EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR

Defendemos uma política educacional multidisciplinar integrando os conhecimentos científico, artístico, desportivo e técnico-profissional, capaz de identificar habilidade, talento, potencial e vocação. A Educação é uma bússola que orienta o caminho, minimiza dúvidas, reduz preocupações e fortalece a capacidade de conquistar oportunidades e autonomia, exercer cidadania e civismo e propiciar convivência social com qualidade, dignidade e segurança. O sucesso depende da autoridade da direção, do valor dado ao professor, do comprometimento da comunidade escolar e das condições oferecidas pelos gestores.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

PIOR CIDADE GAÚCHA NO IDH ENFRENTA PROBLEMA CULTURAL

CORREIO DO POVO 31/07/2013 09:22

Educação derruba desempenho de pior cidade gaúcha no IDH. Prefeito Claudio Lesnik aponta questão cultural pela evasão escolar em Dom Feliciano


Cidade gaúcha com o pior desempenho no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Dom Feliciano enfrenta um problema cultural, acredita o prefeito Claudio Lesnik (PSDB), que governa a cidade desde janeiro. Na avaliação, o município da região Centro-Sul do Estado manteve bons números referentes à longevidade (0.818) e renda per capita (0.633), mas o baixo nível da educação (0.390) influenciou o resultado final, colocando a cidade em 4467º lugar no ranking nacional, com IDHM de 0.587. O IDHM do Rio Grande do Sul ficou em 0,746. No País, o índice é de 0,727.

Com uma área de 1.300 km² e 80% da população residente na área rural, a economia de Dom Feliciano é baseada na agricultura familiar e na agropecuária. Na educação, a grande dificuldade é levar estudantes para as escolas da zona urbana. E mantê-los nas salas de aula. “É mais uma questão de cultura, de conhecimento da população. Quem trabalha na zona urbana faz questão de manter a sua criança na escola. Mas no interior é bem diferente. É difícil convencer uma mãe a colocar seu filho pequeno no ônibus. E depois que crescem, há o problema da evasão escolar”, disse Lesnik ao Correio do Povo.

Atualmente, há 54 alunos de zero a quatro anos matriculados nas creches municipais. O município trabalha na construção de duas novas instituições, para a abertura de 240 vagas. “Em termos de vagas, vai estar resolvida a questão das creches a partir do ano que vem. Mas é um problema muito sério convencer os pais de matricular os filhos”, reforçou o prefeito. No caso do pré-escolar, sobram vagas no interior. “Nós temos que criar 232 vagas a mais para essa faixa etária. Mas na zona rural há 35 vagas abertas e não tem alunos”, emendou Lesnik.

Outro fator que prejudica o desenvolvimento da educação em Dom Feliciano é a evasão de alunos de 11 a 13 anos de idade, que estão nas séries finais do ensino fundamental. “Nessa faixa etária, os estudantes não vão mais a aula para trabalhar com os pais na agricultura”, disse o prefeito. No ensino médio, a situação se agrava. “Até os 18 anos, esses alunos estão até se casando já, formando família e apenas trabalhando no meio rural”, sustentou.

A taxa apurada pela pesquisa da ONU revela o nível de desenvolvimento humano de determinada região do Brasil. O IDH dos municípios vai de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, pior o desenvolvimento humano; quanto mais próximo de um, melhor. A pesquisa considera indicadores de longevidade (saúde), renda e educação. A classificação varia de 'Muito Baixo' - inferior a 0,499 – e 'Alto', com o indicador que varia de 0,700 a 0,799.

Geração de renda e expectativa de vida

A renda per capita de Dom Feliciano praticamente dobrou em duas décadas. Em 1991, a taxa era de R$ 236,00 e em 2010 subiu para R$ 409,72 por habitante, estando dentro da média brasileira. No período, a extrema pobreza passou de 50,26% para 22,12%.

Segundo o prefeito da cidade, há expectativa de investimento em energia eólica, o que fortaleceria ainda mais a economia da região. “Nossa esperança é melhorar a arrecadação com a influência econômica. Uma possibilidade que está cada vez mais próxima é o investimento em energia eólica na área rural. Investidores de São Paulo estão em negociação sobre o assunto”, revelou o prefeito sem fornecer muitos detalhes. Caso a parceria seja concretizada, a empresa poderá investir aproximadamente R$ 1bilhão. “Isso mudaria totalmente a realidade econômica do município”, projetou.

