, continuou o deputado.

Tentou falar, mas foi avisada de que não poderia, porque era convidada.

“O pior, o que eu me senti mal ali na situação não foi nem o que eu ouvi, e sim o que eu não pude falar. Você pode ser julgada, condenada, crucificada ali e fica quieta. O que ele queria ele conseguiu. O minuto dele de fama”, contou Xuxa sobre a declaração do deputado.

O deputado Pastor Eurico, do PSB de Pernambuco, foi afastado da comissão. A sessão teve que ser encerrada. O projeto nem foi votado. Só mais tarde teve outra sessão e, aí sim, o projeto foi aprovado. Por unanimidade.

A lei ainda tem que passar pelo senado, mas foi rebatizada de “Menino Bernardo”. É uma homenagem ao garoto que foi morto no Rio Grande do Sul há mais ou menos um mês. Os principais suspeitos do crime são o pai e a madrasta.

O texto aprovado na câmara diz o seguinte: “Menores de 18 anos têm o direito de ‘serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante’”. E define castigo físico assim: "A ação de natureza disciplinar com uso da força física que resulte em sofrimento físico ou lesão à criança ou ao adolescente".

O que a lei não diz é que tipo de agressão pode ser considerada castigo físico, e também não prevê punição para os pais que descumprirem a lei. Vai ser papel do juiz decidir sobre a conduta dos pais.

“Vamos ter que analisar caso a caso. É impossível se definir o que é um castigo físico. Nós vamos ter que ver dentro da situação o que seja esse castigo e que trauma possa trazer ou não para a criança”, explicou o advogado Sérgio Calmon.

Pra quem defende a lei, o objetivo é pedagógico. “A lei deixa claro que todo tipo de violência física contra as crianças, que gere sofrimento físico, deve ser evitado”, disse o deputado Alessandro Molon.

Nem uma palmada. É o que Xuxa defende.

Fantástico: “O que você defende é a total ausência de violência? ”

Xuxa: “Isso. Eu acho que não tem que ter violência contra a criança. E ninguém está falando de como tem que ser feito. A gente está falando do que não pode ser feito. Não pode se usar violência.”

Foi um processo longo para que a Marilda aprendesse a tirar a violência da sua rotina com os seis filhos. “Olha, eu apanhava muito. Minha madrinha me judiava muito. Foi uma infância muito ruim, muito triste. Eu tenho marca no corpo até hoje disso e isso me trouxe muita tristeza. E eu achava que do jeito que ela me ensinava era o jeito de eu ensinar meus filhos. Toda a vez que eu batia nos meus filhos eu me sentia mal, muito mal mesmo”, confessou Marilda.

A Marilda procurou ajuda de uma psicóloga e começou a colocar em prática o que é chamado de "educação positiva". A psicóloga explica os três passos principais:

Número um: sempre conte até 10!

“Todo adulto que educa uma criança tem que ter uma bagagem de tolerância e de paciência um pouco maior. É aquele velho contar até 10. A gente tem que respirar, às vezes ter calma, ter firmeza na hora de falar”, contou a psicóloga Amanda Vilella.

Número dois: elogie bons comportamentos.

“A gente costuma punir, coibir o negativo. Mas se a gente valoriza, reforça positivamente acertos da criança esse efeito é muito mais rápido”, aconselhou a psicóloga.

Número três: dê responsabilidades.

“Nós adultos, geralmente, vamos lá e decidimos entre adultos e já comunicamos à criança. ‘Olha, agora você vai dormir com seu irmão mais velho’, ‘agora você vai mudar de quarto’. Envolva ela nessas simples decisões” é outra dica.

É claro que no começo tudo isso pode ser muito difícil.

“Mas a gente consegue, como eu consegui e vou adiante e tenho o amor dos meus filhos agora”, contou Marilda.

sábado, 24 de maio de 2014

SE NADA DER CERTO


ZERO HORA 24 de maio de 2014 | N° 17806


CLÁUDIA LAITANO




Alunos do terceiro ano do Ensino Médio de escolas do Brasil todo, Porto Alegre inclusive, instituíram em seu calendário festivo, já há algum tempo, o chamado dia do “se nada der certo”. Trata-se de uma espécie de festa à fantasia temática em que meninos e meninas, às vésperas de escolher uma profissão, incorporam o estilo de vida oposto ao que desejariam encontrar no futuro. O garoto que vai fazer vestibular para Administração, por exemplo, pode se vestir de estátua viva ou de vendedor de incensos. Já a menina que pretende cursar Artes Cênicas pode se imaginar em traje de executiva preenchendo uma planilha de Excel ou traçando o business plan de uma startup. (Há ainda os skatistas que se vestem de skatistas, porque, quando nada dá certo, aí é que muita gente aproveita para fazer o que realmente quer.)

Faço parte do grande contingente de pessoas que trocou de curso depois de entrar na faculdade. Errei convicta, porém. No primeiro dia de aula no Departamento de Psicologia da UFRGS, não havia nenhum aluno mais entusiasmado do que eu na sala de aula. Eu tinha 17 anos e nenhuma dúvida de que havia feito a escolha certa. Como uma noiva ingênua subindo ao altar com o primeiro namorado, nem me passava pela cabeça a ideia de que a profissão que eu havia escolhido com tanta convicção aos 15 poderia não ser exatamente aquela em que eu gostaria de estar aos 30. Três anos depois do vestibular, percebi que talvez o Jornalismo estivesse mais próximo do que eu queria, mas quase desisti de trocar de curso porque me convenci de que estava velha demais para começar tudo de novo – ideia que algum adulto sensato teve a gentileza de me alertar a tempo de que não fazia sentido. Como muitas outras pessoas que trocaram de área, porém, adoro minha escolha que não deu certo e valorizo muito tudo aquilo que provavelmente não teria aprendido se tivesse acertado logo de primeira no curso.

O que geralmente não se sabe, aos 17 anos, é que o “nada deu certo” não é uma circunstância concreta, como trabalhar em algo que não se gosta ou não ter dinheiro para pagar o aluguel, mas o resultado subjetivo de uma conta que cada um faz analisando a própria trajetória. Erros e acertos, avanços e recuos nem sempre somam ou diminuem pontos como se imagina. Quanta liberdade ou realização pode haver em atividades que a maioria das pessoas em volta acha de pouco valor? Quanto sofrimento ou frustração naquilo que parece o retrato mais acabado da felicidade? No fim das contas, o “tudo deu certo” de uns pode ser exatamente igual ao “tudo deu errado” de outros.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

SEGURANÇA NAS ESCOLAS








ZERO HORA 23 de maio de 2014 | N° 17805


ARTIGO

por Cleci Maria Jurach*



Dar como causa ou origem da violência a falta de estrutura e de planejamento da prefeitura de Porto Alegre é outro engano. O trabalho da gestão educacional realizado na Capital é referência nacional e vem sendo construído dia a dia para resgatar e promover relações de respeito mútuo e boa convivência. A prefeitura, por intermédio da Secretaria Municipal de Educação (Smed) e demais órgãos do município, não admite na rede qualquer tipo de violência, seja ela dentro ou fora da escola.

Os investimentos em gestão e nos profissionais que atendem os alunos não cessam. A Smed realiza sistematicamente formações de gestores e de professores para qualificar o acolhimento de crianças e de jovens e para intensificar os cuidados sobre os riscos que cercam os alunos. A ampliação da jornada escolar dos estudantes desde a Educação Infantil, inclusive nos fins de semana, através dos programas Cidade Escola e Escola Aberta, é outra importante ferramenta da administração municipal contra a violência.

Entendemos, entretanto, que mesmo equipada com os melhores instrumentos de segurança – uma realidade que se constrói no município por meio do videomonitoramento – e trabalhando com gestores e professores qualificados, a instituição escola não dará conta sozinha de uma problemática social. É fundamental uma ação de segurança pública, com a presença da Brigada Militar nas proximidades dos colégios para coibir o tráfico e os ilícitos. Temos que incluir a sociedade como um todo na luta pelo enfrentamento à violência, pois nenhuma instituição responde sozinha a uma problemática social. O desconhecimento do todo reduz e exclui as possibilidades de atenção, com ações desarticuladas e inócuas.

*SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DE PORTO ALEGRE

segunda-feira, 19 de maio de 2014

MEDÍOCRES DISTRAIDOS

REVISTA VEJA

Lya Luft



Leio com tristeza quanto países como Coréia do Sul e outros estimulam o ensino básico, conseguem excelência em professores e escolas, ótimas universidades, num crescimento real, aquele no qual se fundamenta: a educação, a informação, a formação de cada um. Comparados a isso, parecemos treinar para ser medíocres. Como indivíduos, habitantes deste Brasil, estamos conscientes disso, e queremos – ou vivemos sem saber de quase nada? Não vale, para um povo, a desculpa d menino levado que tem a resposta pronta: “Eu não sabia”, “Não foi por querer”. Pois mesmo com a educação – isto é, a informação – tão fraquinha e atrasada, temos a imprensa a nos informar. A televisão não traz só telenovelas e programas de auditório: documentário, reportagens, notícias, no tornam mais gente; jornais não têm só coluna policial ou fofocas sobre celebridades, mas nos deixam a par e nos integram no que se passa no mundo, no país, na cidade.

Alienação é falta grave; omissão traz burrice, futilidade é um mal. Por omissos votamos errados ou nem votamos, por desinformados não conhecemos nossos direitos, por fúteis não queremos lucidez, não sabemos da qualidade na escola do filho, da saúde de todo mundo, da segurança em nossas ruas. O real crescimento do país e o bem da população passam ao largo de nossos de nossos interesses. Certa vez escrevi um artigo que deu título a um livro: “Pensar é transgredir”. Inevitavelmente me perguntam: “Transgredir o quê?”. Transgredir a ordem da mediocridade, o deixa pra lá, o nem quero saber nem me conte, eu nos dá a ilusão de sermos livres e leves como na beira do mar, pensamento flutuando, isso é que é vida. Será? Penso que não, porque todos, todos sem exceção, somos prejudicados pelo nosso próprio desinteresse.

Nosso país tem tamanhos problemas do que não dá para fingir que está tudo bem, que omos os tais, que somos modelos para os bobos europeus e americanos, que aqui está tudo funcionando bem, e que até crescemos. Na realidade estamos parados, continuamos burros, doentes, desamparados, ou muito menos burros e doentes e desamparados do que poderíamos estar. Já estivemos em situação pior? Claro que sim. Já tivemos escravidão, a mortalidade infantil era assustadora, os pobres sem assistência, nas ruas reinava a imundice, não havia atendimento algum aos necessitados (hoje menos do que deveria, mas existe ). Então, de certa forma, muita coisa melhorou. Mas poderíamos estar melhores, só que não parecemos estar interessados. Queremos, aceitamos. Pão e circo, a Copa, a Olimpíada, a balada, o joguinho, o desconto, o prazo maior para nossas dívidas, o não saber de nada sério: a gente não quer se incomodar. Ou pior: nós temos sensação de que não adianta mesmo.

Na verdade temos medo de sair às ruas, nossas casas e edifícios têm porteiro, guardas, alarme e medo. Nossas escolas são fraquíssimas, as universidades péssimas, e o propósito parece ser o de isso ainda piore. Pois, em lugar de estimularmos os professores e melhorarmos imensamente a qualidade de ensino de nossas crianças, baixamos o nível das universidades, forçando por vários recursos a entrada dos mais despreparados, que naturalmente vão sofrer ao cair na realidade. Mas a esses mais sem base, porque fizeram uma escola péssima ou ruim, dizem que terão tutores no curo superior para poder se equilibrar e participar com todos. Porque nós não lhes demos condições positivas de fazer uma boa escola, pra que pudessem chegar ao ensino superior ela própria capacidade, queremos band-aids ineficientes para fingir que está tudo bem.

Não se deve baixar o nível em coisa alguma, mas elevar o nível em tudo. Todos, de qualquer origem, cor, nível cultural econômico ou ambiente familiar, têm direito à excelência que não lhe oferecemos, num dos maiores enganos de nossa história. Não precisamos viver sob o melancólico da mediocridade que parece fácil e inocente, mas trava nossas capacidades, abafa nossa lucidez, e nos deixa tão agradavelmente distraídos.

A EDUCAÇÃO PEDE AJUDA


ZERO HORA 19 de maio de 2014 | N° 17801


ARTIGO | JOÃO DERLY*
*Vereador de Porto Alegre, líder da bancada do PC do B, presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude.



No momento em que uma notícia como a da menina baleada no Colégio Padre Rambo vem à tona, a sociedade se choca e todos, da pior forma, ficam cientes do que ouvi em depoimentos de pais, professores e estudantes que alertavam para a iminência de um acontecimento do gênero. E o problema não está apenas na escola, como também no entorno. Segurança e execução de políticas de combate à violência são dever do poder público. É necessário articular ações entre as secretarias e níveis de governo. Falta estrutura, responsabilidade e planejamento para governar a cidade.

Investimentos em educação e segurança, especialmente da juventude, devem estar no centro da agenda do governo. Em 2013 a prefeitura optou por não contar com 84 novos guardas municipais, aprovados em concurso, mas não nomeados. Eles fazem falta, como podemos observar, em escolas que foram, são e serão vitimadas pela violência.

A Câmara tem cumprido seu dever. Vereadores de oposição pressionam pela nomeação de novos guardas municipais e articulado debates nas comunidades. A bancada do PC do B propôs projetos que melhoram as condições de escolas, como a instalação de internet livre e gratuita em instituições municipais de ensino, objetivando qualificar a estrutura, além de fomentar a prática esportiva a crianças e jovens. Também é do PC do B o projeto que inclui a Lei Maria da Penha no currículo escolar, para reduzir a violência doméstica.

A prefeitura precisa assumir suas responsabilidades, garantindo mais segurança à população e melhor infraestrutura e condições de trabalho nas escolas. Na Cece, a agenda de visitas será ampliada e será montado um dossiê, que será entregue ao Executivo e discutido em uma audiência pública com a comunidade.

domingo, 18 de maio de 2014

CORRENTE COMBATE O BULLYING NAS ESCOLAS

CORREIO DO POVO 18/05/2014 10:20

Corrente combate bullying nas escolas. Vítimas permanecem caladas por medo de novas agressões no dia a dia




Professor Aloizio Pedersen passou a utilizar a arte para lidar com bullying
Crédito: Arthur Puls / CP Memória


A falta de punição às humilhações e agressões repetitivas e o medo fazem com que o bullying desafie a sociedade e que o seu combate passe por um caminho tortuoso e difícil. Como consequência, a maioria das vítimas segue escondida na escuridão criada pelo medo, sofrimento e pela vergonha. Essas marcas podem deixar sequelas permanentes na vida de quem sofre as agressões.

A principal dificuldade para o enfrentamento do bullying é a diferença entre a teoria e a realidade. E o assunto torna-se mais delicado e complexo nas escolas, onde essa violência tem maior incidência. Segundo Marcos Rolim, sociólogo e autor do livro "Bullying: O Pesadelo da Escola", para trazer à tona os casos de agressão é necessário atuar no anonimato e acompanhar o dia a dia da vida dos estudantes, estabelecendo relações de confiança.

O professor ressalta que muitas vítimas não expõem a situação por temor que a violência aumente, criando uma barreira. E explica que além de prejudicar o desempenho na escola, a agressão afeta a vida social e familiar. "O bullying, por vezes, se mantém porque a vítima não acredita que a violência vai acabar. Tem receio de contar a familiares e desapontá-los", afirma.

Uma forma de confirmar a presença do bullying nas escolas é o anonimato. Quando coletou os dados para o livro em uma escola pública na Capital, Marcos lembra que, no início, ninguém admitia as agressões e tudo o que ocorria era "normal". Quando começou a fazer o estudo anônimo, outra realidade se apresentou. "De repente, apareceram declarações e relatos surpreendentes e tristes", revela.