Quando se fala em saúde, a taxa de longevidade dos moradores de Dom Feliciano é a mais alta entre os itens que compõem o IDHM. Com 0,818, está um pouco abaixo que a média no Estado, que é 0,840, e um pouco acima da nacional, que é 0,816. Conforme o prefeito, comparando com anos anteriores, a média de vida que era de 65 anos no municíío em 1991 passou para 70 anos em 2000 e 74 anos em 2010.


Fonte: Rafaella Fraga / Correio do Povo

terça-feira, 30 de julho de 2013

PARA COMEMORAR E PARA LAMENTAR

ZERO HORA 30 de julho de 2013 | N° 17507

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA


Os gráficos ascendentes de evolução do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) nos últimos 20 anos devem ser motivo de celebração. Eles mostram que, como país, passamos de muito baixo a alto . Em uma escala de zero a um, o índice de desenvolvimento humano das cidades brasileiras subiu de 0,493 para 0,727, um crescimento de 47,5% de 1991 para 2010. Lamentar o que, então? O fato de que a educação, apesar de ter a curva mais acentuada de crescimento, ainda está em 0,637, abaixo dos outros indicadores que compõem o IDHM: a longevidade (0,739) e a renda (0,816). O salto foi notável: em 1991, a educação estava em 0,279.

O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento, não reflete a evolução dos últimos dois anos. Logo, não mostra se melhorou, piorou ou se manteve estável no governo de Dilma Rousseff. O mapa que compara o Brasil de 1991 com o de 2010 mostra, em cores, município por município, o quanto o país melhorou nesses 20 anos, o que inclui o governo tampão de Itamar Franco, os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso e os dois de Lula. Em 2000, com 0,612, o Brasil estava enquadrado na categoria “médio”.

Um ponto a lamentar é a situação do Rio Grande do Sul, que não evoluiu no mesmo ritmo do Brasil. É o sexto em desenvolvimento humano, com 0,746, atrás de Distrito Federal, São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Paraná. Perdeu uma posição no ranking – era o quinto em 1991 e em 2000 – e tem apenas uma cidade – Porto Alegre – entre as 50 melhores. São Paulo tem 28, e Santa Catarina, 11.

Quando se mergulha nos números do Rio Grande do Sul, uma constatação salta aos olhos: os piores municípios em desenvolvimento humano são, na maioria, os sem asfalto. Isolados dos grandes centros, sem escolas de qualidade e nem condições de desenvolver sua economia, não conseguem sair do lugar. Em último entre as cidades gaúchas, Dom Feliciano tem índice global de 0,587 (baixo). Em educação, a pontuação do município é de 0,390 (muito baixo), mas o lanterna é Charrua, com 0,385.


ALIÁS

Em educação, o Rio Grande do Sul caiu para o 8º lugar, um resultado compatível com o mau desempenho registrado em outras avaliações e vergonhoso para um Estado que já esteve entre os primeiros do Brasil.

ÍNDICE DA ONU É ALERTA PARA O RS


ZERO HORA 30 de julho de 2013 | N° 17507

AVANÇO TÍMIDO NO RS. Educação freia o desenvolvimento

O Índice do Desenvolvimento Humano Municipal do Brasil, divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), mostra que as condições de vida dos brasileiros melhoraram nos últimos 20 anos. Mas traz também um alerta, especialmente para os gaúchos: a educação se mantém como o principal desafio.

Se o Hino Rio-grandense fosse atualizado com base na realidade detectada pelo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), o refrão que enaltece as nossas façanhas teria de ser reescrito. Com crescimento abaixo da média nacional no levantamento que considera longevidade, acesso ao conhecimento e renda, o Estado vem perdendo posições ao longo das últimas duas décadas – e a educação é o indicador com pior desempenho, apesar dos avanços.

No comparativo de 2010 com o último índice avaliado, em 2000, o Estado cresceu 12,3% na média geral do levantamento, realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para o Brasil. Já a média nacional teve incremento de 18,7%. Na análise comparativa de um período maior, de 1991 a 2010, o crescimento do IDHM gaúcho também foi inferior, de 37,6%, enquanto o nacional foi de 47,4%. A boa notícia é que tanto o Brasil quanto o Rio Grande do Sul evoluíram, saindo da classificação “muito baixo” para o nível “alto”.

Mas os gaúchos têm menos motivos para comemorar. O Estado caiu de quinto para sexto melhor colocado em nível nacional em relação aos dois últimos levantamentos. Se apenas os números referentes à educação fossem considerados, o declínio seria maior: o RS ficaria em oitavo lugar.

O índice de educação é medido a partir de dois itens. O primeiro é a escolaridade da população com 18 anos ou mais, com peso um no cálculo. O segundo (peso dois), é uma média do percentual de crianças entre cinco e seis anos frequentando a escola, do percentual de jovens entre 15 e 17 anos com Ensino Fundamental completo e do percentual de jovens entre 18 e 20 anos com Ensino Médio completo.

Para a secretária-adjunta da Educação, Maria Eulalia Nascimento, um dos motivos que explicam o declínio progressivo em relação ao cenário nacional seria o alto índice de repetência e a falta de acesso à Educação Infantil:

– Até 2011 tínhamos no Ensino Médio o maior índice de reprovação do país e éramos o Estado com menor cobertura de atendimento à Educação Infantil. Estamos trabalhando para mudar isso.

*Colaborou Júlia Otero

LETÍCIA DUARTE

ATENÇÃO, BRASILEIROS!

ZERO HORA 29 de julho de 2013 | N° 17506

 Maria Cecília Medeiros de Farias Kother*


O que está acontecendo nas ruas não envolve a educação? É, também, uma questão de educação? Analisem e verão que, sem dúvida, é. Mas, atenção, não é aquela educação que está faltando no Ensino Básico (Fundamental, Médio e Superior) de agora, com projeção de futuro, que o povo está reclamando. Essa atitude popular traz no seu bojo o reconhecimento de que a educação está descuidada, e devemos interpretar esse apelo.

A educação que está deficiente, segundo essa visão, é aquela que deveria fazer parte do currículo da vida dos que estão em altos postos da nação e que se traduz em competência, ética e responsabilidade no que se assume. É a educação de valores formativos que estruturam o caráter e dão aquele feeling necessário e útil a quem ocupa cargos públicos. É aquela educação que ensina civilidade, urbanismo, cooperação, desprendimento, solidariedade, honestidade consigo mesmo e com os outros. É aquela educação para a maturidade que faz as pessoas não perderem o senso da sua realidade e evitarem assumir a vivência do status do cargo – que é transitório – como seu. É aquela educação que envolve conhecimentos de gestão com planejamento.

É lugar-comum, desde a história de Alice no País das Maravilhas, que quem não sabe aonde vai, não sabe como e nem quando chega. Por que em política seria diferente? É a falta de educação política, pois política não se alimenta só de palavras, mas também de trabalho sério, e para desempenhá-la é preciso um preparo mínimo para não atuar confundindo política com postura de agrado, pseudotrabalho e reeleição.

Fala-se em analfabetismo no Brasil, incluindo nesse rol os analfabetos funcionais – aqueles que leem, mas não sabem o que leem. Como se pode classificar, então, as pessoas públicas que são alvos de agendas de reclamações do povo e que não estão entendendo o clamor desse povo? Isso também é um problema de educação nas áreas das relações humanas, do comportamento e da psicologia da comunicação.

Sabemos que esse movimento deverá ter uma solução que envolve educação. O caminho a seguir é da educação para a humanidade, educação para processar a mudança e educação para rever e levantar os fatos agendados, planejando as ações necessárias e adequadas ao momento.

*DIRETORA DO INSTITUTO MC EDUCAÇÃO SOCIAL, VICE-PRESIDENTE DA FEDERASUL – DIVISÃO DE EDUCAÇÃO

A VIOLÊNCIA RONDA A ESCOLA

ZERO HORA 27 de julho de 2013 | N° 17504

 Roberto Fissmer*


Os veículos de comunicação do nosso Estado estão repletos de notícias que informam a respeito do processo de violência que circunda os nossos estabelecimentos de ensino. Os problemas mais graves estão concentrados, embora não exclusivamente, nos grandes centros urbanos, com maior destaque nas zonas periféricas. Evidentemente, isso não acontece por acaso, mas, sim, é fruto do velho e decantado dilema social. Encaminhar crianças e adolescentes às escolas tornou-se uma preocupação em proporções tão ou mais graves quanto a perda da escolaridade.

Se de um lado temos nos educandários particulares a violência dos valores das mensalidades, mas com uma provável qualidade melhor de ensino, de outra forma verificamos nos colégios públicos – gratuitos – a violência de precariedades diversas. É tarefa quase impossível estimular alguém a trabalhar ou estudar sob tais condições – tudo já amplamente divulgado pela imprensa e, portanto, desnecessários maiores relatos neste espaço.