Ciente da dificuldade em abordar o tema com os alunos, o professor Aloizio Pedersen passou a utilizar a arte para lidar com esse assunto tão complexo em sala de aula. Assim, o projeto desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Médio Padre Reus, na zona Sul de Porto Alegre, tem como foco desconstruir o valor e o poder da agressão. "O bullying ocorre porque a vítima é frágil e o agressor está acostumado - muitas vezes, também por sofrer violência - com o uso da força excessiva", diz o docente. E é neste contexto que a arte ajuda a expor a complexidade de sentimentos.

Os trabalhos em sala de aula e as encenações artísticas permitem ainda que os alunos possam vivenciar diferentes realidades, como simular uma situação de violência, se colocando no lugar da vítima e do agressor. Para o professor Aloizio, a escola deve assumir a responsabilidade de enfrentar o bullying, em especial, para tentar frear o sentimento crescente de violência que o agressor carrega consigo.

Violência virtual aumenta

Redes sociais e aparelhos tecnológicos têm sido utilizados, cada vez mais, como ferramentas de agressão. Denominado como cyberbullying ou bullying virtual, os ataques são feitos, basicamente, por meio da propagação de difamações na rede.

Com potencial bombástico e avassalador, rapidamente o material é disseminado, fazendo com que o sofrimento das vítimas seja ainda maior. Essas mesmas características fazem com que seja difícil a identificação dos reais responsáveis pela agressão. Normalmente, elas são feitas através de e-mail, postagens nas redes sociais e vídeos.

Agora engana-se quem pensa que esse tipo de violência fica restrita às escolas. Ao contrário, tem crescido no ambiente de trabalho. Recentemente, uma pesquisa da AVG Technologies, que atua na área de segurança de computadores, mostrou que aproximadamente 30% dos brasileiros acredita já ter sofrido algum tipo de cyberbullying no trabalho. Normalmente, as agressões visam difamar colegas.

A pesquisa também mostrou a preocupação com o efeito das mídias sociais em expor a privacidade dos funcionários. De acordo com o estudo, 58% dos entrevistados disseram que entrariam em contato com algum superior para informar o ocorrido.

Superação vira exemplo

O bullying provoca sequelas, muitas vezes permanentes, em suas vítimas. Elas variam muito em cada indivíduo, a partir da estrutura emocional e do grau das agressões. Em vários casos, as vítimas buscam caminhos próprios para lidar com a situação difícil. O estudante de Jornalismo Dieison Groff, de 26 anos, encontrou um destes rumos.

Morador de Humaitá, município no interior gaúcho, transformou o bullying em uma forma de auxiliar outros jovens a enfrentarem a violência. A triste fase começou quando ingressou no Ensino Médio. Segundo ele, porque não sabia jogar futebol, era chamado de "perna de pau", e também sofria por ter 'sotaque caipira'. Ao lembrar do passado, ele acredita que foi a força de vontade que o fez resistir.

Dieison escreveu dois livros infantis e faz palestras sobre o tema em escolas da região Noroeste do Estado. "As escolas não podem mais falar só sobre conteúdos, como Português e Matemática. É preciso trabalhar as relações interpessoais", alerta.

sábado, 17 de maio de 2014

PODER POLÍTICO FAZ PROFESSOR SUMIR DAS ESCOLAS

REVISTA ISTO É Edição: 2321 | 16.Mai.14 - 20:50 | Atualizado em 17.Mai.14 - 15:51


Professor fora da sala de aula. Levantamento mostra que é comum ceder docentes para gabinetes de políticos e órgãos públicos. Se estivessem lecionando, supririam 20% da carência do magistério nacional, segundo o TCU

Wilson Aquino


Quando um professor é contratado para trabalhar na rede estadual de educação, o mínimo que se pode esperar é que ele frequente a escola. Entretanto, levantamento de ISTOÉ em 19 Estados e no Distrito Federal constatou que 6.538 professores concursados estão alocados em gabinetes de políticos, de membros do Judiciário e em órgãos públicos – outros milhares ocupam funções burocráticas na própria escola. O número corresponde a 20% da carência do magistério nacional, que é de 32 mil docentes, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). A cessão de professores é rotina em todos os Estados, sendo que Pernambuco é o recordista: 1.236 cessões, ou 5% do total da rede, que é de 25.874 docentes.


PREJUÍZO
O Brasil tem uma carência de 32 mil professores

São os próprios governos que não impõem limites à realocação de professores. Para contratar um docente, basta o órgão solicitante repassar às secretarias de educação o salário do profissional. A exceção poderia ser o Rio de Janeiro, onde a Constituição do Estado proíbe os membros do magistério público de se afastar da regência de turmas. Mas somente para a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) o número de professores cedidos é de 115, contingente capaz de suprir duas escolas com 1.500 alunos cada. O total de docentes fluminenses cedidos é exatamente igual ao do déficit da rede, 800.



Para Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação, os dados mostram a desvalorização da categoria. “O professor é a principal garantia da qualidade do ensino”, afirma. O deputado fluminense Comte Bittencourt (PPS), “que tem sete ou oito professores” no gabinete, admite que, em tese, todos os cedidos estão em situação irregular. “Mas é o governo quem cede. E para os professores é uma forma de aumentar a remuneração”, justifica o deputado, que preside a Comissão de Educação da Alerj há 12 anos. A secretária de Educação da Paraíba, Márcia Lucena, que tem 249 professores cedidos para outros órgãos, explica que muitos estão há tanto tempo sem lecionar que nem vale a pena trazê-los de volta. “Quem está há 20 anos fora da sala de aula não consegue se relacionar com a juventude de hoje”, justifica.

Foto: Mermet/Photo Nonstop/Glowimages

quarta-feira, 14 de maio de 2014

ASSALTOS CONSTANTES AO REDOR DE ESCOLA

DIÁRIO GAÚCHO 14/05/2014 | 10h01

Alunos sofrem com assaltos constantes ao redor de escola na Zona Sul da Capital. Direção fala em mais de dez casos este ano



Escola Estadual Odila Gay da FonsecaFoto: Renato Gava / Renato Gava


Renato Gava


Às 18h10min de sexta-feira, dois namorados, ambos de 17 anos, aguardavam o ônibus no ponto a cerca de 300m da Escola Estadual Odila Gay da Fonseca, no Bairro Ipanema, Zona Sul da Capital. Foram abordados por três homens, que mostraram uma arma e tomaram o MP4 da estudante.

- Eu disse para eles que não tinha celular, senão tinham levado também. Chegaram e saíram andando, sem correr - relatou a garota, ainda bastante assustada.

Ela e o namorado voltaram para a escola e ligaram para o pai da menina, que ficou de buscá-la. No colégio, o sentimento não era de indignação. Era de alívio.

- Em março, além de assaltar, bateram muito em um menino que estava aqui na porta. Ele chegou a ter convulsões. Ele estava vindo se matricular. Desistiu de estudar aqui - conta outra aluna, de 16 anos.

Diretora da escola, a professora Lucy Lopes acredita que, desde que as aulas começaram, foram pelo menos 11 assaltos semelhantes. Contando o de um pai, que teve o carro roubado enquanto aguardava na fila, e o de um estudante cuja moto foi furtada de dentro do pátio da escola.

- Antes, eram situações mais esporádicas, mas este ano a frequência dos assaltos está bem maior. Nunca um aluno tinha sido agredido. É uma situação realmente preocupante - analisa.

Ela conta que, em 2014, enviou dois ofícios ao 1º BPM pedindo reforço na segurança. E fez contato "diversas vezes" com oficiais do batalhão, sempre com o mesmo tema.

- Eles nos alegam que não há PMs suficientes para um patrulhamento mais constante, pois possuem 42 escolas na área. Mas aqui é um local escuro. Ao menos na hora de entrada e saída, seria necessário ter policiais presentes - clama.