É preciso, contudo, fazermos uma ressalva, esta agressão a que estão sendo submetidos os alunos, dentro e fora das escolas, surrados e retirados os seus pertences, forçados ou quando, no mínimo, incentivados ao consumo de drogas e até seviciados às vezes, não pode ter como resposta final a simples explicação do “problema social”, mas sim da adoção de medidas que visem erradicar esses acontecimentos, assegurando aos estudantes das camadas mais desfavorecidas um futuro melhor do que o presente ora vivido.

Não são todos os estabelecimentos escolares públicos que padecem desses males, mas é neles, em especial, que estão concentradas as gangues compostas de malfeitores conhecidos por todos – alunos, pais, professores, direções e funcionários. Alguma medida precisa ser adotada pelas autoridades, e com urgência, antes que as instituições de ensino se tornem perigosas demais para arriscar-se na educação dos nossos menores.

* PROFESSOR

CLAMOR DAS RUAS

ZERO HORA 27 de julho de 2013 | N° 17504

A PAUTA DO ELEITOR

Pesquisa detalha clamor das ruas. 
Ibope indica que, para os brasileiros, a saúde é o maior problema do país, seguida de educação, segurança, drogas e corrupção


Ao ouvir mais de 7,6 mil pessoas em todo o país após os protestos de junho, o Ibope conseguiu fazer um retrato do descontentamento dos brasileiros. No geral, as pessoas estão satisfeitas com a vida que levam, mas querem mais dos governantes – principalmente na saúde.

Questionados sobre os maiores problemas do país, sobre as áreas em que o governo federal tem pior desempenho e sobre quais devem ser as prioridades do Planalto, os eleitores convergem para os mesmos setores: além da saúde – campeã absoluta na lista de preocupações do cidadão –, aparecem repetidamente educação, segurança, drogas e corrupção. São os mesmos pedidos que apareciam nos cartazes dos manifestantes de junho. A sondagem foi realizada pelo Ibope entre os dias 9 e 12 de julho. Na quinta-feira, o instituto apresentou uma parte dos dados, relacionada à avaliação do governo Dilma Rousseff e dos governos estaduais. Ontem, divulgou o restante das informações, referentes a diversas áreas da vida nacional.

A maioria dos brasileiros (77%) está satisfeita ou muito satisfeita com a vida que leva. No Rio Grande do Sul, o cenário não é o mesmo: 70% dos entrevistados se disseram satisfeitos ou muito satisfeitos. Os gaúchos também destoam em relação ao governo Dilma Rousseff. Segundo o Ibope, Minas Gerais e Rio Grande do Sul são os locais com a população mais descontente com o apoio dado pela administração federal ao Estado. Esses são os Estados em que Dilma nasceu e fez carreira profissional.

Entre os 602 entrevistados no RS, 73% acreditam que o Estado precisa de ajuda federal para oferecer serviços públicos adequados – o maior percentual entre as 11 unidades da federação avaliadas pelo instituto. Os gaúchos se dizem insatisfeitos quanto ao apoio federal nas áreas de segurança (86%), educação (84%) e saúde (83%). As reclamações também atingem o Palácio Piratini: 78% acreditam que o governador Tarso Genro e seus secretários utilizam mal os recursos públicos.

A maioria dos brasileiros se diz favorável às manifestações que ocorreram pelo país: 50% disseram aprová-las e 39% disseram serem favoráveis desde que sem casos de violência e vandalismo. Porém, a maioria (58%) afirmou que não pretende participar de protestos caso eles voltem a se repetir. Questionados sobre os motivos que os levariam sair às ruas, os entrevistados voltaram os temas dos cartazes: saúde, educação, segurança e combate à corrupção – mais um indicativo das prioridades da população.

sábado, 20 de julho de 2013

SOBROU O PROFESSOR


ZERO HORA 20 de julho de 2013 | N° 17497

ARTIGOS


Osvino Toillier*



As autoridades do século 20, como pai, mãe, religiosos, políticos, dirigentes de entidades, foram, no mínimo, abaladas, senão abatidas. Diluídas, perderam o posto na passagem para o século 21. Não são mais referência visível. A única autoridade que sobrou foi o professor!

Isso, por um lado, é um alento; por outro, grande desafio. Os tempos líquidos estão à procura de território. Os náufragos lembraram-se do professor, que também luta para sobreviver. O docente não é o salvador da pátria, mas tem a chance de ajustar-se aos novos tempos, sem perder a essência poética de sua missão.

O professor não vai sobreviver com o auxílio de bom marqueteiro, mágica, macetes ou redes sociais. Mas sim pela humanidade, capacidade de assimilar a nova realidade em que vivemos, sem renunciar às crenças que o conduziram através dos tempos, e ancorado na autenticidade e paixão pelo ser humano e pela vida.

Rupturas são comuns e fazem parte do ciclo das transformações que a vida enseja. A travessia exige que o novo ocupe o lugar do velho. No mínimo, que o antigo admita que essa é a lei da natureza e permita que a vida faça ressurgir o esplendor após a letargia.

Se chegamos ao final de um ciclo, vamos admitir que estamos diante de um novo tempo. O mundo tornou-se plano, sim, e isso nos coloca diante da realidade global. Somos seres planetários e não podemos recolher-nos aos feudos, considerando-nos os melhores do mundo, porque poderemos estar sendo ultrapassados da noite para o dia.

Tudo isso impacta profundamente na educação e exige olhar carinhoso para o professor como sobrevivente das autoridades arcaicas. Em vez de acusá-lo pelo que não consegue fazer, será que não é o momento de abrir espaço para ouvi-lo, dialogar com ele, sem viés corporativo, mas como personagem que marca a vida de crianças, jovens e adultos para sempre? Eu creio que sim, embora isso não diminua a valorização profissional. Precisamos recuperar urgentemente a dimensão poética do professor, o respeito da sociedade, a exemplo do Japão, onde ele é o único que não precisa inclinar-se diante do imperador. Sabemos da importância que o professor tem na sociedade e, por isso, precisamos valorizar a sua atuação, através do reconhecimento de práticas que contribuem para a inovação da educação.


*PRESIDENTE DO SINDICATO DO ENSINO PRIVADO (SINEPE/RS)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

SUPERFATURAMENTO CHEGA A VALORES ASTRONÔMICOS

 JORNAL DA MANHÃ \ Educação - Publicada em 18/07/2013.



O mesmo produto pode ser encontrado numa loja gaúcha, pelo preço de R$ 3.250,00


Recebidos desde o ano passado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, os equipamentos para os laboratórios e cursos técnicos da Escola 25 de Julho apontam superfaturamento de até 2.215% nos produtos. A principal diferença é encontrada numa afiadora universal, o equipamento mais caro da lista, que teve um investimento de R$ 72 mil. O mesmo produto pode ser encontrado em uma loja gaúcha, de Caxias do Sul, por R$ 3.250,00. O valor pago pelo governo federal foi mais de 22 vezes acima dos preços praticados pelo mercado. Apenas esse item representa um prejuízo aos cofres públicos de quase R$ 70 mil.

Além da afiadeira universal, a escola recebeu, ainda, uma prensa para folhear, por R$ 67.830,00. No entanto, o equipamento não possui nenhum tipo de identificação, o que impossibilita a consulta por valores equivalentes no mercado. 

Um refrigerador comum de 310 litros, de uso residencial, de conhecida marca, é um dos produtos com menor superfaturamento - cerca de 100%. Adquirida por R$ 3.133,13, o mesmo produto é encontrado no mercado ijuiense por valores que variam entre R$ 1.243,00 até, no máximo, R$ 1.649,00. 

Para justificar esse superfaturamento, o Jornal da Manhã enviou um pedido de informação, através do Portal da Transparência, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento pela Educação. A resposta foi de que a solicitação foi encaminhada ao MEC para análise e providências, pois não compete ao FNDE. 

O Jornal da Manhã também tentou entrar em contato com uma das empresas responsáveis pela venda de equipamentos, a LB Bezerra, mas não obteve resposta.

Recebidos desde o ano passado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, os equipamentos para os laboratórios e cursos técnicos da Escola 25 de Julho apontam superfaturamento de até 2.215% nos produtos. A principal diferença é encontrada numa afiadora universal, o equipamento mais caro da lista, que teve um investimento de R$ 72 mil. O mesmo produto pode ser encontrado em uma loja gaúcha, de Caxias do Sul, por R$ 3.250,00. O valor pago pelo governo federal foi mais de 22 vezes acima dos preços praticados pelo mercado. Apenas esse item representa um prejuízo aos cofres públicos de quase R$ 70 mil.

Além da afiadeira universal, a escola recebeu, ainda, uma prensa para folhear, por R$ 67.830,00. No entanto, o equipamento não possui nenhum tipo de identificação, o que impossibilita a consulta por valores equivalentes no mercado.