A escola funciona nos três turnos e atende a 1,3 mil alunos dos ensinos básico e médio. A presença do chamado PM residente tem dado resultado no que diz respeito a ataques dentro do prédio. O sofrimento é nas imediações.

Portão chaveado

Para tentar minimizar a ação dos bandidos, a vice-diretora Maria Izabel Jankus adotou algumas medidas. Uma delas é, no turno da noite, deixar o portão chaveado e só abri-lo quando alunos estão chegando ou saindo. A outra é só permitir que os adolescentes deixem o local em pequenos grupo - sozinhos, nunca.

- Procuramos tomar medidas para dificultar a ação dos ladrões, mas não é fácil. São muitas ruas escuras aqui ao redor - lamenta.

Uma funcionária do colégio, no ano passado, conta que quase foi vítima de estupro. Ela saía da escola e, em uma rua próxima, o criminoso chegou a agarrá-la pela cintura.

- Me joguei no chão e comecei a gritar. O tarado viu pessoas vindo na nossa direção, entrou em um carro e desistiu. Pena não ter anotado a placa - relata a funcionária.

DP mobilizada. Porém, em um outro caso

Não bastasse o baixíssimo número de policiais civis na Capital, uma possível investigação dos assaltos ficou ainda mais difícil: a delegacia responsável pela área é a 6ª DP, que, desde o dia 24 de fevereiro, concentrou todas as forças na solução do latrocínio (roubo com morte) do empresário Lairsson Kunzler. Os três únicos policiais do setor de investigações atuaram no caso, cujo inquérito foi enviado à Justiça na sexta-feira passada.

Ainda na sexta-feira, a reportagem entrou em contato com a delegacia, que encontrou apenas um registro de assalto nos arredores da escola - justamente o do rapaz, de 18 anos, agredido e roubado. O caso deve ser investigado a partir desta semana.

- Incentivamos as vítimas para que registrem ocorrência, mas não podemos forçá-las - conta a diretora da escola.

A escola estuda trazer palestrantes para darem dicas básicas de segurança aos alunos.

Dicas
- Jamais fique parado em frente a escolas. Estudantes carregam celulares e outros equipamentos que interessam a ladrões.
- Evite deslocar-se sozinho, mesmo que por distâncias curtas. Quanto maior o grupo, mais vai inibir os assaltantes.
- Se tiver de atender ao celular, entre em um comércio. Não faça isso na rua, pois chama a atenção de gatunos.


DIÁRIO GAÚCHO

ARMA NA MOCHILA ATINGE ADOLESCENTE DENTRO DE ESCOLA



ZERO HORA Atualizada em 14/05/2014 | 10h40

Zona Leste. Adolescente é baleada dentro de escola em Porto Alegre. Disparo foi feito no Colégio Padre Rambo, na Avenida Bento Gonçalves




Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS


Uma adolescente de 15 anos levou um tiro de raspão dentro do auditório do Colégio Padre Rambo, em Porto Alegre, no início da manhã desta quarta-feira. A instituição de Ensino Médio está localizada na Avenida Bento Gonçalves, bairro Partenon, zona leste da cidade.

De acordo com a Brigada Militar, o disparo foi acidental. Informações preliminares indicam que a arma estaria dentro da mochila de um jovem de 19 anos — quando a mochila foi colocada no chão, o revólver teria disparado, atingindo a estudante. O jovem foi preso, e um adolescente de 17 anos, que teria escondido o revólver, foi apreendido. Ambos foram levados para o Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca) para prestar esclarecimentos — na sequência, o jovem deve ser encaminhado à 3ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).

— Eu só ouvi o barulho da viatura e vi a polícia entrando na escola. A professora nos segurou dentro da sala de aula e depois fomos liberados. Nunca tinha acontecido nada assim aqui — disse um aluno de 15 anos.

Cerca de 30 estudantes estavam no auditório, no segundo andar, no momento do disparo. Era o início do segundo período da manhã, uma aula teórica de educação física.

— O professor estava fazendo a chamada, e ouvimos um barulho muito alto. Todo mundo se assustou, mas voltamos ao normal. Ninguém ia imaginar que era um tiro. A minha colega reclamou de dor no ombro, e um outro colega achou o projétil no chão. Foi quando vimos o braço dela sangrando e todo mundo começou a correr — relata uma menina de 15 anos.

A direção da escola liberou cerca de 400 alunos do turno da manhã após o ocorrido. Até o momento, a informação é de que as aulas não serão retomadas nesta tarde. A rotina deve voltar ao normal na quinta-feira.

— Esta não é a rotina da nossa escola. Em 15 anos que trabalho no colégio, nunca havia acontecido nada parecido. Enfrentamos as dificuldades de uma escola pública. Mas não temos uma rotina de violência — relata a vice-diretora Dinora Trojan.

O jovem preso e o adolescente apreendido eram estudantes da escola, mas o mais novo não seria aluno daquela classe. Uma equipe da 1ª Coordenadoria da Educação se deslocou para o colégio.

Responsável por 23 delegacias, o delegado regional de Porto Alegre, Cléber Ferreira, explica que é provável que a investigação seja aberta na 11ª Delegacia da Polícia Civil. Se a autoridade policial apontar que o disparo foi culposo (sem intenção), o inquérito seguirá nessa delegacia. No entanto, se for constatado dolo, seguirá para a Delegacia de Homicídios. Em relação ao menor de idade, a questão será tratada pelo Deca.

terça-feira, 13 de maio de 2014

MÁ EDUCAÇÃO


ZERO HORA 13 de maio de 2014 | N° 17795 ARTIGO


por Valdo Barcelos*



Não precisa ser um especialista em educação para concluir que algo muito errado está acontecendo com a educação no Brasil. Duas pesquisas recentes mostram resultados desalentadores quanto à qualidade da educação brasileira. A primeira pesquisa, feita por duas empresas britânicas, a Pearson e a consultoria Economist Inteligence Unit, mostra que estamos na humilhante antepenúltima posição de um grupo de 40 países. Ocupamos a 38ª posição, atrás apenas do México e da Indonésia.

A pesquisa leva em consideração quesitos básicos, como nível de leitura, taxa de alfabetização, de aprovação escolar, proficiência em ciências e matemática. A segunda pesquisa foi feita pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) e foi desenvolvida junto a um grupo de postulantes a estágios em diferentes setores de atividade profissional. A pesquisa se baseou, entre outras questões, em um ditado simples de não mais de 30 palavras de uso corrente no cotidiano de qualquer pessoa, tais como: “sucesso”, “censura”, “licença”, “artificial” e outras.

Pasmem, leitores(as) e colegas professores(as): levando em conta que quem cometia mais de sete erros seria reprovado, cerca de 41% dos participantes da pesquisa foram reprovados. Os piores índices estão entre os estudantes de instituições privadas de ensino. Tanto em nível médio quanto universitário.

Essa pesquisa também distribuiu os resultados por cursos. Os cursos que se saíram melhor foram Engenharia de Controle e Automação (87,5%), Engenharia Química (82%), Medicina Veterinária (79%), Química (77%) e Nutrição (76%). Por outro lado, os piores índices ficaram com: Curso de Moda (75%), Secretariado Executivo (69%), Engenharia Civil (68%) e Arquitetura e Urbanismo (64%). Agora vem o mais triste, em especial para mim, que sou um professor em cursos de licenciatura: o curso de Pedagogia foi o pior colocado no ranking: obteve uma reprovação de 86%. Pedagogia, justo o curso que forma os professores que irão trabalhar com as crianças aparece tão mal colocado.

O que se pode esperar de um profissional que tem, entre suas atribuições, a tarefa da alfabetização das crianças e não é plenamente alfabetizado? Como mudar os vergonhosos índices de leitura em nosso país quando temos professores que escrevem e que leem tão mal, como os responsáveis pela educação nos Anos Iniciais e na Educação Infantil? Como sair deste atoleiro em que nos encontramos na educação básica com profissionais tão mal preparados tecnicamente e tão mal remunerados financeiramente? Sim, porque bastou ser estabelecido um piso salarial para os professores do ensino básico para que os governantes, dos mais diferentes matizes políticos, alegassem falência de suas contas públicas.