Um refrigerador comum de 310 litros, de uso residencial, de conhecida marca, é um dos produtos com menor superfaturamento - cerca de 100%. Adquirida por R$ 3.133,13, o mesmo produto é encontrado no mercado ijuiense por valores que variam entre R$ 1.243,00 até, no máximo, R$ 1.649,00.

Para justificar esse superfaturamento, o Jornal da Manhã enviou um pedido de informação, através do Portal da Transparência, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento pela Educação. A resposta foi de que a solicitação foi encaminhada ao MEC para análise e providências, pois não compete ao FNDE.

O Jornal da Manhã também tentou entrar em contato com uma das empresas responsáveis pela venda de equipamentos, a LB Bezerra, mas não obteve resposta.




O mesmo produto pode ser encontrado numa loja gaúcha, pelo preço de R$ 3.250,00

quinta-feira, 18 de julho de 2013

PROFESSORES DO FUTURO SERÃO FACILITADORES E ORIENTADORES


ZERO HORA 18 de julho de 2013 | N° 17495

ENTREVISTA: Professor José Cordeiro

ÂNGELA RAVAZZOLO | EDITORA DE EDUCAÇÃO

Nos próximos 20 anos, o mundo vai mudar mais do que nos últimos dois séculos – e a educação estará no centro dessa revolução. O venezuelano José Cordeiro propõe um novo papel para professores e alunos, especialmente para aqueles estudantes que estão começando o aprendizado, os “nativos digitais”, que já nasceram no ambiente das novas tecnologias e das redes sociais.

Diretor do Projeto do Milênio (Venezuela) e professor na Singularity University, fundada pela Nasa e pelo Google nos Estados Unidos, Cordeiro está em Porto Alegre para participar do 12º Congresso do Ensino Privado, promovido pelo Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS). O tema do evento, que ocorre até amanhã na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), é A Maestria do Professor na Arquitetura da Aprendizagem. Confira trechos da entrevista concedida a Zero Hora.

Zero Hora – A educação enfrenta dificuldades com a formação dos docentes, o que inclui pouca prática em sala de aula e acesso limitado a novas tecnologias, com salários baixos e poucos estudantes interessados na carreira. Como as novas tecnologias podem colaborar para uma transformação?

José Cordeiro – As novas tecnologias estão ficando melhores, mais rápidas e mais baratas. Isso permitirá um aumento na oferta de educação de forma mais eficiente. O Life-Long Learning (projeto de educação contínua desenvolvido na Finlândia) será uma tendência na medida em que as pessoas vivem mais e de forma mais saudável. A educação será mais importante e mais reconhecida, fazendo com que os educadores sejam mais respeitados e melhor pagos. Contudo, como os professores são “imigrantes digitais”, enquanto os alunos são “nativos digitais”, o papel dos professores precisa mudar. Os professores do futuro serão mais facilitadores do que professores tradicionais.

ZH – Há previsões de que, a partir de 2029, os computadores ficarão tão ou mais inteligentes do que o cérebro humano. Como isso impacta a educação?

Cordeiro – Estimamos que em 2029, pela tendência de desenvolvimento dos computadores, eles terão quase o mesmo conhecimento humano. Isso vai permitir aumentar nosso conhecimento.

ZH – Qual é o papel do professor nesse novo modelo educacional, especialmente em relação à inteligência artificial?

Cordeiro – Os professores do futuro serão facilitadores e orientadores, guiando as possibilidades dos alunos individualmente, mas também em grupos. A inteligência artificial não vai substituir a inteligência humana, mas vai ajudar a qualificá-la. Com a inteligência artificial e outras novas tecnologias, a educação e o aprendizado vão experimentar a mais radical transformação da história.

ZH – Persistem problemas antigos, como falta de diálogo e de respeito em sala de aula. E ainda dificuldades básicas, como redes wireless deficientes. Qual o peso desses velhos problemas na educação do século 21?

Cordeiro – A tecnologia vai ajudar a melhorar a educação, mas não vai substituí-la. Outros pontos terão de ser melhorados, desde os salários até a atualização dos professores, a infraestrutura das escolas e das cidades. Como o cérebro humano é o “órgão da educação”, entendê-lo e melhorá-lo vai levar nossa civilização para uma nova fase. O mundo vai mudar mais nos próximos 20 anos do que nos últimos 200 anos.