*PROFESSOR (UFSM) E ESCRITOR

NÃO FIQUEM NUAS MENINAS!

ZERO HORA 13 de maio de 2014 | N° 17795 ARTIGO

por Jocelin Azambuja*



Em sua coluna no dia 9 de maio, o jornalista David Coimbra fez uma apologia e um incitamento às meninas, dizendo “Dancem nuas, meninas do Rio Grande, e mostrem que o mundo pode ser divertido”, creio que com base em matérias jornalísticas que têm divulgado as festas em que meninas dançam nuas ou se despem na internet para mandar fotos em redes sociais.

Entendo que o jornalista não pensou profundamente. Vivemos em uma “democracia”, na liberdade de imprensa, na liberdade de opinião e vou dar a minha, esperando que seja publicada.

Na democracia, existem também as regras e os limites, e na proteção da criança e do adolescente foi construída a Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, que busca a proteção de nossos jovens.

Os pais lutam para educar seus filhos, a construir valores familiares, princípios morais e éticos, na formação de suas personalidades e caráter. Mas lutam também contra um liberalismo moral, a internet e redes sociais de difícil controle, as drogas, álcool, maconha, etc., contra a falta de qualidade da educação, contra uma televisão aberta que tudo mostra a qualquer hora e contra tantas outras realidades que deturpam a formação de nossos adolescentes e jovens.

O colunista misturou valores que não fazem parte de nossa sociedade, mulheres com meninas. As maiores de idade têm liberdade de fazer o que quiserem com seu corpo. Mas as meninas, não; para isso se construiu o ECA, para protegê-las!

O leitor que tem filhas, meninas, acha avançado ou legal que suas filhas fiquem nuas ou que bebam até perderem a consciência? Que valores você quer para a sua família? De quais adolescentes e jovens precisa o país?

Mas, claro, país sem educação, com meninas nuas, com bastante droga à disposição de nossos jovens, sem valores éticos e morais, é um país fácil de dominar e manipular, realmente é um país sem futuro. Precisamos nos contrapor a essa visão e lutar pela educação de qualidade, por valores familiares que possam construir um novo Brasil.

>*ADVOGADO

sábado, 10 de maio de 2014

ESCRITORA MUDA OBRA DE MACHADO DE ASSIS PARA FACILITAR A LEITURA

Patricia Secco

FOLHA.COM 04/05/2014 02h00


CHICO FELITTI 



"Entendo por que os jovens não gostam de Machado de Assis", diz a escritora Patrícia Secco. "Os livros dele têm cinco ou seis palavras que não entendem por frase. As construções são muito longas. Eu simplifico isso." Ela simplifica mesmo: Patrícia lançará em junho uma versão de "O Alienista", obra de Machado lançada em 1882, em que as frases estão mais diretas e palavras são trocadas por sinônimos mais comuns (um "sagacidade" virou "esperteza", por exemplo".

A mudança não fere o estilo do escritor mais celebrado do Brasil, diz Patrícia. "A ideia não é mudar o que ele disse, só tornar mais fácil."

E o plano inicial dela era descomplicar outros clássicos. A ideia nasceu em 2008, com aspirações maiores: "Montei um plano com um título de cada autor clássico para a gente tentar fazer uma versão."

Seu projeto, que também previa versões de "O Cortiço" e de "Memórias de Um Sargento de Milícias", foi liberado pelo Ministério da Cultura para captar dinheiro com lei de incentivo, mas Secco só conseguiu patrocínio para dois títulos: "O Alienista" e "A Pata da Gazela", de José de Alencar, que sai junto.

A equipe que "descomplica" o texto é formada "por um monte de gente", diz a autora, entre eles a própria e dois jornalistas amigos.

A tiragem, de 600 mil exemplares, será distribuídas de graça pelo Instituto Brasil Leitor. O lançamento será em junho, e terá direito a um túnel construído com 60 mil livros no vale do Anhangabaú, centro da cidade.

"É absurdo imaginar que a função da escola seja facilitar qualquer coisa, em vez de levar a trabalhar com as dificuldades da vida, da crítica e do conhecimento", comenta o professor da USP Alcides Villaça. Ele se diz indignado: "Apresentar como sendo de Machado de Assis uma mutilação bisonha de seu texto não devia dar cadeia?".

Outros seis mestres da USP e três da Unicamp foram procurados para dar seu parecer sobre o projeto. Nenhum quis comentar.

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FALSIFICANDO MACHADO




O Estado de S. Paulo 10 de maio de 2014 | 7h 30
OPINIÃO


A autora de livros infantojuvenis Patrícia Engel Secco captou recursos da lei de incentivo de Ministério da Cultura para editar uma simplificação da novela O alienista, de Machado de Assis, da qual o Instituto Brasil Leitor distribuirá 300 mil exemplares para diversas instituições. A iniciativa não é isolada: isso também será feito com A pata da gazela, de José de Alencar.

Não se trata de paródia - caso de Memórias de minhas putas tristes, escrito em 2004 pelo Prêmio Nobel colombiano, Gabriel García Márquez, releitura assumida de A casa das belas adormecidas (de 1961), de outro laureado pela Academia Sueca, o japonês Yasunari Kawabata. A sra. Secco, cuja obra é vasta, mas sem ter necessariamente merecido repercussão crítica proporcional ao total de títulos, também não se propôs a adaptar os textos para seu público costumeiro. Isso já ocorreu antes com as fábulas populares atribuídas ao grego Esopo e vertidas pelo francês Jean de la Fontaine, mil anos depois. Há no mercado uma versão para o texto de Machado para história em quadrinhos, mas também não é o caso.

A ideia original, mas nada luminosa, dela foi diferente dos exemplos citados. Segundo Manya Millen, de O Globo, o objetivo dela é "levar boa leitura a quem não lê, sendo que o foco não é o público infantojuvenil, mas sim jovens e adultos já alfabetizados que não têm acesso ao livro". Ela "garante, também, que toda a carpintaria literária de Machado, assim como a de Alencar, foi preservada". Segundo a própria coordenadora do projeto, "houve um trabalho bastante elaborado para que Machado continuasse a ser Machado". E, após explicar que não escreveu, mas acompanhou as revisões e aprovou o resultado, ela lembrou: "Falei em facilitar a leitura, não simplificar o texto. A complexidade de Machado está lá, ele é um gênio inigualável".

Não é bem isso. No Caderno2 do Estado de ontem, João Cesar de Castro Rocha deu um exemplo da simplificação: Machado escreveu "sagacidade", "traduzido" para "esperteza". E concluiu: "Esperteza evoca o célebre jeitinho brasileiro e seu sentido nada tem a ver com o contexto das quatro ocorrências da palavra na obra".

A iniciativa gerou polêmica nas redes sociais. O escritor Ronaldo Bressane a apoiou, argumentando: "É preferível que o sujeito comece a ler através de uma adaptação bem-feita de um clássico do que seja obrigado a ler um texto ilegível e incompreensível segundo a linguagem e os parâmetros atuais". Pelo visto, ele parece não ter lido as novelas vitimadas pela simplificação. O alienista e A pata da gazela permitem leitura fácil e agradável sem exigir conhecimentos profundos das obras modificadas nem do vernáculo. Não é necessária ao leitor, por mais leigo que seja, a atenção exigida por Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, ou Os sertões, de Euclides da Cunha. Sem falar emMemórias póstumas de Brás Cubas, do próprio Machado de Assis.

"Pretensão e caldo de galinha não fazem mal a ninguém", diziam os antigos. Não é o caso da empreitada da sra. Secco: a simplificação de Machado e Alencar é uma contrafação, que, em vez de facilitar a leitura, modificará na essência textos de autores que ela diz admirar. E há algo mais grave: o aval do Ministério da Cultura à falsificação, permitindo o uso de recursos originários da lei de incentivo para enganar o "Brasil leitor" com a grosseira violação da obra de mestres no uso do vernáculo.