PARTICIPE - Hoje, às 20h, no Centro de Evento da PUCRS, ocorre uma conferência aberta ao público com Patrícia Peck Pinheiro, advogada especialista em direito digital e uma das idealizadoras do Movimento Família Mais Segura na Internet. No encontro, ela vai orientar os pais sobre a segurança dos filhos no ambiente virtual. A participação é por ordem de chegada.

terça-feira, 16 de julho de 2013

MALALA E A EDUCAÇÃO


ZERO HORA 16 de julho de 2013 | N° 17493

EDITORIAIS


Num mundo ainda longe de assegurar a meta de garantir o acesso de toda a criança ao ensino fundamental prevista para ser alcançada até 2015 , a manifestação da paquistanesa Malala Yousafzai, feita na sede das Nações Unidas, deveria servir de inspiração para responsáveis por políticas educacionais, particularmente de países em desenvolvimento. Ao argumentar que livros e canetas são as armas mais poderosas e que uma criança, um professor e um livro podem mudar o mundo, a garota que se tornou conhecida depois de ter sido baleada por talibãs pela insistência em estudar deixou evidente a importância do aprendizado. Assim como no Paquistão, muitos outros países ainda não se convenceram do quanto é preciso manter meninas e meninos em sala de aula.

No Vale do Swat, no Paquistão, onde os talibãs atacaram a adolescente, o episódio contribuiu para aumentar significativamente o número de estudantes. Ainda assim, mais de 5 milhões de crianças no país, onde escolas são constantemente destruídas, ainda se encontram fora da sala de aula. No dia do pronunciamento, quando a garota paquistanesa completou 16 anos, um relatório divulgado pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, alertava para o fato de que, em 2011, nada menos de 57 milhões de cidadãos em idade escolar não vão à escola. A situação é particularmente séria em regiões que, como o Paquistão, são afetadas por conflitos.

Também nesse aspecto, Malala contribuiu para a causa ao se dirigir a líderes jovens de mais de 100 países. A adolescente defendeu uma luta global contra o terrorismo que, assim como outras deformações sociais, se constitui num entrave para quem se dispõe a encarar os estudos a sério.


sexta-feira, 5 de julho de 2013

SENADO CORTA 53% DOS ROYALTIES QUE IAM PARA EDUCAÇÃO



Estimativa de repasse para a saúde também caiu, de R$ 69,77 bilhões para R$ 10,7 bi, em relação ao texto aprovado pela Câmara

Ocimara Balmant - O Estado de S. Paulo 04/07/2013



O projeto de lei que destina royalties do petróleo para educação e saúde, aprovado pelo Senado na noite de terça-feira, reduziu em 62% o montante direcionado às duas áreas em relação ao que havia sido votado pelos deputados.

Com isso, o repasse cai de R$ 279,08 bilhões para R$ 108,18 bilhões. No caso da educação, o porcentual diminui 53,43%: de R$ 209,31 bilhões para R$ 97,48 bilhões. Na saúde, com a redução de 84,7%, o valor despenca de R$ 69,77 bilhões para R$ 10,7 bilhões. A estimativa é da Consultoria Legislativa de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos da Câmara, com dados da Agência Nacional do Petróleo.

É um retrocesso ao clamor popular, avaliam especialistas. O projeto da Câmara, votado na semana passada em meio ao furor das manifestações que pediam 10% do PIB brasileiro para a educação, não chegava a alcançar esse porcentual, mas previa um acréscimo de 1,1% do PIB para o setor até 2022, chegando a 7% - hoje são 5,8%.

"A redução feita pelo Senado derrubou o porcentual de 1,1% para apenas 0,4% do PIB. Foi o anticlímax. Existia um ganho que não era o ideal, mas melhorava bem. Agora voltamos quase ao zero", diz o professor Luiz Araújo, especialista em financiamento e políticas públicas.

O relator do projeto é o líder do governo na Casa, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), e as alterações, segundo os bastidores no Congresso, são resultado de um acordo entre governo e líderes partidários.

Entre as mudanças propostas pelo Senado, duas delas explicam a redução do investimento. A primeira é em relação aos contratos já assinados. Assim como a Câmara, o texto dos senadores mantém que royalties obtidos com a produção atual de petróleo, em contratos assinados desde 3 de dezembro de 2012, já sejam destinados ao setor. A diferença é que, pelo substitutivo, a regra vale só para os royalties que cabem à União: Estados e municípios ficam isentos da obrigatoriedade.

A outra alteração que interfere no montante de verbas é a questão do Fundo Social. O projeto do Senado destina 50% dos rendimentos dos recursos recebidos pelo Fundo Social, em vez do total. Isso significa que o excedente em óleo referente aos contratos de partilha de produção não será destinado às áreas de educação e saúde, a não ser pelos rendimentos.

"A nossa luta não é para criar pressão sobre a base econômica brasileira. O que pedimos para a educação não vai quebrar o País. Mudar tudo isso é chamar o povo de idiota. O País não pode abrir mão dessa conquista", afirma o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara.

Um estudo do professor Nelson Cardoso Amaral, especialista em financiamento da Universidade Federal de Goiás (UFG), mostra que, para chegar ao valor que os Estados Unidos investem por ano em cada estudante, o Brasil teria de empenhar 10% do PIB de hoje até 2040.

Um documento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresenta outras possibilidades para a necessidade de aumentar recursos, como a ampliação de impostos e a vinculação de parte das contribuições para o setor, até ações como melhorar a gestão e o controle social dos gastos públicos.

Empenho. Em nota, a assessoria de imprensa do senador Eduardo Braga, relator do projeto, diz que o valor estimado no projeto da Câmara era equivocado por basear-se em premissas não fundamentadas e que as alterações introduzidas no Senado buscaram aprimorar o texto, "minimizando o risco de judicialização e evitando o uso indevido do Fundo Social".

De acordo com a nota, "utilizar no País as receitas do Fundo Social contraria todos os princípios para os quais ele foi criado, especialmente a estabilidade econômica e a capacidade de competição".

Ao fim, o texto divulgado salienta que a iniciativa de vincular os 100% dos royalties do petróleo para a educação foi uma iniciativa do governo. "Portanto, o governo e o Parlamento brasileiro têm o maior interesse em aumentar as verbas, mas de maneira responsável e segura juridicamente."

Por causa das alterações realizadas, a matéria volta a ser discutida na Câmara. A Casa deve votar, na próxima semana, se aceita as modificações no texto ou se mantém o que havia sido aprovado anteriormente. Após essa decisão, o projeto segue para a presidente, que decidirá pelo sanção ou veto.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

ESPECIALISTA DEFENDE MEDIDAS PARA A EDUCAÇÃO

ZERO HORA 01 de julho de 2013 | N° 17478

SAÍDAS PARA O PAÍS


O especialista em financiamento para a educação Nicholas Davies avalia que medidas de curto prazo não vão atender as reivindicações feitas nas manifestações que ocorrem em todo o país para melhorar o nível da educação e da saúde. Professor de política de educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Davies defende medidas de longo prazo para esses setores.

– É equívoco imaginar que uma medida de impacto vá surtir efeito no curto prazo. Não me entusiasmo com medidas de curto prazo – disse.

O especialista destacou que, embora favorável a melhorias salariais, o aumento dos salários dos profissionais de educação é um exemplo de medida de curto prazo que não resolveria os problemas mais urgentes. Isso porque precisa ser adotado com melhorias das condições de trabalho, o que não ocorre de uma hora para outra.

– Os efeitos só vêm, no mínimo, a médio prazo – informou.

O professor disse que no setor de transportes é possível verificar medidas com impacto mais rápido, mas isso não ocorre com a educação:

– No caso dos transportes, uma medida de curto prazo foi a redução das tarifas. Mas na educação acho complicado. Por exemplo, a construção de escolas e creches é uma medida lenta.

Nicholas Davies ressaltou que influencia o setor no Brasil o fato de a educação estar ligada aos três níveis – federal, estadual e municipal.

– A responsabilidade não é só de um governo. Sobretudo na educação básica, que cabe aos governos estaduais e municipais – acrescentou.

Para o especialista, uma medida de curto prazo possível de ser adotada é o aumento da participação do governo federal no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais em Educação (Fundeb).

Ele alertou, no entanto, que é preciso ter um maior controle sobre a aplicação dos recursos do fundo:

– Não adianta o governo federal aumentar a sua contribuição para o Fundeb se depois não há um controle de como é que as prefeituras estão usando o dinheiro do fundo. Prefeituras estão ganhando muito dinheiro com o Fundeb, mas as matrículas estão caindo.



INVESTIMENTOS. Os valores aplicados no Fundeb, segundo o MEC

2007 - R$ 2 bilhões
2008 - R$ 3,2 bilhões
2009 - R$ 5,1 bilhões

- De 2010 em diante, os valores passaram a ser no percentual de 10% da contribuição total dos Estados e municípios de todo o país.