Ana Maria Machado, consagrada autora de livros infantis e membro da Academia Brasileira de Letras, definiu o engodo de forma exata e implacável: é "inconcebível passar a limpo um mestre da língua".

Outro acadêmico, Domício Proença Filho, sugeriu: "Seria mais adequado situar em nota explicativa a significação e a sinonímia dos termos usados por ele". Ou, quem sabe, verter para português escorreito os barbarismos dos discursos da companheira Dilma. Tanto uma quanto outra tarefa, contudo, exigiriam esforço intelectual e tempo de trabalho muito maiores do que simplesmente buscar sinônimos mais simples de termos aparentemente de difícil compreensão no dicionário para substituí-los.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Não falta mais nada e com dinheiro público. Onde estão os freios e contrapesos da República?

A Folha de S. Paulo publicou uma entrevista com a escritora Patrícia Secco para divulgar seu mais recente e polêmico projeto: mudar obras clássicas da literatura brasileira para torná-las atrativas para os jovens. O projeto é feito por ela e dois amigos jornalistas.(http://cuzcuzliterario.com.br/noticias/escritora-muda-livro-de-machado-de-assim-fim-de-simplificar-leitura-para-os-jovens/)

sexta-feira, 9 de maio de 2014

ESTUDANTES SÃO ASSALTADOS EM SAÍDA DA ESCOLA

DIÁRIO GAÚCHO 09/05/2014 | 10h02

Estudantes são assaltados na saída de escola na Zona Norte da Capital. Roubos a mão armada viraram rotina no entorno do Colégio Estadual Japão. Pais cobram mais ação da BM



Estudantes vivem rotinas de ataqueFoto: Mateus Bruxel / Agencia RBS


Carlos Ismael Moreira




A frase de uma professora para um aluno de seis anos, dita na quarta-feira pela manhã, na entrada do Colégio Estadual Japão, no Bairro Jardim Itu Sabará, na Zona Norte da Capital, resume a rotina de insegurança:

- Não fica mais aí pela rua que estão assaltando toda a gurizada.No dia anterior, oito estudantes da escola tiveram seus pertences levados por ladrões, por volta do meio-dia, quando retornavam para casa.

Na Rua Vinte e Quatro de Agosto, a 200m do colégio, situado no final da Rua Enrico Caruso, uma via sem saída, um grupo de cinco estudantes foi abordado por uma dupla em uma Saveiro branca. O carona desceu, apontou uma arma e recolheu bolsas,celulares e casacos das vítimas. Uma quadra à frente, outros três alunos também tiveram levadas suas mochilas com todo o material escolar.

Medo ronda pais e alunos

Este foi o último de uma sequência de ataques que tem apavorado pais, alunos e professores da escola no último mês. De acordo com a vice-diretora do turno da manhã, Sandra Curuja, na segunda-feira, dois jovens já haviam sido assaltados, o que contabiliza dez vítimas em dois dias.

- Os assaltantes apontam arma para as crianças e levam o que elas tiverem. Estamos com medo de que aconteça uma tragédia - diz Sandra.

O filho de 16 anos da projetista de modas Marilia de Carvalho Pasin, 37 anos, está entre os assaltados de terça. Na quarta, ela e a mãe de outro jovem, de 18 anos, que também foi vítima, reclamavam da insegurança para a direção, com os boletins de ocorrência em punho.

Comunidade quer presença da BM

Segundo Marília, é a segunda vez em 40 dias que o filho tem uma arma apontada para o rosto na saída da escola.

- Meu filho não quis vir à aula hoje (na quarta-feira), está apavorado. E a Brigada Militar não faz nada. Até o dia em que tiverem de avisar uma mãe que o filho está ensanguentado na rua - critica.

A vice-diretora disse que, quando a BM foi acionada após o assalto de terça-feira, os PMs levaram 50 minutos para chegar à escola.

- Temos a patrulha escolar, mas eles não têm feito rondas aqui na região - afirma. O colégio atende a cerca de mil alunos, da educação infantil ao ensino médio.

Patrulha escolar é atuante, diz BM

Subcomandante do 20º BPM, o major André Ribeiro diz que o batalhão conta com a Patrulha Escolar. São 12 PMs, divididos em três equipes, que trabalham das 7h às 23h e atendem a mais de 50 escolas. O roteiro das rondas é definido em reuniões mensais com as direções dos colégios. Mas não há como visitar todas as escolas todos os dias.

- Sempre que uma escola identifica uma situação de risco e liga para a Brigada, a guarnição desvia do plano de rotina para atender. Ocorre que muitas escolas não vão às reuniões, e algumas que comparecem não acionam esse sistema - argumenta o major.

Viatura parada é a bronca dos pais

Os assaltos aos alunos poderiam ser evitados se a Brigada cumprisse as patrulhas de rotina na área, dizem os pais. Marília reclama que, a 800m da escola, uma viatura fica parada em um posto de combustíveis, mas não evita a ação dos bandidos nas proximidades do colégio.

- Tinham que ficar circulando por aqui para dar segurança para os alunos. É um absurdo isso acontecer com uma viatura tão perto e eles não fazerem nada - reclama.

O major Ribeiro explica que a viatura faz parte do chamado programa de visibilidade, e realiza um trabalho de observação, barreiras e bloqueios. O oficial esclarece que cada bairro tem uma ou mais viaturas que atendem a região. Quando uma ocorrência é comunicada, o Ciosp aciona a patrulha mais próxima ou, no caso de colégios, a patrulha escolar. A viatura do ponto de visibilidade só é chamada caso não haja outra alternativa.

- Dentro das prioridades, ela é a última a ser despachada. Mas, é claro, o policial não fica omisso diante de situações flagrantes com que se depare - afirma.

ANTEPENÚLTIMO EM EDUCAÇÃO


ZERO HORA 09 de maio de 2014




EDITORIAL


Brasil continua distante dos países que, sem o nosso potencial econômico, transformaram a educação em ganhos sociais e prosperidade. Relatório produzido por duas conceituadas empresas britânicas _ a Pearson, ligada ao Financial Times, e a consultoria Economist Inteligence Unit _ confirma uma realidade que estigmatiza, compromete o futuro de gerações e degrada a imagem brasileira no mundo. No estudo, que define um ranking internacional, o Brasil está na 38ª posição numa lista de 40 nações analisadas pela proficiência em matemática, ciências e leitura, somada a taxas de alfabetização e índices de aprovação escolar. O irônico é que nesta segunda edição do levantamento o Brasil passou da penúltima para a antepenúltima posição, mas apenas porque o México apresentou queda maior e ficou junto com a Indonésia, a última colocada.

Para um país que vem se apresentando como potência emergente, é uma posição mais do que constrangedora, é ultrajante. Como enfatizam os responsáveis pelo relatório, nenhum país será evoluído se não conseguir traduzir seus avanços em indicadores educacionais. Foi o que afirmou Michael Barber, chefe de Educação da Pearson, ao ressaltar que os governos de todo o mundo são permanentemente pressionados a melhorar a aprendizagem, porque isso significa o sucesso das pessoas, das comunidades e de um país. Parece tão óbvio, mas não o suficiente para mobilizar políticas públicas e recursos que transformem a educação no Brasil, como ocorreu especialmente nos países asiáticos. São os povos da Ásia os que mais evoluíram nos últimos anos em educação, liderando o ranking. Não é à toa que, a partir da vigorosa opção pela qualificação do ensino, as nações do continente melhoraram produtividade e ganhos de renda e qualidade de vida.

Os líderes fazem com que performance econômica e educação sejam convergentes, para que o crescimento seja duradouro. No Brasil do antepenúltimo lugar, o aprendizado formal do ensino básico vem sendo desprezado por sucessivos governos _ União, Estados e municípios. Contribuem para esse cenário as redes pública e privada, e não se pode ignorar a omissão da própria sociedade. É particularmente preocupante o fato de que, além da deficiência em leitura, os brasileiros se submetam a um ensino precário de ciência e matemática por falta de professores e pela falta de habilitação de profissionais dessa área.

A tradução dessa constatação é a de que os docentes são mal preparados e mal pagos e têm reduzidas chances de aperfeiçoamento, por sobrecarga de trabalho e por desalento. O retrato do Brasil no ranking é, lamentavelmente, o de um país em que todos são enganados por um sistema que democratizou o acesso ao ensino, com a inclusão escolar assegurada pela Constituição, mas descuidou da qualidade do aprendizado. Nações mais modestas economicamente provaram que este é um desafio que pode, sim, ser vencido num curto espaço de tempo.



quinta-feira, 8 de maio de 2014

ADOLESCENTE ARMADO E VAPOZEIRO NA FRENTE DA ESCOLA



ZERO HORA 07/05/2014 | 18h11


Adolescente de 14 anos é apreendido com arma em frente a escola de Santa Maria. Jovem é suspeito de participar de grupo de tráfico de drogas no bairro Chácara das Flores


por Maurício Araujo



Uma arma calibre 38, com 15 munições, foi apreendida na tarde desta quarta-feira com um adolescente de 14 anos. Ele estava em frente à Escola Manoel Ribas, o Maneco. Denúncias levaram a Brigada Militar até o adolescente, que já estava sendo monitorado por ser suspeito de tráfico de drogas na zona norte da cidade. Outro adolescente, que supostamente seria quem vendia as drogas, conseguiu fugir.

A apreensão do adolescente ocorreu por volta das 17h15min. Quando viram a Brigada Militar, os jovens, que estariam escorados no muro do colégio, correram. O adolescente teria escondido a arma debaixo da roupa, sendo alcançado alguns metros depois. Conforme a Brigada, cerca de 150 alunos estavam nos arredores da escola no momento da ação.

terça-feira, 6 de maio de 2014

DIA DA MATEMÁTICA


ZERO HORA 06 de maio de 2014


Tratem-na
com carinho
e serão
recompensados


CARLOS A. V. HEREDIA
Professor de matemática e mestre em Educação



Seis de maio é o seu dia, o Dia Nacional da Matemática. Foi instituído em 2004 e finalmente publicado no Diário Oficial da União, sob a Lei nº 12.835 de 26/6/2013, cujo Art. 2º diz: “O Poder Executivo incentivará a promoção de atividades educativas e culturais alusivas à referida data”. A data escolhida é a do nascimento do matemático, educador e escritor Júlio César de Mello e Souza, o Malba Tahan, autor da famosa obra O Homem que Calculava. Deveria ser um dia de homenagens nas escolas, de reverências aos professores e de agradecimentos da sociedade, pois, cada vez mais, a matemática participa no desenvolvimento de tecnologias para uma melhor qualidade de vida.

Mas a festa é ínfima para tão notável data. Os alunos não apreciam a sua beleza e pouco destacam a sua importância; os professores vivem da superação por uma aula cada vez melhor e a sociedade parece conformada com os baixos resultados em avaliações nacionais e internacionais. Tudo começa pela educação. Por isso, a matemática está triste, pois, nem mesmo ela, com todo o seu talento, consegue explicar o porquê do descuido dos responsáveis pelo segmento educacional no país e pela falta de incentivo ao seu principal agente, o professor. Ensino deficiente, saúde precária, criminalidade, são apenas algumas das consequências de uma equivocada gestão de recursos.

Entrementes, a matemática está alegre, porque, numa data como esta, pode homenagear a participação das mulheres. Os séculos 18 e 19 foram marcantes na história da matemática, principalmente na França, onde o trabalho deixado por Sophie Germain foi importante na construção da Torre Eiffel e no estudo para a demonstração do Último Teorema de Fermat, em 1995.

Esses dados históricos colaboram para diminuir a distância e o preconceito por essa indispensável ciência ora homenageada, que, nesta mesma data, também presta a sua homenagem aos distintos leitores através da equação: (axm) mais (atem) é igual a (aammo) onde x é a incógnita. Tratem-na com carinho e serão recompensados. Ah, já estava esquecendo, e o Art. 2º?

segunda-feira, 5 de maio de 2014

REDAÇÕES PONTUAM NO ENEM MESMO FERINDO CRITÉRIO TÉCNICO

FANTÁSTICO 04/05/2014 22h11

Grupo de professores avaliou as redações produzidas na intenção de zerar no Enem. Presidente do INEP tentou justificar a possível falha.

Um exame em escala continental. Os destinos de mais de cinco milhões de jovens, que sonham ingressar na universidade, definidos em dois dias de provas. O Enem, Exame Nacional do Ensino Médio, mobilizou boa parte das famílias brasileiras em outubro do ano passado.
Até que ponto a avaliação corresponde ao desempenho de cada um desses candidatos?
E se a redação, que foi sobre a Lei Seca, tiver letra de música, hino de time de futebol, recadinho para o Papai Noel?
Dizer que Getúlio Vargas morreu em um acidente de carro porque bebeu vinho no jantar e dirigiu, é ignorância, deboche ou criatividade?
E se a redação for uma cópia escancarada do texto base, vai levar zero?
Tudo isso estava em dez redações feitas por jornalistas do Fantástico, em seis estados. Eles tinham uma tarefa: escrever textos que afrontavam as regras, na intenção de zerar. No ano passado, uma nova regra apareceu, para evitar escândalos como a pontuação de provas com receita de macarrão instantâneo e com o hino do Palmeiras. Textos com formas propositais de anulação, que desrespeitam o exame, são eliminados.
Das dez redações feitas pelo Fantástico, quatro foram zeradas pelo Enem. Seis pontuaram. Uma delas, com boa média: 600 pontos.
Nós reunimos no Rio de Janeiro cinco especialistas em redações vindo de quatro estados. Eles avaliaram as provas sem saber que foram feitas por jornalistas. Dadas as notas, revelamos.
Redação com o hino do Ibis
"O importante é ler as redações, a fim de que as notas sejam justas. E cantar o hino do Íbis, o pior time do mundo: ‘Vamos, meu Ibis, à luta. Em qualquer disputa, estaremos ao seu lado’", dizia a primeira redação.
A banca do Fantástico concordou com o Enem e o hino do Ibis zerou a prova.
Redação com parágrafo escrito com a língua do “P”
Outra redação zerada pelo Enem: um parágrafo escrito na língua do “P”. Mas nenhum dos professores da banca do Fantástico consideraram a língua do “P”.
Todos concordaram também com a anulação da prova com trechos de letra de música.
Redação com recado para o avaliador
E quando há um recado ao avaliador: "Será que meu corretor vai permitir que meu texto seja aprovado? Ou vale barbaridade como no exame passado?" Todas essas redações foram zeradas.
Nas quatro redações, nossos avaliadores e o Enem concordaram e elas estão entre as 1.398 que foram zeradas por causa do deboche. Como o Enem, eles pontuaram outras duas redações polêmicas, mas deu grande diferença nas notas.
Redação com recado para o Papai Noel
“Por isso, Papai Noel, peço ao senhor que ilumine a cabeça dos magistrados brasileiros no próximo Natal!”
Agostinho Dias Carneiro, professor de letras da UFRJ: “Considerei isso uma inserção um pouco infantil e tirei os pontos por aqui. Então, ele está com 620”.
Fantástico: O resto do texto está bom?
Agostinho Dias Carneiro: O resto do texto é bom.
Wilton Ormundo, professor de português: Eu pontuei bem baixo. Foram 210 pontos.
Agostinho Dias Carneiro: As instruções para os avaliadores são altamente subjetivas e fragmentadas.
Fantástico: Então, isso permite uma avaliação mais subjetiva.
Agostinho Dias Carneiro: Com certeza.
São avaliadas cinco competências em uma redação. Cada uma vale 200 pontos. Basicamente, os professores querem saber se o aluno é capaz de escrever um texto coerente, com boa argumentação e uso da língua formal.
Cada redação é corrigida por dois avaliadores. Se as notas tiverem diferença de mais de 100 pontos, um terceiro avaliador é chamado. E, segundo o MEC, quase a metade dos textos - cerca de 2,5 milhões de redações - foi para o terceiro corretor.
Permanecendo a dúvida, o texto vai para uma banca de especialistas. “Você vê que essa inserção do Papai Noel gerou, aqui entre nós, cinco posições bem diferentes, e nenhuma delas está errada”, declara Cláudio Cezar Henriques, professor de letras da UERJ.
Redação que fere a norma do uso da língua formal
A redação seguinte fere a norma de uso da língua formal. É escrita com as abreviações usadas em mensagens de texto, ou conversas por computador.
“Esse texto não pode ser penalizado porque apresenta o ‘internetês’, afirma o professor de português Osvaldo Menezes Vieira.
“Se é problema de grafia, não é um problema que interfira na organização mental do texto. Isso é só um problema de grafia. Então, o desconto aí é pequeno”, diz Agostinho Dias Carneiro, professor aposentado de letras UFRJ.
“Eu dei 240. Porque, a despeito de haver problema de ortografia. Mas há problemas também na consistência narrativa”, explica Chico Viana, professor de letras da UFPB.
‘Internetês’ não anula a prova, mas não é uma boa ideia usar. A nota cai muito.
Redação com erros históricos
A redação com os erros históricos tirou 600 pontos no Enem e foi a que mais dividiu opiniões entre os professores da nossa banca. O texto diz, entre outros absurdos, que a Lei Seca foi criada na ditadura militar, pelo AI-5, que o carro foi inventado na idade média e que o presidente Getúlio Vargas, que se suicidou, morreu em acidente depois de um jantar em que bebeu vinho.
“Lembra o ‘samba do criolo doido’”, afirma o professor Chico Viana.
Dois professores deram zero. “A proposta de redação avisou claramente para esse aluno que é impedido que ele adentre a universidade, uma vaga pública gratuita de qualidade com um texto que é incoerente e promove um certo deboche a respeito da proposta”, declara o professor de português Osvaldo Menezes Vieira.
Dois professores deram notas parecidas, baixas: 300 e 280. “Em certo momento, a gente fica naquela dúvida: Houve propósito de excessos indevidos para ironizar, ou realmente desconhecimento histórico?”, indaga o professor aposentado Chico Viana.
“Você vai encontrar, sim, muitos estudantes brasileiros mal preparados e que escreveriam absurdos mais ou menos semelhantes a este aqui”, afirma o professor de português Wilton Ormundo.
E um dos nossos professores convidados deu a redação controversa a mesma nota que o Enem: 600. Lembramos: uma nota boa, que pode dar acesso à universidade.
“Não fico feliz por isso não. Mas admito que seria assim, uma espécie de paródia, uma sátira”, explica Cláudio Cezar Henriques, professor de letras da UERJ.
“Com 600, eu acho que você está dando um recado errado para esse candidato. Ele vai ingressar na universidade sem conhecimentos mínimos que ele deveria ter como cidadão, inclusive”, ressalta o professor Wilton Ormundo.
Essa redação, cheia de erros históricos, ficou na faixa de maior concentração das notas do Enem. Quase 28% dos candidatos tiraram entre 500 e 600 pontos.
Redações com apenas cinco ou seis linhas originais
Os casos mais graves são os de três redações. Os jornalistas do Fantástico escreveram apenas cinco ou seis linhas originais, e completaram a resto com cópia. Dois nem tentaram disfarçar. Tiraram trechos dos textos que serviam de base para a própria redação.
Como um ‘copiar-colar’ feito à mão. O último, copiou trechos de questões da prova aplicada no mesmo dia, parágrafos inteiros, que nem tinham relação com o tema Lei Seca.
Redações pontuaram mesmo ferindo critério técnico do Enem
E todos pontuaram, mesmo ferindo um critério técnico do Enem. Que diz o seguinte: se houver cópia esse trecho copiado deve ser desconsiderado. E o avaliador vai corrigir só o que sobrar de autoria do candidato, mas para isso é preciso que tenha pelo menos sete linhas, sem as sete linhas, é zero.
Na nossa banca, todas zeraram. Mas no Enem tiraram 260, 380 e 440 pontos.
Professor Wilton: Esse não é nem subjetivo. Seria uma razão bastante objetiva para zerar.
Professor Osvaldo: Dois avaliadores que não se conhecem, em lugares diferentes do país, darem nota para um texto que é claramente cópia dos textos motivadores? Então, é inaceitável.
Avaliador do Ministério da Educação é remunerado por produtividade
No ano passado, o Ministério da Educação contratou e treinou 7.121 avaliadores. Cada redação foi corrigida por dois corretores, que podiam estar em extremos opostos do país. Eles recebiam pelo computador no mínimo 50 redações por dia. O avaliador é remunerado por produtividade. Quanto mais redações corrigir, mais dinheiro vai ganhar.
Fantástico: Como o senhor avalia a avaliação feita dessas provas?
Francisco Soares, presidente do INEP: A avaliação cumpriu a função que a gente esperava.
Essas dez redações elas receberam notas adequadas ao que elas tinham para apresentar. Nós não temos um sistema falhando aqui.
Os corretores do Enem assinam um compromisso de confidencialidade. Não podem falar sobre o processo. Por isso, uma professora não mostra o rosto. Ela diz que se inscreveu para poder preparar melhor seus alunos do ensino médio, conhecendo o sistema por dentro.
Fantástico: E qual foi a sua impressão?
Corretora: Muito boa, muito boa.
Ela conta que chegou a receber 150 redações em um só dia para corrigir. Mas se recusou.
Corretora: Eu não consigo. Eu corrijo 50 redações. Eu não queria e não saberia corrigir 100 redações. Corrigir muitas em um dia pode trazer mais cansaço, pode provocar mais cansaço, mas ainda que esteja muito cansado, nós quase decoramos a proposta.
Fantástico: Então, não dá para passar despercebido?
Corretora: Não. Nao deve passar despercebido.

Presidente do INEP fala sobre possível falha na correção das redações

Segundo o MEC, 3.185 redações foram zeradas por causa de cópia ano passado. Outras quase nove mil zeraram porque não tinham sete linhas.
Fantástico: Como estas passaram?
Francisco Soares, presidente do INEP: Primeiro, vamos deixar claro de que essas redações foram construídas por pessoas sofisticadas. Essa sofisticação não corresponde ao aluno típico. Então, nesse caso, os textos começam com linhas autorais e a cópia está espalhada.
Fantástico: O senhor me desculpe, mas eu vou insistir. Porque são cinco linhas autorais e o resto é tudo cópia. Não é nem reescrito, é cópia.
Francisco Soares: Mas eu quero insistir que existiam linhas autorais. Em uma correção de redação, há uma dimensão subjetiva. Por isso é que nós temos mais de um corretor. Aqui está se discutindo que ela devia ter zero. Mas eu tive notas muito baixas. De 260, de 300 e pouco.
Fantástico: De 440.
Francisco Soares, presidente do INEP: De 440, abaixo dos 500 pontos que seria o ponto que o Inep considera como o nível mínimo que alguém que está terminando o ensino médio deve ter.
Fantástico: Dependendo do desempenho dele nas outras provas, ele pode ter acesso à universidade, não pode?
Francisco Soares, presidente do INEP: O critério de uso da nota do Enem é um critério da universidade. Sim, esse aluno, ele pode ser admitido na universidade com essa nota. Fica muito mais difícil porque essa nota está baixa e há uma enorme competição.
Só neste ano, mais de 170 mil alunos estraram em universidades públicas com o resultado do Enem. Mesmo com possíveis erros de avaliação, a melhor maneira de brigar por uma vaga é se preparar bem, e levar o exame a sério.